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Caraterização e organização da Instituição

Capítulo II – Contextualização e itinerário formativo no 1.º CEB

1.2. Caraterização e organização da Instituição

A instituição apresenta duas valências, EPE e Ensino do 1.º CEB, sendo estas constituídas por um grupo e duas turmas, respetivamente. Nas duas valências existe heterogeneidade na sua composição, constituindo-se a turma do 1.º e 4.º ano com dez alunos, e a turma de 2.º e 3.º ano com onze alunos. O grupo do JI é constituído por dezassete crianças com idades entre os três e os seis anos.

A valência do JI é coordenada por uma educadora que conta com o apoio de uma assistente operacional permanente. A equipa docente, no que diz respeito ao 1.º CEB, é composta por duas professoras titulares, uma professora de apoio educativo e um professor de educação especial. Quanto ao restante corpo não docente, este é constituído por outras duas assistentes operacionais e três técnicas de apoio ao refeitório. De entre esta equipa educativa, uma das professoras titulares é a responsável pelo estabelecimento, no entanto, a articulação e o trabalho em equipa é diário, durante ou após o horário letivo, no qual se debatem estratégias de organização e gestão escolar.

Quanto à organização do tempo, a instituição tem um horário de funcionamento, de segunda a sexta-feira, balizado entre as 9h00 e as 16h00/17h30, sendo que nesta última hora as atividades realizadas dizem respeito às AEC’S, nas quais os alunos têm à disposição música, inglês, atividade física e desportiva, educação para a cidadania e expressões.

No que diz respeito à organização do espaço, este é um edifício enquadrado na tipologia do Plano Centenário, construído pelos anos 50 do século passado, no qual funcionavam duas salas com alunos do ensino primário, designado então assim. Posteriormente, o edifício sofreu alterações, permitindo o alargamento da instituição e, atualmente, dispõe de uma sala de aulas, uma sala de atividades, uma sala de convívio que funciona como sala de inglês, um refeitório, uma cozinha, um gabinete de professores, três salas de arrumos, três casas de banho. Exterior ao edifício principal, existe ainda um anexo, no qual decorrem as aulas do 2.º e 3.º anos. O espaço exterior é amplo e transversal a todo o edifício principal, separado apenas por um muro de habitações particulares, o que se reflete numa proximidade com os habitantes locais. Apesar de todas as adaptações que o edificio tem sofrido, o espaço nem sempre se adequa às necessidades e atividades desenvolvidas, caso disso são as

aulas de Educação Física e Desportiva realizadas numa sala de aula sempre que o tempo não seja favorável à sua realização no exterior.

No entanto, é importante considerar que a falta de espaço permite explorar diferentes formas de organização, implicando a equipa nessa improvisação de modo a colmatar as dificuldades sentidas, através de reutilização e criação de espaços e materiais adaptáveis. Implicando novas parcerias, por exemplo, com o serviço muncipal da Bibliomóvel, o que permite fazer face, ainda que de um modo muito genérico, à necessidade de um espaço biblioteca. No que diz respeito ao trabalho em equipa, em prol do desenvolvimento do espaço e de outros âmbitos, destacam-se os pais e familiares. Verificando-se também a inclusão de elementos da associação de pais nesta equipa, o que facilita a comunicação com entidades externas e permite alcançar de novas parcerias, como acontece com a Associação Cultural e Desportiva. Apesar desta não ser uma equipa totalmente estruturada, encontra-se na base das ações pedagógicas levadas a cabo. Assim, e ainda que sem opções pedagógicas transversais à instituição, a equipa mantém objetivos comuns no que concerne à influência da escola na comunidade local e vice-versa, daí a existência de uma equipa tão multidisciplinar que age numa conformidade natural com o contexto local.

1.3. Caraterização e organização do Ambiente Educativo27 1.3.1. A Turma

A turma com a qual foi realizada a prática educativa integra dois anos de escolaridade, inicialmente constituída por onze alunos, o que no final do 2º período passou a dez alunos. Destas dez crianças, quatro pertencem ao 3.º ano e as restantes ao 2.º ano, verificando-se que a maioria dos alunos édo sexo feminino (7) e três do masculino.

De um modo geral, a turma pertence a um nível sociocultural médio-baixo, verificável a partir das carências familiares, quer económicas quer relacionais. No entanto, este não se torna um impeditivo na educação das crianças, uma vez que todos os alunos da turma tiveram contacto com a educação pré-escolar e a sua grande

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maioria frequentou o JI da instituição, o que facilitou a adaptação ao contexto escolar e o acompanhamento destas famílias por parte da equipa docente, desde então.

Ainda que sem reprovações, esta é considerada uma turma muito heterogénea relativamente ao ritmo de aprendizagem, importando, por isso, clarificar o acompanhamento que é realizado em diferentes níveis. No 2.º ano existemdois alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem de forma mais evidente e por isso estão referenciadas com o Plano de Atividades de Acompanhamento Pedagógico Individual (PAAPI). Um desses apresenta Necessidades Educativas Especiais (NEE) permanentes que não lhe permitem acompanhar os conteúdos do respetivo ano, existindo por isso necessidade de ir adquirindo conhecimento do ano anterior. O outro é emocionalmente instável, o que acarreta dificuldades de aprendizagem e exige tarefas de motivação constantes, devido à rejeição de tarefas diferentes das dos restantes colegas, por exemplo. Neste grupo de 2.º ano, há ainda uma outra criança que acompanha as aprendizagens de 3.º ano, e as restantes apresentam dificuldades no desenvolvimento de aprendizagens, revelando pouca autonomia, o que exige o apoio constante para a realização de tarefas ou a utilização de estratégias, como o trabalho de grupo, principalmente em questões de cálculo matemático e uso correto das regras de ortografia. Quanto ao 3.º ano, este é constituído por alunos mais autónomos e motivados, no entanto, um dos elementos apresenta graves problemas de comportamento, o que leva à destabilização dos restantes. Neste grupo existe ainda um aluno disléxico, que, por inerência dessa situação, apresenta dificuldades na autonomia da leitura e escrita de textos, mantendo por isso o apoio de um professor duas horas por semana. Tendo em consideração os ritmos de aprendizagem diferenciados, os alunos são também acompanhados por uma professora de apoio escolar destacada pelo agrupamento para reforço dos conteúdos.

Os alunos envolvem-se facilmente nas dinâmicas realizadas pela professora cooperante28 o que reflete as relações existentes entre esses, bem como o à-vontade que carateriza as relações de proximidade entre a turma e restante comunidade escolar. Para além da frequência das AEC’S (à exceção de um aluno), estas relações

28 No sentido de facilitar a leitura e compreensão do presente documento, sempre que me referir

aos(às) docentes que cooperaram comigo nos estágios pedagógicos, será utilizado o termo educadora/professora cooperante em substituição da nomenclatura genericamente utilizada de acordo com o Decreto-Lei n.º43/2007 de 22 de fevereiro: orientadores(as) cooperantes.

são também promovidas pela frequência de atividades exteriores à escolacomo natação, futebol, ginástica, música e catequese, o que aumenta o grau de confiança nestas.

1.3.2. O espaço pedagógico

No que diz respeito à organização do espaço da sala, antes de o caraterizar, importa refletir na função do professor enquanto organizador de ambientes físicos e sociais, bem como organizador de experiências fora da mesma, o que fará aumentar o desenvolvimento cognitivo (Marques, 1999). Portanto, destaca-se da professora, a preocupação na constante alteração da sala de aula, de forma a promover o trabalho em equipa, em determinados momentos, ou o trabalho individual, por exemplo.

Apesardas mesas se encontrarem frequentemente dispostas em filas, a alteração contínua permite a criação de várias dinâmicas de aprendizagem29, em muitos momentos sugeridas pelos alunos, fomentando um clima de bem-estar emocional. A este propósito vale a pena ter em consideração a ideia de Wadsworth, citado por Marques (1999, p. 37), acerca dos ambientes eficazes, uma vez que podem “requerer reorganização constante do espaço da sala de aula para permitir a movimentação dos alunos, acesso aos materiais e uso prático do espaço”. Para guardar materiais, existem na sala três armários, aos quais os alunos recorrem frequentemente, bem como uma estante onde cada aluno guarda os respetivos pertences, libertando o espaço central da sala. O espaço psicopedagógico suporta ainda um quadro no qual são expostos, regularmente, os trabalhos dos alunos e tabelas de distribuição de tarefas diárias, permitindo a sua visualização diária. O fundo da sala é utilizado para tarefas de grande grupo (realização de experiências) e local de partilha (apresentação de histórias, exposições, entre outros). Tendo em consideração que o espaço resulta da adaptação de uma estrutura pré-fabricada, existem algumas dificuldades na organização do mesmo, bem como nas adequações que com isso surgiram (utilização de cartolinas para escurecer a sala aquando da utilização o videoprojector).

Na sala existem também variados recursos didáticos no âmbito das ciências experimentais e matemática, cedidos pelo ME. A fim de despoletar a curiosidade das crianças, a professora produz alguns materiais, e outros surgem naturalmente no

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decorrer das experiências educativas. São materiais construídos em conjunto com os alunos, que surgem como respostas às questões por eles colocadas e são não estruturados (construção de uma balança com sacos no decorrer de uma experiência de pesagem de ar). A envolvência da família é visível também aqui, ao contribuir com diferentes materiais construídos em casa. Os manuais escolares são utilizados ocasionalmente, aquando das aulas diretas com um dos grupos (2º ou 3º anos). Geralmente essa utilização ocorre em díades de forma a estimular trocas de saberes. São também utilizados os manuais e cadernos de fichas para verificação de conhecimento, propostos como tarefas de reforço de aprendizagens. Os equipamentos audiovisuais e informáticos são escassos, um computador apenas por sala, o que dificulta a recorrente utilização para pesquisas. Contudo, o computador é utilizado para investigação de assuntos de Estudo do Meio, bem como para receber e-mails de pesquisas realizadas em casa, pelos alunos. Por vezes, um computador “Magalhães” é utilizado por um aluno com NEE, realizando-se um trabalho individualizado, adaptado às suas necessidades.

1.3.3. O tempo pedagógico

A flexibilidade do tempo pedagógico é um dos pontos a destacar na prática da professora, o que permite ir ao encontro de um currículo emergente. Esta flexibilidade facilita a transdisciplinaridade, respeita os ritmos de trabalho de cada aluno e permite a inclusão de manifestos interesses dos alunos por acontecimentos inesperados (o entusiasmo das crianças perante a queda de granizo levou à saída da sala para observação do fenómeno). No entanto, torna-se importante frisar que a estrutura do horário, previsto pelo Agrupamento de Escolas (AE), não é alterada30.