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Objetivo 6. Propor as mudanças taxonômicas e nomenclaturais para estabelecer

5 DISCUSSÃO GERAL

A ideia de usar sequências de DNA igual a um código de barras usado em lojas e supermercados tem se mostrado promissor e de muita ajuda em trabalhos voltados a identificação de espécies em amostras ambientais (solo, pedaços de madeira em decomposição, folhagem, etc.) (Hogg and Hebert, 2004; Blaxter et al., 2005). Assim também, o uso do DNA barcode tem auxiliado os taxonomistas em identificar espécies quando os caracteres morfológicos não são suficientes para segregá-las morfologicamente (Page et al., 2005); e a possibilidade de identificar espécies não é restrita somente aos animais como proposto inicialmente (Hebert et al., 2003), mas também para descriminar espécies em algas (Robba et al., 2006), plantas (Taberlet et al., 2007) ou fungos (Smith et al., 2007). A sequência de DNA para ser usada como barcoding deve possuir um comprimento curto de pares de bases (600 – 700 bp), de fácil amplificação (Hebert et al., 2003). A região ITS como barcoding de fungos passou a ser amplamente aceita pela comunidade científica após o trabalho de Schoch et al. (2012). No presente trabalho, a região ITS mostrou-se ser promissora na identificação de espécies de Lycoperdon.

Nesse sentido, nossos resultados mostram 65,9 % de sucesso na amplificação contabilizando todos os capitulos, embora esses valores sobem quando observados somente para o capítulo, onde trabalhou-se com espécimes de somente dois herbários (87%), em contraste aos 28% de falha na amplificação somando-se os espécimes analisados em todos os capítulos, enquanto que somente para o capítulo 1 esse porcentagem cai para 13%; assim como aqueles obtidos por Schoch et al. (2012), onde o sucesso de amplificação da região ITS foi de 90%. Ainda que, a falha na amplificação do ITS em Lycoperdaceae dever ser pelo fato da gleba ser pulverulenta, no qual os esporos são transportados facilmente pelo ar e então sendo depositado em outras espécies, criando um problema durante o processo de extração e amplificação.

Usando a identificação baseado na distância entre sequencias, foi obtido um sucesso de 80% na identificação de espécies, embora, em Hebert et al., (2003) que obtiveram 100% de sucesso de identificação de espécies, os resultados aqui são satisfatórios; em Meier et al. (2006) o sucesso de identificação de espécies foi de apenas 67%, porém os autores chamam atenção pelo fato de terem usados sequencias de diferentes tamanhos, onde a maioria eram menores que 500 pares de bases.

60 Consequentemente, as falhas na identificação de espécies ocorreram justamente no grupo de Lycoperdon molle/L. umbrinum como é tratado por Demoulin (1968b), Demoulin e Schumacker (1972), onde os caracteres morfológicos não são muito eficientes para separá-las. Neste caso, a região ITS não foi suficientemente variável para separar as espécies, assim como esperado para alguns grupos de fungos (Geiser et al., 2004), portanto, (Stielow et al., 2015), propõe a adição de mais marcadores à região ITS como barcoding, com isso, os autores indicam a região TEF1 α como uma região potencialmente promissora.

A integração da sequência ITS como barcoding com a taxonomia morfológica demonstrou ser suficiente na discriminação de 19 espécies para a América do Sul; da mesma forma Goldstein e DeSalle (2011) citam que o conhecimento de especialistas morfológicos integrados aos trabalhos de DNA “barcoding” são eficientes na discriminação de espécies. Ainda, três espécies permaneceram como não identificadas; anteriormente essas espécies estavam erroneamente identificadas como espécies europeias ou norte americanas, mas em nossas análises, mostram-se táxons sul- americanos distintos, sendo necessária a adição de mais espécimes e marcadores para esclarecer esse fato.

Também outros grupos como L. atropurpureum e L. excipuliforme devem ser estudados em um trabalho direcionado, levando em consideração os problemas históricos taxonômicos empregados a eles (Coker e Couch, 1928; Perdeck, 1950; Demoulin, 1968b; Jeppson e Demoulin, 1989; Calonge, 1998), e que possam ser abordados espécimes de diversas localidades de todos os continentes para onde foram reportados; assim uma comparação mais abrangente dos dados moleculares e morfológicos possam esclarecer esses problemas; como indicado por Osmundson et al. (2013), e mesmo que a região ITS não é eficiente para a separação de alguns grupos de espécies, ela pode indicar quais grupos de espécies ou coleções, necessitam de mais revisão taxonômica e a inserção de análises moleculares com vários marcadores. Com a revisão morfológicas das espécies, revisão de literatura e identificação, a América do Sul apresenta uma diversidade de espécies similar à América do Norte e Europa (Demoulin, 1972b); ou mesmo quando comparada com a estimativa de espécies para o mundo (Kirk et al., 2008). Ainda, o número de espécies registradas para Argentina foi superior em 12 espécies em relação aos números reportados anteriormente por Domínguez de Toledo (1989) e Hernádez- Caffot et al. (2013). Além do mais, Argentina e Brasil registraram juntos o maior número de espécies de Lycoperdon para o continente sul-americano. Embora, em países como

61 Bolívia, Paraguai ou Uruguai, etc., necessitam de mais trabalhos voltados a inventários de espécies de Lycoperdon; com base em nossos resultados, a América do Sul demonstra possuir uma grande diversidade de espécies em Lycoperdon quando comparado com outros continentes que tiveram mais esforços em trabalhos para inventariar as espécies de

Lycoperdon. As novas ferramentas de identificação molecular, tais como ITS “barcoding”

tem sido de grande ajuda para taxonomistas acessarem a diversidade de para vários organismos, como demonstrado por Janzen et al. (2005), que obtiveram sucesso no uso do DNA “barcoding” na identificação de espécies em inventários Lepidoptera.

Com base nas regiões de ITS e LSU, o gênero Lycoperdon mostrou-se parafilético, e mesmo adicionando as espécies sul-americanas de Morganella, o gênero mostrou-se não independente de Lycoperdon; estes resultados corroboram os resultados obtidos por (Larsson e Jeppson, 2008), no qual os autores confirmam que Lycoperdon é parafilético, e propuseram Apioperdon, Morganella e Vascellum como gêneros não independentes de

Lycoperdon; igualmente, aqui foi proposto o novo subgênero Arenicola, com base nas

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