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Todas as formadoras são mulheres,41 com variação de idade entre 33 a 67 anos. Trata- se, portanto, de um grupo de idade mais avançada porque temos, abaixo de 50 anos, apenas 25% do grupo. A predominância etária está na faixa de 56 a 60 anos, com 50% dos casos; de mais de 60 anos, com 16,7% dos casos. Se agruparmos esses índices, teremos, acima de 50 anos, 66,7% do grupo.

Quanto à situação conjugal, a maioria era casada (66,7%). Em porcentagem bem inferior (25%) estão as mulheres divorciadas, desquitadas ou separadas; solteiras, somente 8,3%.

Em relação à moradia, a maior parte das formadoras (83,3%) residia em Belo Horizonte, onde estava localizado o CSFP.

4.2.1 Trajetória estudantil

A maioria fez um curso profissionalizante (83,3%) em que há uma grande predominância do curso de magistério (75%). Em número bem menor, há aquelas que cursaram o 2º grau sem profissionalização (16,7%).

Através dos dados coletados no questionário, pode-se verificar que, quanto ao tempo de ingresso no ensino superior, após a conclusão do 2º grau, há uma divisão entre o grupo: 50% ingressaram logo após terem-no concluído; e 50% após três ou quatro anos. Nas

40 O contrato, como celetista, foi feito pela Fundação Renato Azevedo.

41 O processo de feminização do magistério é amplamente discutido por vários teóricos como forma de

entrevistas, algumas formadoras relataram ser esse espaço de tempo muito maior que quatro anos. Algumas se casaram, tiveram os filhos e, somente depois, voltaram a estudar. Assim, também se pode compreender a grande variação temporal no período de conclusão do 3º grau.

As formadoras concluíram o 3º grau em períodos que abrangem décadas diferentes, de 1950 até 1990, portanto, com uma variação de trinta anos. Este dado é muito importante porque as trajetórias remontam a períodos muito variados no que tange à formação de professoras. Esses períodos condensam tendências pedagógicas que englobam: metodologias de ensino, concepções sobre os processos educativos, as novas tecnologias de ensino, as organizações das relações sociais dentro da escola e a gestão educacional, que certamente interferem nas suas representações sociais sobre educação, escola, professora, aluno e formação.

No que se refere à titulação, a grande maioria das formadoras se graduou em Pedagogia (83,3%). Há uma professora habilitada em Filosofia e outra em Comunicação Visual. A questão que se levanta aqui é se a predominância de pedagogas no curso dificultaria o trabalho interdisciplinar, ao qual o grupo se propôs.

Em relação ao tipo de curso de graduação cursado, há uma predominância do bacharelado e licenciatura (58.3%) se comparados aos cursos somente de licenciatura (41.7%). Esses índices permitem inferir que há uma ênfase técnica na formação desses profissionais, pois se sabe que o curso de pedagogia esteve, durante muitas décadas, mais voltado para a formação do técnico: supervisor, orientador educacional, administrador, inspetor escolar, em detrimento de questões específicas da sala de aula.

No exame dos dados relativos à formação das formadoras em nível de pós-graduação, completada ao tempo do CSFP, verifica-se que 33,3% das formadoras possuíam mestrado e, 66,7%, cursos de especialização. Entre as formadoras que possuíam mestrado (33,3%), todas cursaram mestrado em Universidades Federais – Faculdade de Educação da UFMG, Faculdade de Filosofia da UFMG e Faculdade de Educação da UFRJ. Destas (25%), o fizeram no campo da Educação e uma em Filosofia, sendo que os temas das dissertações versavam sobre avaliação educacional, formação de professores, ciclo básico de alfabetização e a subjetividade em Marx, concluídos em 1983, 1987, 1991 e 1998, respectivamente.

Grande parte das formadoras (66,7%) possuía cursos de especialização, a maioria na área da Educação, sendo que, destas, 25% fizeram mais de um curso de especialização. Entretanto, pode-se observar que 75% desses cursos estão voltados para atividades

administrativas e técnicas e, em número bem menor, 25%, estão aqueles ligados às questões específicas de sala de aula.

O exame dos dados mostra que durante o CSFP, isto é, de 1997 a 1999, ou após o término dele, as formadoras procuraram inserções no mestrado. No início do CSFP, o percentual de formadoras que possuía qualificação em nível de especialização era de 66,7% e, no nível de mestrado, era de 33.3%. Observa-se uma mobilização no sentido de buscar a qualificação de mestrado e, durante ou após o CSFP, (41,7%) iniciaram seus estudos. Assim, duas ingressaram na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), duas no Instituto Superior Pedagógico “Enrique José Varona” da Facultad de Educación, na ciudad de la Habana, Cuba, e uma na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). As formadoras afirmam que o desafio de formar o professor pesquisador/reflexivo impulsionou-as a buscar a formação de pesquisadoras, por meio da inserção no mestrado.

Todas as formadoras afirmam que, durante o CSFP, sentiram necessidade de investir na sua própria formação, principalmente ao buscar responder os desafios colocados pela implementação do curso, pelas questões trazidas pela alunas no cotidiano de suas prática pedagógicas. Muitos cursos de atualização foram feitos, pelas formadoras, durante o CSFP.

Entre os critérios para a seleção de formadores estava a experiência nos anos iniciais do Ensino Fundamental e, ou, no Curso de Magistério. No exame dos dados, verifica-se que a grande maioria das formadoras (83,3%) possuía experiência que variava de três a quinze anos de regência de turmas, nos anos iniciais do Ensino Fundamental, e somente 16,7% não a possuíam. Aquelas formadoras que não possuíam essa experiência foram as mesmas que não passaram pelo processo de seleção inicial, sendo admitidas em substituição àquelas selecionadas que optaram por não assumir o trabalho.

Observa-se, ainda, que os mesmos índices se aplicam à experiência no magistério, que é bem superior a outros cursos do ensino médio. O tempo de experiência varia de um a vinte anos para as 83,3% que atuaram neste nível de ensino. Quanto à experiência na docência do ensino superior, observa-se a prevalência dos mesmos índices, 83,3% possuem tempo de trabalho de cinco a trinta e oito anos e somente duas não a possuíam.

Nos últimos anos, alguns teóricos (FONTOURA, 1999; ZEICHNER, 1993, 1995, 1998) vêm apontando a importância da experiência prática dos professores universitários, ou seja, que o contato com a escola básica poderia favorecer um menor distanciamento entre as duas instituições (escola básica e universidade) e uma produção de conhecimento que, além

da denúncia, realmente se aproximasse dos problemas enfrentados pelas escolas. Pergunta-se: em que sentido a experiência prática dos formadores favorece sua intervenção na formação do professor da Educação Básica?

Verifica-se, ainda, que quase a totalidade das formadoras possuía vasta experiência em atividades relacionadas a funções técnicas e administrativas, inclusive em órgãos da administração do sistema, em Superintendências e na Secretaria de Educação do Estado de Minas Gerais.

Observa-se que muitas delas têm experiências múltiplas e que 50% possuíam de 1 a 17 anos de experiência na supervisão escolar; outras 50% de 1 a 20 anos de experiência na orientação educacional; 33,3% na direção de estabelecimento escolar; e, 50% delas, de 1 a 20 anos em órgãos da administração do sistema. 16,7% das formadoras têm experiência de trabalho em outras instituições como a UTRAMIG, a FEBEM, o CEALE/UFMG e a USIMINAS.

4.2.2 Participação em órgãos colegiados

A maioria das formadoras não teve qualquer forma de participação no Colegiado do Curso de Pedagogia da FAE/BH ou em outro órgão de deliberação coletiva. Entre os 25% de formadoras que participaram, as participações foram como membro de conselho departamental, representante dos pares no departamento de Filosofia ou como sub- coordenadora do colegiado. Esses dados indicam a pouca participação e inserção das formadoras nas atividades da FAE/BH/UEMG.

4.2.3 Atividades de pesquisa

Quanto à participação em pesquisas, a grande maioria afirma não ter participado de nenhuma atividade de pesquisa até a época do CSFP (83,3%). Em número significativamente menor (2), encontramos participação em pesquisas do GAME – Grupo de Avaliação e Medidas Educacionais da UFMG (1) e, com experiência em orientação de pesquisa de alunos (1), somente. Dizemos somente, visto que um dos eixos do projeto de formação no qual trabalhavam esses formadores era a pesquisa.