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5. O Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas Estrangeiras.

5.1. Características gerais.

O QECR foi cri ad o p elo Cons el ho de Coo peração Cultu ral do Cons elho d a Europ a com o obj ect ivo b as ilar de est rutu rar o ensi no d as lí n guas e cultu ra n a Uni ão Eu rop ei a.

Assim po demos en un ci ar as su as fin alid ad es e obj ectiv os:

«• q ue o rico p at rimónio qu e repres enta a div ersid ad e l in guí stica e cult ural n a Europ a constit ui u ma v alio sa font e comum qu e co nvém p rot eger e des en vol ver, s en do necess ári os esforços co nsid erávei s no domí nio d a edu cação, d e m odo a q ue es sa div ersid ad e, em vez de ser um ob st áculo à com uni cação , se to rn e num a fo nt e de enri qu ecim ento e de comp reens ão recí procos;

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• qu e ap en as at rav és d e um m elh or con hecim en to d as l ín gu as vi vas eu rop ei as se cons egu irá facilit ar a comu n icação e a i nt eracção ent re Europ eus de lín gu as m at ernas diferentes, p or form a a promov er a mobi lid ad e, o con hecim en to e a coo peração recíp rocas n a Europ a e a elimin ar os precon ceitos

e a d is crim in ação ;

• qu e o s Estados -m embro s, ao adopt arem ou desenvol verem uma polí tica nacio nal no do mínio do ensi no e d a ap ren dizagem das lí n gu as viv as, pod eri am atin gir u ma m aio r concert ação a nív el euro peu, graças a acord os adequ ado s que vis em um a co op eração e uma coo rd enação co nst ant es das su as políti cas. »3

O Co ns elh o d e Min istro s fez ch egar ju nto dos go vern os d os Est ado s- memb ro s o d es ejo de pô r em práti ca est es pri ncípio s.

Para qu e est es p rin cípi os foss em ex eq uív eis tom aram -s e uma s érie d e medi das d e caráct er geral, a saber:

1. Certifi car qu e t od a a popu lação fos se cap az d e aced er aos i nst rum ent os / meio s qu e po ssibi li tass em a aquis ição e con hecim ent o d e lín guas europ eias, assim como op ort uni dad e d e comu ni cação para u so dess as m es mas lín guas;

2. Encoraj ar e moti var os mei os hum an os (docen tes e dis cent es ) a apli car os s eus co nh eci ment os s emp re qu e a sit uação assim o ex ij a. Pen sem os n as situ ações d e aula, na el abo ração de pl anifi caçõ es, rel at óri os e/ou fun dam entaçõ es , m at eri ais e inst rum entos de t rab alh o e, por fim , n a av ali ação.

3. In centiv ar a pesqui s a e el ab oração d e p ro gram as e m ateri ais ad equ ados ao desenvo lvim ent o da profi ci ên ci a com u nicativ a.

Conselho de Europa: Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas Estrangeiras: Aprendizagem, Ensino e Avaliação , Lisboa: Asa, 2001. ISBN: 978-972-41-2746-0, pág. 20 e 21

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Qu anto aos obj ectiv os, est es são ambi ciosos e d es afi ant es no q ue diz resp eito à p rep aração d e cid ad ão s euro peus p ro vido s de u ma gran de cap aci dade comun icativ a e dis post os a utiliz á-l a con sci ente e dem ocrati cam en te n a lut a co ntra o x en ofo bismo e ult ra-n acio nali smo . Est es são d ois mo vim ento s iden tifi cad os, p el a Prim ei ra Cim ei ra dos Chefes d e Est ado , com o obs táculos à mobili dad e e integração europ eias , são u ma fo rte am eaça à est abi lid ad e e d em ocracia europ ei a.

O QECR é, assi m, consi derado fu ndamental já qu e prom ov e o «p l u rilin gui smo » e por su a vez o «p lu ricultu ralism o » n o espaço d a Uni ão Europ ei a. É u m inst rumento q ue p ermit e: a di fus ão d e ap rendi zagens e ensin o das lín guas fal ad as nos país es-mem bro s; a mob ilid ad e int ern acion al facili tado ra d e u m maio r acesso à in fo rmação , à cult ura, à div ersid ad e de identid ad es e d e l ín gu as; a coop eração en tre i nstit ui çõ es de ensin o - ap rendiz agem de di feren tes p aís es e apo iar o s recu rs os hum ano s en volvi dos nest e mesmo proces s o a o rganiz ar e p rom over os seus es fo rços .

A abo rd agem ado pt ad a pel o QECR é ess en ci alm ent e orientada p ara a acção . A ap rend izagem, en sino e av ali ação das lín gu as vi v as são um con junt o muito h arm oni oso efi caz nes te p ro ces so com plex o qu e é o domínio d as lín gu as . Estes t rês p ro cesso s s ão vist os com o um tod o e p ara s e ch egar ao último – a av ali ação – é n ecess ário conju gar v ári os p ass os. Temos q u e delim itar:

- Comp et ên ci as: e ent en da-s e po r compet ên cia s todo um con junt o de sab eres, con hecim en t os e cap acid ad es q ue permit em a um s er realizar div ers as acções .

- Com petênci as gerai s: s ão u m conj unto d e s ab eres cultu rais, cientí fi cos e tecn oló gicos qu e facult am a comp reens ão d a realid ad e e o u so ad eq uado d as diferentes li n gu agen s do s ab er.

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- Comp et ên cias co muni cat iv as: s ão u m conju nto d e activid ad es emin ent em en te p rát icas qu e p ossi bilit am ao fal ant e a utilização d e det ermin ad os recu rs os lin guís ticos ad equados à situ ação de com uni cação resp eit and o di ferent es sit uaçõ es so cio cu lturais . As sim os cont eúd os po dem agrup ar-se d e acordo co m os s egu int es parâm et ro s:

- Activi dades co mun icativ as (de com preensão e ex p ress ão o ral e es cri ta);

- Asp ectos so cio cu lt urais; - R ecursos lin guísti cos; - Estrat égi as e atitu d es.

- Cont ex to: o fal ante deve ad eq uar o seu dis cu rs o ao s fact ores situ aci on ais qu e o ro dei am;

- Activi dad es lin g uísti cas: trat a-s e d a apli cação d a co mpet ên ci a com uni cativ a;

- Pro cesso s lin guí sti cos: q uando um fal ante p rod uz um discurs o (s ej a el e o ral ou es crito ) realiz a-o ob ed ecendo a um p ro cesso n eu roló gico e fisio ló gi co ;

- Tex to: é a parti r d el e qu e m uit as d as t arefas t êm o ri gem, n o en tanto, nem s emp re é u m process o pois m uit as das v ez es acab a po r ser um produ to deco rren te d a realiz ação d e um a t arefa;

- Do míni o: o ob jectivo p rimo rdi al da ap rendiz agem d as lí n gu as é a com uni cação . Contu do a moti vação p ara a ap rend izagem d as l ín gu as é di v ers a e po r est e m otiv o o QECR delimito u os s egui nt es domí nios: edu cativo , pro fis sion al , p úbli co e pri v ado .

- Estrat égi a: é um con junt o d e activi d ad es e/o u li nh as o rient ad oras pen sadas p ara a reali zação d e um a d eterm inada tarefa;

44 - Tarefa:

« La ta rea, en general, es cual qui er activ idad qu e se realiz a en un tiem po det ermin ad o; si nos pregunt amos , p or ej emplo , q ué vo y a hacer mañana , pen saremos en un a l ista de t areas com o: llam ar po r teléfo no a X, bus car un regalo p ara un ami go, h acer l a com pra, p rep arar u na cl ase, i r a v er un a ex posi ció n, etc. Para cumpli r esas tareas se n ecesita utiliz ar el l en gu aje en una s eri e de sit uaci o nes con cretas, y si esto lo tuvi éramos q u e hacer en u na len gu a nu ev a t en dríamo s qu e b us car l os recu rso s adecuados p ara po de r realiz ar n uestro emp eño . La t area (… ) es tam bi én un a activi d ad con cret a qu e se p rev é realiz ar en cl as e o d es de la cl ase y qu e s e con vi ert e en el eje de la pro gram ación di dácti ca d e un a u nid ad. » 4

É a p artir d a el ei ção da tarefa qu e s ão p ro gram ados os ob jecti v os, os con teúdo s, as acti vid ad es, as si tu ações d e co muni cação e a av aliação.

Se fo rem seguid os todos os p ro cedi ment os acim a mencion ados est ão reunid as as co ndi çõ es n eces sári as ao p ro cess o d e en sino / ap rendizagem .

Um d os asp ecto s in o vad ores e rev olu cio n ári os vei culados p el o QECR é a diferenci ação d e falant es d e um a lín g ua d e aco rd o co m o seu n ív el de pro fi ci ên ci a. P ara es te fim fo ram cri ad os os ní veis comu ns de referênci a. São el es:

Nív el d e In ici ação (A1 ): n est e ní v el são fo rn ecidos os pri mei ro s

ex poent es com uni cat ivos;

Nív el El emen ta r (A2 ): aq ui o ap rend iz já é cap az d e especi fi car

con teúdo s;

Nív el Li mia r (B 1): nest e n ív el j á se é capaz d e mo ver ag ilmen te os

con teúdo s adq uiri dos ;

4 Propuesta Curricular y Marco común europeo de referencia: desarrollo por tareas; Madrid, Edinumen, 2003, ISBN M-54.657-2, pág.151

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Nív el Van tag em (B2): respos ta adeq uad a a situ açõ es geralment e

en con trad as;

Nív el d e Au tono mi a (C1 ): repres enta um nív el d e pro fici ên ci a e

com pet ên ci a av an çado p ermitin do a realização d e t arefas e trab alho s m ais com plex os;

Nív el de Mes tri a (C2): é co nsid erad o o nív el m ais el ev ado de

pro fi ci ên ci a t end o at in gid o to dos os obj ectiv os.

Pod emos , ass im, ad opt ar o es qu em a u ti lizado no QECR pu blicad o p el a ASA na p ági na 48 :

Vej am os, ago ra, as l inh as o ri ent ad oras d elimit ad as po r est es três grand es nív eis de p ro ficiênci a:

Quadro 1. Ní v eis C o muns de R eferênci a: es cala glo bal 5

Utilizado r pro fi ci ent e

C 2

È capaz de comp reender, s em es fo rço, p rat icam ent e tudo o q ue o uv e ou lê. É cap az de res umir as info rm açõ es recolh i das em div ers as font es orais e es cri tas, recon stitui n do argum entos e fact os de um m odo co eren te. É cap az de se ex primi r es pon tan eament e, d e modo coerent e. É capaz d e disti n gu ir fi n as vari açõ es de

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Conselho de Europa: Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas Estrangeiras: Aprendizagem, Ensino e Avaliação , Lisboa: Asa, 2001. ISBN: 978-972-41-2746-0, pág. 49

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si gni fi cado em situ açõ es co mpl ex as.

C 1

É capaz de comp reend er d e um vasto núm ero de tex tos lo n go s e ex i gentes, reco nh ecend o os s eus si gni fi cados im plí cit os. É capaz d e s e ex primi r d e form a flu ent e e esp ont ân ea sem precis ar d e p ro cu rar m uito as pal av ras.

É cap az d e u sar a lí n gu a d e mo do fl ex ível e eficaz para fi ns s ociai s, académi cos e p ro fi ssion ais . Po de ex primi r-s e sob re tem as compl ex os, d e form a clara e bem est rutu rad a, m anifest an do o do mínio de mecani smos de organização, d e arti cul ação e d e co es ão do dis cu rs o.

Utilizado r ind ep end ent e

B 2

É cap az de comp reend er as i deias p ri nci pai s em tex tos comp lex os s o bre assu ntos co ncret os e ab stracto s, incl uind o dis cus sõ es técn icas n a sua área de esp eci alid ad e. É cap az de comu ni car co m um certo grau de esp ont an eid ad e e de à-v ont ad e com fal ant es n ativ os, sem qu e h aj a ten s ão d e part e a p art e. É cap az de ex primi r-s e d e m od o cl aro e p ormeno ri zado sob re um a grand e v ari ed ad e d e tem as e ex pli car um ponto de vist a sob re um t em a da actu alid ade, ex pond o as v ant agens e os in co nv eni ent es d e vári as pos sibili d ad es.

B 1

É cap az de comp reend er as qu est ões prin cip ais , quando é us ad a um a lin gu agem cl ara e estan dard izad a e os assu nto s lh e são famil iares (t emas ab ordados no trab alho , n a escol a e nos mom ent os de laz er, et c. ). É cap az de lid ar com a mai oria d as s itu ações en co ntrad as na região ond e s e fal a a lín gu a-alv o. É capaz de p ro duzi r um dis cu rso simpl es e coerent e so bre as sunto s qu e lh e são fami liares ou d e int eress e p ess oal . Pode d escrev er ex peri ên ci as e ev ent os, s onh os, es peran ças e ambi çõ es , bem como ex po r b revem ent e razões e ju stifi cações p ara uma opi nião ou um p roj ecto.

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el ement ar 2 freq uent es relaci on ad as com áreas de prio rid ad e imedi at a (p . ex .: i nfo rm açõ es p es so ai s e famili ares simpl es, comp ras, mei o ci rcund an te). É cap az d e com uni car em tarefas simpl es e em roti nas qu e ex i gem ap en as um a t ro ca d e informação simpl es e direct a s ob re ass unto s q ue lh e s ão fam ili ares e h abit uai s.

Pode d es crev er d e modo simpl es a su a fo rm ação, o meio ci rcun dante e, ain da, referi r assu nt os rel acion ad os com n eces sid ad es i m edi at as.

A 1

É cap az d e com preen der e us ar ex pressõ es famili ares e qu otidi an as , as si m com o en un ci ado s muito sim ples, que vis am s atis fazer necessi d ad es co ncretas. Pod e ap resent ar-s e e apres ent ar out ro s e é cap az de fazer pergu nt as e dar resp ostas s ob re asp ectos pesso ais como , por ex emplo , o lo cal ond e viv e, as p ess o as qu e con hece e as co is as qu e t em. Pode com uni car d e modo sim pl es, se o int erlo cut or fal ar l ent a e d istin tam en te e s e m ost rar coo perant e.

Uma ap resentação glo bal e simpli ficada d est e tipo facilit ará a com uni cação entre u tilizad ores n ão es peci alist as e o ferecerá al gum as l inh as de ori entação aos p rofess ores e aos co ncept ores d e cu rrí cul os .

Ap resentamos em s egu id a o Qu ad ro 2 , ond e po dem os vi sual izar um ant ep roj ecto d a auto-av ali ação b as eado nos n ív eis de p ro fi ci ên cia ap resent ado s no Quad ro 1. Est e é u m inst rum ent o mui to útil para os ap rendiz es qu e d es ta fo rm a po dem consul tar a lis ta d e des cri to res e realiz arem a su a aut o -avaliação cons ci ent e d o n ív el em qu e s e en con tram.

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Quadro 2. Grelh a para Auto -Aval iação

Compreen der

Compreen são Oral Leit ura

A1

Sou capaz d e reco nhecer pal av ras e ex pres sõ es simpl es de us o corrent e rel ativ as a mim pró pri o, à min ha famíli a e aos cont ex tos em que esto u inseri do, qu and o m e falam d e fo rma clara e p ausad a.

Sou capaz de comp reend er nom es con h eci dos , pal av ras e fras es mui to sim ples , po r ex empl o, em avi sos , cart azes ou folh et os.

A2

Sou cap az de comp reend er ex press ões e vo cab ulário d e uso m ais freq uent e rel acio nado co m as pectos d e interess e p ess oal como, p or ex empl o, famíli a, comp ras, trab alho e m eio em que vivo . Sou cap az d e com p reen der o ess en ci al d e um anú nci o e de mens agens simpl es , curt as e cl aras .

Sou cap az d e l er tex tos cu rtos e sim ples.

Sou cap az d e encontrar uma in fo rm ação p revis ív el e con creta em t ex tos s imples d e uso corrent e, po r ex emplo , anú ncios , folh eto s, em ent as , horários . So u cap az d e com preend er cart as p esso ais cu rt as e s impl es.

B1

Sou cap az de comp reend er os po nto s ess en ci ai s d e um a seq uência fal ad a q ue i nci d a sob re ass unto s corrent es do trab alho , d a escola, dos temp os li vres , et c. Sou capaz de comp reend er o s pont os prin ci pai s d e muitos pro gram as d e rádio e tel evis ão sob re t em as act uais o u ass unto s de i nt eress e p esso al

Sou capaz de comp reend er tex tos em q u e p redo mine um a lin gu agem corrent e do dia-a- dia ou rel acio nada com o trab alho . So u cap az d e com preend er descriçõ es d e acont ecim ento s, s ent iment os e des ejo s, em cart as p esso ais.

49 ou p ro fiss ion al, q uan do o déb ito d a fal a é relativam en te lent o e cl aro.

B2

Sou cap az de comp reend er ex posi çõ es lon gas e pal es tras e at é s egu ir p artes m ais com plex as d a argu ment ação, des de qu e o t em a me s ej a rel ati vament e famili ar. Consi go comp reend er a m aio r part e dos no ticiário s e out ros pro gram as in fo rm ativos n a tel evis ão . Sou cap az de com preend er a m ai or parte dos film es, desd e q ue s ej a utilizada a lín gu a - p ad rão.

Sou cap az d e l er art igos e repo rt agens s ob re assu ntos con tem po râneos em rel ação aos q u ais os aut ores ado pt am det ermin ad as atit udes ou ponto s de vi sta p arti cul ares . Sou cap az d e co mpreend er tex tos literários con tem po râneos em pro sa.

C1

Sou cap az de comp reend er uma ex posi ção lo n ga, m esm o que n ão est ej a claram en te est rut urad a ou q uan do a art iculação entre as i dei as est ej a ap en as implí cit a. Consi go co mpreend er pro gram as d e t el evis ão e film es s em gran de difi cul dad e.

Sou capaz de comp reend er tex tos lo n go s e compl ex os, literári os e n ão lit erários , e distin gui r est ilos . Sou cap az de co mpreen der arti gos esp eci alizados e instru çõ es técni cas lo n gas, mesm o quando não se relaci onam co m

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