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5. DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA

5.1. PERFIL DO USUÁRIO

5.1.2. NECESSIDADES DE INFORMAÇÃO

Os participantes da pesquisa com baixa visão fazem leitura em tinta. Todos informaram fazer esta leitura com fonte ampliada. Quatro afirmaram sempre fazer leitura em tinta. Dois disseram que a fazem às vezes. E um relatou que quase nunca faz. Nenhum destes participantes sabe fazer leituras em Braille. No entanto, todos afirmaram achar muito importante este Sistema. Três deles disseram ter até interesse em aprender a ler em Braille, destes, duas afirmaram se preocupar com a perda da visão e que aprender a ler em Braille traria um pouco mais de tranquilidade. Uma destas participantes afirmou que “tenho interesse em aprender Braille porque a médica disse que tenho grandes chances de perder a visão e me preocupo muito com isso”.

A única participante que sabia ler em Braille foi a que teve perda da visão total. Mas ela afirmou não gostar e disse que quase nunca faz leitura em Braille porque a considera mais demorada. Segundo ela, “tem que praticar”, “é meio preguiçoso e quase não tem quem leia mais”. No entanto, ela acha muito importante porque é um meio para o conhecimento.

Quase todos os participantes utilizam informação em áudio, apenas uma participante informou não utilizar. Dentre as finalidades da informação em áudio está a de estudar para concursos públicos por meio das aulas em áudio (áudio-aulas). Segundo o participante João, “é mais fácil estudar matérias como as das áreas de direito constitucional e de direito penal em áudio do que em papel”. Outras finalidades também são a de “ler” os audiolivros, estudar os materiais gravados durante as aulas e os materiais e livros gravados pelos ledores.

Quase todos os participantes da pesquisa utilizam informação digital. Dentre estes, todos usam este tipo de informação há mais de três anos, uns até há mais de dez anos. Quanto aos dispositivos que eles utilizam foram informados o computador, o tablete e o smartphone.

Uma usa apenas o tablete, não usa nem computador e nem smartphone porque resolve tudo por meio dele. Um participante usa apenas o computador para acessar informação digital, ele possui smartphone, mas afirmou não usar para informação digital. Segundo ele, não é adepto ao uso dessas tecnologias fora de casa, a todo tempo, porque “as pessoas ficam muito bitoladas”. Então, ele costuma usar apenas pelo computador, em casa. Quatro participantes informaram usar tanto o computador quanto o smartphone para acessar informação digital. E uma afirmou usar os três tipos de

dispositivos (computador, tablete e smartphone) para utilizar informação digital.

Assim, seguindo uma escala crescente de preferência quanto aos dispositivos utilizados para acessar informação digital os dados informados pelos participantes foram os que eles preferem primeiramente o computador, depois o smartphone e por último o tablete.

De modo geral, quatro participantes informaram preferir o computador para acessar a informação digital, dois disseram preferir o smartphone e uma afirmou preferir o tablete. Dois participantes relataram que esta preferência depende do tipo de informação digital que eles irão acessar. Se forem leituras maiores, mais densas, como as atividades do curso, eles preferem o computador porque tem a tela maior. No entanto, se forem atividades como ouvir música, assistir vídeos, eles preferem mais o smartphone por ser mais fácil de manusear.

Dos participantes que informaram utilizar informação digital, todos tem baixa visão. A participante que teve a perda total da visão afirmou não utilizar informação digital porque não tem familiaridade com as novas tecnologias. Segundo ela, não é fácil aprender, teria que ter alguém que se dedicasse a ensiná-la.

Entre os participantes que usam informação digital, quatro afirmaram utilizar o recurso especial para dispositivos digitais de aumento de tela e um afirmou usar o recurso de contraste. Nenhum deles usa programas como recurso para acesso à informação digital, como leitor de tela.

Dentre os participantes com baixa visão, cinco usam recursos ópticos como os óculos. Quatro usam lupa, mas afirmaram não usar muito por ser desconfortável, porque tem que ficar segurando. E um usa o monóculo, mas disse usar raramente.

O Quadro 7 mostra os recursos ópticos mais utilizados pelos participantes com baixa visão.

Quadro 7. Recursos ópticos para acesso à informação

Recursos Número de participantes que utilizam

Óculos 5

Lupa 3

Monóculo 1

Com referência ao tipo de informação digital que os usuários acessam, quatro relataram fazerem pesquisas acadêmicas, quatro citaram o e-mail, quatro informaram ouvir música, três disseram que acessam as redes sociais, dois leem livros, dois utilizam jogos, um assiste filme e outro usa para entretenimento. Dois apontaram usar o Youtube. Uma disse acessar o sítio do IFB e sítios para concursos públicos e outro informou usar para acessar vídeo-aulas voltadas para a área do seu curso.

Quando questionados se havia algum tipo de informação que os participantes gostariam de acessar, mas que considerassem que não estivesse digitalmente acessível quatro informaram que não havia e quatro relataram que havia. Para estes, não estão digitalmente acessíveis o sítio da Câmara dos Deputados, o Portal da Transparência, alguns sítios do governo, livros de modo geral, livros de literatura e textos acadêmicos. Segundo eles, há muito materiais digital, mas a maioria deles é escaneada e que isso dificulta o acesso, porque perde a qualidade, a resolução fica ruim.

Quanto a preferência de todos os participantes entre informação em áudio, digital, Braille ou em tinta quatro informaram preferir a informação em tinta, três preferem a informação digital e uma prefere a informação em áudio.

Quanto aos dispositivos que os participantes possuem e a frequência em que eles utilizam, o computador foi o que a maioria informou possuir, sete participantes. Destes, quatro utilizam todos os dias, um usa três vezes na semana, uma usa duas vezes na semana e uma não utiliza, apesar de ter o dispositivo em casa. Segundo ela, precisaria de alguém que a ensinasse a utilizar o computador. A participante que não tem computador em casa afirmou que resolve tudo pelo seu tablete, por isso não considera precisar.

O smartphone foi o segundo dispositivo mais utilizado, seis participantes. Dentre eles, cinco utilizam todos os dias e um usa três vezes na semana. Entre as duas participantes que não possuem smartphone, uma afirmou utilizar o seu tablete e a outra disse que gostaria de ter um smartphone, mas que não sabe usar e precisaria de alguém para ensiná-la.

O tablete foi o terceiro dispositivo citado, três participantes utilizam. Destes, duas utilizam todos os dias e uma utiliza raramente.

Apenas a participante com cegueira informou utilizar outro dispositivo, o gravador, e disse que o utiliza todos os dias para gravar as aulas do curso.

Todos os participantes fizeram algum curso de informática. Seis informaram que não sentem dificuldades com a informática e consideram a sua prática avançada. Duas

participantes afirmaram sentir dificuldades com a informática. Uma não utiliza por não saber e a outra considera estar no nível iniciante ainda.

Quanto ao tipo de informação que os participantes consideram importantes para o seu desenvolvimento pessoal eles informaram: literatura; livros para concurso; informações acadêmicas; idiomas; notícias; informações relacionadas aos cursos; atualidades; política; livros de autoajuda; e a Bíblia.

Quando questionados sobre como, onde ou com quem eles procuram a informação que desejam ou precisam, os participantes com baixa visão afirmaram pesquisar no Google. A participante com perda de visão total afirmou se recorrer aos ledores. Segundo ela, “eles são quem traz a informação para nós”. De todos os participantes, cinco afirmaram sentir alguma dificuldade para conseguir esta informação. Dois informaram ter mais dificuldades relacionadas mais ao assunto pesquisado. Uma afirmou que depende de onde ela pesquisa, se for do Google ela tem facilidade, mas se for do Moodle, por exemplo, ela tem dificuldades. Outro relatou que depende do que ele está buscando se for informação como notícias ele considera fácil, mas se forem textos acadêmicos ele considera mais complicado, segundo ele, “geralmente, a qualidade é péssima, porque eles são escaneados. Se fossem digitalizados ou mesmo transformados em Word seria melhor”. A participante com cegueira disse ter muita dificuldade para acessar a informação de modo geral, pois precisa da ajuda de colegas de aula e dos ledores.

Para os participantes a informação é “acesso”, é “porta”, é a “busca pelo conhecimento”, “é tudo, o veículo de comunicação está na informação”, enfim, “é tudo que acrescente alguma coisa ao seu conhecimento”.

Estes dados que acabaram de ser descritos foram levantados com o intuito de atender ao primeiro objetivo específico desta pesquisa que foi o de identificar o perfil dos usuários com deficiência visual. A seguir, serão descritos os dados obtidos referentes à descrição e avaliação do OPAC por meio do validador automático.