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4 ASPECTOS POLÍTICOS, ECONÔMICOS, SOCIAIS E EDUCACIONAIS DO

5.5 Caracterização dos textos selecionados

Os 79 textos selecionados na pesquisa foram também classificados segundo o tipo de trabalho, o nível de ensino, os tipos de avaliação e as instituições a que se vinculam os autores dos trabalhos.

A Tabela 8 apresenta as fontes onde foram publicados os trabalhados selecionados no estudo.

TABELA 8 – Distribuição dos textos segundo o tipo de documento

Tipo de documento Quantidade

Artigo científico 64 Livro 6 Documento de trabalho 5 Anais de evento 3 Capítulo de livro 1 Total geral 79 Fonte: O AUTOR (2016)

Na Tabela 8 nota-se que a maioria dos textos encontrados, 64 deles, são artigos oriundos de periódicos científicos da área da educação, com destaque para os números da revista Educação e Seleção (1980-1989) da Fundação Carlos Chagas, que concentra a maioria dos trabalhos, 36 artigos, seguida pelo Cadernos de Pesquisa, também da Fundação Carlos Chagas, com 7 artigos e pelas revistas Em Aberto do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP) e Tecnologia Educacional da Associação Brasileira de

Tecnologia Educacional (ABTE), ambas com 3 artigos cada. Dentre essas revistas aparecem ainda a Série Idéias da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), e a Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos do INEP, com 2 artigos cada uma. Neste caso, é notória a disposição da Fundação Carlos Chagas na difusão do conhecimento sobre avaliação em suas diferentes fontes e alcance.

Duas editoras tiveram dois livros publicados, a Editora Pedagógica Universitária (EPU), publicou “Avaliação de Programas Educacionais: Vicissitudes, Controvérsias, Desafios” (GOLDBERG; SOUSA, 1982) e “O desafio da avaliação da aprendizagem: dos fundamentos a uma proposta inovadora” (DEPRESBITERIS, 1989), e a Cortez, com “Inovação educacional: um projeto controlado por avaliação e pesquisa” (GOLDBERG; FRANCO, 1980) e “Avaliação Emancipatória: desafio à teoria e à prática de avaliação e reformulação de currículo” (SAUL, 2010). As demais editoras publicaram um livro cada, caso da Ibrasa, com “Introdução à Avaliação Educacional” (VIANNA, 1989), e da Zahar, com “Ciência, Universidade e Ideologia: A Política do Conhecimento” (SCHWARTZMAN, 1980). O capítulo de livro, “As avaliações da Capes” (CASTRO; SOARES, 1986), foi publicado pela Editora da Unicamp juntamente com Ícone Editora e CNPq.

A respeito das editoras, cabe mencionar os trabalhos de Saviani (2008a) e Ricardo Filho (2010) que tecem considerações sobre a importância e supremacia de editoras no processo de configuração do espaço educacional brasileiro, contando, inclusive, com publicações de coletâneas específicas para a área, sob a responsabilidade de renomados autores. Ricardo Filho (2010) observa ainda que muitos desses autores, como Antonio Joaquim Severino, Casemiro dos Reis Filho, Dermeval Saviani, Joel Martins, Moacir Gadotti, dentre outros, além de fazerem parte do corpo editorial de editoras como Cortez e Moraes, também estavam vinculados a programas de pós-graduação em educação considerados como os mais influentes no final da década de 1970.

Os cinco documentos de trabalho resultam, em sua maioria, de apresentações elaboradas pelos seus autores para conferências e seminários, são assim os textos de Simon Schwartzman sobre a questão da excelência acadêmica e maturação institucional (SCHWARTZMAN, 1986), as funções e metodologias de avaliação do ensino superior (SCHWARTZMAN, 1989) e sobre a situação e perspectivas do ensino superior no Brasil (DURHAM; SCHWARTZMAN, 1989). O texto de Thereza Penna Firme sobre os benefícios de uma integração da universidade com o ensino de 1° grau (PENNA FIRME, 1988) e o de

Sergio Costa Ribeiro, que apresenta uma visão sobre o acesso ao ensino superior (RIBEIRO, 1989).

Dos três anais de eventos, dois foram resultantes de apresentação na 5ª Conferência Brasileira de Educação (CBE), realizada em 2 a 5 de agosto, em Brasília, que teve como tema central A Nova Lei de Diretrizes e Bases, são eles “Avaliação do aluno: a favor ou contra a democratização do ensino?” (LUCKESI, 1988) e “Avaliação do aluno: um assunto quase maldito” (LÜDKE, 1988). O outro texto de anais, “La calidad de la educación superior en América Latina” (SCHWARTZMAN, 1988), foi apresentado no Seminário sobre la Eficiencia y la Calidad de la Educación Superior en América Latina, realizado em novembro de 1988, em Brasília. Saviani (2008a) assinala a importância de eventos como as CBEs na tentativa de instaurar uma nova fase para a educação brasileira, revelando o que Gadotti (2004, p. 26) chama de “vontade política dos educadores de tomarem para si a responsabilidade de conduzir uma política educacional alternativa à política oficial”.

Na Tabela 9 os trabalhos são identificados a partir do nível de ensino em que as discussões são tratadas nos textos.

TABELA 9 – Distribuição dos textos segundo o nível de ensino (continua)

Nível de ensino

Autores Quantidade

Ensino superior

CASTRO, 1982; CASTRO; SOARES, 1983; 1986; HOFFMANN, 1988; KLEIN; RIBEIRO, 1982; RIBEIRO; PESSOA; KLEIN; UCHÔA; FONTANIVE, 1981; SAUL; TESSER; LUDKE; SÁ, 1987; LÜDKE, 1987b; PENNA FIRME, 1982; RIBEIRO, 1982; 1983; 1986; 1988; 1989; RIBEIRO NETTO, 1980; 1983; 1985; 1986a; 1986b; SAUL, 1988; 2010; SCHWARTZMAN, 1980; 1982; 1986; 1987; 1988; 1989; SCHWARTZMAN; SOUSA, 1984; SCHWARTZMAN; DURHAM, 1989; VIANNA, 1980b; 1980c; 1981b; 1982a; 1986a; 1986b; 1988c.

36

Sem identificação

ANDRÉ, 1982; 1983; DEMO, 1984; 1986; 1988; DEPRESBITERIS, 1987; 1989; GOLDBERG, 1980; GOLDBERG; PRADO, 1982; HOFFMANN, 1989; LUCKESI, 1984; LÜDKE, 1983; 1984; PENNA FIRME, 1988; RIBEIRO NETTO, 1982; VIANNA, 1980a; 1981a; 1982b; 1982c; 1983; 1984b; 1989a; 1989d.

TABELA 9 – Distribuição dos textos segundo o nível de ensino (conclusão) Nível de ensino Autores Quantidade Ensino básico

CASTRO, 1982; CASTRO; SOARES, 1983; 1986; HOFFMANN, 1988; KLEIN; RIBEIRO, 1982; RIBEIRO; PESSOA; KLEIN; UCHÔA; FONTANIVE, 1981; SAUL; TESSER; LUDKE; SÁ, 1987; LÜDKE, 1987b; PENNA FIRME, 1982; RIBEIRO, 1982; 1983; 1986; 1988; 1989; RIBEIRO NETTO, 1980; 1983; 1985; 1986a; 1986b; SAUL, 1988; 2010; SCHWARTZMAN, 1980; 1982; 1986; 1987; 1988; 1989; SCHWARTZMAN; SOUSA, 1984; SCHWARTZMAN; DURHAM, 1989; VIANNA, 1980b; 1980c; 1981b; 1982a; 1986a; 1986b; 1988c.

20

Total geral 79

Fonte: O AUTOR (2017)

Do total de 79 trabalhos analisados, 36 desses se concentram em discussões sobre avaliação com foco no ensino superior. Esses textos abordam, em sua maioria, a avaliação educacional a partir da análise dos exames vestibulares: tratam da sua origem no Brasil, da importância do exame, dos tipos de provas, da seletividade social e da fidedignidade e pertinência da prova de redação. Os 23 textos sem identificação são aqueles que discutem o tema da avaliação sem especificar se o foco é o ensino básico ou superior: tratam de apontamentos teóricos sobre avaliação educacional. Os outros 20 trabalhos possuem como enfoque o ensino básico: tratam da avaliação do rendimento de alunos.

A Tabela 10 destaca os tipos de avaliação que são mencionados pelos autores, para tanto se utilizou as indicações acerca dos diferentes formas como a avaliação aparece na literatura especializada da área (GOLDBERG; PRADO, 1982; DEPRESBITERIS, 1989).

TABELA 10 – Distribuição dos textos segundo os tipos de avaliação (continua)

Tipos de avaliação Autores Quantidade

Exame vestibular CASTRO, 1982; HOFFMANN, 1988; KLEIN; RIBEIRO, 1982;

RIBEIRO; PESSOA; KLEIN; UCHÔA; FONTANIVE, 1981; RIBEIRO, 1982; 1983; 1986; 1988; 1989; RIBEIRO NETTO, 1980; 1983; 1985; 1986; 1986; VIANNA, 1980b; 1980c; 1981a; 1981b; 1982a; 1986a; 1986b; 1988c.

22

Avaliação da

pesquisa científica CASTRO; SOARES, 1983; 1986; LUDKE, 1987b; SAUL; TESSER; LÜDKE; SÁ, 1987; SAUL, 1988; 2010; SCHWARTZMAN, 1980; 1982; 1984; 1987; 1989; SCHWARTZMAN; DURHAM; 1989. 12 Provas, testes, avaliação de rendimento, sucesso e fracasso

GATTI et al., 1981; GATTI, 1987; GOLDBERG, 1980; LÜDKE, 1988a;

TABELA 10 – Distribuição dos textos segundo os tipos de avaliação (conclusão)

Tipos de avaliação Autores Quantidade

Avaliação da aprendizagem/Avaliação escolar

DEPRESBITERIS, 1987; 1989; HOFFMANN, 1989; LUCKESI, 1984; 1988; LÜDKE, 1987a; 1988b; 1989. 8 Avaliação qualitativa/participante/estudo de caso/naturalística ANDRÉ, 1983; DEMO, 1984; 1986; 1987; 1988; LÜDKE, 1983; SAUL, 2010; SCHWARTZMAN, 1986.

8

Medidas educacionais VIANNA, 1980a; 1981a; 1984a; 1984b; 1985; 1989d. 6

Avaliação de programas ANDRÉ, 1982; BARRETTO, 1983;

DEPRESBITERIS, 1989; GOLDBERG, 1980; GOLDBERG; FRANCO, 1980; 1982.

6

Avaliação de currículo BARRETTO, 1988; DEPRESBITERIS, 1989;

GOLDBERG, 1980; VIANNA, 1982b. 4

Avaliação de sistemas BARRETTO, 1987; GOLDBERG, 1980;

SCHWARTZMAN, 1988; 1989. 4

Avaliação do desempenho do professor PENNA FIRME, 1982; RIBEIRO NETTO, 1982. 2

Avaliação como profissão LÜDKE, 1984; VIANNA, 1982c 2

Avaliação de projetos ANDRÉ; CANDAU, 1984. 1

Avaliação responsiva PENNA FIRME, 1988. 1

Fonte: O AUTOR (2017)

Na Tabela 10 se constata que a maioria dos estudos, 22 deles, se referem à avaliação na perspectiva dos exames vestibulares, chegando, muitas vezes, a se confundirem as práticas do processo seletivo para o acesso ao ensino superior com a questão da avaliação do rendimento dos alunos para fins de aprovação, ou não, na continuidade dos seus estudos. Isso quando não foram tomados os resultados dos vestibulares para a realização de diagnósticos sobre o ensino anterior, conferindo, assim, o fracasso dos alunos nos exames a precariedade do ensino básico.

A Tabela 11 mostra o vínculo institucional dos autores dos textos analisados, nela também se verifica que o total geral ultrapassa a quantidade dos 79 textos selecionados na pesquisa, isso se deve ao fato de encontrarmos um autor vinculado a mais de uma instituição universitária e outros centros de pesquisas.

TABELA 11 – Distribuição dos textos segundo a origem institucional dos autores (continua)

Instituição de origem Quantidade

FCC 36

TABELA 11 – Distribuição dos textos segundo a origem institucional dos autores (conclusão)

Instituição de origem Quantidade

FGV 7 UFF 5 PUC-SP 4 IPEA 4 IUPERJ 3 USP 3 UFRGS 3 CESGRANRIO 2 CRITÉRIO/AVALIAÇÃO 2 CAPES 2 UNB 2 INEP 2 SENAI 2 LNCC 2 CNPq 2 OMEP 1 PUC-RS 1 UFBA 1 UFRJ 1 UNICAMP 1 Total geral 99 Fonte: O AUTOR (2017)

Observa-se que a maioria dos estudos sobre avaliação educacional são provenientes da Fundação Carlos Chagas, com um total de 36 autores vinculados a essa instituição, conforme já assinalado, trata-se de uma instituição que desde sua criação, possui uma larga experiência na área de medidas e seleção. Outra instituição de destaque é a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, com 13 autores vinculados, seguida pela Fundação Getúlio Vargas, com 7 autores, pela Universidade Federal Fluminense, com 5 autores, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada com 4 autores cada, e pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de

Janeiro, pela Universidade de São Paulo e pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul com 3 autores cada.

Se considerarmos o vínculo institucional dos autores, tal como apresentado anteriormente no Quadro 1, é possível pensarmos, por exemplo, a formação de alguns grupos institucionais, caso dos seis autores vinculados a FCC, dos cinco vinculados a PUC-SP, dos quatro vinculados a PUC-RJ, dos dois vinculados a UFRGS e dos outros dois vinculados a UFRJ. Entretanto, sabe-se que a existência de autores vinculados a mesma instituição não significa o efetivo agrupamento destes enquanto grupos, pois há a ocorrência de autores que trabalham juntos na mesma instituição, mas que fazem parte de diferentes Programas, Linhas e Grupos de Pesquisa locados na mesma instituição. Exemplo disso ocorre na PUC-SP nas quais se encontram autores como Ana Maria Saul, Bernardete Angelina Gatti e Clarilza Prado Sousa, que estão em diferentes Programas de Pós-Graduação em Educação, a primeira no PPGE: Currículo e as outras duas no PPGE: Psicologia da Educação. Por isso assumimos a opção de trabalhar com o agrupamento a partir das concepções teóricas dos autores sobre avaliação, o que foi facilitado pela organização dos textos nas duas grandes abordagens de avaliação educacional que são tratadas na próxima seção, quando também criamos categorias para unificar os conteúdos dos textos analisados.

Na seção que segue apresentamos a análise da configuração do campo da avaliação educacional brasileira na década de 1980, tendo como base a produção de intelectuais que estiveram envolvidos com as discussões em torno da avaliação no período.

6 A CONSTRUÇÃO DO CAMPO CIENTÍFICO DA AVALIAÇÃO EDUCACIONAL