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Início da docência: o que revelam os professores recém-formados em pedagogia da UFRN

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA

HAYANE LIMA SOBRINHO

INÍCIO DA DOCÊNCIA: O QUE REVELAM OS PROFESSORES RECÉM-FORMADOS EM PEDAGOGIA DA UFRN

NATAL – RN 2019

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HAYANE LIMA SOBRINHO

INÍCIO DA DOCÊNCIA: O QUE REVELAM OS PROFESSORES RECÉM-FORMADOS EM PEDAGOGIA DA UFRN

Trabalho de Conclusão de Curso, na modalidade Monografia, apresentado ao Curso de Pedagogia Presencial, do Centro de Educação, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para a obtenção do grau de licenciada em Pedagogia.

Orientadora: Prof.ª Dra. Betania Leite Ramalho Coorientador: Prof. Dr. Guilherme Mendes Tomaz dos Santos

NATAL – RN 2019

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Lima Sobrinho, Hayane.

Início da docência: o que revelam os professores recém-formados em pedagogia da UFRN / Hayane Lima Sobrinho. - 2019. 64 f.: il.

Monografia (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Educação, Curso de Pedagogia, Natal, RN, 2019.

Orientadora: Profª. Dra. Betania Leite Ramalho.

Coorientador: Prof. Dr. Guilherme Mendes Tomaz dos Santos.

1. Iniciação à docência Monografia. 2. Carreira docente -Monografia. 3. Professores iniciantes - -Monografia. I. Ramalho, Betania Leite. II. Santos, Guilherme Mendes Tomaz dos. III. Título.

RN/UF/BCZM CDU 37.011.3-051

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HAYANE LIMA SOBRINHO

INÍCIO DA DOCÊNCIA: O QUE REVELAM OS PROFESSORES RECÉM-FORMADOS EM PEDAGOGIA DA UFRN

Trabalho de Conclusão de Curso, na modalidade Monografia, apresentado ao Curso de Pedagogia Presencial, do Centro de Educação, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para a obtenção do grau de licenciada em Pedagogia.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado e aprovado em 11 / 12 / 2019, pela seguinte Banca Examinadora:

______________________________________

Prof.ª Dra. Betania Leite Ramalho (Orientadora)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

_______________________________________

Prof. Dr. Guilherme Mendes Tomaz dos Santos (Coorientador)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

_______________________________________

Prof.ª Ma. Silcia Soares Farias Silva (Membro)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

_______________________________________

Prof.ª Ma. Ane Patrícia José Viana de Mira (Membro)

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Dedico este estudo aos meus avós José Inácio e Severina Gomes (in memoriam) que, sem medir esforços, me auxiliaram desde sempre. Com esta monografia concretiza-se o sonho da primeira neta formada. A eles, minha eterna gratidão e saudades.

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RESUMO

O início da docência é compreendido como os três primeiros anos de inserção do docente na profissão, em que acontece a transição entre deixar de ser alunos e passar a ser a professor. É uma fase de descobertas e novas experiências, que podem influenciar na decisão de continuar ou não na profissão, visto que é um período marcado por desafios e tensões. Tendo em vista a importância que a fase da iniciação profissional dos professores possui diante da construção da carreira docente, o presente estudo tem como objetivo revelar o que pensam os professores recém-formados em Pedagogia da UFRN, concluintes do primeiro e segundo semestre dos anos de 2016, 2017 e 2018, sobre seu início na carreira docente. Para tanto, buscamos caracterizar quem são os egressos do curso de Pedagogia participantes desta pesquisa; conhecer como se dá a relação entre a teoria vista na formação inicial e a prática vivenciada pelos recém-professores; identificar situações críticas, positivas, entre outras, reveladas pelos professores iniciantes no primeiro ano de iniciação da docência; descrever as situações que ganharam evidência no início da carreira dos professores participantes e propor alternativas de melhor inserção na docência. Desse modo, tratando-se de uma pesquisa qualitativa, tivemos como percurso metodológico a realização do estado da arte do nosso objeto de estudo; o mapeamento dos sujeitos da pesquisa; aplicação de questionários com perguntas abertas e fechadas; e a análise dos dados obtidos. Teoricamente, este estudo tem como principal embasamento teórico Marcelo Garcia (2008), Huberman (2000), Nóvoa (2000), Ramalho; Nuñez; Gauthier (2004); Romanowski (2012); Tardif (2000). A análise dos dados evidencia que o momento de inserção à docência é considerado pelos professores iniciantes como um desafio, permeado pelo sentimento de insegurança e medo de atuar. Nesse momento, as escolas não desenvolvem ações/programas no sentido de recepcionar os professores e a díade entre teoria e prática é vivenciada de forma distante, pois segundo os egressos, a formação inicial não os prepara para as situações práticas do cotidiano da sala de aula. Além disso, revelam as dificuldades e situações relevantes que marcaram a inserção na carreira docente.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráfico 1 - Distribuição dos professores participantes de acordo com sexo ... 34

Gráfico 2 - Idade dos professores respondentes ... 35

Gráfico 3 - Ano de conclusão dos professores ... 36

Gráfico 4 - Nível de ensino em que atuam os professores ... 37

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Descritores e resultados encontrados ... 14 Quadro 2 - trabalhos selecionados no eixo da Formação Inicial ... 15 Quadro 3 -Quantidade de Dissertações (D) e Teses (T) publicadas por região, a partir do eixo da Formação Inicial ... 16 Quadro 4 - Quantidade de Dissertações (D) e Teses (T) publicadas na região

Nordeste e no estado do Rio Grande do Norte ... 17 Quadro 5 - Quantidade de participantes por ano de conclusão no curso ... 32

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 9

1.1 A MOTIVAÇÃO E O INTERESSE PELO TEMA ... 10

1.2 OS OBJETIVOS DO ESTUDO ... 11

1.3 A ESTRUTURA DO ESTUDO ... 12

2 A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO SOBRE A INICIAÇÃO À DOCÊNCIA: UM MAPEAMENTO NO PORTAL DA CAPES ... 13

3 A INSERÇÃO NA DOCÊNCIA: O APORTE TEÓRICO ... 23

3.1 INSERÇÃO À DOCÊNCIA: PRIMEIRA ETAPA DA CARREIRA DOCENTE ... 23

3.2 PROFISSÃO PROFESSOR ... 27

4 PERCURSO METODOLÓGICO ... 30

4.1 MAPEAMENTO DOS SUJEITOS DA PESQUISA ... 30

4.2 INSTRUMENTO DE PESQUISA, ANÁLISE E COLETA DOS DADOS... 31

5 INGRESSANTES NA DOCÊNCIA E SUAS IMPRESSÕES SOBRE O PRIMEIRO ANO NA SALA DE AULA: A ANÁLISE DOS DADOS ... 34

5.1 CARACTERIZAÇÃO DOS RECÉM-PROFESSORES ... 34

5.2 RELAÇÃO FORMAÇÃO INICIAL E A PRÁTICA VIVENCIADA ... 39

5.3 SITUAÇÕES REVELADAS PELOS RECÉM-PROFESSORES NO PRIMEIRO ANO DE DOCÊNCIA ... 47

5.4 SÍNTESE DOS ACHADOS DA PESQUISA ... 50

6 NOTAS CONCLUSIVAS ... 53

REFERÊNCIAS ... 56

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1 INTRODUÇÃO

É certa a importância que a fase da iniciação profissional dos professores possui diante da construção da carreira docente e de seu “processo identitário” (NÓVOA, 2000). Os sentimentos de ansiedade e frustração se instauram no decorrer do final do curso, no sentido de antecipar as vivências que acontecerão ao receber a certificação de conclusão do curso e adentrar à sala de aula. São várias as indagações que emergem: “Será que conseguirei ‘dar conta’ de uma turma sozinha?”; “Será que vou conseguir alfabetizar uma turma?”; “Como vou colocar em prática toda a teoria vivenciada na universidade?”; “E quando eu entrar numa escola, como serei recebida?”.

Portanto, diante de tais questionamentos e considerando o fato de tornar-me professora iniciante, surge o interesse em estudar esse tema perspectivando obter respostas de quem já vivenciou e ainda vivencia essa fase de entrada na carreira docente. O estudo toma como referência os/as egressos/as do Curso de Pedagogia da UFRN que passaram a ser professores/as, e, certamente, vivenciaram essa ansiedade e frustração no final do curso. Sendo assim, destacamos a questão norteadora do presente estudo: “o que revelam os estudantes recém-formados em Pedagogia da UFRN sobre seu início na carreira docente?”.

Com isso, pretende-se compreender o que ocorre na transição entre ser aluno e ser professor; o que acontece quando o professor chega à escola e o que eles têm a dizer sobre os conhecimentos teóricos vistos na sua formação inicial e a prática vivenciada na instituição de ensino em que trabalham? A fim de responder essas questões, fizemos uma pesquisa com os estudantes egressos do curso de Pedagogia da UFRN que concluíram a graduação no primeiro e segundo semestre dos anos de 2016, 2017 e 2018, por meio de um questionário online que abordava questões referentes ao seu início de carreira na docência, e também, aspectos da sua atuação profissional.

Ademais, é preciso enfatizar que tal desejo de compreender as questões pautadas acima também partiram das minhas vivências e experiências com os estágios curriculares obrigatórios e não-obrigatórios. Os estágios nos permitem conhecer, de antemão, uma das realidades que encontraremos após nossa formação,

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nos dando possibilidades de vivenciá-la na prática, muito embora sejam intervenções com curtos prazos.

Essa transição entre deixar de ser aluno e ser professor é uma das fases mais importantes para a sobrevivência na profissão, visto que é o um período de grandes aprendizados e tensões, em que os professores iniciantes adquirem o conhecimento profissional e também pessoal num curto período de tempo (MARCELO GARCIA, 2008).

É uma etapa em que há muitos dilemas envolvendo a escolha profissional, pois é a fase em que acontece o choque com a realidade (VEENMAN, 1984), como também conflitos sobre a capacidade de atuação, dúvidas referentes às suas aprendizagens, didática e conhecimentos teóricos.

Em contrapartida, se trata de uma fase essencial para a profissão, visto que para os docentes em início de carreira tem influência direta sobre a sua decisão de continuar ou não na profissão, uma vez que se tem observado um crescimento no número de países com relação ao abandono da docência (MARCELO GARCIA, 2008). Mas também, por ser essa uma fase de construção da identidade profissional docente, em que o professor tem possibilidades de vivenciar novas experiências e conviver com o grupo de professores mais experientes.

Portanto, essa fase inicial é considerada a mais difícil e crítica na carreira dos professores (GONÇALVES, 1992). Diante disso, entendemos que é necessário haver um acompanhamento mais efetivo para com esses professores iniciantes. Além do acompanhamento, é preciso também que as agências formadoras ofereçam condições essenciais para o professor exercer a sua profissão.

1.1 A MOTIVAÇÃO E O INTERESSE PELO TEMA

A motivação em estudar e pesquisar a temática da iniciação à docência surge justamente pelo lugar ocupado: o de aluna do curso de Pedagogia, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e que está a um passo de adentrar a realidade da prática docente. Nesse aspecto, o sentimento de ansiedade e insegurança já apontam antes mesmo de concluir o curso, no que diz respeito a saber o que virá, embora já tenha tido experiências com a realidade da escola através dos estágios curriculares.

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Na disciplina Estágio Supervisionado de Formação de Professores II, pude vivenciar a experiência de estar em sala de aula com crianças do Ensino Fundamental I, que me proporcionou tanto aprendizado quanto frustrações com a profissão. Nessa turma do segundo ano dos anos iniciais, grande parte dos alunos não era alfabetizada, inclusive não reconhecia as letras.

Por conseguinte, surgiu inicialmente um sentimento de impotência diante daquela situação e que, de fato, me angustiou por não estar preparada para enfrentá-la naquele momento. Somando-se a isso, os comentários das professoras - com mais anos de atuação na carreira – me inquietavam, pois eram falas permeadas de desmotivação, como: se era isso mesmo que eu queria; o porquê de não ter escolhido outra profissão menos estressante e mais valorizada; inclusive, esses tipos de comentários foram ouvidos desde o início da escolha do curso, o que parece revelar a falta de prestígio social de ser professor.

Procurando compreender quais eram as dificuldades enfrentadas ou as situações mais marcantes do início da carreira e tomar como referência para a minha atuação docente, que se fundou o problema do nosso estudo: o que revelam os professores recém-formados em Pedagogia, da UFRN, sobre seu início de carreira docente?

1.2 OS OBJETIVOS DO ESTUDO

O objetivo geral deste estudo pretende revelar o que pensam os professores recém-formados em Pedagogia da UFRN, concluintes do primeiro e segundo semestre dos anos 2016, 2017 e 2018, sobre seu início na carreira.

Ao pretender investigar o que ocorre na transição entre ser aluno e ser professor durante o primeiro ano de docência, delimitam-se os seguintes objetivos específicos:

● Caracterizar os egressos do curso de Pedagogia participantes desta pesquisa; ● Conhecer como se dá a relação entre a teoria vista na formação inicial e a

prática vivenciada pelos egressos do curso de Pedagogia da UFRN;

● Identificar situações críticas, positivas, entre outras, reveladas pelos recém-formados em Pedagogia no primeiro ano de iniciação da docência;

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● Descrever as situações que ganharam evidência no início da carreira dos professores participantes;

● Propor alternativas de melhor inserção na docência.

1.3 A ESTRUTURA DO ESTUDO

Estruturamos esta monografia em cinco capítulos e as notas conclusivas; os capítulos foram construídos de modo a organizar e sistematizar as principais ideias do estudo pesquisado. Assim sendo, inicialmente, o capítulo 1 compreende a introdução da temática a ser pesquisada, para isso apresentamos as motivações e justificativas à realização desta pesquisa, contextualizando a problemática discutida, bem como o interesse e motivação pela temática. Posto isso, expomos, ainda, o objetivo geral e específicos da pesquisa.

No capítulo 2, intitulado “A produção do conhecimento sobre a iniciação à docência: um mapeamento no portal da Capes”, realizamos o levantamento de pesquisas e estudos realizados no Brasil, com ênfase no nosso estado do Rio Grande do Norte, referentes à iniciação docente, isto é, elaboramos o estado da arte da nossa pesquisa, a partir de consultas realizadas por meio do portal da Capes.

Já no capítulo 3, discutimos o aporte teórico que embasa e dá sustentação à nossa pesquisa, no que se refere a temática da iniciação à docência, como também a profissão docente, que por sua vez tecem as discussões ao longo desta monografia.

No capítulo 4, descrevemos a metodologia utilizada na pesquisa a fim de responder às nossas inquietações iniciais, para isso, apresentamos o mapeamento dos sujeitos da pesquisa, como também, o instrumento de coleta e análise dos dados. O capítulo 5 apresenta a análise e discussão dos dados obtidos através do questionário aplicado, nele, ainda, caracterizamos os perfis dos professores participantes. E por fim, nas Notas Conclusivas apresentamos uma síntese dos principais argumentos a respeito dos objetivos planteados.

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2 A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO SOBRE A INICIAÇÃO À DOCÊNCIA: UM MAPEAMENTO NO PORTAL DA CAPES

É sabido que há uma grande quantidade de trabalhos/pesquisas já publicados e disponibilizados na rede, basta verificar no Catálogo de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES; são trabalhos de diversas áreas do conhecimento, de diferentes anos de publicações e de várias regiões do país. Desta forma, quando definimos nosso objeto de estudo a ser pesquisado – a iniciação à docência – é necessário que saibamos o que já há de produção acerca do que iremos estudar, a fim de reconhecermos o que vem sendo investigado ou focalizado dentro da temática de nosso interesse; quais são as descobertas; os autores de referência; as contribuições para a área, etc.

Diante disso, os pesquisadores têm adotado cada vez mais pesquisas com abordagens do tipo “Estado da arte”,

sustentados e movidos pelo desafio de conhecer o já construído e produzido para depois buscar o que ainda não foi feito (...) todos esses pesquisadores trazem em comum a opção metodológica, por se constituírem pesquisas de levantamento e de avaliação do conhecimento sobre determinado tema. (FERREIRA, 2002, p. 259)

Estado da arte é um mapeamento realizado nos acervos bibliográficos, banco de dados, catálogos online, de trabalhos já produzidos sejam eles artigos, monografias, dissertações, teses. Geralmente, um dos principais papéis desses estudos em relação aos trabalhos pesquisados é “para apontar caminhos que vêm sendo tomados e aspectos que são abordados em detrimento de outros” (ROMANOWSKI; ENS, 2006, p. 38).

De forma mais abrangente e específica, para Romanowski e Ens (2006, p.39) os estados da arte:

(...) podem significar uma contribuição importante na constituição do campo teórico de uma área de conhecimento, pois procuram identificar os aportes significativos da construção da teoria e prática pedagógica, apontar as restrições sobre o campo em que se move a pesquisa, as suas lacunas de disseminação, identificar experiências inovadoras investigadas que apontem alternativas de solução para os problemas da prática e reconhecer as contribuições da pesquisa na constituição de propostas na área focalizada.

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Diante disso, percebemos a importância que os estudos feitos a partir do estado da arte nos fornecem informações significativas acerca do campo de pesquisa estudado. Por sua vez, são capazes de nos dar as primeiras orientações a seguir, uma vez que se constrói o cenário no qual se insere o campo em que se move a temática.

Portanto, a fim de investigar o que dizem as pesquisas já realizadas sobre a temática deste estudo, realizamos o estado da arte sobre a iniciação à docência. Para analisar o que vem sendo produzido, utilizamos os descritores “carreira docente” e “profissão docente” no Catálogo Digital de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CDTD/CAPES), com objetivo de encontrarmos trabalhos que abordem um desses descritores de busca.

Sendo assim, ao inserirmos os descritores no buscador encontramos uma grande quantidade de trabalhos, ou seja, um total de 2100 pesquisas; devido a abrangência dos termos pesquisados, à vista disso, trabalhos de diversas áreas e temáticas foram incluídos. Desse modo, realizamos uma seleção nos filtros para refinar os resultados a fim de selecionarmos os trabalhos que se referiam sobre a nossa temática no âmbito do Estado do Rio Grande do Norte. Para isso, filtramos no campo da “Grande Área”, a área das Ciências Humanas; e na opção “Área Avaliação” definimos Educação. Dessa maneira, os resultados encontrados foram os seguintes, como mostramos no Quadro 1:

Quadro 1 - Descritores e resultados encontrados Descritores-chave Resultados

encontrados

Resultados com os filtros de pesquisa

“Carreira Docente” 669 442

“Profissão Docente” 1431 1168

Fonte: Produção da autora a partir dos dados da CAPES, 2019.

Inicialmente, no primeiro descritor-chave – “Carreira Docente” – pesquisado, encontramos 669 trabalhos (dissertações e teses), após a filtragem de pesquisa, esse número passou para 442 trabalhos. Já quando inserimos o descritor-chave “Profissão Docente”, os resultados obtidos foram 1431 dissertações e teses, ao marcarmos os

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filtros de pesquisa a quantidade de trabalhos foi para 1168. Como podemos observar, o número de trabalhos encontrados diminuiu à medida que foram inseridos os filtros de busca, pois descartou os trabalhos que não atendiam os critérios dos filtros selecionados, que foram os da Área de Ciências Humanas e Área Avaliação em Educação.

A partir desse resultado obtido, começamos, de fato, o trabalho de análise e filtragem desses trabalhos encontrados para justificar a relevância acadêmica da nossa pesquisa. Para isso, dividimos grupos de eixos temáticos, como: Políticas públicas; Formação Inicial; Prática pedagógica; Formação Continuada; História da Educação; e outros eixos. Como critério para a seleção dos trabalhos foi a presença de palavras nos títulos que indicassem a temática dos eixos selecionados.

Sendo assim, logo após o agrupamento das pesquisas nas suas áreas temáticas, selecionamos os trabalhos que abordavam a temática da Formação Inicial, para, então, iniciarmos a terceira fase do nosso estado da arte: a análise dos trabalhos do eixo da formação inicial de acordo com os anos de publicação e região.

No termo “Carreira Docente”, selecionamos 128 trabalhos que apontavam em seus títulos a temática da formação inicial, já no termo “Profissão Docente”, resultou 79 trabalhos encontrados no eixo, como ilustra a Quadro a seguir:

Quadro 2 - trabalhos selecionados no eixo da Formação Inicial

DESCRITORES-CHAVE CONSULTADOS EIXO DA FORMAÇÃO INICIAL

Carreira Docente 442 128

Profissão Docente 1168 79

Fonte: Produção da autora a partir dos dados da CAPES, 2019.

O quadro acima expõe análise dos trabalhos selecionados, de forma quantitativa, a partir dos filtros de pesquisa (Quadro 1) adotados. Os trabalhos consultados no descritor-chave “Carreira Docente” foi um total de 442, que por sua vez foram categorizados por eixos temáticos, incluindo nesses o eixo da Formação Inicial (temática desta pesquisa) em que obtemos um número de 128 dissertações e teses. Ademais, no descritor-chave “Profissão Docente”, a quantidade de trabalhos consultados foi superior em relação ao descritor anterior, um total de 1168 pesquisas,

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os quais foram analisados e categorizados no eixo da Formação Inicial, nos dando um total de 79 dissertações e teses.

Com isso, foi realizada uma divisão dessas teses e dissertações por ano de publicação e região de produção, a fim de evidenciarmos as regiões que têm pesquisas na área. Mas também, verificar o que já foi produzido acerca da temática e como vem sendo realizadas as produções no Estado do Rio Grande do Norte. Nos possibilitando, assim, revelar um panorama quanto ao tema. Diante dessa análise, podemos verificar, ainda, o que vem sendo objeto de estudo destes pesquisadores, assim como perceber os objetivos, procedimentos metodológicos adotados, instrumentos de pesquisa, resultados. Dessa maneira, mapeamos as produções realizadas em cada região e elaboramos a síntese abaixo:

Quadro 3 -Quantidade de Dissertações (D) e Teses (T) publicadas por região, a partir do eixo da Formação Inicial

REGIÃO PROFISSÃO DOCENTE CARREIRA DOCENTE

D T D T Sudeste 36 5 50 20 Centro-oeste 13 5 19 3 Nordeste1 4 6 11 1 Sul 9 0 16 5 Norte 1 0 3 0 Total 63 16 99 29

Fonte: Produção da autora a partir dos dados da CAPES, 2019.

Como podemos observar, a região que mais se destaca pela quantidade de produções é a região Sudeste, tanto no termo “Carreira Docente” quanto no “Profissão Docente”, possivelmente um dos motivos pelo qual pode-se explicar, é uma maior quantidade de universidades e instituições de pesquisas públicas na região Sudeste. No total, temos 36 dissertações e 5 teses publicadas com o tema da Carreira Docente,

1 Destacamos a região Nordeste, pois buscamos, também, no estado da arte verificar como se dá às

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e 50 dissertações e 20 teses publicadas com o tema da Profissão Docente. Por sua vez, a região em que há menos publicações nas temáticas é a região Norte, com inclusive, nenhuma tese publicada nos dois descritores de busca.

No que diz respeito a região Nordeste, é a terceira região com mais publicações de trabalhos na temática aqui abordada; podemos perceber, também, que o número de publicações ainda se mostra tímido, em comparação aos dados da região Sudeste. Desses números apresentados da região Nordeste, destacamos, agora, as publicações encontradas do estado do Rio Grande do Norte:

Quadro 4 - Quantidade de Dissertações (D) e Teses (T) publicadas na região Nordeste e no estado do Rio Grande do Norte

REGIÃO/ESTADO

PROFISSÃO

DOCENTE CARREIRA DOCENTE

D T D T

Nordeste 4 6 11 1

Rio Grande do Norte 0 1 3 0

Fonte: Produção da autora a partir dos dados da CAPES, 2019.

Encontramos, então, um total de 4 trabalhos entre os dois descritores buscados no catálogo de Teses e Dissertações da CAPES que foram produzidos no estado do Rio Grande do Norte; 3 dissertações do termo “Carreira Docente” e apenas 1 tese do termo “Profissão Docente”. Por fim, partimos para última fase desse estudo, que é a leitura e análise dos resumos dos trabalhos encontrados no Estado do Rio Grande do Norte.

Inicialmente, analisamos as dissertações encontradas a partir do descritor “Carreira Docente”. A pesquisa da autora Maria (2016), intitulada “Inserção no magistério: do probatório ao desenvolvimento profissional”, foi produzida na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal. No seu trabalho, a autora buscou investigar como ocorreu a inserção e o desenvolvimento de professores no sistema de ensino estadual, no que diz respeito aos primeiros três anos, isto é, o estágio

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probatório2. Ainda, destaca a importância do ser professor, bem como do período de

inserção dos professores na carreira docente.

A fim de compreender esse problema, a autora traçou o perfil sociodemográfico dos 84 sujeitos da pesquisa entrevistados, identificando as percepções e vivências que marcaram o ingresso deles nas instituições de ensino. Para chegar nas respostas, ela utilizou como instrumento de pesquisa o questionário com perguntas abertas e fechadas, sistematizados com o auxílio do software Modalisa 3 (versão 6.0). Por fim,

os resultados evidenciaram que divergente do que revelam outros estudos, o ingresso dos professores nas escolas estaduais potiguares não foi traumático, mas, sim, marcado por sentimentos muito mais positivos do que negativos, proporcionando-lhes descobertas e aprendizagens.

O segundo trabalho é da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, em Mossoró, com autoria de Oliveira (2017), tem como título: “A dimensão subjetiva da iniciação à docência: um estudo sobre as significações produzidas no início da carreira docente”. Como o próprio título já sugere, o tema da pesquisa gira em torno da iniciação à docência, que tem como objetivo apreender as significações produzidas por uma professora de Educação Física, no que diz respeito ao seu processo de início na carreira docente.

Como recurso metodológico, o autor utilizou a dinâmica conversacional4, e já

para analisar os dados fez-se o uso da proposta dos núcleos de significação5. As falas

obtidas do sujeito evidenciam aspectos que precisam ser repensados sobre a escola, bem como o processo de formação de docentes, e a Educação Física, expondo, assim, a necessidade de reflexões acerca da centralidade do papel do professor, no que concerne a criação de processos formativos que acompanhem os professores

2 De acordo com a Lei Nº 8.112 (Lei do Servidor Público) em seu Art. 20, é um período de 24 meses

em que serão avaliados a aptidão e capacidade dos servidores nomeados para desempenho do cargo, sendo observados: assiduidade; disciplina; capacidade de iniciativa; produtividade; responsabilidade.

3 Programa de tratamento e análise de dados, desenvolvido pela Universidade de Paris VII, elabora

cálculos, gráficos e quadros.

4 Técnica de pesquisa que tem como base o diálogo, em que as perguntas se apresentam como eixos

temáticos, que fluem durante a conversação com o sujeito, de modo a possibilitar o surgimento de emoções, expressões, sentimentos.

5 Procedimento que permite uma melhor compreensão do sujeito entrevistado, no sentido de analisar

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iniciantes e também mais experientes, sendo assim, suscita a ideia da desnaturalização da iniciação à docência, uma vez que essa etapa da vida do professor é imbuída de significações produzidas e reproduzidas histórico e socialmente.

Por fim, a última dissertação produzida no Rio Grande do Norte, no eixo selecionado da Formação Inicial foi produzida no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), publicado em 2017. Paiva (2017) busca em sua pesquisa de mestrado compreender como ocorre a construção e a valorização dos saberes docentes dos recém-professores em início de carreira nos IFRNs, isto é, como se deu a escolha da carreira docente e como eles valorizam os saberes do trabalho docente.

Os procedimentos metodológicos adotados pela autora foram a pesquisa documental-bibliográfica, bem como uma análise empírica inicial acerca dos sujeitos da pesquisa, utilizando o Sistema Único de Administração Pública (SUAP6) e a

plataforma Lattes7 do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico (CNPq). Além disso, utilizou narrativas autobiográficas8 para coleta de

dados. Os resultados colhidos revelam que o ofício da docência se dá como uma profissão, que carece de uma base de saberes próprios, e que o trabalho do professor está dentro da totalidade do trabalho.

Para além, o estudo demonstrou que os professores pesquisados não planejaram a carreira docente, outros motivos os levaram a seguir; ainda, o processo de aprendizagem docente, para eles, se dá na experiência, no partilhar, na reflexão do fazer, no contato com os demais atores da escola. A autora conclui o trabalho apontando a urgente necessidade de se terem estudos acerca da aprendizagem inicial e continuada da docência dos professores da educação profissional e tecnologia, vista a demanda de expansão dos institutos federais e a grande quantidade de contratação de professores.

6 Sistema digital desenvolvido para a gestão dos processos administrativos e registros acadêmicos do

IFRN, que podemos assemelhar ao sistema utilizado na UFRN – o SIGAA.

7 Sistema de currículos virtual, desenvolvido pelo CNPq, onde integra base de dados de curriculares,

grupos de pesquisa e instituições. Pode ser acessado através do link: http://lattes.cnpq.br/.

8 Utilizadas no trabalho como estratégia de coletas de dados, pois possibilita perceber as trajetórias

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No descritor “Profissão Docente”, encontramos apenas uma tese realizada pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), intitulada: "O uso de modelos no ensino de Química: Uma investigação acerca dos saberes construídos durante a formação inicial de professores de Química da UFRN”, de autoria de Almeida (2007). A sua pesquisa está voltada para o ensino da Química, mais especificamente o uso de modelos nas aulas de Química nos ensinos Fundamental e Médio.

Sendo assim, o trabalho teve por objetivo identificar as contribuições e entraves durante a formação inicial dos professores de Química da UFRN, em relação a construção dos saberes que são evocados no momento da elaboração de atividades de ensino que envolvam a utilização de modelos. Os instrumentos de pesquisa utilizados nessa tese foram: questionário com perguntas abertas e fechadas; elaboração de um plano de atividades para o ensino de Química; entrevista.

Os resultados obtidos evidenciaram que as representações dos licenciados em Química foram de que os modelos científicos eram vistos como fim para explicar, compreender e interpretar os fenômenos químicos, já os modelos didáticos foram destacados como forma de auxiliar os alunos da Educação Básica a compreender os modelos científicos. Além disso, foram diagnosticadas algumas dificuldades por parte dos licenciados de produzir os planos de atividades, com relação à estrutura didática e a proposição de atividades que envolvessem modelos.

Diante disso, mostrou-se a real necessidade de modificar alguma coisa na formação inicial de modo que pudesse propiciar reflexões, discussões, e proposições de atividades que contemplem modelos, o que contribui diretamente para a profissionalização docente.

Isso posto, podemos chegar às conclusões de que esse campo de pesquisa que propomos estudar, vem sendo pouco pesquisado na região Nordeste, principalmente, no nosso Estado - Rio Grande do Norte, no que tange à produção de teses e dissertações. Evidenciamos, então, que a quantidade de trabalhos que foram analisados, no caso (apenas quatro), revela a ausência de estudos sobre o professor iniciante.

Além disso, identificamos uma aproximação dos trabalhos encontrados com o nosso objeto de estudo: início de carreira docente. Maria (2016) e Paiva (2017) abordam nas suas dissertações a temática da inserção à docência, embora sejam com focos diferentes. A primeira focalizou nos recém-professores do sistema de

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ensino estadual, já a segunda autora se voltou aos professores iniciantes da educação profissional e tecnológica da rede federal de ensino. Esses trabalhos, certamente, nos ajudaram na construção dessa monografia, no que diz respeito ao que já foi investigado e descoberto, aos caminhos percorridos, procedimentos metodológicos, os resultados e contribuições para a temática, o que por sua vez revelam a importância da realização de mais pesquisas na área.

Os resultados dessas dissertações analisadas revelam a importância que se tem a formação inicial para o exercício da docência, que por sua vez, contraditoriamente, os professores iniciantes mostram não se sentirem seguros com a preparação que lhes foi dada para a docência (PAIVA, 2017). Além disso, é anunciada uma falta de apoio e acompanhamento desses recém professores, no tocante às suas atividades pedagógicas, muito embora haja um acolhimento inicial (com a chegada dos professores) por parte das escolas (MARIA, 2016).

Desse modo, visto a escassez de produções na área da iniciação à docência, especialmente no que se refere ao início de carreira docente, se revela a importância da realização de pesquisas que se dediquem a essa temática, no que se refere ao estudo dos professores recém-formados em seu início de carreira docente. Pois, é nesse período da carreira docente que se demanda uma maior atenção para com os professores iniciantes, uma vez que “as experiências vividas são determinantes para o sucesso ou o fracasso do professor na realização das suas atividades docentes na rede de ensino” (MARIA, 2016, p. 98).

Outro dado que se mostra relevante nos resultados apresentados nos trabalhos, como vimos, é a falta de preparação para o exercício da carreira profissional dos cursos de formação inicial. A fala dos professores revelam a falta de articulação entre os conhecimentos teóricos visualizados na graduação com os conhecimentos práticos, que são vivenciados no período de inserção. Maria (2017, p.78) coletou em sua pesquisa o sentimento das professoras participantes em relação a maioria dos estudantes dos cursos de Pedagogia sobre a formação inicial: “existe uma incompatibilidade entre o conhecimento teórico apreendido na formação inicial e os conhecimentos necessários para exercer a profissão.”

Dessa maneira, destaca-se a atenção que esta temática da iniciação à docência merece, no sentido de servir de subsídio para os estudantes graduandos nos cursos de Pedagogia, de modo que possam se preparar para os desafios do

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exercício da docência ao se inserirem nas salas de aula. Bem como, fazermo-nos refletir sobre qual professor queremos e qual professor está sendo formado na academia; como também, pensar em como os conteúdos estudados na graduação contribuem para a atividade docente que será vivenciada nos primeiros anos de docência.

É preciso repensar um currículo que atenda os sentimentos de insegurança, a improvisação, a falta de preparo (PAIVA, 2017), pelos quais a maioria dos docentes iniciantes passam em sua inserção docente. Com relação ao meio acadêmico, esperamos que nossa pesquisa contribua para os estudos na área da iniciação à docência, evidenciando a importância que há nessa etapa profissional na carreira docente.

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3 A INSERÇÃO NA DOCÊNCIA: O APORTE TEÓRICO

Sem dúvidas, os primeiros momentos de contato com a sala de aula são os mais intensos e decisivos possíveis para o professor iniciante. É quando o/a professor/a passa pela transição entre deixar de estar de um lado da sala de aula e experimentar o outro, é dizer, deixar de ser espectador e passar a ter responsabilidades que só competem a ele. Nesse período, muitas dúvidas e questionamentos são feitos diante da realidade encontrada, cujos quais podem influenciar na permanência ou não desses professores iniciantes na profissão.

3.1 INSERÇÃO À DOCÊNCIA: PRIMEIRA ETAPA DA CARREIRA DOCENTE

Ao fim da formação inicial, o estudante recém-formado se vê diante de uma nova realidade a ser enfrentada: é surgido, então, o momento em que assumirá, de fato, uma profissão. É o tempo em que se faz uma espécie de “balanço” dos quatro/cinco anos de graduação, no sentido de refletir sobre quais conhecimentos foram apreendidos e como sistematizá-los na prática. Portanto, é dado o pontapé inicial para a construção da carreira docente e para tantas vivências e experiências que hão de vir.

Huberman (2000) realizou estudos a respeito do "ciclo de vida" profissional dos docentes, ou da carreira pedagógica, delimitando as fases/estádios mais perceptíveis da carreira do professor e que fossem comuns a diversos professores.

Desse modo, ele define essa fase de início da docência, nosso objeto de estudo, como "Entrada/Tacteamento", em que compreende o período de 1-3 primeiros anos de ensino, caracterizado pela dicotomia "sobrevivência" e "descoberta" (HUBERMAN, 2000).

O primeiro aspecto, a “sobrevivência”, está ligado ao impacto inicial com a realidade encontrada no dia a dia da sala de aula confrontada com a teoria vista na formação inicial, bem como as relações professor-aluno aluno-professor; problemas com o comportamento dos alunos; o material didático disponibilizado, entre outros dilemas.

Já o segundo aspecto, como o próprio nome já indica, diz respeito a euforia por vivenciar, finalmente, o novo. O fato de experimentar e se experimentar em um novo

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lugar, que por sua vez admite o caráter de responsabilidade por ter que "dar conta" dos seus próprios alunos, de criar suas próprias relações com os demais profissionais de igual para igual. É esse aspecto responsável por entusiasmar os professores principiantes a permanecer e suportar – sobreviver – os conflitos do primeiro ano de docência.

Muito embora haja a divisão desses dois estágios para a fase de Entrada na Carreira, por sermos seres individuais e de personalidades diversas, nem todos os perfis se enquadram nesses aspectos citados pelo autor. Há a existência, por exemplo, de perfis que possam ter a presença de um ou outro aspecto, ou perfis que tenham outras características. Ademais, é no primeiro ano de docência que esses aspectos se fazem mais intensos, uma vez que é “um ano de sobrevivência, descoberta, adaptação, aprendizado e transição”9 (GARCIA, 2008, p.15).

Diante disso, Marcelo Garcia (2008) muito contribui para o estudo da fase inicial da docência e sobre os professores principiantes. Posto isso, para o autor:

A inserção profissional no ensino [...] é o período de tempo que abrange os primeiros anos, em que os professores precisam fazer a transição de alunos para professores. É um período de tensões e aprendizado intensivo em contextos geralmente desconhecidos e durante o qual os professores iniciantes devem adquirir conhecimento profissional, além de manter um certo equilíbrio pessoal (MARCELO GARCIA, 2008, p.14).10

Isso quer dizer que a fase de iniciação à docência é extremamente relevante, podendo ela contribuir (ou não) para a formação do professor e de sua identidade profissional. Além disso, pode ela ser também problemática, no sentido de influenciar negativamente na experiência, autoconfiança e até na própria identidade do professor. Pois, são as experiências vividas nos primeiros anos de atuação profissional que definem como essa fase pode influenciar ou não na formação do docente.

Desse modo, essas primeiras vivências pelos professores iniciantes podem ser determinantes para sua decisão de permanência na profissão, uma vez que,

9Tradução livre de: “un año de supervivencia, descubrimiento, adaptación, aprendizaje y transición”

(GARCIA, 2008, p.15).

10 Tradução livre de: “La inserción profesional en la enseñanza [...] es el periodo de tiempo que abarca

los primeros años, en los cuales los profesores han de realizar la transición desde estudiantes a docentes. Es un periodo de tensiones y aprendizajes intensivos en contextos generalmente desconocidos y durante el cual los profesores principiantes deben adquirir conocimiento profesional además de conseguir mantener un cierto equilibrio personal (GARCIA, 2008, p.14)”.

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cotidianamente, as aprendizagens serão intensas e paradoxais, pois “é a descoberta dos meandros da profissão que contribui para a permanência na docência” (GABARDO; HOBOLD, 2011, p. 87).

A partir disso, é possível perceber a quantidade de professores iniciantes que abandonam a profissão nos primeiros anos por, justamente, não suportarem o "choque com o real" ou até mesmo por não se identificarem profissionalmente. É como afirma Marcelo Garcia (2008, p. 18) "[...] em alguns países um grande número de professores iniciantes deixa a profissão nos primeiros anos de ensino"11, e ainda, há

aqueles que mesmo com as dificuldades, resolvem não desistir da profissão, o que por sua vez implica na formação da sua identidade profissional. Visto isso, "mesmo que os professores iniciantes não abandonem o ensino, um começo com dificuldades em sua carreira docente pode reduzir sua confiança na profissão e os alunos e as escolas podem sofrer"12 (MARCELO GARCIA, 2008, p.18).

Além dos problemas mais comuns encontrados no início da carreira docente: como gerir uma aula, motivar os alunos, como relacionar-se com as famílias dos alunos e os professores mais experientes (MARCELO GARCIA, 2008), os professores iniciantes também encontram os problemas já instaurados na realidade cotidiana dos professores. Essas problemáticas já são marcantes para a profissão, como os baixos salários, problemas com a indisciplina dos alunos, a falta de apoio e as poucas oportunidades de participação nas tomadas de decisões, que por sua vez são fatores facilitadores para o abandono e insatisfação desses professores nos seus primeiros anos de sala de aula.

Ainda, para contribuir na discussão, Romanowski (2012, p. 1) enfatiza que:

No Brasil, o número de professores iniciantes é elevado, muitos não possuem formação adequada e assumem a docência em condições precárias. Esta situação é agravada pela falta de políticas e programas direcionados a este período de iniciação do desenvolvimento profissional do professor, em que se intensificam as incertezas das escolhas feitas e as primeiras

11 Tradução livre de: “[...] que en algunos países una grande cantidad de profesores principiantes dejan

la profesión dentro de los primeros años de enseñanza" (GARCIA, 2008, p.18).

12 Tradução livre de: "aun cuando los profesores principiantes no abandonen la enseñanza, un

comienzo con dificultades en su carrera docente puede reducir su confianza en la profesión y puede que los alumnos y las escuelas se resientan” (GARCIA, 2008, p.18).

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sistematizações práticas, conforme apontam os estudos realizados a este respeito.

Nesse sentido, é evidente que a ausência de políticas e programas de formação continuada aliada com a falta de uma formação inicial adequada para atender esse momento por qual passam todos os docentes, são fatores contribuintes para as dificuldades e insatisfações encontradas no meio do caminho do início da docência, além da desvalorização profissional, por isso

exige-se do profissional do ensino que tenha uma formação aprimorada, obtida em curso de formação superior, e bastante refinada. Essa é uma das condições para a conscientização de formação inicial na busca da identidade como profissional (RAMALHO; NUÑEZ; GAUTHIER, 2004, p. 53).

.

Essa lacuna de formação adequada dita pela autora, muito se relaciona com as dezenas de críticas que habitualmente se faz à profissão professor, pela própria sociedade inclusive. Como por exemplo que para ensinar basta conhecer o conteúdo; que ensinar é fácil, basta ter experiência; basta ter talento, isto é, a profissão docente é entendida socialmente como um ofício sem saberes (GAUTHIER et al., 1998), o que por sua vez “prejudicam o processo de profissionalização do ensino, impedindo o desabrochar de um saber desse ofício sobre si mesmo” (GAUTHIER et al., 1998, p.25).

Em contrapartida, se formos analisar como em outras profissões se articulam os profissionais iniciantes, iremos perceber que eles continuam aprofundando e melhorando seus conhecimentos e habilidades, o que deveria acontecer o mesmo com o ensino. De acordo com Trevizan (2008, p. 60), “a formação inicial não basta para garantir ao professor todos os conhecimentos necessários para enfrentar os desafios de seu trabalho”. Portanto, através da formação continuada é possível ajudar os professores perante esses desafios.

Por fim, "os professores iniciantes precisam possuir um conjunto de ideias e habilidades críticas, bem como a capacidade de refletir, avaliar e aprender sobre o ensino de tal forma que eles melhorem continuamente como professores"13

13 Tradução livre de: "los profesores principiantes necesitan poseer un conjunto de ideas y habilidades

críticas así como la capacidad de reflexionar, evaluar y aprender sobre su ensenãnza de tal forma que mejoren continuamente como docentes” (GARCIA, 2008, p.11).

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(MARCELO GARCIA, 2008, p.11). Em meio a todos os desafios, os professores em início de carreira precisam melhorar e evoluir como docentes, e em complemento, se faz necessária a criação e implementação de programas de formação continuada que auxiliem diariamente esses professores, tendo em vista que tornar-se professor é um longo processo (MARCELO GARCIA, 2008).

3.2 PROFISSÃO PROFESSOR

Explanar acerca do início da carreira docente nos faz caminhar em direção a uma área mais ampla: a formação docente. Os primeiros anos de atuação profissional são considerados como os momentos em que o professor passa a desenvolver seu estilo de trabalho. Nesse contexto, a formação de professores assume total relevância, visto que ocorre uma intensificação do aprendizado pessoal e profissional (ROMANOWSKI, 2012).

Ainda de acordo com Romanowski (2012), o número de professores iniciantes no Brasil é elevado, muitos desses não possuem formação adequada e passam a assumir a docência em condições realmente precárias. No entanto, para se conquistar uma identidade profissional, é preciso ir de encontro a isto; pois,

exige-se do profissional do ensino que tenha uma formação aprimorada, obtida em curso de formação superior, e bastante refinada. Essa é uma das condições para a conscientização de formação inicial na busca da identidade como profissional. (RAMALHO; NUÑEZ; GAUTHIER, 2004, p. 53).

Isso posto, a formação inicial exerce uma função essencial para a formação profissional e o exercício da docência; é por meio dela que o professor em formação apreende um conjunto de saberes essenciais à profissão e a construção de sua identidade profissional. Nesse sentido, “por formação inicial compreendemos a instância primeira de formação no nível universitário para o exercício da profissão, na qual se certifica a preparação do professor como profissional (RAMALHO; NUÑEZ; GAUTHIER, 2004, p. 97).

Durante muito tempo era/é concebido que para ser professor necessita apenas saber ler, ou então, conhecer o conteúdo, ainda, para alguns acredita-se que este é um “talento” ou, simplesmente, um dom divino. Em vista disso, reforça a concepção de que a docência é um ofício sem saberes (PAIVA, 2017).

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Gauthier (2006, p. 20) coloca a respeito dessa concepção de professor improvisado14 que:

[...] acredita-se que quem sabe ler pode naturalmente ensinar a ler, quem sabe Química pode facilmente ensinar essa matéria, que todo historiador pode facilmente tornar-se professor de História, e assim por diante. Nessa perspectiva, o saber necessário para ensinar se reduz unicamente ao conhecimento do conteúdo da disciplina.

O saber docente ligado ao conhecimento conteudista revela o processo histórico pelo qual a docência passou, em que o professor era compreendido como aquele que improvisava sua prática, que tinha ideais missionários e reproduzia a metodologia de ensino tradicional. Agora, passamos a adentrar uma nova concepção de profissional, aquele que “tem condições de confrontar-se com problemas complexos e variados, estando capacitado para construir soluções em sua ação, mobilizando seus recursos cognitivos e afetivos” (GATTI, 2010, p.1360).

Para exercer qualquer outra profissão que tenha um status social, como por exemplo a medicina, arquitetura, engenharia, é exigido que se tenha uma formação bem específica e condizente com o que se encontra na realidade prática. Isso parece não acontecer com o professorado. Vejamos, um médico recém-formado quando incorporado ao seu grupo profissional, junto aos demais membros, não é habitual que no seu primeiro ano de atuação seja colocado para realizar uma cirurgia de transplante de coração, essa função é delegada a um profissional mais experiente (MARCELO GARCIA, 2008). Para essa classe de profissionais, regida por código profissional ético, fazê-lo seria expor todos os seus membros a constrangimentos ou até falta de credibilidade por parte da sociedade.

Nesse sentido, não é isso que acontece com o ensino. Aos professores recém-formados, são deixadas as turmas mais complexas, as “sobras” dos horários das aulas, as atividades administrativas/burocráticas da escola, pois para os professores com mais experiência é dado o poder de escolha ou preferências. Não há, portanto, uma concepção de grupo, de apoio de membros de uma mesma profissão. Nesse aspecto, “os professores devem mudar sua maneira de olhar a profissão docente como sendo uma atividade individual, para constituir espaços coletivos de reflexão, de

14 Para Ramalho, Nuñez e Gauthier (2004), até o século XVI, o ensino não era formalizado e a pessoa

que tivesse domínio de um certo conteúdo podia ensinar, nesse contexto à docência não era vista como uma profissão.

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estudo, de construção de saberes e de sua emancipação” (RAMALHO; NUÑEZ; GAUTHIER, 2004, p. 91). Assim, ao contrário das demais profissões, o status profissional do ensino é colocado em questão, bem como a desvalorização dos professores.

Dado posto, no século XX acontecem duras críticas ao modelo de formação de professores vigente na época, surgindo, então, um novo modelo considerando o professor como profissional. A partir disso abrem-se os caminhos para a profissionalização docente ser tema das reformas educacionais (RAMALHO; NUÑEZ; GAUTHIER, 2004).

A fim de se chegar ao patamar das demais profissões citadas, se faz importante o desenvolvimento da profissionalização, processo definido como

uma ocupação organizada, normalmente, mas nem sempre, em virtude de uma demanda de competências especiais esotéricas, e da qualidade do trabalho, dos benefícios para a sociedade, obtém o exclusivo direito a executar um tipo particular de trabalho, controlar a formação e o acesso, e controlar o direito para determinar e avaliar as formas de como realizar o trabalho (RAMALHO; NUÑEZ; GAUTHIER, 2004, p. 38).

Dessa forma, a partir de tal definição depreende-se que sem dúvidas podemos considerar a docência como profissão. Para que, então, o professorado adquira o modelo de professor como profissional, alguns pontos específicos de acordo com Ramalho, Nuñez e Gauthier (2004) são necessários. De início, é preciso ter uma formalização do saber, ou/e uma articulação de um conjunto de saberes capazes de definir o perfil do profissional professor. Posteriormente, evidencia-se a questão do

status do professor, no que diz respeito à sua autonomia e à valorização salarial. Por

fim, os autores defendem a criação de um código de ética, que dê sentido à atividade docente, estabelecendo estratégias, que por sua vez seja elaborado pelos próprios docentes.

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4 PERCURSO METODOLÓGICO

Para a realização desta pesquisa, escolhemos um percurso metodológico que nos possibilitasse a investigação do processo de início de carreira docente dos/as egressos/as do curso de Pedagogia da UFRN, no que se referiu à transição entre deixar de ser aluno e tornar-se professor. Ademais, buscamos conhecer como se deu a relação da teoria e prática já vivenciada na sala de aula, no sentido de procurar responder às questões da pesquisa. Adotamos a metodologia de abordagem qualitativa da pesquisa em educação, e por se tratar de uma investigação empírica, para coletarmos os dados percorremos o seguinte caminho, dividido em três etapas: fundamentação teórica; mapeamento dos docentes egressos; aplicação dos questionários e a análise dos dados obtidos.

Inicialmente, na primeira etapa, enfatizamos a fundamentação teórica dos pressupostos que envolvem a problemática desse estudo, que já foi apresentado no capítulo anterior. Bem como, a elaboração de um estado da arte, isto é, levantamento acerca de pesquisas já realizadas sobre a experiência de professores em seu início de carreira, entendendo, à vista disso, como contribuição teórica para compreensão da temática em questão.

4.1 MAPEAMENTO DOS SUJEITOS DA PESQUISA

Neste tópico, descreveremos como se deu a segunda etapa: o mapeamento das informações iniciais dos sujeitos da pesquisa. O objeto de nosso estudo foram as experiências vivenciadas pelos estudantes egressos do curso de Pedagogia, do Centro de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Como o universo de estudantes egressos é amplo, fizemos um recorte em relação aos anos de conclusão dos estudantes de maneira que abrangesse os professores que estão em um período de cerca de 1 a 3 anos de atuação docente, isto é, os três primeiros anos de inserção à profissão – a “entrada na carreira” (HUBERMAN, 2000).

Dessa forma, selecionamos os/as estudantes que concluíram nos anos de 2016, 2017 e 2018 (tanto no primeiro semestre, quanto no segundo). Tal escolha foi

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realizada por levarmos em consideração os estudos desenvolvidos por Huberman acerca do ciclo de vida profissional dos professores, que define a fase de “Entrada na carreira” como sendo os três primeiros anos. Por conseguinte, os anos de conclusão dos estudantes foram determinados de modo que os professores estivessem atuando dentro desse período dos três primeiros anos, por exemplo, os professores que concluíram a graduação em 2016 estão em seu terceiro ano de docência. Com isso, selecionamos professores que estão vivenciando, no presente, esse momento inicial da carreira.

Após essa delimitação dos sujeitos da pesquisa, a fim de mapearmos os dados desses estudantes para que pudéssemos entrar em contato, recorremos à Coordenação do Curso de Pedagogia Presencial da UFRN para termos acesso aos contatos dos/as ex-alunos/as.

Posto isso, conseguimos coletar as informações de contato de todos estudantes que colaram grau nos anos de conclusão selecionados, resultando, assim, um total de 377 estudantes egressos/as. Desse número, obtivemos um total de 62 participantes, embora apenas 34 destes estivessem atuando em sala de aula.

4.2 INSTRUMENTO DE PESQUISA, ANÁLISE E COLETA DOS DADOS

Para investigar o que revelam os professores recém-formados em Pedagogia da UFRN, escolhemos o questionário como instrumento de pesquisa. Visto que consegue atender da melhor forma às questões da pesquisa, bem como ao universo dos professores participantes; pois, para além disso, temos um curto prazo de tempo que exige um trabalho de conclusão de curso e a viabilidade dos locais de trabalho de todos os professores participantes impossibilitaria à ida aos diversificados lócus de pesquisa.

O questionário15 foi realizado através da ferramenta Google Forms 16, composto

por 24 questões abertas e fechadas. As perguntas foram divididas em duas seções; a

15 “[...] é usado em pesquisas nas quais se investiga de modo sistemático a opinião de dada população

sobre um assunto específico, auxiliando o pesquisador no acesso a eventos ocorridos no passado, na elaboração de perfis de comportamento e de diagnósticos diversos.” (VASCONCELLOS-GUEDES; GUEDES, 2007, p. 5)

16 Ferramenta online disponibilizada pelo Google que cria questionários, testes, avaliações, além de

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primeira tem como objetivo caracterizar o perfil dos/as professores/as iniciantes, já a segunda seção é composta por perguntas que se referem à inserção docente e formação inicial dos/as docentes.

A estrutura do questionário (Anexo 1) corresponde à seguinte formulação: antemão perguntamos aos respondentes se aceitam participar da pesquisa; em seguida, a primeira seção foi composta por 13 questões de caráter sociodemográfico, que objetivaram caracterizar o perfil dos sujeitos participantes; já a segunda, com 11 questões, elencaram questões referentes à inserção à docência.

Por conseguinte, enviamos e-mails para todos os estudantes que constavam nas listas de alunos concluintes dos anos previamente selecionados – 2016, 2017 e 2018 – a fim de coletarmos os dados. Portanto, aguardamos as respostas destes no formulário online.

Então, de posse das respostas dadas pelos egressos, começamos o trabalho de análise e tratamento dessas informações. Inicialmente, conseguimos coletar um total de 62 respostas no formulário online, muito embora um dos nossos critérios de seleção dos professores iniciantes seja a sua experiência em atuar em sala de aula.

Portanto, diante dessa condição, o número de respondentes passou de 62 para 34 professores. De acordo com Vasconcellos-Guedes e Guedes (2017), as desvantagens de se utilizar o questionário via internet está justamente no baixo índice de respostas, menores que outros métodos de aplicação de questionário, assim como há a possibilidade de os e-mails irem para o “lixo eletrônico”, impessoalidade e problemas de privacidade.

Quadro 5 - Quantidade de participantes por ano de conclusão no curso Ano de conclusão Egressos/as participantes (%)

2016 10 30%

2017 11 32%

2018 1317 38%

17 NOTA: todas as pessoas as quais enviamos o questionário constavam nas listas dos anos de

conclusão 2016, 2017 e 2018 que nos fora enviado pela Coordenação do Curso, no entanto, um participante respondeu que concluiu a graduação em 2019.1. Entendemos, então, que o participante tenha confundido o ano de conclusão com o a data da colação de grau, com isso, o consideramos como, de fato, concluinte do ano de 2018.

(34)

Total 34 100%

Fonte: Elaboração própria, 2019.

Percebemos com o quadro acima que o número de professores que responderam o questionário ficou bem distribuído entre os anos de conclusão do curso – 2016, 2017, 2018 – o que nos infere a dizer que temos experiências de professores que estão tanto no primeiro ano de entrada na carreira, quanto no terceiro ano de atuação docente.

Desse modo, após a coleta de dados, mesmo as informações sendo tabuladas pelo aplicativo do Google Forms, passamos os dados obtidos para o software Excel, para uma melhor visualização análise das respostas, como também, para a elaboração dos gráficos.

Para analisar o material, começamos a avaliar os dados que estavam postos, observando as semelhanças ou diferenças entre as respostas dos participantes, assim como a frequência das respostas. Por conseguinte, para melhor analisar os resultados, as dividimos por planilhas no programa Excel, e passamos a sistematizar as respostas por temáticas comuns, criando, assim, categorias. Sendo assim, organizamos os dados obtidos por temáticas comuns, tendo atenção para a interpretação do contexto que o/a participante apresentou. Para referenciar os depoimentos dos sujeitos participantes, na análise, iremos identificar os respondentes como “P 15” (participante 15), por exemplo.

Esse processo de análise dos dados utilizado é definido como a metodologia Análise de Conteúdo, em que “o pesquisador busca compreender as características, estruturas ou modelos que estão por trás dos fragmentos de mensagens tornados em consideração” (CÂMARA, 2013, p. 182). Isto é, a análise do conteúdo está além do texto que se encontra posto em nossos olhos. Pois, para Gomes (1994, p. 74), por meio dessa metodologia “podemos encontrar respostas para as questões formuladas e também podemos confirmar ou não as afirmações estabelecidas antes do trabalho de investigação”.

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5 INGRESSANTES NA DOCÊNCIA E SUAS IMPRESSÕES SOBRE O PRIMEIRO ANO NA SALA DE AULA: A ANÁLISE DOS DADOS

Neste capítulo, faremos a análise dos dados coletados através do questionário aplicado aos professores recém-formados do curso de Pedagogia da UFRN. Nesse sentido, apresentaremos o perfil desses professores participantes, como também as suas impressões acerca de como se deu a entrada na carreira docente, como lidaram com a transição de aluno a professor, quais desafios foram enfrentados, entre outros dilemas da iniciação à docência.

5.1 CARACTERIZAÇÃO DOS RECÉM-PROFESSORES

Para definirmos o perfil dos professores principiantes, egressos do curso de Pedagogia da UFRN, elaboramos uma seção no questionário com questões de caráter sociodemográfico, que revelaram aspectos como: gênero, idade, ano de ingresso no curso de Pedagogia e o ano de conclusão, se atua em sala de aula, em que nível é essa atuação, tipo de instituição em que trabalha, período de expediente de trabalho.

Tivemos um total de 62 egressos participantes na pesquisa, no entanto, destes apenas 34 (55%) participantes estavam atuando em sala de aula, como professor/a, e foi com esse número de professores que demos continuidade a aplicação dos questionários online, pois era de fundamental importância que o egresso do curso estivesse atuando como docente, uma vez que faz parte do nosso objeto de estudo estar presente em sala de aula.

Gráfico 1 - Distribuição dos professores participantes de acordo com sexo

Fonte: Elaboração própria, 2019.

88% 12%

(36)

Do total de 34 professores respondentes, apuramos no que se refere ao sexo, a maioria dos participantes são do sexo feminino, o que corresponde a 30 mulheres (88%) e apenas 4 (12%) do sexo masculino. Com esse dado, torna-se evidente a discrepância do número de professores e professoras que atuam em sala de aula, segundo Anaide Trevizan (2008, p. 56):

[...] entre as razões temos: a caracterização da escola e da professora como extensão da casa e da maternidade, a própria profissão docente vista como complemento da renda familiar, a questão da afetividade entendida como atributo exclusivo da mulher, o peso do contexto que posiciona as condições de trabalho femininas abaixo das masculinas e, principalmente, a desvalorização do trabalho docente.

Durante muitos anos a profissão docente foi tida como unicamente feminina, visto as razões elencadas acima pela autora. Embora se tenha alcançado avanços no sentido de uma outra visão acerca do que é ser professor, e a incorporação de membros do sexo masculino à profissão, a presença de mulheres na docência ainda hoje é forte, como podemos verificar através da nossa pesquisa.

Gráfico 2 - Idade dos professores respondentes

Fonte: Elaboração própria, 2019.

Já com relação à idade, podemos destacar que a faixa etária dos professores iniciantes revelam o quão jovens são. Em média, os professores participantes possuem cerca de 27 anos. Observando o gráfico 02, podemos ver que apenas 5

(37)

participantes destoam dessa média mencionada, tendo, inclusive, professores de até 43 anos.

Quando questionados acerca dos seus anos de ingresso no curso de Pedagogia, os professores participantes elencaram anos variados, portanto temos entradas no curso bastante distintas, de 2010 a 2016. A maior quantidade de ingresso na graduação foi no ano de 2014, 9 participantes; em seguida do ano de 2012, com 8 professores.

Gráfico 3 - Ano de conclusão dos professores

Fonte: Elaboração própria, 2019.

Já em relação ao ano de conclusão do curso, podemos verificar no gráfico uma menor variedade de anos de conclusão, ficando restrito aos anos que selecionamos previamente nos objetivos específicos desse trabalho: 2016 (10 participantes), 2017 (11 participantes), 2018 (13 participantes). Assim, ficou distribuído em média 10 participantes para cada ano de ingresso, o que corresponde a dizer que temos professores iniciantes que já atuam no seu terceiro ano de docência, como também em seu primeiro ano. E em relação à atuação docente, as questões a seguir revelam os aspectos referentes ao trabalho dos professores participantes.

Com base nas perguntas sobre a atuação profissional dos docentes, conseguimos coletar dados referentes ao nível de ensino em que lecionam, o período de trabalho e tipo de instituição da qual fazem parte.

10 11 13 0 2 4 6 8 10 12 14 2016 2017 2018

Ano de conclusão

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No tocante ao nível de ensino em que atuam, mais da metade dos professores estão na Educação Infantil, isto é, 19 (56%) professores; 12 (35%) atuam no Ensino Fundamental; 2 (6%) professores no Ensino Superior e 1 (3%) professor na Educação Especial. Percebemos que a predominância do nível de ensino é a Educação Infantil e em seguida o Ensino Fundamental – Anos iniciais, e que somente dois participantes caminharam para o Ensino Superior, esses, possivelmente, devem possuir em seus currículos outras titulações acadêmicas.

Gráfico 4 - Nível de ensino em que atuam os professores

Fonte: Elaboração própria, 2019.

Com referência ao tipo de instituição de ensino em que trabalham os professores participantes, de acordo com as respostas obtidas, do total de 34 respondentes, 23 (68%) atuam em escolas privadas, 10 (29%) em escolas públicas e apenas 1 (3%) em escola cooperativa. É dizer que, ao saírem da graduação, os professores conseguem empregos na esfera privada, uma vez que para ocupar cargos na esfera pública somente via concurso público.

Ainda, é revelado que a maioria dos sujeitos respondentes atuam em escolas privadas, e esse dado tem uma certa ligação com o que responderam os egressos que não estavam atuando em sala de aula como professor. Obtivemos relatos que evidenciaram a falta de oportunidade de empregos na área de Pedagogia, bem como

56% 35%

3% 6%

Nível de ensino em que atuam

Educação Infantil Ensino Fundamental Educação Especial Ensino Superior

Referências

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