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AUMENTO DA SOLICITAÇÃO

2.2 PROCESSOS DE TRANSPORTE DE MASSA: EROSÃO

Segundo Salomão e Iwasa (1995), a erosão pode ser definida como processo de desagregação e remoção de partículas do solo ou fragmentos e partículas de rochas por meio da ação combinada da gravidade com a água, o vento, gelo e/ou organismos como plantas e animais.

É um fenômeno que, com intensidades diferentes e em consequências variadas, causa perdas de solo e de seus nutrientes. Promovem situações de risco para a comunidade, ante o seu grande poder destrutivo, ameaçando habitações e obras públicas, transformando-se no condicionante mais destacado na limitação para a expansão urbana e assentamento de obras de infraestrutura.

O processo de desgaste do solo ou da rocha ocorre em consequência da atuação dos fatores naturais e antrópicos. O primeiro resulta da ação da própria natureza sobre a superfície terrestre (em tempo geológico – erosão geológica), modificando lentamente o solo mediante seus agentes, como os ventos (erosão eólica), a água (erosão hídrica), as ondas (erosão marinha

ou costeira), a erosão glacial, a gravidade, a bioerosão (erosão por organismos vivos: peixes, moluscos, crustáceos, liquens, etc.) e as mudanças climáticas (STEPHAN, 2010).

O segundo fator tem como principal agente deflagrador o homem. Caracteriza-se como um processo rápido e altamente destrutivo (erosão acelerada), causado por desmatamentos, corte de estradas, construção de barragens, ocupação desordenada das encostas, técnicas agrícolas inadequadas, mineração, etc. (STEPHAN, 2010).

Esta revisão bibliográfica se limitará a uma descrição sucinta sobre a erosão hídrica pluvial, visto que é a que traz riscos na área do presente estudo.

A erosão do solo que tem a água das chuvas como principal agente erosivo denomina- se erosão hídrica pluvial. Ela se inicia com o impacto das chuvas sobre o solo provocando ruptura dos agregados. Em seguida, dependendo da intensidade e duração da chuva, ocorre o aumento do grau de saturação do solo e diminuição da infiltração da água. O escoamento superficial desempenha um papel importante no processo, e dependendo da forma como ocorre, podem-se desenvolver erosões laminares ou lineares.

A Erosão Laminar é o resultado do escoamento superficial da água, que, distribuída de forma divergente pelas vertentes, resulta na remoção progressiva do solo nas camadas superficiais. Erosão Linear ocorre em razão do fluxo convergente da água ao longo das vertentes em conjunto com a densidade e velocidade do escoamento. Pode ser evidenciada por tonalidades mais claras dos solos, exposição de raízes e queda da produtividade agrícola em consequência da perda do horizonte orgânico do solo.

O processo para desenvolvimento da erosão linear inicia-se com a erosão superficial, que, aos poucos, desenvolve a formação de canais permitindo, assim, um escoamento concentrado. Esses canais são chamados de sulcos e, em geral, têm profundidade e largura, inicialmente, pouco expressivas. Carvalho et al. (2006) afirmam que sulcos são pequenos canais, de até 10 cm de profundidade. O aumento da concentração de água em determinados sulcos faz que eles evoluam progressivamente em razão da ocorrência de pequenas rupturas, aumentando, assim, suas dimensões e evoluindo para as ravinas. Estas apresentam feições erosivas bem definidas.

Segundo Oliveira (1999), nas ravinas devem ser considerados mecanismos de erosão que envolvem movimento de massa, representados pelos pequenos deslizamentos de suas bordas, que contribuem para o aumento de suas dimensões. Oliveira (1999) observa, ainda, que as ravinas são normalmente de forma alongada, com profundidades variáveis, raramente são ramificadas e não atingem o nível de água subterrânea. Ao atingir o lençol freático, ocorre então

a contribuição das águas subterrâneas no processo erosivo, passando, assim, ao estágio de voçoroca.

Na Figura 2.11, podemos observar três tipos de feições erosivas: sulcos, ravinas e voçorocas, e na Fotografia 2.11, observa-se um exemplo de erosão linear em Ipojuca-PE.

Figura 2.11 – Erosão hídrica pluvial

Fonte: Llopis Trillo (1999 apud BANDEIRA, 2003).

Fotografia 2.11 – Exemplo de erosão linear (sulcos) em Ipojuca-PE

 Sulcos – são causados pela formação de canais sinuosos ao longo das linhas de fluxo de água ocasionada por chuvas de grande intensidade, em terrenos de elevada declividade, que podem aprofundar-se e formar ravinas.

 Ravinas – são grandes depressões no solo causadas pelo escoamento superficial da água em solos onde a vegetação é escassa que, ao persistirem no mesmo local por longos períodos, podem evoluir para voçorocas.

 Voçorocas – são canais esculpidos pelo afloramento do lençol freático, causados pela água da chuva e intempéries, em solos onde a vegetação é escassa e não protege mais o solo, que fica cascalhoso e suscetível de carregamento por enxurradas. É um processo erosivo com maior poder destrutivo, correspondendo à passagem gradual do processo de ravinamento até atingir o lençol freático, com surgências d’água.

2.2.1 Fatores condicionantes

Segundo Coutinho e Silva (2006), os processos erosivos são resultantes de um conjunto de fatores condicionantes naturais e antrópicos que influenciam no seu desenvolvimento. Os principais fatores naturais são chuva, topografia, geologia, solos e cobertura vegetal. Como fatores antrópicos, podemos destacar o desmatamento e as construções inadequadas.

A ocupação inadequada e desordenada estimula o desmatamento, a construção e expansão de núcleos urbanos irregulares por meio de cortes e aterros inadequados, sistema de drenagem deficiente, entre outros. Todas essas ações interferem e alteram o equilíbrio natural do solo, originando e aumentando a intensidade dos processos erosivos.

2.3 PROCESSOS HIDROLÓGICOS – INUNDAÇÃO, ENCHENTES, CHEIAS,

ALAGAMENTOS E ENXURRADAS

São desastres naturais que atingem, de forma significativa e constante, diversas comunidades, rurais ou urbanas, brasileiras e também no cenário mundial. Tais fenômenos naturais fazem parte de um ciclo normal e ocorrem, geralmente, como consequência de chuvas rápidas e fortes, chuvas intensas de longa duração e outros eventos climáticos – eventos meteorológicos extremos. Porém, podem sem intensificados por alterações feitas pelo homem, como intervenções urbanas, tais como retificação de canais e rios, impermeabilização do solo, desmatamento de áreas ribeirinhas e apropriação das planícies de inundação pela agricultura, indústria e cidades (CARVALHO; MACEDO; OGURA, 2007). Esses fenômenos naturais têm

ocorrido com elevada frequência e magnitude em áreas urbanas, causando significativos prejuízos à economia e perda de vidas humanas.

Segundo Cerri (1999), a inundação é um processo de extravasamento das águas de um curso d’água para suas áreas marginais (planície de inundação, várzea ou leito maior do rio) quando a vazão a ser escoada torna-se superior à capacidade de descarga da calha.

As águas de chuva, ao alcançar um curso d’água, causam o aumento na vazão por certo período de tempo. Esse acréscimo na descarga d’água tem o nome de enchente ou cheia. Ou seja, maior enchimento do canal de drenagem, contudo sem extravasamento de águas do canal (CARVALHO; MACEDO; OGURA, 2007).

Os alagamentos são acumulações momentâneas de águas na superfície de um terreno qualquer em razão das características do meio físico, mau funcionamento de obras de drenagem e escoamento e/ou precipitações pluviométricas de alta intensidade em regiões não associadas à hidrografia da região (CARVALHO; MACEDO; OGURA, 2007). Na Figura 2.12 e na Fotografia 2.12, observam-se, didaticamente, os processos de enchente, inundação e alagamento.

Já a enxurrada, é escoamento superficial concentrado e com alta energia de transporte. Geralmente esse fenômeno está associado a fluxo de detritos e até queda de blocos.

Figura 2.12 – Esquema para distinguir tipos de escoamento e acúmulo superficial de água (enchente, inundação e alagamento)

Fonte: Adaptado de Carvalho, Macedo e Ogura (2007). <http://www.cidades.gov.br/images/stories/ ArquivosSNPU/Biblioteca/PrevencaoErradicacao/Livro_Mapeamento_Enconstas_Margens.pdf>. Acesso em: 21 fev. 2016.

Fotografia 2.12 – Exemplos de processos hidrológicos em Ipojuca-PE

Fonte: Acervo Gegep, 4 mar. 2015.

A) registro de inundação; B) ocupações na margem do rio – enchente; C) alagamento no centro da cidade.