• Nenhum resultado encontrado

Caminhante, não há caminho Faz-se caminho ao andar António M achado

6.2 Caracterização dos sujeitos da pesquisa

Após o curso de formação continuada proposto para todos os professores vinculados às escolas da TI Xapecó, alguns deles manifestaram o desejo de continuar discutindo sobre matemática de seu povo, no sentido de buscar conhecê-la, valorizá-la e encontrar formas para socializá-la no cotidiano escolar. Diante dessa motivação, organizamos um grupo de estudo/trabalho com professores da Escola Indígena de Educação Básica Cacique Vanhkrê, localizada na TI Xapecó.

O grupo contou com 14 professores voluntários e minha participação como coordenadora/colaboradora, em encontros no período de outubro a dezembro de 2009.

Em 2010, ocorreram algumas alterações no grupo, com a saída alguns professores e entrada de outros, devido à permanência dos professores na escola e ao ajuste de horários, retomamos com nove professores voluntários e minha participação como coordenadora/colaboradora, em encontros no período de abril a dezembro. Realizamos também um encontro em abril de 2011. O Grupo de Trabalho Colaborativo foi formado pelos professores Aldecir, Andréia, Arnaldo, Cristina, Elencristine, Elisandra, Josiane, Lírio e Loreni.

Vamos conhecer um pouco desses participantes e seus primeiros registros/impressões sobre essa nova etapa94:

Aldecir – 2º professor de classe, acompanha aluno especial do 6º ano do Ensino Fundamental e auxilia em outras turmas do 1º ao 4º ano, trabalha na escola desde 2008, onde é efetivo. Tem 22 anos de idade, é acadêmico do curso de Pedagogia. Nome indígena: Pã’i (Liderança). O nosso grupo é bom de trabalhar, somos todos amigos. Enfim é muito bom, nós adoramos.

Andréia – Professora do 2º ano do Ensino Fundamental, trabalha na escola desde 2009, onde iniciou sua carreira de professora. Tem 24 anos de idade, é graduada em Ciências Biológicas e acadêmica do curso de Licenciatura Específica para a Formação de Professores Indígenas Kaingang. Nome indígena: Goj Sĩ (Rio Pequeno).

94

Os dados dos professores (as) foram fornecidos pelos participantes; o primeiro registro/impressão sobre o grupo consta nas páginas inicias do Caderno de Registro de cada professor, dos quais mantenho uma cópia digital . Optei por caracterizar individualmente somente os professores da segunda etapa.

Todos nós professores temos um único objetivo: aprender as diversas maneiras de como trabalhar a matemática em sala de aula com os diversos temas da cultura. Somos todos amigos e colegas de trabalho, nos ajudamos muito e nos sentimos bem em poder ajudar uns aos outros.

Arnaldo – Professor do 2º e 3º anos do Ensino Fundamental há 10 anos, trabalha na escola desde 2003, onde é efetivo. Tem 29 anos de idade, é licenciado em História e acadêmico do curso de Pedagogia.

Nome indígena: Vĩgmũj (Nome próprio).

Ouvindo os mais velhos que diziam que devemos sair estudar, mas devemos voltar e contribuir com nossa comunidade, e quem conhece e compreende o povo indígena é somente o indígena; por isso iniciei na educação, e com as experiências adquiridas com os mais velhos, sempre me deu mais coragem, mas que devemos estar crentes de que precisamos estar buscando e se aperfeiçoando nos estudos; o objetivo meu e do grupo é isso, buscar novos conhecimentos e formas para realizar o ensino-aprendizagem na escola.

Cristina – Auxiliar de Direção, acompanha o planejamento dos professores, trabalha na escola há oito anos, onde é efetiva. Licenciada em Matemática/Física e em Pedagogia, tem Pós-graduação em Física e em Psicopedagogia. Cristina não é indígena, mas recebeu da comunidade o nome indígena Rãrir (Raiar do Sol).

Nosso objetivo é ampliar nossos conhecimentos para melhorar cada vez mais a qualidade de ensino da escola que representamos. O grupo que compomos é formado por pessoas que já tem uma vivência, de forma que é agradável, pois sabemos as capacidades, defeitos e qualidades uns dos outros. Devido ao grande grau de interação, acredito eu, que temos condições de crescermos muito enquanto profissionais e pessoas. Elencristina - Professora do 2º ano do Ensino Fundamental, trabalha na escola desde 2008, onde iniciou sua carreira de professora. Tem 23 anos de idade, é acadêmica do curso Pedagogia e do curso de Licenciatura Específica para a Formação de Professores Indígenas Kaingang. Nome indígena: Kajũfej (Nome próprio).

A cada dia procuramos melhorar nosso trabalho, aproximá-lo da realidade de nossa comunidade, procurar materiais, alternativas. É muito difícil fazer isso em matemática, e em grupo nós ficamos mais fortes, sem medos. Esse grupo me dá coragem de fazer diferente. Elisandra - Professora do SAED (Serviço de Apoio ao Estudante com Deficiência) e Interpretativa, acompanha alunos surdos do 5º ano do Ensino Fundamental, trabalha na escola desde 2009, onde iniciou sua carreira de professora. Tem 20 anos de idade, é acadêmica do curso de Pedagogia e da Licenciatura Específica para a Formação de Professores Indígenas Kaingang. Nome indígena: Kamũri (Tempestade).

Nesse grupo eu me sinto bastante a vontade, pois temos a oportunidades de trocar experiências, conhecimentos, e tudo isso é valioso para nós e para os alunos.

Josiane - Professora do 3º ano do Ensino Fundamental, trabalha na escola desde 2008. Tem 22 anos de idade, é acadêmica do curso Pedagogia e do curso de Graduação em Licenciatura Específica para a Formação de Professores Indígenas Kaingang. Nome indígena: Kofej (Folha).

Comecei só nessa segunda etapa; o próprio grupo que participava me motivou. Acho que a gente precisa saber ainda de muita coisa de matemática... e nada como estudar e pensar juntos.

Lírio – Assistente Técnico Administrativo, trabalha na escola desde 1999, atendendo todas as turmas do ensino fundamental e médio. Graduado em Pedagogia. Nome indígena: Nrenhjã (Nome próprio). Para mim, dentro de um grupo de trabalho deve prevalecer a união, a amizade, o companheirismo, a parceria, sempre levando o crescimento, a procura pelo novo, a pesquisa daquilo que nos passa despercebido e que tem uma fundamental importância para uma cultura. Gosto de novos desafios, gosto de trabalhar com projetos, conhecer coisas novas, embora matemática não seja minha área preferida.

Loreni – Professor de Kaingang do 1º ao 4º ano do Ensino Fundamental há 20 anos, trabalha na escola desde 2008. Tem 50 anos de idade, é formado em Magistério Bilíngue e acadêmico do curso de Licenciatura Específica para a Formação de Professores Indígenas Kaingang. Nome indígena: Nokrig (Nome próprio).

Preciso saber matemática para trabalhar o kaingang com os alunos, porque ela é um jeito de expressar a cultura, e posso trabalhar muito mais (com o ela) do que com o professor no português, por que nela tem mais vida. Então, nesse grupo vim aprender isso e posso ajudar os professores, porque nem todos sabem bem o kaingang.

Lucí – Minha inserção se deu como mediadora. Recebi de um ancião95 da comunidade o nome indígena Kókoj, que significa Beija-flor.

6.3 A busca de um caminho metodológico: como interrogar a