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2 CAMINHOS METODOLÓGICOS

2.1 Caracterização geral da pesquisa

A realização da pesquisa científica é movida por interesse pessoal de quem a faz e cada pesquisador escolhe o seu tema baseado em suas afinidades e inclinações. O fazer bibliotecário tão presente no compromisso diário da minha profissão, levou-me a uma sensibilização da importância da actuação da biblioteca pública como agente de infoinclusão tendo-se em conta a lacuna existente de acções concretas por parte das bibliotecas públicas, direccionadas pera os idosos. A constatação dessa deficiência materializou-se em forma de método científico e viabilizou o desenvolvimento dessa pesquisa, como esclarece Minayo e Sanches (1993, p. 240):

O conhecimento científico é sempre uma busca de articulação entre uma teoria e a realidade empírica; o método é o fio condutor para se formular esta articulação. O método tem, pois, uma função fundamental: além do seu papel instrumental, é a “própria alma do conteúdo”, como dizia Lenin (1965), e significa o próprio “caminho do pensamento”, conforme a expressão de Habermas (1987).

Antes de mais, faz-se necessário compreender o significado e distinguir metodologia e método. Ao procurar no dicionário22 o significado da palavra método, encontraremos: “caminho ou processo racional que se segue para chegar a um fim; conjunto de procedimentos técnicos e científicos”. Gil (1999) esclarece que o método científico é “o conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adoptados para se atingir o conhecimento”. Segundo definição de Nélo (1999), “Metodologia significa estudo dos métodos, ou da forma, ou dos instrumentos necessários para a construção de uma pesquisa científica; é uma disciplina a serviço da Ciência”.

O objectivo da pesquisa científica é de compreender e explicar os fenómenos, fornecendo respostas às questões significativas, que possibilitem a compreensão destes fenómenos. Para isso, o pesquisador manuseia criteriosamente, os diferentes métodos e técnicas para alcançar os resultados pertinentes às suas averiguações.

Não existe um método único que seja utilizado em todas as Ciências, mas uma variedade de métodos que devem ser escolhidos dentre o que melhor se adapte ao “tipo de objecto a investigar e pela classe de proposições a descobrir” (GIL, 1999). Na pesquisa científica, assegurar que se utilizou um determinado método, é o mesmo que afirmar que houve uma acção planeada, baseada em procedimentos sistematizados e previamente conhecidos.

Vários autores e estudiosos da área concordam na afirmativa de que um método não excluiu o outro. Sistematicamente, o pesquisador acaba por utilizar métodos combinados, em conformidade com seus objectivos. Soriano (2004) corrobora com essa afirmação quando chama atenção ao facto de que ”pode-se obter informação sobre um problema mediante diversos métodos e técnicas”, devendo-se escolher o mais adequado conforme a “natureza do fenómeno, os objectivos do estudo e a perspectiva de análise”.

Quanto à pesquisa em questão, do ponto de vista da sua natureza, podemos dizer que é uma pesquisa aplicada, uma vez que objectiva gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução de problemas específicos; no caso da pesquisa, a infoinclusão dos idosos através da actuação da biblioteca pública. Do ponto de vista da forma de abordagem do problema, é combinação de pesquisa qualitativa e quantitativa, mesmo não utilizando complexos métodos e técnicas estatísticas. Do ponto de vista de seus objectivos, é uma pesquisa exploratória pois possibilitará um maior envolvimento com o problema pesquisado com aplicação prática de um estudo de caso; e finalmente do ponto de vista dos procedimentos técnicos é uma combinação de pesquisas bibliográfica e documental, utilização de questionários e estudo de um caso, com recurso a inquéritos e

observação não-participante, uma vez que no processo de observação, não ocorreu interacção com o objecto de estudo, no caso, os idosos.

O estudo de caso é um dos métodos mais utilizados nas Ciências Sociais. Este método, como outras estratégias, apresenta as suas vantagens e desvantagens, que dependem de algumas condições, tais como:

1. O tipo de foco da pesquisa

2. Controle que o investigador tem sobre eventos comportamentais actuais 3. O enfoque no contemporâneo ao invés de fenómenos históricos.

Na definição de Yin23 apud Bressan (2000):

O estudo de caso é uma inquirição empírica que investiga um fenómeno contemporâneo dentro de um contexto da vida real, quando a fronteira entre o fenómeno e o contexto não é claramente evidente e onde múltiplas fontes de evidência são utilizadas […] nos ajuda a compreender e distinguir o método do estudo de caso de outras estratégias de pesquisa como o método histórico e a entrevista em profundidade, o método experimental e o survey.

Uma vez que o objecto deste estudo tem em seu contexto, um caso prático real, com a aplicação do Método de Estudo de Caso, seria possível utilizar, de uma forma sintética, questões básicas que são mostradas a partir deste método, segundo afirma Yin, apud Bressa (2000) e Gil (1999).

• Para explicar ligações causais nas intervenções na vida real que são muito complexas para serem abordadas pelos 'surveys' ou pelas estratégias experimentais;

• Para descrever o contexto da vida real, no qual a intervenção ocorreu; • Para fazer uma avaliação, ainda que de forma descritiva, da intervenção realizada; e

• Para explorar aquelas situações onde as intervenções avaliadas não possuam resultados claros e específicos.

23

YIN, Robert K. - Case Study Research - Design and Methods. USA: Sage Publications Inc., 1989. apud BRESSAN, Flávio. O método do estudo de caso. Administração On Line. v.1, n.1, jan./ma. 2000. Disponível em: <http://www.fecap.br/adm_online/art11/flavio.htm>. Acesso em: 18 fev. 2006.

O estudo de caso é particularmente apropriado para pesquisadores individuais, pois dá oportunidade para que um aspecto de um problema seja estudado em profundidade, dentro de um período de tempo limitado.

Bressam (2000) afirma que o Método do Estudo de Caso obtém evidências, a partir de seis fontes de dados, sendo que cada uma delas requer habilidades específicas, e procedimentos metodológicos específicos, a saber:

1. Documentos - A documentação, pela sua própria característica, é uma