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5 INGRESSANTES NA DOCÊNCIA E SUAS IMPRESSÕES SOBRE O

5.1 CARACTERIZAÇÃO DOS RECÉM-PROFESSORES

Para definirmos o perfil dos professores principiantes, egressos do curso de Pedagogia da UFRN, elaboramos uma seção no questionário com questões de caráter sociodemográfico, que revelaram aspectos como: gênero, idade, ano de ingresso no curso de Pedagogia e o ano de conclusão, se atua em sala de aula, em que nível é essa atuação, tipo de instituição em que trabalha, período de expediente de trabalho.

Tivemos um total de 62 egressos participantes na pesquisa, no entanto, destes apenas 34 (55%) participantes estavam atuando em sala de aula, como professor/a, e foi com esse número de professores que demos continuidade a aplicação dos questionários online, pois era de fundamental importância que o egresso do curso estivesse atuando como docente, uma vez que faz parte do nosso objeto de estudo estar presente em sala de aula.

Gráfico 1 - Distribuição dos professores participantes de acordo com sexo

Fonte: Elaboração própria, 2019.

88% 12%

Do total de 34 professores respondentes, apuramos no que se refere ao sexo, a maioria dos participantes são do sexo feminino, o que corresponde a 30 mulheres (88%) e apenas 4 (12%) do sexo masculino. Com esse dado, torna-se evidente a discrepância do número de professores e professoras que atuam em sala de aula, segundo Anaide Trevizan (2008, p. 56):

[...] entre as razões temos: a caracterização da escola e da professora como extensão da casa e da maternidade, a própria profissão docente vista como complemento da renda familiar, a questão da afetividade entendida como atributo exclusivo da mulher, o peso do contexto que posiciona as condições de trabalho femininas abaixo das masculinas e, principalmente, a desvalorização do trabalho docente.

Durante muitos anos a profissão docente foi tida como unicamente feminina, visto as razões elencadas acima pela autora. Embora se tenha alcançado avanços no sentido de uma outra visão acerca do que é ser professor, e a incorporação de membros do sexo masculino à profissão, a presença de mulheres na docência ainda hoje é forte, como podemos verificar através da nossa pesquisa.

Gráfico 2 - Idade dos professores respondentes

Fonte: Elaboração própria, 2019.

Já com relação à idade, podemos destacar que a faixa etária dos professores iniciantes revelam o quão jovens são. Em média, os professores participantes possuem cerca de 27 anos. Observando o gráfico 02, podemos ver que apenas 5

participantes destoam dessa média mencionada, tendo, inclusive, professores de até 43 anos.

Quando questionados acerca dos seus anos de ingresso no curso de Pedagogia, os professores participantes elencaram anos variados, portanto temos entradas no curso bastante distintas, de 2010 a 2016. A maior quantidade de ingresso na graduação foi no ano de 2014, 9 participantes; em seguida do ano de 2012, com 8 professores.

Gráfico 3 - Ano de conclusão dos professores

Fonte: Elaboração própria, 2019.

Já em relação ao ano de conclusão do curso, podemos verificar no gráfico uma menor variedade de anos de conclusão, ficando restrito aos anos que selecionamos previamente nos objetivos específicos desse trabalho: 2016 (10 participantes), 2017 (11 participantes), 2018 (13 participantes). Assim, ficou distribuído em média 10 participantes para cada ano de ingresso, o que corresponde a dizer que temos professores iniciantes que já atuam no seu terceiro ano de docência, como também em seu primeiro ano. E em relação à atuação docente, as questões a seguir revelam os aspectos referentes ao trabalho dos professores participantes.

Com base nas perguntas sobre a atuação profissional dos docentes, conseguimos coletar dados referentes ao nível de ensino em que lecionam, o período de trabalho e tipo de instituição da qual fazem parte.

10 11 13 0 2 4 6 8 10 12 14 2016 2017 2018

Ano de conclusão

No tocante ao nível de ensino em que atuam, mais da metade dos professores estão na Educação Infantil, isto é, 19 (56%) professores; 12 (35%) atuam no Ensino Fundamental; 2 (6%) professores no Ensino Superior e 1 (3%) professor na Educação Especial. Percebemos que a predominância do nível de ensino é a Educação Infantil e em seguida o Ensino Fundamental – Anos iniciais, e que somente dois participantes caminharam para o Ensino Superior, esses, possivelmente, devem possuir em seus currículos outras titulações acadêmicas.

Gráfico 4 - Nível de ensino em que atuam os professores

Fonte: Elaboração própria, 2019.

Com referência ao tipo de instituição de ensino em que trabalham os professores participantes, de acordo com as respostas obtidas, do total de 34 respondentes, 23 (68%) atuam em escolas privadas, 10 (29%) em escolas públicas e apenas 1 (3%) em escola cooperativa. É dizer que, ao saírem da graduação, os professores conseguem empregos na esfera privada, uma vez que para ocupar cargos na esfera pública somente via concurso público.

Ainda, é revelado que a maioria dos sujeitos respondentes atuam em escolas privadas, e esse dado tem uma certa ligação com o que responderam os egressos que não estavam atuando em sala de aula como professor. Obtivemos relatos que evidenciaram a falta de oportunidade de empregos na área de Pedagogia, bem como

56% 35%

3% 6%

Nível de ensino em que atuam

Educação Infantil Ensino Fundamental Educação Especial Ensino Superior

a desvalorização por parte de alguns estabelecimentos de ensino em remunerar pessimamente o profissional docente.

Nesse sentido, a má remuneração docente acarreta a desvalorização da profissão, de acordo com Barbosa (2012, p.1) os professores podem sim ser

considerados mal remunerados, sobretudo se atentarmos aos valores recebidos por esses profissionais em comparação a outras profissões para as quais também se exige formação em nível superior e, também, se levarmos em conta a importância do papel social do professor.

A baixa remuneração dos profissionais docentes não atrai novos membros para o grupo, os alunos que estão na fase de escolha de uma profissão dificilmente são atraídos pelo salário pago a um professor. Além dessa problemática, acrescentamos também o abandono da profissão, o desânimo e insatisfação com o trabalho, doenças ocupacionais, e o aumento da jornada de trabalho, pois é preciso compensar a baixa remuneração.

No que se refere ao expediente de trabalho dos professores participantes, os dados revelam que 53% dos professores respondentes duplicam o período de trabalho, isto é, atuam tanto no turno matutino quanto no vespertino; encontramos também um caso de um professor que triplica a sua jornada de trabalho, como aponta o gráfico abaixo:

Gráfico 5 - Expediente de trabalho dos participantes

Fonte: Elaboração própria, 2019.

Dos 34 respondentes, 14 (41%) trabalham em um turno apenas, 1 (3%) professor declarou trabalhar no turno noturno e 1 (3%) respondente revelou trabalhar

os três turnos (matutino, vespertino e noturno). Dobrar ou até triplicar a jornada de trabalho é uma prática já conhecida e tradicional por muitos professores que são levados a complementar a sua renda, assumindo cada vez mais aulas ou até trabalhando em mais de uma escola. Essas jornadas de trabalho desgastam o profissional, pois a profissão do ensino, diferentemente de outras categorias, além da carga horária semanal conta também com o trabalho extraclasse realizado em casa, o planejamento de aulas e atividades e o elevado desgaste emocional, físico e mental. Outrossim, ainda há o agravante: “[...] isso pode comprometer a qualidade do trabalho desse profissional” (BARBOSA, 2012, p.10).

Agora que caracterizamos o perfil dos nossos professores participantes, avancemos à próxima fase dos questionários, ou a segunda seção de perguntas, que dizem respeito à inserção à docência e o desenvolvimento profissional.

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