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Capítulo I – Contextualização da Prática Supervisionada

1.2. Modelo Pedagógico e Programático da Prática Supervisionada

1.2.2. Instrumentos de Planificação

Como anteriormente referimos, as Práticas Supervisionadas foram realizadas na modalidade de estágio, sobre a orientação de um educador/professor cooperante e do professor supervisor. Durante estes percursos de ação educativa, as atividades a desenvolvidas seguiram uma matriz – Planificação – que se constrói segundo a interligação e a relação das diferentes áreas dos dois contextos de educação.

Esta matriz constitui um instrumento de apoio e um marco de referência para futuros educadores/professores. Uma das características de um bom educador/professor no âmbito das competências científicas é preparar adequadamente e cuidadosamente as aulas e os materiais. No interesse permanente de um educador/professor, é pressuposto que planear e programar, implique uma preparação prévia que conduz a uma maior segurança e garantia de sucesso.

Respeitando os diferentes passos anteriormente descritos e fundamentados, surge a matriz programática adotada na Prática Supervisionada em Educação Pré-Escolar que, seguidamente, passamos a especificar. Sublinhamos que o modelo pedagógico nasce respeitando as orientações da professora supervisora e as sugestões da educadora cooperante. A elaboração das planificações dividiu-se em duas etapas: planificação semanal e quatro planificações diárias. Ambas as planificações continham o tema semanal a abordar sendo este dividido em subtemas diários.

No que respeita à planificação semanal (Figura 5) esta definia a áreas/domínios, bem como, os conteúdos a desenvolver e a abordar e os objetivos que se pretendiam que as crianças adquirissem.

Figura 5 – Matriz de planificação semanal construída para o desenvolvimento da PSEPE Relativamente ao enunciado da planificação diária (Figura 6), este tipificava, especificamente, as atividades a desenvolver, os materiais necessários à sua realização e a descrição das estratégias e metodologias a adotar. Neste espaço, descrevíamos as atividades, dando especial atenção à atividade de motivação que surge como ponto de partida no percurso de ensino e aprendizagem, os procedimentos a cumprir em cada atividade, a metodologia base a adotar e a organização da sala. Junto a esta, seguiam os anexos (exemplo dos recursos utilizados) e no final um campo de observações.

Em conformidade com a perspetiva de Roldão (2009, p. 68) sobre uma planificação com qualidade segundo a qual “Intencionalidade, coerência e modos de organização e avaliação fundamentados constituem as peças-chave da estratégia” –, o educador/professor tem o poder de criar oportunidades, ativar situações que possibilitam às crianças apropriarem-se de conhecimentos através da ação estratégica. Deste modo, a organização, a planificação coerente de atividades é uma antecipação à ação a colocar em prática, com a finalidade de dar bons frutos e resultados com sucesso no processo de ensino e aprendizagem.

Por sua vez, a matriz programática adotada na Prática Supervisionada no 1.º Ciclo do Ensino Básico, está assente na visão globalizante e integrada das Unidades Didáticas. Estas, pressupõem uma coerência de processos, de encadeamento lógico, dentro de uma programação dinâmica e sincronizada com as diferentes áreas de interdisciplinaridade. Segundo Pais (2012):

Unidade didática ou unidade de programação remete, do ponto de vista da conceção do processo ensino/aprendizagem, para uma realidade técnico-didática baseada num conjunto de opções metodológico-estratégicas que apresentam como fundamentos técnico de base: uma forma específica de relacionar a seleção do conteúdo programático (entendido como sequenciação didática) com o fator tempo (concebido como entidade biunívoca de relação entre tempo de ensino e tempo de aprendizagem); a aposta na coerência metodológica interna, a partir da seleção de uma unidade temática e da definição de um elemento integrador, que funcionam como eixos de uma relação biunívoca (p. 39).

Seguidamente apresentam-se as diferentes etapas pelas quais se estruturam esta matriz (Figura 7):

A etapa 1 faz referência à identificação dos elementos, no âmbito da Prática Supervisionada no 1.º CEB.

Na etapa 2 expõem-se elementos de transversalidade – Eixos transversais de desenvolvimento curricular – para os saberes em uso na UD.

A etapa 3 apresenta-nos a sequenciação do conteúdo programático, no qual devem ser apresentados os objetivos didáticos para cada uma das áreas curriculares disciplinares.

Figura 7 – Matriz de planificação didática utilizada na PS 1.º CEB e as suas diferentes etapas A etapa 1 inclui: nome do professor cooperante, nome dos elementos do par pedagógico a desenvolver a execução da semana de implementação, nome do professor supervisor, turma para a qual foi desenvolvida a planificação, bem como o nome da Unidade Temática a apresentar e a respetiva semana de execução. Os elementos apresentados são indispensáveis pois “o conhecimento do contexto didático é fundamental para o desenho dos percursos de ensino e aprendizagem, uma vez que implica uma consequente adaptação aos alunos concretos, ao espaço e materiais disponíveis” Pais (2012, p. 41).

Na etapa 2 desenvolve-se um percurso integrando uma conceção funcional e interativa do ensino e aprendizagem que garanta à Unidade Didática a possibilidade de atingir os objetivos para os quais foi desenhada – ampliar o saber-fazer do aluno. O professor tem a responsabilidade, enquanto agente, do processo educativo, de garantir a universalidade na construção de uma sociedade melhor, adaptando assim o processo de ensino e aprendizagem às novas realidades que a Ciência, a Tecnologia e a Sociedade (CTS) fazem surgir a uma velocidade cada vez maior. Neste ponto é importante referir ferramentas didáticas coerentes e sempre atuais com a finalidade de garantir um acompanhamento integral do aluno, levando ao sucesso e à adaptação da realidade e da lógica evolutiva, científica e curricular de cada nível de ensino e de cada área curricular disciplinar.

Na etapa 3 os elementos são definidos em concordância com os descritores de desempenho e as metas de aprendizagem tipificados no Currículo Nacional, Programas Nacionais, Projeto Educativo e Plano de Turma. Neste ponto selecionam- se as áreas curriculares disciplinares a abordar, os conteúdos, objetivos específicos e descritores de desempenho a desenvolver e atingir, sendo estes elementos

Na etapa 4 desenvolve-se o roteiro do percurso de ensino e aprendizagem – guião da aula.

Na etapa 5 é evidenciado o desenvolvimento do percurso de ensino e aprendizagem, apresentam-se a designação das atividades e as suas finalidades incluindo a “categorização das tipologias de atividades/tarefas de ensino e aprendizagem para a construção de unidades didáticas com recurso à integração curricular” Pais (2012, p. 47). E ainda, os procedimentos de execução.

imprescindíveis no processo de ensino e aprendizagem. É nesta fase da planificação que integramos as áreas curriculares disciplinares de frequência obrigatória e as áreas não disciplinares.

A etapa 4 incorpora o dia da semana e a respetiva data, identifica os responsáveis pela dinamização da Unidade Didática, apresenta o tema integrador da Unidade Temática, sendo este um elo de ligação entre as tarefas de aprendizagem propostas. É apresentado e descrito, o elemento integrador tendo este por base um objeto didático, presente na semana de Prática Supervisionada, a partir do qual nascem as atividades do dia. Neste campo importa ainda explicar como funciona o elemento integrador e a sua ligação com as diversas áreas do saber. É ainda, especificado um conjunto de conceitos (vocabulário especifico), diretamente relacionado com os conteúdos presentes durante o processo de ensino e aprendizagem desse dia. Neste ponto são, também, referidos os recursos e materiais a utilizar durante o desenvolvimento das tarefas propostas ao longo do dia. O último campo desta fase é traduzido pelo sumário, no qual se explicitam os conteúdos lecionados nesse mesmo dia.

Na etapa 5 além do desenvolvimento do percurso de ensino e aprendizagem, são descritos, ainda, os procedimentos de execução (detalhada e ordenadamente, estabelecendo um processo de progressão), a explicitação dos objetivos da atividade, segundo um roteiro do percurso de ensino e aprendizagem, desenvolvendo uma articulação entre as diferentes áreas curriculares disciplinares. O design do percurso de ensino e aprendizagem é formado por um conjunto diversificado de atividades, que se desenvolvem de forma integradora e interdisciplinar.

Uma boa planificação deve permitir uma fácil compreensão e coerência dos princípios orientadores da ação pedagógica e do conjunto das atividades a desenvolver no âmbito da aquisição de aprendizagens significativas.

Capítulo II – Desenvolvimento da Prática Supervisionada