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nicfpio do Rio de Janeiro e seus Bairros

BARRA DA TIJUCA

4.4.5. Características Geo-Climáticas

O clima de uma região é determinado pelo comportamento de seus elementos e pela combinação deles. A urbanização interfere nesta relação de forma que percebemos claramente a diferença entre o clima de uma cidade e o ambiente rural em tomo da mesma.

A construção de prédios e seus respectivos arruamentos alteram a relação que se estabelece entre a

super:ficie da terra e a atmosfera, de forma diferente da que ocorre com a vegetação. Nas horas de

forte insolação, as envoltórias dos edificios juntamente com o asfalto absorvem grande quantidade de calor e o irradiam com comprimento de onda diferente. A temperatura do ar eleva-se em contato com

as superfícies construídas. Em contrapartida, parte da energia absorvida pela vegetação é utilizada na

fotossíntese e paulatinamente dissipada pela evaporação das folhas. À noite esse fenômeno é também percebido, pois as construções continuam a irradiar, elevando as temperaturas mínimas noturnas. De

qualquer forma, a principal fonte de calor durante a noite é a própria super:ficie terrestre. Em países

quentes como o nosso, a urbanização acentua as temperaturas desfavoráveis à sensação de conforto. A velocidade dos ventos diminui e a sua direção se modifica em presença dos obstáculos criados

pelos prédios. Estes, cada vez mais acentuados em sua verticalidade e seu adensamento, já formam

verdadeiros paredões em algumas regiões da Barra que se contrapõem à passagem do ar.

A poluição atmosférica, produzida principalmente pela emissão de gases do tráfego urbano e das

indústrias instaladas nos grandes centros, se traduz pela presença de partículas sólidas em suspensão

no ar, que provocam alterações no clima da cidade. Portanto, a evaporação e demais elementos do clima, ajudando a acentuar no caso do Rio de Janeiro condições insatisfatórias de conforto,

principalmente no verão.

As condições ambientais nas quais a cidade do Rio de Janeiro está inserida distinguem-se por forte radiação solar em virtude da camada de ar que os raios solares precisam atravessar na latitude onde está localizada, pela duração das horas de sol em cada época do ano, verificada no diagrama das trajetórias solares, e pela transparência do céu, que depende da nebulosidade, das condições de umidade e de outros fatores do clima. A forte influência de uma super:ficie oceânica enriquece a atmosfera de cloreto de sódio e propicia um intenso processo de evaporação e condensação, determinando um regime de chuvas com grande concentração nos meses mais quentes.

As características climáticas da Barra da Tijuca estão parcialmente levantadas pelo Ministério da Aeronáutica devido à existência do Aeroporto de Jacarepaguá. Desta forma, existem medições para temperatura, umidade, direção, velocidade e freqüência dos ventos, chuva e nevoeiro. Contudo é preciso salientar que o período a que se teve acesso dos dados é de 1986 a 1990, existindo períodos em que não eram registrados dados noturnos uma vez que não existiam atividades de vôo no referido aeroporto nesse período até algum tempo atrás .

O clima na beira mar é marcado por uma brisa praticamente constante que ameniza a temperatura e a

umidade do clima quente e úmido da cidade. Durante o período de verão essa brisa se intensifica com

ti

O caso das Subzonas A-2 e A-1 8 da Barra da Tijuca no Período de 1 960 a 2004.

edifícios situados à beira-mar. Dentre outros, ele carrega areia e maresia, causa ruídos nas esquadrias,

derruba objetos dentro das w1idades residenciais, principalmente nas varandas, impedindo muitas

vezes aos moradores o uso das mesmas. Em decorrência disso é comum encontrar em alguns edifícios as varandas fechadas, principalmente com o uso de vidro, para não obstruir a vista da

paisagem.

Os ventos na Barra da Tijuca sob a influência da circulação geral que atinge a região através do

anticiclone subtropical do Atlântico, que provoca uma circulação de Norte (NE-NW ou NE-N)

predominando no inverno, a da circulação secundária sob a influência dos anticiclones frios polares de Sul (S-SE ou S-SW, de acordo com a trajetória marítima ou continental do anticiclone),

precedidos de ventos NW, criando um equilíbrio que reconstitui a circulação geral.

As massas de ar que predominam no inverno são a massa tropical Atlântica seguida de massas

polares frias e quentes que são à frente e a causa de anticiclones móveis. No verão predomina a

massa tropical Continental, que produz um período de calor intenso, sobretudo antes da chegada de uma frente fria, sendo elevada à freqüência de massas polares.

Devido à proximidade do oceano, a circulação local, constituída da brisa do mar (direção geral

direção SSO) e da brisa de terra (N NE, oposta à brisa marítima), podem ser considerada o regime de

ventos predominantes, principalmente para a região da orla marítima. O vento dominante então é o S

/ SSO, sopra com maior freqüência no inverno e durante a noite, sua velocidade é inferior à brisa do

mar, nonnalmente começa às 20:00 horas e cessa por volta das 9:00 horas da manhã, quando começa

a inversão de direção. O vento secundário NNE, que começa na parte da tarde, quando a superficie terrestre está mais aquecida que o mar, ocorrendo geralmente das 1 3:00 às 18:00 horas, aumentando

sua freqüência e velocidade nos meses do solstício de verão.

Tabela 27 - Características climáticas da Barra da Tijuca

Latit11de - 22° 59' S Clima Predominante Tropical super-únúdo

Longitude - 43° 22' W Índice Pluviométrico 1258 mm/ano 91

Altitude 3,00 m Freqüência de dias de chuva 1 24 dias/ano 7

Fonte: Aeroporto de Jacarepaguá e Gestão Energética na Cidade do Rio de Janeiro,

GemRio, Rio de janeiro, Prospec S.A., 1998

Podemos classificar o clima da Barra como: Tropical, influenciado pela proximidade do mar (tropical

marítimo) e pelas baixas altitudes, cujo domínio climático é quente e o subdomínio climático é

superúmido. As temperaturas médias mensais variam entre 16,8 ºC (média das mínimas, em julho) e 3 1,2 ºC (média das máximas, em fevereiro); a média das amplitudes térmicas diárias é baixa em

todas as estações (6,5ºC ± 0,5). Chuvas distribuídas ao longo do ano, com maior concentração

pluviométrica (entre 100 e 1 50 mm) durante o verão - de dezembro a março. As médias mensais de umidade relativa variam entre 61,2 a 91,6 % (tabela 1 1). O inverno é ameno e o vento predominante

durante todo ano é o Sul-Sudoeste, com velocidade média entre 2,8 e 4,9 m/s.

91 Dados do Bairro do Recreio dos Bandeirantes (com latitude (- 23º 0 1 ' S) e Longitude (43° 28' W), com mesmo mesoclima e

A influência da evolução dos Códigos Edilícios na qualidade ambiental dos projetos residenciais multifamiliares: 1 45

O caso das Subzonas A-2 e A-1 8 da Barra da Tijuca no Período de 1 960 a 2004.

Tabela 28 - Normais climatológicas da Barra da Tijuca de 1 986 a 1990.

Altitude da cuba do Barômetro 3,00 m

Período de Observação 1 986 a 1990

Período Meses 1986 1987 1988 1989 1990 Período

Média das Fevereiro 3 1,9 3 1 ,0 30,2 3 1 ,2 3 1 ,6 3 1 ,2

Temperatura (ºC) máximas Julho 24,4 28,3 23,7 24,5 24,5 25,0

Média das Fevereiro 24,5 23,1 22,9 23,7 23,3 23,5

mínimas Julho 16,5 1 7,8 1 5,4 16,3 17,8 16,8

Média das Fevereiro 9 1 92 94 9 1 90 91,6

Umidade relativa (%) Média das máximas Julho Fevereiro 60 95 85 63 94 70 64 92 58 92 63.0 9 1 ,6

mínimas Julho 64 53 64 60 65 61,2

Direção Fevereiro Julho NNE NNE NNE N

s

s

N

s

s

s

E NNE

o

NNE

Vento Predominante Diurno Fevereiro 2,8 2,8 2,8 2,8 <l,9 3.5

Velocidade (m/s) Julho 2,8 2,8 2,8 2,8 2,8 2,8

Vento Predominante Noturno Direção Fevereiro Julho

-

sso s

(não havia medição nesse Fevereiro

-

3,4

período) * Velocidade (m/s) Julho

-

-

2,8

Fonte: Estação Meteorológica do Aeroporto de Jacarepaguá in Krause, 1992.

• Devido à ausência dos dados foram utilizados os dados levantados por Marques, 1 999 que possui dados hora a hora do mês de Janeiro de 1996 e 1997, que embora seja um período muito curto para análise de dados climáticos, para o presente estudo foram considerados como válidos para a determinação das direções e intensidades dos ventos noturnos defasados no estudo de Barroso-Krause.

Cabe ressaltar que de acordo com os estudos de Marques, são registrados grandes momentos de calmaria durante o período noturno, o que certamente vai influenciar no uso de ventilação natural para efeito de resfriamento dos ambientes. [Marques, 1 999: 101].