3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.5. CARACTERIZAÇÃO DOS FILMES BIOPOLIMÉRICOS Os filmes foram submetidos a uma série de caracterizações a fim de determinar suas propriedades. 3.5.1 Espessura A determinação da espessura dos filmes ocorreu conforme a metodologia proposta por Luchese et al., (2015) na qual 5 pontos do filme, escolhidos aleatoriamente, foram medidos com um micrômetro digital. 3.5.2 Propriedade de barreira – Taxa de Permeabilidade ao Vapor de Água (TPVA) A taxa de permeação do filme ao vapor de água foi determinada por gravimetria. Porções do filme com 2 cm de comprimento por 2 cm de largura foram separados e colocados sobre a abertura de células de permeação contendo água destilada, de modo que a única forma do sistema perder massa se desse pela passagem do vapor de água através do filme, uma adaptação da metodologia usada por Sun; Sun, C.; Xiong, (2013), por sua vez baseada no padrão ASTM E96-96M-12. O conjunto composto pelas células de permeação contendo água e filmes recobrindo o orifício foi colocado dentro de um dessecador com umidade relativa em 50% e a 27°C. Todavia, devido à natureza higroscópica dos filmes, um intervalo de 24 horas foi deixado entre a colocação do dissecador e o início das sucessivas pesagens dos conjuntos. Sete medições foram feitas de hora em hora para cada conjunto, de modo a determinar a taxa de perda de água de cada um dos filmes, etapa realizada em triplicata. Na Figura 3 é possível observar um esquema na célula de permeação: Figura 3: Esquema de uma célula de permeação: 1: borda interna para selagem do biofilme na parte inferio com água (alta umidade); 2: anéis de borracha para vedação da parte inferior (alta umidade); 3: suporte para o biofilme; 4: vedação parte superior (ar- baixa umidade). Fonte: (Morelli & Ruvolo Filho, 2010). A taxa de permeação de vapor de água, TPVA, de cada filme foi calculada através da Equação 1: TPVA=W/(A.t) (Eq. 1) Na qual: TPVA: Taxa de permeabilidade ao vapor de água (g/m2.s); W: Massa de água perdida através do filme (g); A: Área de permeação, correspondente a área do orifício da célula (m²); t: tempo decorrido de permeação (s). Em posse desses valores foi traçado um gráfico contendo as perdas de massa de cada filme em função do tempo. A inclinação desse gráfico representa a taxa de permeabilidade ao vapor de água (TPVA) dos filmes, g/m².s. 3.5.3 Solubilidade em água Para determinar a solubilidade dos filmes, quadrados de 2cm de lado foram destacados, colocados em estufa a 105°C por uma hora, afim de que fosse removida qualquer umidade excessiva. Os filmes foram então pesados e em seguida submetidos à agitação constante em água destilada por 24 horas, etapa em que efetivamente o filme foi exposto a solubilização. Os filmes foram então postos novamente na estufa, nas mesmas condições de temperatura e tempo e, em seguida, pesados. A solubilidade pôde então ser determinada com auxílio da Equação 2: S= [(mi-mf)x100] / mi (Eq. 2) Na qual: S: Solubilidade dos filmes (%); mi: massa inicial da porção de filme (g); mf: massa final da porção de filme (g); 3.5.4 Cor e opacidade A determinação da cor e da opacidade dos filmes foi feita com auxílio de um colorímetro com o qual as amostras foram analisadas. Para a opacidade verificou-se o parâmetro 'L', luminosidade, sobre um fundo branco padrão e um fundo preto padrão, e no caso da cor, além do 'L' foram colhidos valores de 'a', coordenada que indica vermelho/verde, e 'b', coordenada que indica amarelo/azul, ambos em triplicada, segundo a metodologia apresentada por Fakhouri et al (2015). A cor correspondente aos parâmetros encontrados pode ser determinada num diagrama de cromaticidade do espaço de cor (tonalidade e saturação) e a opacidade calculada com auxílio da Equação 3: Op = (Opb x100)/Opw (Eq. 3) Na qual: Op: Opacidade dos filmes; Opb: Opacidade do filme contra um fundo preto padrão; Opw: Opacidade do filme contra um fundo branco padrão; 3.5.5 Elongação, resistência à tração e módulo de Elasticidade Foi possível determinar as propriedades mecânicas dos filmes por meio de ensaio mecânicos de tração, realizados em equipamento específico, modelo Dl 5000/10000. Porções de filme medindo 60 mm de comprimento por 5mm de largura foram cortadas e colocadas verticalmente entre as pinças do equipamento, de modo que os efeitos da tração seriam provocados em apenas 50 mm de material, os outros 10 mm eram seguros pelas pinças. O ensaio foi iniciado com velocidade de deslocamento das pinças de 5 mm/min até a ruptura da amostra, conforme norma ASTM D882-83. Os ensaios ocorreram em quintuplicata e a partir da região linear das curvas de tensão x deformação foi possível determinar as propriedades mecânicas das amostras: A resistência à tração foi determinada pela observação no equipamento do valor máximo de tração suportado pela amostra. A elongação foi determina como base nos comprimentos iniciais e finais da amostra com auxílio da equação 4: ε = (Lf- Lo) /Lo (Eq. 4) Na qual: Lf: Comprimento final Lo: Comprimento inicial O módulo de elasticidade foi determinado a partir da observação da curva de tensão x deformação das amostras, mais especificamente na porção elástica desta e com auxílio da equação 5: (Eq. 5) Na qual: : Tensão aplicada sobre a amostra ε: Elongação da amostra 3.5.6 Microscopia eletrônica de varredura (MEV) Afim de que se observasse a microestrutura da superfície dos filmes foi utilizado um microscópio eletrônico de varredura, modelo Vega 3. Primeiro as amostras foram submetidas à metalização por 360 segundos a 20 mA, afim de lhes conferir condutividade elétrica, o que ocorreu num metalizador a vácuo, modelo Q150R. Feito isto, as amostras foram fixadas em suportes de alumínio do microscópio que então foi acionado a uma tensão de 15 kV, com magnitude de 1000 vezes. 3.5.7 Microscopia de força atômica (AFM) Com o intuito de conhecer a disposição física da superfície do material, foi realizada uma Microscopia de Força Atômica (AFM), técnica que se baseia no mapeamento tridimensional da superfície da amostra, o que é possível através da medição precisa de forças de pequena magnitude entre a ponteira do equipamento e a amostra. Os filmes do presente estudo foram analisados em um Microscópio de Força Atômica da marca Innova, modelo SPM-9700, o qual foi configurado no modo dinâmico (tapping), com imagens geradas de 512 x 512 pixels, com velocidade de digitalização de 1 Hz e deflexão vertical de 2V. 3.5.8 Termogravimetria (TG) O comportamento do material em relação às variações de temperatura foi investigado através de análise termogravimétrica. Neste ensaio destrutivo a variação de massa da amostra é registrada ao longo do tempo no qual a temperatura é alterada de forma controlada, o que possibilita observar a perda ou agregação de massa na amostra. Amostras de aproximadamente 3 mg foram colocadas no analisador TGA (Shimadzu Corp., modelo TGA-50) com atmosfera de gás nitrogênio e configurado com taxa de aquecimento de 10°C por minuto, na faixa de temperatura ambiente até 900°C. No documento UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS MESTRADO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS (páginas 35-39)