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De acordo com Mey e Silveira (2009, p. 12), “o catálogo é um meio de comunicação, que veicula mensagens sobre os registros de conhecimento, de um ou vários acervos, reais ou ciberespaciais, apresentando-as com sintaxe e semântica próprias e reunindo os registros do conhecimento por semelhança, para os usuários desses acervos”. Segundo esta autora, os catálogos se dividem entre manuais ou automatizados. Os catálogos manuais são os apresentados em ficha, também em folhas soltas ou em livros, antigamente, mas que nos últimos anos não têm sido mais utilizados. Já os catálogos automatizados são os apresentados em linha, conectados a uma rede ou a um servidor. Assim, ainda segundo Mey e Silveira (2009), os catálogos manuais têm a limitação de serem consultados apenas no espaço da biblioteca, dentro de seu horário de funcionamento. Em contrapartida, os catálogos automatizados em rede podem ser consultados fora da biblioteca, independentemente de seu horário de funcionamento.

Mey e Silveira (2009) destacam que os catálogos automatizados proporcionaram inúmeras facilidades aos seus usuários, como oferecem maior rapidez na atualização dos catálogos e na busca, reúnem maior número de itens, entre outros benefícios. Entretanto, as autoras fazem um alerta para alguns pontos: 1) os catálogos podem se apresentar incompreensíveis aos usuários; 2) pode-se encontrar muitas falhas na busca, como na estratégia ou na recuperação; 3) o número de usuários pode ser maior que o número de terminais, o que pode ser irritante e sem saída.

aos usuários um sistema de qualidade e de agradável utilização, além do principal que é tornar a informação acessível a todos, sem imposição de barreiras, independente da condição individual do usuário.

De acordo com Silva (2007), é indispensável o desenvolvimento de sistemas que tornem a pesquisa mais eficaz e rápida visando o melhor atendimento nas bibliotecas, utilizando-se das tecnologias da informação e comunicação e do que elas oferecem. As bibliotecas têm o dever de proporcionar o acesso à informação. Esta autora faz um comparativo entre os catálogos em linha e os motores de busca, muito utilizados pelos usuários nos últimos tempos, e afirma que estes são aliados na busca pela informação e podem se tornar importante complemento aos catálogos. No entanto, a autora expõe que “a pesquisa por assunto constitui uma das mais frequentes formas de recuperação da informação nas bibliotecas, constituindo-se o catálogo uma importante ferramenta de trabalho, que deve ser gerida em função do tipo de público a que se destina, contribuindo para uma maior autonomia dos utilizadores” (SILVA, 2007, p. 2). Sendo o catálogo indispensável na busca pela informação.

Silva (2007), quando se refere ao catálogo das Bibliotecas Municipais de Oeiras, Portugal (BMO), afirma que:

O catálogo tende progressivamente a constituir-se como um metacatálogo que disponibiliza a informação existente fisicamente nas BMO, mas também a que se encontra na web, oferecendo aos seus utilizadores funcionalidades semelhantes às dos motores de pesquisa. Nalguns aspectos poderá mesmo vir a superar as potencialidades destes, pois a taxa de recuperação da informação no catálogo é superior à dos motores de pesquisa. Tudo isto se fica a dever ao facto da indexação nas BMO ser feita com base numa linguagem controlada e utilizar os registos de autoridade que ajudam a manter a coerência da análise de conteúdo, e, consequentemente, da pesquisa, o que não acontece com os motores de busca (SILVA, 2007, p. 6).

Lazzarin e Sousa (2015) também discutem essa questão da utilização dos motores de busca e dos catálogos em linha e frisam as características deste em função do outro no seguinte aspecto: o OPAC indica a existência de uma obra e aponta a sua localização física com alguns recursos como a busca facetada, identificação de documentos por meio de sua autoria, filtros de busca, recuperação de documentos de assuntos relacionados, utilização de indexação por meio de vocabulários controlados e tesauros, entre outros.

Estes autores apontam também outras características interessantes atribuídas, ultimamente, aos catálogos em linha como a adoção de tecnologias interativas de redes

sociais as quais possibilitam os usuários se comunicarem entre si e compartilharem informações, manter comunicação com o próprio serviço do catálogo e apontarem sugestões de descritores, por exemplo. Segundo Lazzarin e Sousa (2015), John Blyberg atribuiu aos catálogos que possuem estas características a denominação de Social OPAC1, ou mesmo SOPAC, em um sítio para aplicativos voltados para estes catálogos que passam a utilizar recursos da Web 2.0.

De acordo com Vieira e Baptista (2010), o SOPAC apresenta uma série de inovações jamais vistas em um OPAC e objetivaram analisar a interação do usuário com sistemas sociais na internet para saber o perfil que o SOPAC precisa para aproveitar a colaboração dos usuários de internet. Estes autores alertam ainda para o fato de que, no Brasil, o SOPAC não é uma realidade e sinalizam que as bibliotecas que adotam sistemas nacionais cobrem que sejam desenvolvidas funcionalidades em seus sistemas de automação que enriqueçam os seus OPACs e proporcionem espaços mais interativos e colaborativos.

3.3.1. AVALIAÇÃO EM CATÁLOGO PÚBLICO DE ACESSO EM LINHA

Segundo Figueiredo (1994), Krikelas, em sua revisão de 1972, encontrou na literatura americana cerca de 54 estudos de usuários de catálogos. O primeiro estudo encontrado no Brasil foi o de Maria Letícia Lima, no ano de 1979, que foi apresentado na Segunda Reunião Brasileira de Ciência da Informação. Depois deste, houve a dissertação de mestrado de Marysia M. Fiuza, publicada, em 1981, pela Revista da Escola de Biblioteconomia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Kafure (2004) em sua tese sobre “Usabilidade da imagem na recuperação da informação no catálogo público de acesso em linha” trabalhou o estado-da-arte no domínio da imagem do OPAC, a análise da tarefa dos usuários na recuperação da informação e apresentou recomendações a respeito do aumento da usabilidade dentro do contexto da concepção de Interface Humano-Computador (IHC) do OPAC.

Gusmão et al. (2009) observaram que o OPAC passou de catálogo em ficha em formato digital para se tornar a fonte mais rápida e eficiente nas buscas pelos documentos por meio de consultas sobre títulos, autores, coleções, edições, entre outros. Isso contribuiu para a mudança nos serviços e produtos oferecidos pelas bibliotecas e

mudou também a relação entre usuário e biblioteca. Estes autores realizaram uma avaliação no catálogo da Biblioteca do Centro de Ensino Superior de Rondonópolis (CESUR) partindo do ponto de vista dos seus usuários. Por meio da aplicação de questionários, obtiveram o resultado de que o catálogo atende satisfatoriamente as necessidades dos seus usuários, que em sua maioria conhecia o OPAC e havia recebido treinamento para isso.

As falhas apontadas foram relacionadas à utilização dos nomes incorretos dos autores ou títulos e à não participação de alguns usuários nos treinamentos da biblioteca. Além disso, os autores apresentaram algumas sugestões para o melhor atendimento aos usuários, entre eles: 1) maior divulgação; 2) distribuição de manual de utilização do catálogo; 3) links para salvar os resultados de busca. No entanto, os autores não citam a questão da utilização do catálogo por pessoas com deficiência.

Figueiredo (1994, p. 95) frisa que deve-se considerar soluções que previnam as falhas no uso do catálogo pelos usuários, levando-os a descobrir o seu próprio erro, no caso de referências erradas, e auxiliando-os no manuseio de fontes secundárias, como índices e citações. Segundo esta autora, grande parte das falhas dos usuários provém do seu desconhecimento quanto ao uso do catálogo. Assim, o usuário necessita de maiores orientações quanto a isso e aos recursos oferecidos pela biblioteca que podem vir por meio de guias, sinalização, entre outros.

Segundo Winckler e Pimenta (2002), para escrever um texto que será em linha deve-se observar que os usuários não leem palavra por palavra e sim procuram informações destacadas e alternam entre blocos de texto, “passando a vista” ou “lendo na diagonal”. O texto deve ser fácil de "passar a vista", incluindo elementos como tabelas de conteúdo, índices, listas numeradas, usando títulos e subtítulos significativos; também deve ser conciso, com linguagem direta; e deve ser objetivo, evitando jargão "promocional" de marketing e vendas.

Lazzarin e Sousa (2015, p. 77) discutem a acessibilidade digital dos catálogos em linha das bibliotecas universitárias para pessoas com deficiência visual e afirmam que “a acessibilidade é parte integrante e essencial dos ambientes informacionais digitais, onde pessoas com necessidades especiais devem ter condições semelhantes às pessoas que não têm as mesmas restrições”. Eles analisaram a acessibilidade digital por meio do sistema automático Access Monitor e também por meio da revisão direta por parte dos autores do catálogo do Sistema de Gestão de Atividades Acadêmicas (SIGAA) da Universidade Federal da Paraíba e apresentam algumas recomendações:

[...] para um bom atendimento às pessoas com deficiência ao OPAC, especialmente, às pessoas com deficiência visual, compreendemos que é necessário que haja um planejamento que contemple recomendações para acessibilidade para conteúdos Web, com o desenvolvimento de uma interface que maximize a disseminação da informação aos diversos públicos. Necessita-se considerar vários pontos, destacando- se entre eles: os conteúdos que não forem textuais devem ter alternativas em texto de forma clara e concisa; orientação ao usuário de forma a conduzi-lo ao início do conteúdo principal; elementos semânticos para marcar a estrutura; eliminar ambiguidades tais como ocorrem no combobox da interface que tem as mesmas alternativas para a caixa de biblioteca e para a caixa de coleções, gerando desorientação ao usuário; indicação do idioma principal prédefinido no cabeçalho do conteúdo Web, entre outros (LAZZARIN; SOUSA, 2015, p. 89).

E ainda, afirmam que “deve haver um acervo com obras digitais e digitalizadas para pessoas cegas. Assim, as dificuldades enfrentadas por estes usuários poderão ser minimizadas e suas necessidades melhor compreendidas” (LAZZARIN; SOUSA, 2015, p. 89). Segundo estes autores, o acesso à informação pode ser garantido com a implementação de catálogos em linha nas bibliotecas universitárias, pois contribuem para a disseminação da informação. Porém, é imprescindível a adoção de princípios básicos de acessibilidade para reduzir as barreiras informacionais que as pessoas com deficiência, especialmente as pessoas com deficiência visual, enfrentam.