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AUMENTO DA SOLICITAÇÃO

4 CARTA GEOTÉCNICA DE APTIDÃO URBANÍSTICA APLICADA AO PLANEJAMENTO MUNICIPAL

4.5 CARTA GEOTÉCNICA PARA O PLANEJAMENTO MUNICIPAL

Essa cartografia tem como objetivo o planejamento e a gestão territorial, devendo apresentar elementos do meio físico e dos modos de ocupação do solo que participem dos dados de percepção e avaliação do gestor público para o estabelecimento de metas e ações de desenvolvimento do território para sua implantação e monitoramento. Em geral, as maiores solicitações desse tipo de carta geotécnica são municipais, que agora devem ser elaboradas na escala 1:25.000, segundo a Lei n.º 12.608. Para cumprir seus objetivos, essas cartas, segundo Diniz et al. (2013), precisam:

 partir dos processos significativos, presentes ou com possibilidade de ocorrência no território, naturais ou alterados por atividades antrópicas e buscar as suas condicionantes mapeáveis (parâmetros do meio físico e formas de ocupação do solo);  compilar os dados necessários, orientados para atender aos objetivos da cartografia;  definir, preliminarmente, unidades de terreno de comportamento semelhante, que

correspondam a necessidades de práticas de prevenção e correção, distintas para cada compartimento;

 executar trabalhos complementares de campo;

 estabelecer representação cartográfica final, buscando as relações de diversidade de cada compartimento geotécnico estabelecido e a melhor percepção visual na leitura cartográfica das informações. Assim, para uma comunicação eficaz, é necessário observar cuidadosamente as propriedades perceptivas das variáveis visuais para aplicá-las convenientemente;

 elaborar quadro-legenda com diretrizes/recomendações diferenciadas em cada unidade de terreno delimitada, segundo a probabilidade de ocorrência de tipos de processos ou problemas, de maneira a solicitar formas adequadas de ocupação e, portanto, diferentes medidas e ações do Poder Público responsável no planejamento e gestão. O quadro-legenda deve conter a descrição sucinta das unidades geotécnicas delimitadas no mapa, caracterizando os diferentes terrenos que ocorrem na área focalizada em termos de desempenho provável, diante de distintas formas de uso e ocupação do solo;

 anexar os mapas temáticos (geológico, geomorfológico, uso e ocupação do solo, dentre outros) e texto explicativo em papel e formato eletrônico (digital, vetorial e georreferenciado).

Esses procedimentos metodológicos para a elaboração da carta geotécnica do planejamento municipal, de maneira geral, são, assim, fundamentados na caracterização e análise dos principais processos do meio físico e suas alterações devido a atividades antrópicas estabelecidas pelo processo tecnológico. Tais alterações antrópicas podem ser traduzidas pelas variações nos atributos do meio (declividade do terreno, cobertura vegetal, tipo de solo, drenagem, ocupação do local e entorno, entre outros) que condicionam os processos. A delimitação dos terrenos de acordo com a variação dos processos resultará em unidades específicas de terreno e permitirá apresentar diretrizes às diferentes formas de ocupação (Quadro 4.3).

Para o planejamento, essa carta geotécnica precisa fundamentar a elaboração de planos e metas do município, portanto tem abordagem regional. Porém, como todo plano, estabelece solicitações posteriores de projetos e ações específicas ou de abrangência local. É o caso de recomendações para elaboração de carta geotécnica de aptidão urbanística, com detalhamento de obras e infraestrutura, ou de carta geotécnica de risco, por meio de verificação de áreas em situação de perigo, com ocupações de terrenos de alta ou média suscetibilidade a processos ocorrentes ou potenciais, tais como deslizamentos, erosão, inundação, subsidência cárstica e

fluxo de detritos (debris flow). Tais áreas são tratadas, no planejamento, apenas para o estabelecimento geral de normas de gestão de sua ocupação.

Quadro 4.3 – Aspectos gerais para elaboração da Carta Geotécnica de Planejamento

ETAPAS ATIVIDADES PRODUTOS

1-PLANEJAMENTO DA CARTA  Objetivos específicos  Escala de representação  Equipe interdisciplinar  Compilação de dados MATERIAL SECUNDÁRIO DISPONÍVEL 2-RECONHECIMENTO DOS PRINCIPAIS PROCESSOS EXISTENTES OU POTENCIAIS  Entendimento dos processos

 Identificação dos fatores condicionantes DADOS PRIMÁRIOS/PRELIMINAR 3-ESTUDOS TEMÁTICOS DIRIGIDOS  Informações necessárias do meio físico e da ocupação do solo  Tratamento ou elaboração do mapa planialtimétrico e de mapas temáticos (basicamente geologia, geomorfologia, drenagem, ocupação do solo, unidades de conservação, eventualmente outros), na escala necessária  Criação de banco de dados DADOS COMPLEMENTARES 4-COMPARTIMENTAÇÃO GEOTÉCNICA

 Análise integrada dos dados temáticos e processos  Delimitação das unidades geotécnicas PRODUTO CARTOGRÁFICO CARTA GEOTÉCNICA DE PLANEJAMENTO 5-ESTABELECIMENTO DE DIRETRIZES  Recomendações diferenciadas de ocupação do solo em cada unidade do terreno delimitada, segundo a probabilidade de ocorrência de diferentes tipos de processo QUADRO- LEGENDA 6-ELABORAÇÃO DO TEXTO DO ESTUDO

 Texto explicativo TRABALHOS EXECUTADOS

A análise e o mapeamento de suscetibilidade, diante dos diferentes mecanismos dos processos, devem levar em conta as características geomorfológicas, geológicas, geoecológicas (vegetação e uso da terra), sintetizadas nas cartas geotécnicas de planejamento. Esses fatores devem ser previamente cartografados na mesma escala de interesse da análise e do mapeamento pretendido, o qual, por meio da análise de ameaças e dos elementos em risco (de natureza socioeconômica e geoecológica), possibilitará a indicação para elaboração posterior das cartas geotécnicas de aptidão urbanística e de risco.

Como exemplo de diretrizes gerais de planejamento, em áreas com alto e médio grau de suscetibilidade, tem-se:

Grau Alto – em área não ocupada: restringir a forma de ocupação; em área ocupada: elaborar carta geotécnica de risco detalhada.

Grau Médio – em área não ocupada: exigir estudo detalhado para ocupação; em área ocupada: avaliação de risco e eventual cartografia geotécnica de risco.

A metodologia adotada para a elaboração da Carta Geotécnica de Aptidão à Urbanização do município do Ipojuca-PE na escala de planejamento (1:25.000) foi desenvolvida pelo Gegep-Laboratório para Redução de Risco de Desastres (LABRRID)/UFPE, apresentada na seção 4.2 como metodologia do Gegep. Essa metodologia tem como fonte principal a metodologia desenvolvida por Diniz et al. (2013) e Coutinho (2013). Baseia-se em UT por meio da abordagem multitemática com sobreposição e cruzamentos de mapas temáticos de forma a se obter uma compartimentação. São elaborados produtos cartográficos de diferentes temas. Além de analisar os parâmetros dos meios físico e antrópico, uso e ocupação da terra e legislações vigentes, essa metodologia conta com reuniões técnicas com a participação de uma equipe de pesquisadores multidisciplinar e interdisciplinar (Figura 4.3), alunos de graduação e pós-graduação e de gestores da prefeitura do município no fornecimento de informações e de materiais, no acompanhamento da elaboração integral dos estudos para elaboração da carta, no debate dos resultados obtidos e na validação das decisões. A Figura 4.4 esquematiza a metodologia do Gegep.

Figura 4.3 – Fluxograma da equipe do Gegep composta por profissionais de diversas áreas de atuação

Fonte: Acervo Gegep, 4 mar. 2015.

Saliente-se que a presente pesquisa está inserida no Projeto MCidades/UFPE/ Gegep, intitulado: Elaboração de Cartas Geotécnicas de Aptidão à Urbanização no Município do Ipojuca, localizado na região metropolitana do Recife, estado do Pernambuco, sob a coordenação do Prof. Roberto Quental Coutinho, conforme descrito na seção 1.1.

Destaca-se, ainda, a experiência do Grupo Gegep em outros trabalhos desenvolvidos nas linhas de pesquisas de estabilidade e erosão de encostas, mapeamento e gestão do risco de movimento gravitacional de massa, erosão e inundação, e cartografia geotécnica para fins de planejamento e uso do solo, tais como Bandeira (2003); Bandeira e Coutinho (2015); Bandeira, Coutinho e Alheiros (2004); Bandeira, Alheiros, e Coutinho (2005); Coutinho (2014); Coutinho et al. (2016), Henrique (2014), entre outros. Como política do Gegep nos municípios onde estão sendo feitos os mapeamentos, são selecionados locais para estudos detalhados por estudante de pós-graduação, por exemplo: Almeida (2016); Magalhães (2014) e Souza (2014).

Além dos trabalhos desenvolvidos pelo Grupo Gegep, deve-se destacar outros trabalhos importantes desenvolvidos na região metropolitana do Recife e no município do Ipojuca: Alheiros (1998); Alheiros e Ferreira (1989); Alheiros et al. (1988; 2003); Guerra (1998); Gusmão (1993); Gusmão e Alheiros (1997); Gusmão et al. (1992; 1993); Pfaltzgraff (1998, 2003, 2007), dentre outros.

Coordenador

Prof. Roberto Quental Coutinho

Grupos Temáticos Geologia,

Geomorfologia

Recursos

Hídricos GeoprocessamentoCartografia e Geotecnia / Pedologia Vulnerabilidade / Resiliência Economia

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