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Meta 16: Formar 50% dos professores da educação básica em nível de pós graduação lato e stricto sensu, garantir a todos formação continuada em sua

6.1 Fundamentação metodológica

6.2.2 CASO DE PORTUGAL

A segunda parte deste estudo foi realizado com catorze professores de Ciências Físico e Químicas do ensino Fundamental (básico) e Médio (secundário) da rede pública de Lisboa. Na Tabela 6.4, encontra-se uma caracterização geral dos professores em termos de curso de graduação, disciplinas lecionadas atualmente, horário letivo semanal e tempo de serviço total. Tal como no caso do Brasil, os professores foram identificados por um código (PP1, PP2, etc.).

Tabela 6.4 – Caracterização geral dos professores

3

A maioria dos professores tem no seu horário mais duas a três horas (depende da escola) de serviço de escola (por exemplo, apoio individual a alunos), que não é considerado hora letiva, ou seja, a lecionar a sua disciplina com uma turma em sala de aula.

Professor Curso de Graduação Disciplina (s)

Horário letivo semanal (horas)3

Tempo total de serviço (anos)

PP1 Licenciatura em Ensino de Química e Física (variante Química)

C. Físico- Químicas/Física e

Química A

20 11

PP2 Licenciatura em Ensino de Química e Física C. Físico-Químicas 22 8

PP3 Licenciatura em Ensino de Química e Física (variante Química) Físico e Química A 16 9

PP4 Eng. Química

C. Físico- Químicas/Física e

Química A

18 20

PP5 Eng. Química Físico e Química A 20 21

PP6 Eng. Química Industrial/Mestrado em Ciências da Educação

C. Físico- Químicas/Física e

Química A

18 19

PP7 Eng. Química Industrial/Mestrado em Química para o Ensino

C. Físico- Químicas/Física e

Química A

18 28

PP8 Eng. Física e dos Materiais C. Físico-Químicas/

Física 20 17

PP9 Eng. Química Industrial

C. Físico- Químicas/Física e

Química A

22 18

PP10 Licenciatura em Ensino de Química e Física C. Físico-Químicas 22 12

PP11 Licenciatura em Química/Mestrado em Didática das Ciências C. Físico-Químicas 22 14

PP12 Licenciatura em Química/Mestrado em Ciências da Educação Físico-Química A/ Química 20 24

PP13 Eng. Química/Mestrado em ensino de Física e Química C. Físico-Químicas 22 1

PP14 Licenciatura em Ensino de Química/Mestrado em Metodologia do Ensino de Ciências Físico-Química A/ Química 20 25

123 Como se pode ver pela Tabela 6.4, a maioria dos professores tem formação em Ensino de Química e/ou de Física e leciona a disciplina de Ciências Físico-Químicas no Ensino Básico e/ou Física e Química A do Ensino Secundário (Ensino Fundamental II e 1°/2° ano do Ensino Médio, respectivamente), existindo seis professores com formação na área da Engenharia Química, um em Eng. Física, lecionando este a disciplina de Física do Ensino Secundário (3°ano do Ensino Médio). Salientamos, igualmente, que seis professores possuíam uma pós-graduação na área da educação, nomeadamente mestrado.

Destes dados destacamos, igualmente, que a maioria dos professores tinha mais de dez anos de serviço. Estes participantes, ao contrário do caso do Brasil, já se conheciam em alguns casos. A maioria lecionava em escolas da zona metropolitana de Lisboa, situadas em pequenas cidades periféricas, mas na maioria dos casos próximas da cidade de Lisboa (Massamá, Odivelas, Sacavém, Brandoa, Almada, etc.). Na Tabela 6.5, encontra-se outro conjunto de dados que permite caracterizar estes participantes de uma forma mais ampla. Nesta tabela, encontram-se dados relativos ao nível de conhecimentos de Inglês e de Informática, que estes professores relatam ter, assim como, a existência ou não de laboratório de informática, suporte técnico e data-show na escola. Da mesma forma, apresentamos, por professor, a existência, ou não, de pressões externas para o uso destes recursos e os motivos que os levaram a frequentar esta formação, conforme depoimento deles.

124 Tabela 6.5 – Caracterização dos professores

Professor Nível de Inglês Conhecimentos de Informática Existência de laboratório de informática Existência de data- show Suporte técnico Pressão externa

Motivos para frequentar esta formação

PP1 Básico Básicos Sim Sim Não Não O tema ser interessante e útil.

PP2 Básico Básicos Sim Sim Não Não

Tema pertinente e atual; Aumentar o conhecimento sobre estes

recursos.

PP3 Básico Básicos Sim Sim Sim Não Tema relevante devido à utilização

mais acentuada em sala de aula.

PP4 Básico Básicos Sim Sim Não Não Aprender algo novo para ajudar a

preparar as aulas. Obter créditos.

PP5 Bom Médios Sim Sim Não Não

Aprender algo novo para ajudar a preparar as aulas e captar a atenção

dos alunos.

PP6 Médio Médios Sim Sim - - Aprender

PP7 Médio Básicos Sim Não Não Não Interesse pelo tema e não dominar

a área.

PP8 Médio Médios Sim Sim Não Não

Adquirir mais informação e conhecimentos sobre recursos

multimídia; Complementar recursos que já utiliza em sala de

aula.

PP9 Básico Médios Sim Sim Não Não Interesse pelo tema; Necessidade

de trabalhar os assuntos em causa.

PP10 Básico Médios Sim Sim Não Não

Importância dos recursos multimídia na sala para a

aprendizagem.

PP11 Bons Bons Sim Sim Não Não Tema interessante; Aumentar o

conhecimento nestes recursos.

PP12 Básico Básicos Sim Sim Sim Não Aperfeiçoar os conhecimentos

nesta área.

PP13 Médio Médios - Sim Não Não

Encontrar novas formas de motivar os alunos para estes conseguirem

bons resultados.

PP14 Médio Bons Sim Sim Não Não Aumentar o conhecimento

Deste conjunto de dados, constatamos que os professores estão interessados no tema e procuram desenvolver o seu conhecimento em geral, sendo estes os principais motivos que os levaram a inscrever-se na ação de formação. Não manifestam pressões externas para usar visualizações em sala de aula. Em termos de tecnologia, todos referiram ter disponível na escola um laboratório de informática e data-show, com exceção de um professor que menciona a inexistência de data-show. Não têm qualquer suporte técnico para o uso de tecnologia.

125 Estes catorze participantes faziam parte de um grupo inicial de vinte professores que se inscreveram no curso de formação, tendo três desistido logo no início. Restaram dezessete professores que completaram o curso, mas por problemas técnicos em um dos grupos, os registros audiovisuais ficaram com uma qualidade muito fraca para se conseguir fazer a transcrição. Sendo assim, restaram catorze professores que se dividiram em cinco grupos. A formação dos grupos, ao contrário do caso do Brasil, teve por base conhecimentos pessoais prévios que alguns destes professores tinham entre si, sendo que, por vezes, lecionavam na mesma escola. Sendo assim, agruparam-se de acordo com a escola de proveniência, ou amizade pessoal e não de acordo com os anos letivos que estavam a lecionar no momento, apesar de, em alguns casos, existirem professores da mesma escola que lecionavam a mesma disciplina e o mesmo ano letivo. Este fato levou uma das professoras, que não conhecia ninguém, a realizar a sequência didática individualmente, por opção própria.

Em relação à frequência de uso de visualizações, dez professores referiram que introduzem frequentemente estes recursos em sala de sala e quatro referiram muito frequentemente. A maioria dos professores menciona o uso de todo o tipo de visualizações, imagens estáticas, modelos concretos, animações, simulações e filmes, com exceção de uma professora que não menciona o uso de simulações e animações. Os conteúdos onde estes recursos são diversos: som, luz, astronomia, movimentos e forças, tabela periódica, modelos atômicos. No entanto, a maioria dos professores menciona o uso geral, ao longo do currículo de Química ou Física.

No que diz respeito à participação no curso, de uma forma geral todos os professores procuraram realizar as tarefas propostas ao longo do curso. Contudo, mostraram algum cansaço durante as sessões, uma vez que estas se realizavam ao final do dia (horário noturno), após um dia de aulas. Por este motivo, alguns professores tinham dificuldade em ser pontuais e manter a concentração ao longo de cada sessão. Contudo, como a maioria trabalhava na mesma escola, durante a semana tinham a possibilidade, ao contrário dos professores do Brasil, de se encontrarem presencialmente e elaborarem algumas das tarefas solicitadas durante as sessões em conjunto. Desta forma, formaram-se cinco grupos cuja constituição se apresenta na Tabela 6.6.

126 Tabela 6.6 – Constituição de cada grupo

Grupo Professores A PP12 PP13 PP14 B PP4 PP5 PP6 C PP7 PP8 PP9 PP10 D PP1 PP2 PP3 E PP11

O Grupo A é formado por três professoras, duas das quais tinham uma grande experiência e uma terceira, com apenas um ano de experiência profissional. Ambas apresentavam uma pós-graduação na área de educação e já se conheciam previamente. Mostraram-se muito interessadas e empenhadas na temática, contribuindo com frequência durante as sessões de formação para as reflexões efetuadas em grupo, nomeadamente PP12 e PP14. Decidiram escolher o conteúdo “Equilíbrio Químico”, que ambas as professoras PP12 e PP14 estavam a lecionar para elaborar a sequência didática. Este grupo não só efetuou a utilização da sequência em sala de aula, pela professora PP14 com a presença de PP12, como pôs em prática uma atividade investigativa para perceber o impacto do uso de um recurso multimídia (simulação) como uma estratégia de ensino na compreensão do conceito de equilíbrio químico. Apresentaram uma sequência didática, rica em detalhes, assim como, um relatório completo da aplicação da sequência didática em sala de aula.Durante a comunicação oral com todo o grupo em formação, apresentaram toda a sequência de ensino, conteúdos abordados, recursos usados, estratégias, resultados obtidos a partir da atividade investigativa. Mostraram grande empenho e dedicação na elaboração de sequência, na sua aplicação e na partilha dos resultados.

O Grupo B era constituído por três professoras da mesma escola que trabalhavam juntas frequentemente, por isso, mostraram-se sempre um grupo unido e colaborativo.

127 Revelaram um interesse pessoal no tema e, apesar de por vezes acusarem algum cansaço de final de dia, tentaram contribuir para as reflexões e atividades realizadas durante as sessões de formação. Todas possuem grande experiência profissional, cerca de vinte anos de ensino cada uma, conhecem bem os alunos, a escola e os seus recursos. Decidem elaborar uma sequência de ensino sobre um conteúdo da disciplina de Ciências Físico-Químicas do Ensino Básico (8º ano), intitulado o “Som”, que somente a professora PP6 estava a lecionar no momento, mas que todas costumam lecionar em outros anos. Por este motivo, a sequência foi aplicada em duas turmas desta professora. Apresentam, igualmente, uma sequência didática detalhada e um relatório da aplicação em sala de aula.

O grupo C era igualmente constituído por quatro professoras da mesma escola, todas com mais de dez anos de experiência profissional, em que duas das professoras possuíam uma pós-graduação. Mostram-se interessadas na temática e procuraram envolver-se nas atividades realizadas durante a formação. Escolheram, para elaborar a sequência didática, um tema que estava a ser lecionado por duas das professoras (PP8 e PP9), tendo sido a sequência aplicada em uma das turmas da professora PP9. À semelhança do grupo B, também apresentam uma sequência didática detalhada e um relatório da aplicação em sala de aula.

Relativamente ao grupo D, este era constituído por três professoras que não lecionavam na mesma escola, mas já se conheciam pessoalmente antes desta ação de formação. Possuíam entre oito e onze anos de experiência profissional e participaram de uma forma irregular nas sessões de formação, nomeadamente as professoras PP1 e PP3. À semelhança do grupo anterior, escolheram o tema “Eletricidade”, do 9° ano do Ensino Básico, para desenvolverem a sequência didática. Este tema estava a ser lecionado por duas das professoras do grupo (PP1 e PP2) e a sequência didática foi implementada pela professora PP2. Apresentam, tal como os grupos B e C, uma sequência didática detalhada e um relatório da aplicação em sala de aula.

O Grupo E, na realidade não é um grupo, embora tenhamos mantido esta designação por questões de apresentação dos resultados, dado que é formado por uma única professora (PP11) que acabou por ficar sozinha quando os grupos se formaram espontaneamente com base em relações pessoais anteriores à ação de formação. Apesar de ter sido sugerido à professora que se juntasse a um dos grupos, esta preferiu ficar sozinha afirmando que se sentia à vontade para elaborar sozinha a sequência. Sendo assim, a sua vontade foi respeitada. Esta professora decidiu elaborar uma sequência didática, abordando, tal como o Grupo B, o tema o “Som”, conteúdo programático do 8° ano do Ensino Básico, tendo a sequência sido

128 aplicada a 3 turmas do referido ano de escolaridade. A professora apresenta uma sequência bem detalhada, além de um relatório sobre a aplicação em sala de aula.