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4.1 – SISTEMAS DE COMPARTICIPAÇÃO E ENTIDADES COMPARTICIPADORAS

Existem várias entidades comparticipadoras, sendo o Serviço Nacional de Saúde (SNS) o organismo mais comum. Os utentes do SNS podem apresentar diferentes regimes de comparticipação: o regime geral que contempla todos os utentes do SNS e trabalhadores migrantes, o regime especial para pensionistas com o rendimento total anual que não exceda 14 vezes o ordenado mínimo nacional, os doentes profissionais e doentes crónicos especiais. A comparticipação por parte do estado é fixa e baseada na classificação farmacoterapêutica, esta divide-se em quatro escalões: escalão A (90%), escalão B (69%), escalão C (37%) e escalão D (15%). No entanto, a taxa de comparticipação pode ser maior em determinadas patologias ou grupos de doentes, estes são chamados os regimes excecionais [8].

Apesar do SNS ser o organismo mais utilizado, existem outras entidades comparticipadoras que surgem com frequentemente tais como a Assistência na Doença aos Servidores do Estado (ADSE) e a Assistência na Doença aos Militares (ADM). Podem ainda ocorrer casos em que o utente pode usufruir de complementaridade de comparticipações, de mais do que um organismo, ou seja, acrescenta outra comparticipação sobre a comparticipação do organismo primário, como é o exemplo dos SAMS (Serviço de Assistência Médico-Social do Sindicato dos Bancários). No caso de receitas com complementaridade de comparticipações, deve-se tirar fotocópia ao cartão de beneficiário e da receita médica, uma vez que na faturação a receita original é enviado para o organismo principal e a fotocópia da receita médica e do cartão de beneficiário segue para o organismo complementar [9].

4.2 – DISPENSA DE MSRM

Segundo o Decreto-Lei nº176/2006, de 30 de agosto, estão sujeitos a receita médica todos os medicamentos que preenchem uma das seguintes condições [10].

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 Possam constituir um risco para a saúde do doente, direta ou indiretamente, mesmo quando usados para o fim a que se destinam, caso sejam utilizados sem vigilância médica;

 Possam constituir um risco, direto ou indireto, para a saúde, quando sejam utilizados com frequência em quantidades consideráveis para fins diferentes daqueles a que se destinam;

 Contenham substâncias, ou preparações à base dessas substâncias, cuja atividade ou reações adversas seja indispensável aprofundar;

 Destinam-se a ser administrados por via parentérica.

Os MSRM só são dispensados mediante a presença de uma receita médica, atualmente, existem três modelos de receita médica: as receitas manuais, receitas materializadas e as receitas desmaterializadas ou receitas sem papel. Segundo a Portaria 224/2015, de 27 de julho, as receitas só são válidas se apresentarem [11]:

 Número da receita;

 Local de prescrição ou respetivo código

 Identificação do médico prescritor, incluindo o número da cédula profissional e em alguns casos a especialidade;

 Nome e número de utente;

 Entidade financeira responsável e número de beneficiário;

 Regime especial de comparticipação de medicamentos.

As receitas materializadas (ANEXO VI) para serem válidas além das informações referidas anteriormente devem ainda conter o DCI da substância ativa (dosagem, FF, dimensão da embalagem e número de embalagens); se aplicável a denominação comercial do medicamento; código nacional de prescrição eletrónica de medicamentos (CNPEM) ou outro código oficial identificador do produto; data da prescrição; assinatura autógrafa do prescritor; e se aplicável a exceção que impede o direito de opção (prescrição de medicamento com margem ou índice terapêutico estreito; reação adversa prévia ou continuidade de tratamento superior a 28 dias). Este tipo de receita pode ter até três vias, sendo que em cada receita podem ser prescritos até quatro medicamentos ou produtos de saúde distintos com um limite máximo de duas embalagens por medicamento ou um total máximo de quatro embalagens. No caso dos medicamentos se apresentarem em embalagem unitária, podem ser prescritos até quatro embalagens do mesmo medicamento.

34 As receitas desmaterializadas (ANEXO VII) além do referido anteriormente só são válidas quando apresentam: a hora da prescrição, linhas de prescrição (tipo de linha, número da linha, identificada univocamente e constituída pelo número da prescrição e pelo número de ordem da linha de prescrição, tipo de medicamento ou produto de saúde prescrito, data do termo da vigência da linha de prescrição), DCI da substância ativa e data da prescrição. Nestas receitas cada linha só pode incluir um medicamento ou produto de saúde até um máximo de duas embalagens de cada. Neste tipo de receitas o utente pode não estar acompanhado da “guia de tratamento”, nesse caso é enviada uma mensagem para o telemóvel do utente com o número da receita, código de acesso e dispensa e código de direito de opção [12].

As receitas manuais (ANEXO VIII) só são válidas se apresentarem: vinheta identificativa do local de prescrição se for o caso; vinheta identificativa do médico prescritor; identificação da especialidade médica, se aplicável e contacto telefónico do médico prescritor; apresentar identificada a exceção para a prescrição manual (falência informática, inadaptação do prescritor, prescrição no domicílio ou até 40 receitas por mês); nome e número de utente; se aplicável, identificar o regime especial de comparticipação de medicamentos; DCI da substância ativa; assinatura autógrafa do prescritor e se aplicável a exceção que impede o direito de opção. Só é admitida uma via da receita manual [11].

Antes da dispensa de MSRM é necessária a verificação dos aspetos referidos anteriormente da prescrição médica por parte do profissional de farmácia. Esta deve ser corretamente avaliada de modo a interpretar e avaliar a prescrição médica, identificando possíveis problemas com o medicamento ou com a receita médica. Após a verificação da receita médica, procede-se à dispensa do medicamento com o auxílio do sistema informático SPharm®. No início da dispensa de medicamentos e outros produtos de saúde deve-se perguntar ao utente se possui cartão da farmácia, nesse caso é possível ao profissional de farmácia aceder a informações como o subsistema de comparticipação, últimas vendas possibilitando ao profissional de farmácia verificar qual a medicação que o utente faz habitualmente, tornando mais fácil e rápida a dispensa ao utente. A dispensa de MSRM no sistema informático depende do tipo de receita médica. Na dispensa de receitas manuais procede-se à leitura ótica do código de barras dos medicamentos ou digita-se o código manualmente, sendo necessário introduzir o código do respetivo organismo de comparticipação, procede-se depois à confirmação da dispensa introduzindo-se o número da receita médica. Antes de finalizar a dispensa é necessária a confirmação dos medicamentos procedendo-se novamente a leitura ótica do código de barras dos medicamentos de modo a evitar erros na dispensa, nas receitas manuais deve-se ainda imprimir no verso da receita o documento de faturação, que o utente deve assinar no local

35 destinado para o efeito. Na dispensa das receitas materializadas inicia-se a dispensa com a introdução do número da receita e do código de acesso, procedendo depois à leitura ótica do código de barras dos medicamentos. Neste tipo de receitas o organismo de comparticipação aparece automaticamente, podendo assim finalizar a dispensa, confirmando novamente os medicamentos dispensados como referido anteriormente. Depois é necessário recortar a receita de modo a que o utente possa levar o guia de tratamento e a receita médica fique na farmácia depois de impresso o documento de faturação e ser devidamente assinado pelo utente. Quanto às receitas desmaterializadas a dispensa começa com a introdução do número da receita e código de acesso, permitindo ao profissional de farmácia aceder à lista de medicamentos que constam nessa receita. Depois são selecionadas apenas as linhas dos medicamentos que o utente quer, procedendo-se à leitura do código de barras dos medicamentos. Neste tipo de receitas o organismo de comparticipação aparece automaticamente, podendo depois finalizar-se a dispensa confirmando novamente os medicamentos dispensados. Neste tipo de receitas é importante assinalar no guia de tratamento com quantas embalagens e quais os medicamentos com que o utente fica na receita. Neste tipo de receita não é necessária a impressão do documento de faturação (ANEXO IX). Este documento deve conter impressas as seguintes informações: identificação da farmácia, número de registo dos medicamentos dispensados em carateres e código de barras, quantidade fornecida preço total de cada medicamento, valor total da receita, medicamentos, encargo do utente em valor por medicamento e respetivo total, comparticipação do estado em valor por medicamento e respetivo total e data da dispensa. Este deve ainda conter a informação em que o utente declara que:

 “Me foram dispensadas as N embalagens de medicamentos constantes na receita e prestados os conselhos sobre a sua utilização”

Pode ainda ser impressa informação, relativamente ao direito de opção, no entanto é só é impressa apenas quendo aplicável.

 “Não exerci direito de opção”

 “Exerci o direito de opção para medicamento com preço superior ao 5.º mais barato”

 “Exerci direito de opção por medicamento mais barato que o prescrito para continuidade terapêutica de tratamento superior a 28 dias”

É muito importante no ato da dispensa, sempre que aplicável questionar o utente sobre se quer adquirir o medicamento de marca ou se quer optar pelo medicamento genérico e informar e explicar como o utente deve tomar e armazenar o medicamento.

36 4.3 – DISPENSA DE MEDICAMENTOS PSICOTRÓPICOS E ESTUPEFACIENTES

Na prescrição de medicamentos psicotrópicos e estupefacientes, não podem constar de receita materializada ou receita manual, onde sejam prescritos, outros medicamentos ou produtos de saúde. O processamento da receita médica é realizado dependendo do tipo de receita da forma descrita anteriormente. No ato da dispensa o sistema informático identifica os produtos, considerados psicotrópicos e estupefacientes, abrindo um menu de preenchimento obrigatório com informações acerca do médico prescritor (nome e código de identificação), informação do utente (nome e morada) informação do adquirente (nome, data e número do cartão de cidadão ou carta de condução, número do passaporte no caso de cidadãos estrangeiros e data de nascimento) e número da receita. Após a dispensa destes medicamentos o sistema informático para além do recibo de venda imprime um talão comprovativo da venda em duplicado com os dados do médico, utente e adquirente, referidos anteriormente, cada talão é anexado a uma cópia da receita médica, um deles é enviado para o INFARMED e o outro talão com a cópia da receita é ainda anexado à cópia da fatura sendo armazenada durante um mínimo de 3 anos no arquivo da farmácia.

4.4 – DISPENSA DE MEDICAMENTOS MANIPULADOS

A dispensa de MM no sistema informático é realizada da mesma forma que outros MSRM. No entanto os MM que são comparticipados pelo SNS são os que constam em anexo no Despacho nº18694/2010, de 16 de Dezembro. A esta lista podem ser acrescentados MM que cumpram as seguintes condições:

 Inexistência no mercado de especialidade farmacêutica com igual substância ativa, na FF pretendida;

 Existência de lacuna terapêutica a nível de medicamentos preparados industrialmente;

 Necessidade de adaptação de dosagens ou FF às carências terapêuticas de populações específicas, como é o exemplo da geriatria e da pediatria.

Os MM para serem comparticipáveis devem ser prescritos mediante indicação na receita médica da substância ativa, dosagem, excipientes e FF, e devem mencionar a palavra “Manipulado” ou “FSA”. A comparticipação destes medicamentos é de 30% do respetivo PVP [13].

37 4.5 – DISPENSA DE MNSRM

Segundo o Despacho n° 17690/2007, de 23 de Julho a automedicação é a utilização de MNSRM de forma responsável, sempre que se destine ao alívio e tratamento de queixas de saúde passageiras e sem gravidade, com a assistência ou aconselhamento opcional de um profissional de saúde [14].

O profissional de saúde, no ato a dispensa e do aconselhamento deve questionar o utente, de modo a obter informações acerca de:

 Sintoma ou motivo de consulta ao profissional de farmácia;

 Duração do problema de saúde;

 Existência de outros sinais ou sintomas associados ao problema de saúde que motivou a consulta do doente ao profissional de farmácia;

 Outros problemas de saúde manifestados pelo doente;

 Medicação que o utente toma.

No entanto, existem grupos em que é necessário ter especial atenção como é o caso dos idosos, crianças, grávidas e mulheres a amamentar, podendo ser necessário desaconselhar a automedicação e encaminhar o utente para o médico.

4.5.1 – Produtos de cosmética e de higiene corporal

A FM apresenta uma vasta gama de produtos de cosmética ao dispor do utente. Como é o exemplo da Vichy®, Uriage®, Filorga®, Bioderma®, entre outras. Aquando a dispensa destes

produtos deve-se explicar ao utente como aplicar e outros conselhos adicionais, e ter-se em especial atenção no aconselhamento o tipo de pelo do utente.

Relativamente aos produtos de higiene corporal a FM apresenta também uma vasta gama de produtos, que conta com produtos como Lactacyd Pharma®, Saforelle®, Saugella®, Letifem®, entre outros.

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4.5.2 – Medicamentos homeopáticos

Um medicamento homeopático é um medicamento obtido a partir de substâncias denominadas stocks ou matérias-primas homeopáticas, de acordo com um processo de fabrico descrito na farmacopeia utilizada de modo oficial num estado membro, e que pode ter vários princípios [15].

Na FM os medicamentos homeopáticos são do laboratório Boiron®, existindo uma variedade de produtos. Estes medicamentos são usados em doenças comuns sendo exemplos de medicamentos homeopáticos e respetivas indicações os seguintes:

 Stodal® - tratamento da tosse;

 Oscillococcinum® - estados gripais;

 Homeovox® - perda de voz e rouquidão;

 Homeogene 9® - para as dores de garganta;

 Arnigel® - contusões e cansaço muscular;

 Cicaderma® - feridas e queimaduras;

 Camilia® - perturbações dos primeiros dentes.

4.5.3 – Medicamentos e produtos de uso veterinário

Segundo o decreto-lei nº 148/2008, de 29 de julho, um medicamento veterinário é toda a substância, ou associação de substâncias, apresentada como possuindo propriedades curativas ou preventivas de doenças em animais ou dos seus sistemas, ou que possa ser utilizada ou administrada no animal com vista a estabelecer um diagnóstico médico-veterinário ou, exercendo uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas.

Na FM existem variados medicamentos veterinários desde desparasitantes externos das marcas Frontline®, Advantix®, desparasitantes internos da marca Drontal® e Strongid®, pilulas

como a Magecat® e Pilludog® e vacinas como a Tetradog®. E outros produtos como as coleiras

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4.5.4 – Dispositivos médicos

Um dispositivo médico é qualquer instrumento, equipamento, software, material ou artigo utilizado isoladamente ou em combinação, incluindo o software destinado pelo seu fabricante a ser utilizado especificamente para fins de diagnóstico ou terapêuticos e que seja necessário para o bom funcionamento do dispositivo médico, cujo principal efeito pretendido no corpo humano não seja alcançado por meios farmacológicos, imunológicos ou metabólicos, embora a sua função possa ser apoiada por esses meios, destinado a serem utilizados em humanos para fins de:

 Diagnóstico, prevenção, controlo, tratamento ou atenuação de uma doença;  Diagnóstico, controlo, tratamento, atenuação ou compensação de uma lesão ou

de uma deficiência;

 Estudo, substituição ou alteração da anatomia ou de um processo fisiológico;  Controlo da conceção.

Os dispositivos médicos podem ser classificados em três classes:  Classe I: dispositivos de baixo risco;

 Classe IIa e IIb: dispositivos de médio risco, sendo a classe IIa de baixo médio risco e a classe IIb de alto médio risco;

 Classe III: dispositivos de alto risco.

Na FM existe uma vasta gama de dispositivos médicos sendo exemplo de dispositivos médicos de classe I as fraldas e pensos de incontinência, meias de compressão, joelheiras, meias e pulsos elásticos para fins médicos, cadeiras de roda, canadianas, muletas, pensos oculares, seringas sem agulha, ligaduras. A FM apresenta dispositivos médicos de classe IIa como por exemplo: compressas de gaze hidrófila estéreis e não estéreis, pensos de gaze não impregnados com medicamentos, medidores de tensão com fonte de energia associada, termómetros com pilha ou outra fonte de energia associada, agulhas das seringas, lancetas e luvas cirúrgicas. Quanto aos dispositivos de classe IIb a FM apresenta por exemplo: canetas de insulina, preservativos masculinos, diafragmas, material de penso para feridas ulceradas extensas e crónicas, material de penso para queimaduras graves que atingem a derme e cobrem uma área extensa e material de penso para feridas de decúbito graves. Os dispositivos de classe III ao dispor dos utentes na FM são por exemplo: pensos com medicamentos, preservativos com espermicidas, dispositivos intrauterinos que não libertem progestagénios [16].

40 Numa farmácia comunitária podem ainda encontrar-se dispositivos médicos para diagnóstico in vitro como é o exemplo de testes de gravidez, equipamento para medição da glicemia, frasco para colheita de urina assética, entre outros [16].

4.5.5 – Outros produtos dispensados na FM

Na FM encontram-se ainda diversos produtos ao dispor do utente como é o caso de produtos de alimentação especial. É exemplo desta, a marca Resource® que apresenta diversos

produtos como por exemplo:

 Resource® Protein: é um tratamento nutricional que melhora a cicatrização de

feridas;

 Resource® 2.0: é um suplemento hipercalórico;

 Resource® HP/HC: suplemento hiperproteico e hipercalórico;

 Resource® espessante: para pessoas com disfagia;

 Resource® cereal instant: refeições para adultos;

 Resource® crema: é um suplemento completo hipercalórico e hiperproteico com

textura modificada.

Existe também alimentação especial pediátrica, sendo que na FM as marcas mais utilizadas são Novalac®, Aptamil®, entre outras. Estas existem nas formas de leites, farinhas e boiões. Os leites podem ser leites de transição, de crescimento ou específicos para lactantes.

A FM apresenta também uma vasta gama de suplementos multivitamínicos disponíveis para aconselhamento, tanto para crianças como para adultos, como por exemplo o Centrum®, Viterra®, MIXVIT®, AnimatiV®, entre outros.

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