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Capítulo I – Contextualização da Prática Supervisionada

1.1. Enquadramento físico e social dos locais de aplicação

1.1.4. Caraterização do grupo/turma

“o professor recebe crianças que, pela sua vivência familiar, revelam determinados sentimentos, um determinado estado físico e mental, e atitudes que lhe vão em parte condicionar o trabalho escolar, o comportamento ou o modo de integração no grupo-turma”. (Perrenoud, 1995, p. 110) A caraterização do grupo/turma é um aspeto de extrema importância para o educador/professor no que respeita à sua evolução, pois tem como finalidade conhecer as crianças ao nível emocional, cognitivo e social. Uma criança, também tem a sua própria personalidade, os seus valores, os seus hábitos, as suas atitudes, os seus gostos, as suas formas de comunicação com os outros, assim cabe ao educador/professor acompanhar e dominar estas características descobrindo, individualmente, os seus ritmos e formas de aprendizagem, os seus contextos familiares, as suas vivências e necessidades educativas.

a) Caraterização do grupo de crianças envolvidas na Prática Supervisionada em Educação Pré-Escolar

O grupo, no qual desenvolvemos a Prática Supervisionada em Educação Pré- Escolar revelava-se heterogéneo, sendo composto por 25 crianças todas de nacionalidade portuguesa, das quais 11 do género feminino e as restantes 14 do género masculino, como podemos observar pelo gráfico circular apresentado no gráfico 1.

Gráfico 1 – Percentagem de crianças do género masculino e do género feminino na PSEPE Em termos de faixa etária, a composição do grupo de crianças oscilava entre os 5 e 6 anos, todas nasceram em 2008, com exceção de um elemento que nasceu em 2007 e completava no final do ano 7 anos.

Uma das crianças tinha Necessidades Educativas Especiais (NEE) e estando sinalizado era acompanhado por uma terapeuta da fala um dia por semana. A grande maioria das crianças estava inserida em famílias nucleares (pai, mãe, irmãos) e

44% 56%

Género das crianças

Feminino Masculino

pertenciam, de uma forma generalizada, à classe média baixa. A grande parte, dos encarregados de educação possuíam escolaridade ao nível do Ensino Básico e estavam empregados, destacando-se os que trabalhavam por conta de outrem.

Segundo as nossas observações diárias, verificámos que o grupo de crianças revelava ser bastante dinâmico, motivado e, de um modo geral, autónomo nas tarefas e rotinas sugeridas. As crianças demonstravam sempre vontade de querer descobrir mais e adquirir novos saberes, assim sendo, pudemos afirmar que o grupo de crianças, gradualmente, ia construindo formas de conhecimento e desenvolvendo capacidades através da descoberta, experimentação e manipulação. Esta motivação acrescida era proporcionada pela interação afetiva Educadora/Criança, através de momentos lúdicos, brincadeiras, diálogo, partilha, vivências e da experimentação contribuindo, assim, ativamente para um percurso de ensino e aprendizagem integrado e transversal.

Segundo Sprinthall e Sprinthall (1993) Piaget delimitou que o desenvolvimento cognitivo processa-se em quatro estádios. Cada estádio é um novo sistema em evolução que se distingue, do ponto de vista qualitativo, isto é, cada um tem as suas formas próprias de adaptação ao meio.

Os estádios de desenvolvimento cognitivo caracterizam-se por: uma estrutura com características próprias; uma ordem de sucessão constante; uma evolução integrativa, isto é, as novas aquisições são integradas na estrutura anterior, organizando-se agora uma nova estrutura hierárquica superior.

Deste modo, segundo as teorias de Piaget (1970), o grupo de crianças encontrava- se no Pensamento Intuitivo ou Estádio Pré-Operatório (dos dois aos sete anos).

Neste estádio a criança deixa de ter um pensamento de ação imediata e direta para poder passar a representar objetos ou ações por símbolos – função simbólica. Flavell (1985, citado por Sprinthall & Sprinthall, 1993, p. 108), resume o período da aprendizagem pré-operatória como rápido e flexível “é o início do pensamento simbólico, em que as ideias substituem a experiência concreta. […] A diferença mais importante é, evidentemente, o nível da comunicação. As crianças podem agora partilhar socialmente as suas cognições”.

Piaget destaca que a principal característica deste estádio, ao nível do pensamento é o egocentrismo. A criança não compreende o ponto de vista do outro porque se centra demasiado no ponto de vista dela. Este egocentrismo vai sofrendo uma parcial descentração à medida que se aproxima do estádio seguinte.

O psicólogo suíço considera a criança como sendo competente, ativa, construtora do seu próprio desenvolvimento, desta forma concebeu uma perspetiva construtivista da aprendizagem, ou seja, uma aprendizagem por descoberta, fruto da interação do sujeito com os objetos e com o meio. Conforme criticam Sprinthall e Sprinthall (1993, p. 113) Piaget, ao longo da sua obra, reclama sempre para uma escola ativa, ”a acção produz desenvolvimento cognitivo”. Através da interação, a criança tem oportunidade de descobrir as propriedades dos objetos, de desenvolver o seu conhecimento espacial, lógico e físico. Para Vygotsky (1967, segundo confirma

Bee, 2003, p. 208) baseada em pesquisas mais recentes: "o desenvolvimento cognitivo das crianças é consideravelmente favorecido pelas interações sociais”.

b) Caraterização da turma envolvida na Prática Supervisionada no 1.º Ciclo do Ensino Básico

A caraterização da turma é um aspeto pertinente no nosso trabalho que tem como finalidade conhecer os alunos, desde os seus ritmos e formas de aprendizagens ao seu contexto familiar.

No 1.º Ciclo do Ensino Básico, a Prática Supervisionada decorreu numa turma de 4.º ano – turma 3AP – do Agrupamento de Escolas Afonso de Paiva, um grupo heterogéneo constituído por 25 alunos todos de nacionalidade portuguesa e um aluno de etnia cigana: 13 são do género masculino (52%) e 12 do género feminino (48%), como podemos observar no gráfico 2.

Gráfico 2 – Percentagem de alunos do género masculino e do género feminino na PS 1.º CEB A grande maioria dos alunos da turma nasceu no ano de 2005, com exceção de uma criança que nasceu em 2004, a faixa etária do grupo varia entre os 9 e os 11 anos de idade, sendo que com 11 anos existe apenas um aluno. Muitos deles estão juntos desde o 1.º ano e alguns deles pertenceram, também, ao mesmo grupo de crianças no Pré-Escolar.

Dos 25 alunos, existem dois que cumprem o Programa Curricular de 3.º ano, no entanto, acompanham a turma de 4.º ano. Estes são devidamente acompanhados pela professora titular de turma e pela professora de apoio. No início do 2.º período foi inserido na turma um novo aluno, do sexo masculino, para frequentar o 4.º ano de escolaridade. Não lhe foram diagnosticadas dificuldades de aprendizagem, no entanto estava ainda num processo de adaptação durante a nossa Prática Supervisionada.

48% 52%

Género dos alunos

Feminino Masculino

Durante as semanas de observação e da análise prévia ao documento Plano de Turma, constatámos que a grande maioria dos alunos eram assíduos e pontuais. Ao nível das aprendizagens, revelavam uma evolução na aquisição de conhecimentos, mas as dificuldades iam aumentando segundo a complexidade dos conteúdos. Ao nível comportamental, de um modo geral os alunos cumpriam as regras da sala de aula, existindo contudo, alguns mais faladores e distraídos durante o tempo letivo. Este grupo de alunos caraterizava-se por ser bastante dinâmico, motivado e autónomo. Para além disso verificámos que eram alunos que demonstravam sempre vontade de querer descobrir mais e adquirir conhecimentos, de participar e partilhar experiências vividas. No geral era um grupo que não apresentava grandes dificuldades de aprendizagem, com uma elevada taxa de participação, o que por vezes gerava situações comportamentais menos positivas.

De acordo com as observações feitas, pudemos, também, constatar que se relacionavam positivamente entre si, não havendo grandes conflitos a registar, eram muito simpáticos e afetivos, aspetos que consideramos importantes e que nos permitem afirmar que os alunos encontravam-se integrados quer na turma/escola quer na comunidade geral.

Relativamente ao nível familiar e sociocultural dos alunos, verificámos que os alunos estavam inseridos em famílias nucleares em que, a maioria dos encarregados de educação estavam empregados e eram as mães. As habilitações literárias destes variavam entre o nível do Ensino Básico e o Doutoramento, com maior predominância do nível Secundário. A generalidade tinha um bom nível socioeconómico, sendo este espelhado nos alunos e no interesse/apoio dos encarregados de educação, em superar as dificuldades dos seus educandos através da interação e preocupação constante destes com a professora titular.

Conforme citam Sprinthall e Sprinthall (1993, p. 108), segundo as teorias de desenvolvimento cognitivo de Piaget (1970) e perante os aspetos destacados, relativamente à faixa etária das crianças, podemos caraterizar a turma do 4.º ano do 1.º Ciclo do Ensino Básico, no estádio das Operações Concretas (dos sete aos onze anos) “as crianças são positivistas lógicas infantis que compreendem as relações funcionais porque são específicas e porque podem testar os problemas”. Assim, neste estádio a criança adquire a capacidade de realizar operações, no entanto, precisa de ter a noção da realidade concreta para efetuar as mesmas, por isso o seu pensamento é descritivo, intuitivo e mais estruturado devido ao desenvolvimento da linguagem.

1.2. Modelo Pedagógico e Programático da Prática Supervisionada