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Capítulo III – A Investigação – Fundamentação teórica e metodológica

3.4. Plano da investigação e metodologia

3.4.4. Procedimentos de análise de dados

Neste ponto, importa vincar a fiabilidade e a validade de modo a reduzir as subjetividades da investigação. A análise de dados envolve a procura de regularidades tendo como objetivo a descoberta de aspetos relevantes e a sua classificação. Bogdan e Bikler (1994) referem que:

A análise de dados é o processo de busca e de organização sistemática de transcrições de entrevistas, de notas de campo e de outros materiais que foram sendo acumulados, com o objetivo de aumentar a sua própria compreensão desses mesmos materiais. (p. 205).

A natureza do estudo qualitativo da investigação empírica requereu uma análise de conteúdo, tendo em conta o tratamento da informação numa descrição densa das relações entre causas e efeitos e as suas inferências. Bardin (1977, p. 42) define o termo “análise de conteúdo” como: “Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens”. Assim, tomando como ponto de partida para uma análise de dados mais coerente e fiável, optámos pela visão organizacional de Bardin (1977) que apresenta três fases cronológicas para o desenvolvimento da investigação: 1.ª a pré-análise; 2.ª a exploração do material e 3.ª o tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação. Outros autores, como Bogdan e Biklen (1994, p. 205), no âmbito da “tarefa analítica” num trabalho de investigação, reconhecem, também, que “Apesar da análise ser complicada, constitui, igualmente, um processo que pode ser dividido em várias fases”. Assim, com o

objetivo de dar resposta a esta necessidade organizacional apresentamos a seguinte prática de ação aplicada, em diferentes fases, ao longo de todo o estudo (Fig. 12).

Figura 12 – Fases de aplicação da ação investigativa

No processo da análise de conteúdo, para o desenvolvimento do presente estudo, foi nosso propósito a utilização deste plano de ação qualitativo, uma vez que permitiu recorrer a uma técnica de recolha, de tratamento e de interpretação da informação, perante as atitudes e o desempenho dos sujeitos/alunos. Esta técnica assentou na observação, recolha e análise de comunicações/mensagens (orais e escritas), tendo em conta as questões e os objetivos do estudo. Por sua vez, numa fase prévia, a mesma, possibilitou a criação de categorias de desempenho assentes nas aprendizagens dos alunos e na perspetiva da professora cooperante. Neste sentido, definimos duas categorias de codificação:

1. Desempenho dos alunos nas tarefas propostas no âmbito da interação entre os contextos de educação formal e não formal;

2. Perspetiva da professora cooperante face à integração didática e dos diferentes momentos da investigação.

Sendo assim, numa fase prévia, tivemos em conta a definição de categorias que foram reformuladas no decorrer da ação investigativa consoante a exploração dos atores da investigação, para posterior interpretação. Do processo de categorização surgiram dimensões de análise referentes ao desempenho das aprendizagens dos alunos segundo a estratégia pedagógico-didática (antes, durante e após a visita de estudo ao Museu Cargaleiro); a construção da unidade didática; a integração curricular das diferentes áreas disciplinares curriculares; manifestações da interação da arte, matemática e ciências; as tarefas propostas e os instrumentos didáticos no processo de ensino e aprendizagem para, posterior interpretação e validação dos dados recolhidos. Para tal, também definimos para a análise de dados, as manifestações de ação ao nível dos fatores de motivação e de estímulo; das aprendizagens de competências científicas; das competências transversais; das competências atitudinais dos sujeitos em estudo. Não menos importante,

Fase I Planificação da sequência didática Fase II Aplicação da prática de ação Fase III

Recolha dos dados

Fase IV

Conclusões

ü Revisão da literatura;

ü Organização das estratégias e construção dos recursos didáticos; ü Validação dos instrumentos de recolha de dados.

ü Implementação dos recursos e das estratégias de ação didática.

ü Organização, interpretação dos dados; ü Verificação e avaliação dos resultados.

acrescentámos os contributos / perspetiva da professora cooperante no decorrer e no final da implementação da investigação no âmbito da interação dos contextos de educação formal e não formal. Por sua vez, partindo do conjunto das dimensões de análise emergiram indicadores de análise preliminares com base nos objetivos de aprendizagem e da opinião da professora cooperante face ao estudo em causa. Tendo como base estes aspetos, apresentamos a seguinte tabela 20 adaptada dos Relatórios de Estágio de Nunes (2011) e Heitor (2013), referente às categorias, dimensões e respetivos indicadores de análise.

Tabela 20 – Categorias, dimensões e respetivos indicadores de análise Categorias de

análise

Dimensões de

análise Indicadores de análise/objetivos de aprendizagem

1. Desempenho dos alunos nas tarefas propostas no âmbito da interação entre os contextos de educação formal e não formal 1.1. Competências transversais

ü Adequa o português (oralidade e escrita) às situações de comunicação nas diversas áreas do saber;

ü Mobiliza saberes culturais e científicos para descrever e compreender a realidade;

ü Utiliza processos básicos de conhecimento da realidade envolvente (ex.: prevê, experimenta, observa, argumenta, regista e tira conclusões);

ü Interpreta enunciados e expressa ideias para relacionar o conhecimento de diferentes áreas;

ü Resolve situações problemáticas. 1.2. Competências

científicas no âmbito da Matemática e das Ciências Naturais

ü Aplica conceitos e procedimentos matemáticos;

ü Identifica, descreve e representa ideias geométricas presentes no património local e nas obras de Manuel Cargaleiro;

ü Compreende a interdependência entre luz, cor e materiais partindo de experiências estéticas da pintura de Manuel Cargaleiro;

ü Realiza atividades experimentais simples relacionadas com os fenómenos da luz e da cor.

1.3. Competências atitudinais

ü Motivação/estímulo;

ü Curiosidade pelo meio envolvente; ü Participação ativa;

ü Responsabilidade e empenho;

ü Trabalho colaborativo e respeito pelo ponto de vista dos outros.

2. Perspetiva da professora cooperante face à integração didática e dos diferentes momentos da investigação 2.1. Integração da problemática da investigação com a Prática Supervisionada

ü Opinião sobre a problemática da investigação empírica;

ü Pertinência da utilização e exploração de elementos integradores focados em aspetos culturais;

ü Adequação da ação didática ao currículo. 2.2. Unidade

Didática planificada e implementada

ü Integração curricular das diferentes áreas do conhecimento; ü Integração da visita de estudo na ação didática;

ü Adequação das atividades ao currículo dos alunos. 2.3. Atividades nos

diferentes momentos da

visita (antes, durante e após)

ü Articulação das atividades nos dois contextos de educação; ü Adequação das atividades às especificidades do próprio contexto

de educação não formal e do grupo de alunos;

ü Contributo das atividades para as aprendizagens curriculares dos alunos.

2.4. Recursos didáticos utilizados

ü Adequação dos recursos didáticos às atividades nos diferentes momentos da visita;

ü Interesse didático do guião da visita de estudo (guião do aluno). 2.5. Contributo da

interação entre os contextos de educação formal e

não formal para aprendizagens

curriculares

ü Pertinência das visitas de estudo e da estruturação de atividades em três momentos (antes, durante e após a visita);

ü Contributo do trabalho desenvolvido em ambos os contextos de educação para a aprendizagem dos alunos ao nível cognitivo e atitudinal;

ü Articulação das aprendizagens entre ambos os contextos de educação.

Tendo em conta os objetivos do estudo e a sua finalidade, optámos por este modelo na perspetiva de conceber e produzir as atividades e os recursos didáticos, com vista à implementação e avaliação do contributo e das relações entre dois contextos educacionais, um formal (sala de aula) e outro não formal (Museu Cargaleiro) articulando e promovendo a matemática, a educação em ciências e a arte em alunos do 1.º Ciclo do Ensino Básico. Isto é, qualquer trabalho de investigação deve pautar-se por seguir um plano de atuação claro, realista e adaptado às necessidades que o caracterizam.