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Caracterizando a evolução do modelo didático do professor

4. RESULTADOS E ANÁLISES

4.1 O Modelo Didático Pessoal dos Professores

4.1.3 Caracterizando a evolução do modelo didático do professor

Considerando que os modelos tradicional e tecnológico apresentam características que os colocam como representantes do paradigma tradicional do ensino e que os modelos espontaneísta e alternativo, por suas características, representam o paradigma construtivista, os quatro modelos configuram um processo evolutivo do saber profissional, desde o paradigma tradicional até o construtivista.

Dessa forma, consideramos que a tendência ao modelo tecnológico em detrimento ao modelo tradicional significaria uma evolução dentro do paradigma tradicional. A tendência ao modelo espontaneísta em detrimento aos modelos tradicional e tecnológico significaria uma evolução com ruptura ao paradigma tradicional, enquanto a tendência ao modelo alternativo em detrimento aos demais modelos representaria uma evolução dentro do paradigma construtivista. Considerando que os professores de Ciências, participantes desta pesquisa apresentaram características correspondentes a todos os modelos didáticos, em todas as dimensões do ensino, para analisar suas respostas vamos utilizar o sistema de categorias para classificar os modelos didáticos dos professores (tabela 3), organizando os dados na tabela7:

 Modelo didático Ingênuo (MDI): quando o professor apresentar concordância com as proposições dos quatro modelos didáticos, em todas as dimensões do ensino, não apresentando rejeição a qualquer proposição, de quaisquer modelo didático, em nenhuma das 5 dimensões do ensino.

 Modelo didático em evolução 1 (MDE1): quando, na maioria das dimensões do ensino, o professor apresentar concordância com as proposições dos modelo tecnológico, espontaneísta e alternativo e rejeição a algumas proposições do modelo tradicional.

 Modelo didático em evolução 2 (MDE2): quando, na maioria das dimensões do ensino, o professor apresentar concordância com as proposições dos modelos espontaneísta e alternativo, rejeição a algumas proposições do modelo tecnológico e rejeição à maioria das proposições do modelo tradicional.

 Modelo didático em evolução 3 (MDE3): quando, na maioria das dimensões do ensino, o professor apresentar concordância com as proposições do modelo alternativo e espontaneísta e rejeição à maioria das proposições dos modelos tecnológico e tradicional.

 Modelo didático em evolução 4 (MDE4): quando o professor concordar com todas as proposições do modelo alternativo e rejeição à maioria das proposições dos modelos tecnológico, tradicional e espontaneísta.

Tabela 7 - Concordância de cada professor participante da pesquisa que com as proposições do Modelo Didático Pessoal e classificação do modelo didático de cada professor, segundo a escala de categorias da evolução dos modelos didáticos.

Modelo didático Categorização da evolução

dos modelos didáticos Professor Tradicional Tecnológico Espontaneísta Alternativo

J1 5 5 5 5 MDI J2 2 3 4 5 MDE2 J3 3 5 5 5 MDI J4 4 5 5 5 MDI J5 1 5 4 5 MDE1 J6 3 4 4 5 MDI J7 4 4 5 5 MDI J8 1 3 4 5 MDE2 J9 2 4 5 5 MDE1 G1 1 2 2 5 MDE4 G2 5 5 5 5 MDI G3 5 5 5 5 MDI G4 2 3 5 5 MDE2 G5 5 5 5 5 MDI G6 4 5 5 5 MDI G7 3 3 5 5 MDI G8 4 5 5 5 MDI G9 5 5 4 5 MDI G10 2 5 5 5 MDE1 G11 3 4 5 5 MDI G12 5 5 5 5 MDI G13 4 5 5 5 MDI G14 5 5 5 5 MDI

Chama a atenção o fato que dentre os 23 professores que tiveram seus modelos didáticos categorizados, 16 apresentarem um modelo didático que pode ser considerado como ingênuo (MDI), por concordarem com as proposições de todos os modelos, na maioria das dimensões, o que significa que esses professores, provavelmente, não refletem sobre a própria prática, de forma que estariam fora do processo de evolução defendido por esta pesquisa. Consideramos esse dado significativo, pois representa 70% dos professores pesquisados.

De acordo com os mesmos critérios, três professores estariam com um modelo didático em evolução 1 (MDE1); três professores estariam com um modelo didático em evolução 2 (MDE2), e apenas um professor estaria com um modelo didático em evolução 4 (MDE4), indicativo de um processo de aceitação das proposições do modelo alternativo e rejeição da maioria das proposições dos demais modelos, modelo didático que, em nossa concepção, seria o desejável para a melhoria do ensino de Ciências, por corresponder a um modelo que tende a promover a construção do conhecimento.

O resultado encontrado, com a maioria dos professores apresentando um modelo didático ingênuo poderia explicar dados da literatura (GUIMARÃES, ECHEVERRÍA e MORAES, 2006; CAVALCANTE e SILVA, 2008 e SANTOS JR. e MARCONDES, 2008) quando indicam que os professores não apresentam um único modelo didático.

Objetivando esclarecer os resultados apresentados e a validade desse sistema de categorias para analisar o modelo didático dos professores, vamos comparar, na tabela 8, os resultados em relação ao grau de hibridismo do modelo didático, ao grau de coerência com os modelos espontaneísta e alternativo e à categorização da evolução do modelo didático. Para essa comparação, vamos utilizar as respostas dos professores G1 e G9 porque esses professores apresentam resultados opostos.

Tabela 8 - Comparação dos resultados em relação ao grau de hibridismo do modelo didático, ao grau de coerência com os modelos espontaneísta e alternativo e à categorização da evolução do modelo didático.

Professor G1 G9

Grau de hibridismo do modelo didático 2,0 em 4,0 3,8 em 4,0

Grau de coerência com os modelos espontaneísta e alternativo 2,4 em 4,0 -0,4 em 4,0

A análise dos dados da tabela 8 deixa claro que existe uma relação entre o grau de hibridismo do modelo didático, o grau de coerência do modelo didático e a evolução desse modelo, de forma que o professor G1, cujo modelo didático encontra-se em nível mais alto de evolução, seguindo o critério proposto, é o que apresenta menor grau de hibridismo do modelo didático e maior grau de coerência, ao contrário do professor G9, que apresentou o menor grau de coerência e um grau de hibridismo alto e que teve seu modelo didático categorizado como ingênuo.

Considerando que a proposta do Currículo Básico Comum de Minas Gerais (MARTINS et al.,2008, p.1) aponta para o ensino de Ciências como uma “construção humana, que envolve relações com os contextos cultural, ambiental, sócio- econômico, histórico e político”, ou seja, aponta para um ensino na dimensão alternativa e espontaneísta, o alto grau de hibridismo do modelo didático dos professores, o baixo grau de coerência dos professores em relação aos modelos representantes do paradigma construtivista do ensino e o fato da maioria dos professores de Ciências apresentarem modelos didáticos ingênuos tornam-se preocupantes e justificam que façamos investimentos em formação continuada com cursos voltados para a evolução dos modelos didáticos dos professores.

4.2 O conceito de transformações químicas na visão dos professores de