O primeiro hospital da cidade de Viseu foi o Hospital de Chagas, instituído entre 1565- 1585, por Gerónimo Braga e a sua mulher Isabel de Almeida. Este destinava-se a doentes que não excedessem os três meses de tratamento. Foi depois reedificado e ampliado pelo Bispo D. Júlio (Julius Franciscus de Oliveira), ficando com duas enfermarias para homens e mulheres com quarentena, oito lugares além dos do venéreo e uma casa separada para crianças enjeitadas [1].
No final do século XVII o bispo D. Júlio resolveu edificar outro hospital vindo a ser denominado de “Hospital Novo”. A construção decorreu lentamente estando suspensa por alguns anos devido à falta de recursos financeiros e devido à Guerra da Península e posteriores guerras civis. O “Hospital Novo” recebeu os primeiros doentes em 1842 estando ainda inacabado. Este hospital era composto por dois pisos, tendo quatro enfermarias denominadas de: São João, S. Francisco, Sant’Ana e Senhora das Dores; tinha ainda mais duas enfermarias para os Irmãos da Misericórdia, alguns quartos para pensionistas, compartimentos para doentes alienados e presos, instalações sanitárias, casa das autópsias e casa mortuária [1].
A 14 de Julho de 1997 foi inaugurado o Novo Hospital de São Teotónio situado na periferia da cidade, sendo a sua área de influência todo o distrito de Viseu e alguns concelhos fora dele, atendendo a uma população aproximada de 420.000 habitantes. O Hospital São Teotónio (HST) tem como missão prestar cuidados de saúde diferenciados, em articulação com os cuidados de saúde primários e com os hospitais integrados na rede do Serviço Nacional de Saúde (SNS) com qualidade e eficiência elevados [2].
Com base no Decreto-Lei n.º 30/2011 de 2 de Março, foi criado então o atual Centro Hospitalar Tondela-Viseu, E.P.E., unindo o Hospital São Teotónio, E.P.E com o Hospital Cândido de Figueiredo e integra ainda o Departamento de Psiquiatria e Saúde Mental situado na unidade de Abraveses [3].
A unidade de Viseu do Centro Hospitalar Tondela- Viseu (CHTV) possui um total de 632 camas englobando os seguintes serviços clínicos:
Angiologia
Bloco operatório;
Cardiologia;
49 Cirurgia B Cirurgia C Cirurgia D Cirurgia vascular Cirurgia plástica Consultas externas Exames especiais Gastroenterologia Ginecologia Hematologia Hemodiálise Hemodinâmica
Hospital de dia cirúrgico
Hospital de dia de Nefrologia
Hospital de dia oncológico
Imagiologia
Laboratório de análises clínicas
Medicina A
Medicina B
Medicina C
Medicina D
Medicina Física e de Reabilitação
Neurologia Nefrologia Neurocirurgia Neonatologia Obstetrícia A Obstetrícia B Oncologia Ortopedia A Ortopedia B Ortopedia C Oftalmologia Otorrinolaringologia Patologia clínica Pneumologia Pediatria Unidade de AVC
Unidade de Ventilação Não Invasiva (UVNI)
Unidade de Cuidados Intensivos Coronários (UCIC)
Unidade de Cuidados Intensivos Polivalentes (UCIP)
Unidade de Endocrinologia
Unidade de Cuidados Intermédios Médicos (UCIM)
Unidade de Monitorização do Doente Crítico (UMDC)
Urgência geral
Urgência pediátrica
Urgência obstétrica/ Ginecológica
50 A unidade de Viseu do CHTV conta com uma vasta equipa, dos quais se destacam:
Dirigentes: 9
Médicos: 219
Técnicos Superiores: 20
Enfermeiros: 648
Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica (TDT): 107
Administrativos: 149
Assistentes Operacionais (AO): 440
1.1 – CARACTERIZAÇÃO DOS SERVIÇOS FARMACÊUTICOS DO CHTV- UNIDADE DE VISEU
Os Serviços Farmacêuticos Hospitalares (SFH) asseguram a terapêutica medicamentosa aos doentes, a qualidade, eficácia e segurança dos medicamentos, integram as equipas de cuidado de saúde e promovem ações de investigação científica e de ensino. Estes têm como objeto o conjunto de atividades farmacêuticas, exercidas em organismos hospitalares ou serviços a eles ligados, que são designados por “atividades de farmácia hospitalar” [4].
Aos SFH compete especialmente:
Preparar, verificar analiticamente, armazenar e distribuir medicamentos;
Dar apoio técnico aos serviços de análise, de esterilização, de sangue ou outros que dele careçam;
Abastecer de produtos químicos e reagentes os laboratórios de análises clínicas ou outros;
Cooperar na ação médica e social, tanto curativa, como recuperadora ou preventiva, dos organismos a que estejam ligados;
Promover ou apoiar a investigação no campo das ciências e da técnica farmacêutica;
Colaborar na preparação e aperfeiçoamento do pessoal destinado a estes serviços na educação farmacêutica de pessoal destinado a estes serviços e na educação farmacêutica de outros serviços com que estejam em ligação.
Os Serviços Farmacêuticos (SF) do CHTV são acreditados pela norma NP EN ISO 9001:2008 desde novembro de 2010. Esta permite a garantia da qualidade que engloba as áreas
51 de desenvolvimento, produção, instalação e assistência médica. A norma ISO estabelece que a organização acreditada deve [5]:
Identificar os processos necessários para o Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) e para a sua aplicação em toda a organização;
Determinar a sequência e interação dos processos;
Determinar critérios e métodos necessários para assegurar que, tanto a operação, como o controlo dos processos são eficazes;
Assegurar que se encontram disponíveis os recursos e informações necessárias, para suportar as operações e monitorizar os processos;
Monitorizar, medir e analisar os processos;
Implementar ações necessárias para atingir os resultados planeados e a melhoria contínua dos processos.
Devido à certificação pela norma ISO 9001:2008, todos os parâmetros são cumpridos, uma vez que são documentadas todas as etapas dos diversos procedimentos e respetivas responsabilidades, através de modelos formalizados que verificam se os procedimentos são realizados conforme o descrito, sendo realizados para todos os procedimentos necessários.
1.1.1 – Espaço físico da farmácia hospitalar
Segundo o manual de farmácia hospitalar, a localização dos serviços farmacêuticos deverá sempre que possível, observar os seguintes pressupostos:
Facilidade de acesso interior e exterior;
Implementação de todas as áreas, incluindo o armazém, no mesmo piso;
O setor de distribuição de medicamentos a doentes ambulatórios, se existir, deverá localizar-se próximo da circulação normal deste tipo de doentes; como por exemplo, junto das consultas externas e ter entrada exterior aos serviços farmacêuticos;
Proximidade com os sistemas de circulação vertical como monta-cargas e elevadores.
Posto isto, os SF da unidade de Viseu do CHTV localizam-se no piso 1, sendo de fácil acesso para os doentes de ambulatório, para funcionários do hospital pela entrada interna e de fácil acesso para os fornecedores pela entrada exterior. Os SF da unidade de Viseu do CHTV
52 são compostos pelas seguintes áreas: secretariado, ambulatório, sala de reuniões, sala da direção, sala dos administrativos, instalações sanitárias/ vestiários, sala da distribuição tradicional, sala dos técnicos, armazém geral, sala de distribuição em dose unitária, sala dos farmacêuticos de apoio à dose unitária, sala da receção, sala da reembalagem, sala do cofre, câmara frigorífica, ensaios clínicos, laboratório de preparações não estéreis e laboratório de preparações estéreis (citotóxicos e não citotóxicos).
Estas áreas divididas por salas são essenciais para um melhor funcionamento, desempenho e organização, de modo a permitir as condições adequadas em termos de acesso e circulação.
1.1.2 – Recursos humanos e horário de funcionamento
Os SF da unidade de Viseu do CHTV conta com uma equipa composta por 14 farmacêuticos, 14 técnicos de farmácia (TF), 7 AO e 3 assistentes técnicos. Os SF encontram- se em funcionamentos 24 horas por dias, todos os dias da semana, incluindo fins-de-semana e feriados. O horário normal é das 9h às 24h, sendo que a partir das 18h até às 24h ficam apenas de serviço um farmacêutico e um TF, das 24h às 9h fica um farmacêutico de prevenção. O mesmo acontece aos fins-de-semana a partir das 18h. Aos sábados encontram-se apenas em serviço 2 farmacêuticos, 4 TF e 2 AO e aos domingos encontram-se de serviço apenas um TF e um farmacêutico das 9h às 18h, ficando um farmacêutico de prevenção das 18h de domingo às 9h de segunda-feira.
Relativamente ao ambulatório o horário de funcionamento é das 9h às 18h de segunda a sexta-feira.
1.1.3 – Sistema informático
O sistema informático utilizado no Centro Hospitalar Tondela Viseu é o Sistema de Gestão Integrada do Circuito do Medicamento (SGICM). O SGICM possibilita o pedido e o registo de medicamentos e outros produtos de saúde por via informática, bem como a distribuição informatizada dos medicamentos emitidos diariamente a partir da prescrição médica eletrónica. Este sistema informático apresenta como vantagens o aumento da segurança, redução dos erros de medicação, conhecimento rigoroso do perfil farmacoterapêutico dos
53 doentes, diminuição do risco de interações medicamentosas, permite a racionalização da terapêutica e dos diferentes stocks nos serviços, controlo mais rigoroso dos custos e reduz os desperdícios [6].
Este sistema informático atua em todo o circuito do medicamento desde a sua aquisição até à sua distribuição aos serviços ou doentes.
De modo a uma maior segurança o acesso ao SGICM só é permitido através da inserção de uma password específica para cada profissional de saúde.
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