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Categoria 10: Tecnicamente quais os fatores tiveram influência para o

4. Apresentação e Discussão dos Resultados

4.4. Aspectos de Implantação de Sistema ERP

4.4.3. Categoria 10: Tecnicamente quais os fatores tiveram influência para o

a- Nível Estratégico (Entrevistados B e D)

No nível estratégico, principalmente pelo entrevistado B, ficou clara a falha técnica tanto dos colaboradores da empresa quanto dos consultores, pois não foram escolhidos os funcionários seniores das áreas, devido ao fato de ter havido alterações no time. Na opinião dos entrevistados, foi um conjunto de fatores que influenciou os fatores de insucesso em termos técnicos, como funcionários novos sem conhecimento da empresa e de seus processos e consultores sem experiência suficiente para a localidade (Argentina) e para o segmento de mercado (autopeças).

Para o entrevistado B (Vice-Presidente Financeiro), a maior falha também foi a questão da mudança de equipes, que trouxe deficiências técnicas, pois pessoas que talvez não conhecessem a empresa e o processo eram justamente aquelas que estavam definindo os processos para o sistema novo. Em sua visão, outro ponto falho foram os consultores, que deveriam ter experiência no setor e experiência local maior do que a demonstrada. Para exemplificar, o entrevistado explicou o problema de cálculo de impostos, que não foi desenhado corretamente e, em alguns casos, sequer foi desenhado, pois a pessoa que estava definindo o sistema não tinha conhecimento da legislação local e o consultor, que deveria estar atento a isso, não alertou a empresa para o fato. Concluindo, o entrevistado afirmou que faltou senioridade dos consultores e dos usuários-chave em relação aos aspectos técnicos.

... porque quem tava definindo o processo no que se refere a isso não tinha o conhecimento local do que era preciso, então este é um caso típico, e ao mesmo tempo, não tinha o consultor que deveria ta desempenhando seu papel de consultoria dizendo, olha não vai por ali que ali tem um abismo, você tem que fazer isso daqui...(entrevistado B)

Para o entrevistado D (Diretor de Compras), no momento da entrevista, ele considerava que as pessoas já estavam mais bem preparadas. Porém, em sua visão, no início do processo de implantação, ninguém conhecia nada sobre o processo de implantação nem sobre como manusear o sistema.

... hoje sim, no inicio não, no início ninguém nunca tinha visto, ninguém nem sabia abrir o sistema direito, agora eu acho que já esta melhor...(entrevistado D)

b- Nível Tático (Entrevistados C, G e I)

No nível tático, também ficam claras as falhas técnicas relacionadas à implantação, seja por parte dos colaboradores da empresa, seja por parte dos consultores. Apontou-se que a alteração de pessoas no time, a falta de conhecimento dos procedimentos da empresa (de ambos os lados) e a falta de conhecimento das obrigações legais do país geraram uma mescla de problemas técnicos que estão aparecendo ao longo do tempo. Conforme já visto em questões anteriores, os entrevistados mencionam como fator de insucesso o fato de haver peculiaridades técnicas relacionadas a um determinado cliente que não foram levadas em consideração desde o princípio.

Para o entrevistado C ( Gerente de Sistema), houve problemas técnicos tanto por parte dos usuários quanto por parte da consultoria. Como exemplo, ele contou sobre um desenvolvimento de um leitor de código de barras cujos usuários são os operários de chão de fábrica. O "software" foi desenvolvido para ser manipulado numa tela pequena e com menu de opções, para um usuário de produção, que tem seu tempo cronometrado. Ele aumentaria ainda mais seu tempo de trabalho em fazer uma opção no leitor, além do grau de dificuldade de uso, devido ao seu posto de trabalho. Isso foi considerado pelo entrevistado como sendo falha da empresa que desenvolveu o aplicativo, que deveria propor algo de fácil entendimento devido ao público alvo. Além

desse fator, foi feito o treinamento para somente um usuário, sendo que a planta possui cerca de 30 usuários. O entrevistado apontou que, do ponto de vista da empresa SAP, não existem problemas técnicos, pois o sistema foi totalmente customizado e o ponto principal é o treinamento aos usuários.

... então houve algumas falhas tecnicamente, tanto para o lado pela empresa que implantou e da pessoa que levantou a necessidade de fazer, então acho que houve uma grande falha tecnicamente...(entrevistado C)

Para o entrevistado G ( Gerente da Planta),os responsáveis pela implantação subestimaram o que tinha que ser feito, que não era uma implementação-padrão do SAP, mas sim uma implementação customizada, para atender ao requerimento do cliente especifico, algo que até hoje não se cumpriu. Ele aponta que a nova solução técnica proposta dentro do sistema SAP não atende ao requerimento do cliente interno, que é a área de Finanças, ou seja, é uma solução para o sistema e não para a empresa.

...é uma implantação de SAP customizada e para um cliente que tem um sistema bastante complexo como é o caso da Volkswagen, esta é a parte técnica que eu vejo, que até hoje não funciona bem... (entrevistado G)

Para o entrevistado I (Gerente de Controladoria), houve vários fatores de insucesso em termos técnicos. Um deles é que não se tinha conhecimento da cultura, não só da cultura da companhia, mas também da companhia anterior (a mesma empresa, mesma planta, antes da compra pela BETA), que era pequena e paternalista. Argumenta que, se durante a implantação se tivesse mantido uma figura de gestão que reforçasse esse tipo de gestão, poderia ter havido sucesso na implantação, pois as decisões estavam muito descentralizadas.

Outro ponto apontado pelo entrevistado foi que existiram solicitações na implantação que foram vistas como mero capricho dos gerentes para suas áreas, o que impactava na disponibilidade de cada gestor perante a implantação. Além disso, apontou que a extensão do prazo do projeto, acima de implementações normais, caracterizado pelas alterações de pessoas na equipe e na consultoria, gerou desconexões e foi um fator de insucesso.

Do ponto de vista técnico, havia muito desconhecimento da cultura organizacional bem como dos procedimentos de trabalho na planta, o que levou a

implantar-se um procedimento-padrão do sistema, que gerou desconexão com as pessoas, pois, em um dado momento, elas já não sabiam mais como fazer seu trabalho. Como exemplo disso, o entrevistado afirmou que foi até o chão de fábrica para explicar aos funcionários de operação como deveriam fazer o seu trabalho nesse novo sistema− atividade totalmente fora do padrão de suas atribuições de cargo. Todavia, o fez porque identificou essa ação como importante para mostrar para o nível operacional que todos os níveis da empresa estavam empenhados em ajudar e implementar o sistema na fábrica. Em consonância com isso, o entrevistado aponta que, com tantas alterações de pessoas e adequações no sistema, foram feitos quatro ou cinco treinamentos após a implantação− o que deveria ter sido feito antes.

O entrevistado também cita que foram detectados erros de lógica dentro da configuração do sistema, alguns fáceis de arrumar, outros impossíveis. Ainda em termos de especificação técnica, afirmou que relatórios que eram devidos por conta da legislação do país não foram gerados e que ninguém sentiu falta deles no sistema, porque as pessoas não tinham conhecimento técnico para criticar. Em resumo, o entrevistado disse que foram vários os fatores técnicos: (1) falta de conhecimento; (2) falta de instrução no direcionamento do projeto, de modo geral− não foi um ponto que se tomou de atenção na implementação o fator técnico, que resultou mais em fracasso do que em êxito; (3) não foram geradas as habilidades após a implantação, para que as pessoas pudessem depois executar seu trabalho sem a necessidade de um consultor de suporte explicando sempre como se deve executar as tarefas.

... digamos que houve vários fatores técnicos: falta de conhecimento, falta de instrução de direcionamento do projeto, em geral foi para pior, em alguns casos foi para melhor, porque se atingiu uma maior visibilidade em certas coisas, mas digamos que em termos gerais se pode dizer que os aspectos técnicos na implantação foi um coisa que não esteve muito bem considerada, foi um fator mais de fracasso do que de êxitos...(entrevistado I)

c- Nível Operacional (Entrevistados E, H e J)

No nível operacional, as falha técnicas apontadas foram relacionadas aos consultores, à falta de suporte, ao conhecimento e à clareza das informações por parte dos consultores. Nesse nível hierárquico dos entrevistados, não foram levadas em conta as peculiaridades da planta e isso gerou as dificuldades que os usuários enfrentaram nos

dias que se seguiram à implantação (situação encontrada à época da entrevista, novembro de 2013).

Para o entrevistado E (Analista de SAP América do Sul), é necessário ter consultores bons, pois eles não devem somente configurar o sistema, mas sim sugerir mudanças, guiar o usuário, procurá-lo e também cobrá-lo. Em sua opinião, o nível técnico dos consultores da Argentina não foi adequado. Como exemplo, ele cita a transferência de problemas para os colaboradores da Beta da área de TI, enquanto os problemas poderiam e deveriam ter sido resolvidos pelos próprios consultores. Assim como o entrevistado C (Gerente de Sistema), apontou o problema dos leitores de códigos de barras, bem como o fato de que a Planta de Pacheco possui muitas peculiaridades. Aponta que foram muitos erros e que geraram aprendizados.

...Pacheco teve muitas coisas diferentes, a próxima a gente sabe até como fazer, isso é o ponto bom de que você erra, mas tem que aprender alguma coisa...(entrevistado E)

O entrevistado H (Analista de Custos) afirmou que não tem ponto de êxito para o aspecto técnico, pois, antes de implantar o sistema, não se estudou bem como funcionava o negócio e a empresa. Implantou-se um sistema padrão que pode servir para outras empresas, mas não para a Planta de Pacheco, que tem muitas peculiaridades, principalmente as relacionadas com um certo produto de um cliente específico. Isso foi um fracasso: deveria ter um líder da própria empresa ajudando as pessoas.

...para mim o fracasso se deu quando se implantou o sistema e não se pensou, não se tomou o tempo para estudar bem como funciona o negócio...(entrevistado H)

O entrevistado J (Analista de Contas a Pagar) afirmou que o treinamento no início não foi bom e foi insuficiente porque os consultores não estavam abertos à consulta, não estavam envolvidos e identificados com o projeto. Isso tudo gerou um início muito ruim.

... não havia nenhuma consulta nem comunicação, não estavam muito identificados no projeto, ai já começou mal...(entrevistado J)