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Caracteres macro e micromorfológicos em Lycoperdon, Morganella e Vascellum

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO GERAL

1.7 Caracteres macro e micromorfológicos em Lycoperdon, Morganella e Vascellum

Estados Unidos, discute a dificuldade em delimitar o gênero, tendo em vista que muitos espécimes não apresentavam um definido diafragma. Também, o autor adiciona seis espécies em seu trabalho, embora ele tenha excluído uma espécie reconhecida por Ponce de León (L. curtisii Berk.). Em seguida, L. endotephrum Pat. foi transferida para V.

endotephrum (Pat.) Demoulin & Dring (Demoulin e Dring 1975). Do mesmo modo,

Homrich (1975), e Homrich e Wright (1988), estudaram espécies Sul-americanas, reportando sete espécies para América do Sul, sendo quatros novas espécies e uma nova combinação, ainda, aqui os autores também consideram o diafragma como carácter de pouco valor taxonômico.

1.7 Caracteres macro e micromorfológicos em Lycoperdon, Morganella e Vascellum

Caracteres macroscópicos

Forma do basidioma – O basidioma em Lycoperdon pode ser encontrado de várias

formas: depresso globoso, subgloboso, piriforme a turbinado (Fig. 1); em exsicatas malconservadas esses formatos podem ser alterados e essa característica não é relevante na determinação das espécies, é apenas utilizada de forma tradicional e para se ter uma ideia de como o corpo de frutificação foi encontrado.

Rizomorfas – O basidioma se corretamente coletado, poderá apresentar em sua base as

rizomorfas, que são cordões de micélio de coloração esbranquiçada, e essa estrutura deve ser estudada com mais atenção sob microscópio.

Subgleba ou base estéril – Esta zona pode ser encontrada ocupando igual ou mais que um

terço do basidioma, nesse caso foi determinado como bem desenvolvida; embora em

Morganella essa estrutura seja sempre reduzida, ocupando menos de um terço do

basidioma, ou até mesmo não existindo (Fig. 2). A coloração da subgleba pode variar de cor em Lycoperdon atingindo tons de marrons e cinza; em Morganella e Vascellum, pode

36 ser constante em tons de amarelo claro. Ademais, a subgleba quando observada em um corte transversal, pode ser celular, como na maioria das espécies de Lycoperdon; ou compactada, ocorrendo na maioria das espécies de Morganella. Também, ainda que pouco frequente, pode aparecer uma subgleba lanosa, como em L. ovoidisporum e L.

pyriforme, ainda no primeiro, os espécimes apresentaram um transição de lanoso a celular

(Cortez et al., 2011). O diafragma pode ocorrer tanto em espécies de Lycoperdon quanto em Vascellum, mas não foi observa em nenhuma das exsicatas de Morganella.

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Figura 1. Tipos de formas dos basidiomas em Lycoperdon e Morganella. a. L. mammiforme basidioma piriforme (K s/n coletado por M.C. Cook 1885); b. L. pulcherrimum basidioma subgloboso (K 3933 – holotipo !); c. M. compacta, basidiomas depresso globosos (PDD10140 holotipo!); d. M. fuliginea basidioma globoso (UFRN-Fungos 1768); e. L. utriforme, basidioma depresso globose a obovoide (K200231); f. L. pratense, basidiomas subglobose a turbinado (VDEMOULIN 7412). Barras = 10 mm.

Figura 2. Tipos de subgleba em espécies de Lycoperdon. a. Subgleba reduzida e com células compactas, L.

fuligineum (UFRN-Fungo 1768); b. Subgleba bem desenvolvida, celular e com diafragma L. marginatum

(CORD756); c-d, f. Subgleba desenvolvida e celular: (c) L. perlatum (MA-Fungi 29372), (d) L. pratense (K200229), (f) L. utriforme (K200230) em basidioma parcialmente imaturo; e. subgleba bem desenvolvida e lanosa, (e) L. pyriforme (MA-Fungi 16908). Barras = 10 mm.

Ornamentação do exoperídio – De fato, o trabalho de Kreisel de 1962, citado aqui a obra

re-editada (Kreisel, 1973), foi quem iniciou a caracterização em Lycoperdaceae, antes nenhum dos trabalhos tradicionais haviam empregado esforço na caracterização do perídio na família. O exoperídio pode ser composto por verrugas; espinhos com as pontas agudas; espinhos com as pontas alongadas, delgadas e curvadas; espinhos em conjuntos de três ou mais unidos por suas pontas, que dão uma aparência estelar; e espinhos

38 piramidais; essas ornamentações podem ser persistentes; ou cair com tempo, deixando amostra a superfície do endoperídio (Fig. 3). Essas ornamentações podem atingir até 6 mm de comprimento em espinhos, embora este padrão ocorra em espécimes de L.

echinatum (Demoulin, 1972b; Calonge e Demoulin, 1975; Calonge, 1998), e que não foi

reportado ainda na América do Sul; nas ornamentações em forma de verrugas o comprimento atinge 1 mm. O padrão de coloração pode ser em tons esbranquiçados a enegrecidos.

Superfície do endoperídio – Pode ser liso ou areolado; alguns espécimes, no qual a espécie

teria endoperídio areolado, as aréolas não estavam presentes, ou estavam incompletas, mas poder ter ocorrido por duas situações: as más condições do espécime ou, o espécime em seu habitat sofreu pelas intempéries das chuvas; quando o exoperídio não é persistente, a superfície do endoperídio pode apresentar um aspecto furfuráceo; a coloração geralmente é em tons de amarelo. O aspecto enrugado, tem sido usado por exemplo, em espécies de Morganella (Alfredo e Baseia 2014), na descrição de M. nuda, embora na descrição os autores tenham considerado que a superfície do endoperídio varia de liso a enrugado; ao longo das análises morfológicas em Lycoperdon, esse carácter parecia ocasionado pelas condições dos espécimes, e não da natureza do endoperídio portanto, essa característica em Lycoperdon, Morganella e Vascellum é considerado como um carácter não informativo.

Padrão de desenvolvimento da deiscência – Em Lycoperdon, Morganella e Vascellum, a

deiscência é sempre na porção apical do basidioma. Se o endoperídio apical é composto por micoesclereídeos ou células com terminações infladas, a deiscência tende a ser por um poro irregular ou por ruptura do perídio (exoperídio + endooerídio); os espécimes em

Vascellum apresentam deiscência irregular ou até mesmo por ruptura do perídio; em Lycoperdon, a deiscência irregular pode ocorrer, por exemplo, em espécimes de L. marginatum; quando o endoperídio não é composto por micoesclereídeos e/ou células

com terminações infladas, a deiscência sempre será por um poro apical regular; por isso, todas espécies em Morganella apresentam poro apical regular.

Textura da gleba – A gleba pulverulenta é a mais comum; ainda que também pode ser

lanosa (somente encontrado em L. umbrinoides). A coloração é em tons de marrom, e algumas vezes pode ser tingida em tons de lilás e cinza.

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Pseudocolumela – Não é comumente presente, e quando presente não foi

taxonomicamente informativo para a separação das espécies; a coloração sempre acompanhava o tom da gleba.

Coloração das estruturas – Neste estudo usamos Küppers (2002), nos Capítulos 1 e 2; e

Kornerup e Wanscher (1967), no Capítulo 3, que são as obras disponíveis no momento de realizar as identificações.

Caracteres microscópicos

Ornamentação do exoperídio – Os espinhos ou verrugas são compostos por: (1) hifas

celulares denominadas esferocistos que apresentam formas globosas, subglobosas ou piriformes; também podem ser encontradas hifas com formas irregulares, mas que, tradicionalmente continuam sendo chamadas de esferocistos. Se estas células estão dispostas em cadeias, o termo está correto; e (2) hifas alongadas, podendo ser encontradas em grupos, com formas de clavas ou elípticas. O exoperídio é sempre analisado separando-se uma porção basal e uma porção apical, para verificar se há diferenças quanto a formas, tamanho e reação em Melzer, como por exemplo, em L atrum.

Hifas do endoperídio – O endoperídio é composto por hifas entrelaçadas, podendo ser

encontrado hifas com terminações infladas e micoesclereídeos; por isso as análises do endoperídio são feitas separando a porção apical da porção basal. Na porção apical, que pode ser extraído deste o poro até metade do basidioma, podem ser encontrados micoesclereídeos e/ou hifas com terminações infladas. Os micoesclereídeos são células unitárias com formas irregulares, podendo ser sem reação ao Melzer até fortemente dextrinoide. As hifas com terminação infladas, apresentam as terminações distintas das hifas entrelaçadas normais, estas terminações irão apresentar diâmetro de 5 até 30 µm. Estes dois tipos de elementos podem auxiliar na descamação do perídio e formação do poro apical, acredita-se que em alguma fase do desenvolvimento todas as espécies podem apresentar estes elementos, até a formação completa do poro apical; em outras espécies estes elementos seguem persistentes, e isso é observado em espécies nos quais a deiscência é por poro apical irregular ou ruptura do perídio.

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Figura 3 Tipos de ornamentação do exoperídio e superfície do endoperídio. a, d. Espinhos com as pontas alongadas, delgadas e curvadas; b, e, f. Verrugoso; c. Espinhos piramidais; a-c, e-f. Superfície do endoperídio liso; d. Superfície do endoperídio areolada. Todas as ornamentações apresentadas são caducas com o tempo. Barras = 2 mm.

Porção da gleba – Nesta região são encontrados os basidiosporos, capilícios e

paracapilícios. Os basidiosporos podem ser globosos, subglobosos, ovoides a subelípticos (Fig. 5). A superfície do basidiosporos pode ser punctado, levemente verrugoso, verrugoso a fortemente verrugoso, sendo classificado de A-D seguindo Demoulin (1972a; b) e Moyersoen e Demoulin (1996): [A] ornamentação lisa a punctada; [B] ligeiramente verrucosa; [C] verrucosa e [D] fortemente verrucosa (Fig. 5-6). Os basidiosporos podem ter una reação em Melzer como fortemente dextrinoide; marrom claro a marrom em KOH 5%; e possuírem ou não pedicelos (restos de esterigmas).

As hifas encontradas na gleba são chamadas de capilício ou paracapilício. Os capilícios podem ser asseptados ou septados, possuir poros ou não; quando com poros, podem ocorrer em diferentes quantidades, proporções de tamanho e formas, estas últimas de difícil avaliação, sendo somente possível sob microscópio eletrônico de varredura. As hifas do capilício não apresentam reação ao Melzer ou fracamente dextrinoide; e são amareladas a marrons em KOH 5%. Os paracapilícios, são sempre septados; algumas vezes ramificados; sem reação em Melzer, sempre cianófilos, e sempre hialinos em KOH 5%.

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Figura 4 Tipos de esferocistos e células alongadas do exoperídio apical; micoesclereídeos e hifas infladas do endoperídio apical. a. Células alongadas e dextrinoide de L. atrum; b. Esferocistos em cadeias de L.

perlatum; c. Esferocistos com formas irregulares de L. pyriforme; d, f. Micoesclereídeos com formas

irregulares de L. marginatum e Lycoperdon sp.; e. Hifas com terminações de L. umbrinum. a, c, e. Barras = 20 µm; b. Barra = 100 µm; d, f. Barras = 10 µm.

Subgleba – As hifas da subgleba, podem ser septadas, ramificadas, sem reação em Melzer

a fortemente dextrinoide.

Pseudocolumela – A hifas da pseudocolumela são, facilmente confundidas com o

capilício; quando presente estas estruturas são poucos septadas, pouco ramificadas e desprovidas de poros; sem reação em Melzer, acianófilas e amareladas a marrom em KOH 5%.

Rizomorfas – São compostas de dois tipos de hifas, um tipo mais interno e o outro mais

externo. As hifas mais internas podem alcançar até 5–20 µm diâm., são septadas, com septos incompletos frequentes, sem reação em Melzer ou fracamente dextrinoide. As hifas externas são de calibre mais finos do que as internas 1–3 µm diâm., asseptadas, sempre fortemente dextrinoides. Aderidas as hifas externas podem haver cristais de diferentes formatos, de agulhas, bastonetes ou losangos; podem estar em aglomerações ou isolados; geralmente os cristais que estão aglomerados, possuem formatos de agulhas ou bastonetes, enquanto que, aqueles que apresentam formatos de losangos ocorrem isolados. No futuro estes cristais poderão ajudar na separação grupos de espécies ou ainda, separação de espécies. Para isso, é necessário que as coletas do basidiomas sejam

42 realizadas de modo que, estas estruturas permaneçam preservadas juntamente com o basidioma.

Figura 5 Exemplos de basidiosporos quanto a forma e classificação da ornamentação espécies de

Lycoperdon. a. basidiosporos lisos [A], L. pyriforme (NY0071979); b-d. Levemente verrugoso [B], L. marginatum (NY00398533), L. eximium (NY0071978), L. umbrinum (MA-Fungi 63394); e-f. Verrugoso

[C], L atrum (UFRN-Fungos 832), L. perlatum (NY00793106); g-i. Fortemente verrugoso [D], M. nuda (UFRN-Fungos 1766), M. velutina (NY00839022), L. decipiens (MAF27674); f, g. Basidioporos com o número de ornamentações contadas e diâmetro medido para o cálculo de densidade de ornamentação. Barras = 10 µm.

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Figura 6 Exemplos de basidiosporos com as classificações de A-D em microscopia eletrônica de varredura (MEV). a, b. Punctados [A], L. pyriforme e L. compactun (= M. compacta); c, d. Levemente verrucosos [B], L. arenicola (= M. arenicola), L. marginatum; e, f. Verrucoso [C], L. perlatum, L. atrum; g-i. Fortemente verrucoso [D], L. fuligineum (= M. fuliginea), L. atropurpureum e L. mauryanum. Barras = 1 µm.

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