• Nenhum resultado encontrado

3. METODOLOGIA DE PESQUISA

3.8. Categorias de análise

O critério de categorização utilizado foi o semântico, ou seja, os elementos (palavras, frases, trechos etc.) que refletem a presença de determinada categoria são agrupados na respectiva área temática.

A construção das categorias de análise teve por base o referencial teórico adotado, assim como as fontes de consulta utilizadas para esta pesquisa. Para atingir os objetivos do trabalho foi utilizado um conjunto de seis categorias analíticas: 1) intersetorialidade, 2) relações federativas, 3) participação social, 4) territorialidade, 5) capacidades relacionais, 6) stakeholders.

As quatro primeiras categorias (intersetorialidade, relações federativas, participação social, territorialidade) consistem em componentes que podem ser usados como elementos analíticos para a compreensão de arranjos institucionais de coordenação de políticas públicas existentes no âmbito do Programa Água para Todos. Baseia-se na literatura relacionada a governança, neoinstitucionalismo e arranjos institucionais (ver quadro 4) e nas categorias propostas por Lotta e Favareto (2016).

A quinta categoria considerada nesta pesquisa refere-se às capacidades relacionais. Procura refletir a perspectiva de análise da existência, ou não, de processo de interação qualificada entre os múltiplos atores interessados na implementação do Programa Água para Todos e quais fatores podem contribuir para a sua formação. É baseada na literatura sobre governança e capacidades estatais, com destaque para as proposições de Gomide e Pereira (2018) que ressaltam a importância das capacidades relacionais no processo de coordenação de políticas públicas intersetoriais complexas.

A sexta categoria analítica da pesquisa trata do papel dos stakeholders objetivando identificar os atores, assim como sua influência no processo de formulação e implementação do Programa Água para Todos, a fim de compreender suas dinâmicas e contribuições. Baseia- se na literatura relacionada a Teoria de Stakeholders, conforme descrito no Quadro 4.

Desta maneira, aqui serão consideradas estas dimensões por abarcarem de forma mais específica a situação do programa, incorporando formas de coordenação com diversos tipos de atores envolvidos na produção de políticas públicas.

Portanto, a pesquisa foi realizada com o seguinte conjunto de seis categorias e respectivas subcategorias para análise, conforme detalhado a seguir:

1. Intersetorialidade:

Considera a articulação entre diferentes setores nos processos de formulação, implementação e monitoramento do Programa Água para Todos. Podem ocorrer diferentes graus de materialização da intersetorialidade. Trabalha com as seguintes subcategorias: 1.1 -Formulação: Nesta subcategoria procura-se verificar se a integração entre diferentes setores organizacionais ocorre no processo de planejamento e desenho da política.

1.2 -Implementação: busca verificar se as experiências de integração se tornam concretas em uma ação coordenada no processo de implementação.

1.3 –Monitoramento: Verifica se a intersetorialidade ocorre no processo de monitoramento conjunto de diferentes ações relacionadas a um mesmo tema, região ou população.

2. Relações Federativas:

Considera a incorporação das relações entre os diferentes entes federativos na tomada de decisão, ou seja, procura verificar como os arranjos desenham a divisão de responsabilidades e de autonomia decisória entre os entes federativos no Programa Água para Todos nas seguintes perspectivas:

2.1. Normatização: Nesta subcategoria procura-se identificar quem determina as regras formais que regem o programa, ou seja, qual ente federativo elabora as normas legais que institucionalizam o programa.

2.2. Financiamento: busca verificar como ocorre o financiamento do programa. Procura- se indagar quem financia a política (governo federal, estadual ou municipal) e qual o instrumento de financiamento utilizado (convênio, origem dos recursos – Tesouro, Fundo).

2.3. Implementação: procura verificar quem participa da implementação da política (governo federal, estadual ou municipal).

3. Participação Social:

Incorpora diferentes atores não estatais nos processos decisórios ao longo do ciclo da política pública. Busca compreender como os diversos atores sociais são considerados no processo de formulação, implementação e monitoramento do Programa Água para Todos utilizando as seguintes indagações:

3.1. Formulação: Que atores sociais participam da formulação da política?

3.2. Implementação: Que atores sociais participam da implementação da política? 3.3. Monitoramento: Que atores sociais participam do monitoramento da política?

4. Dimensão Territorial:

Trata da relação das ações públicas com as peculiaridades do território no qual a política pública, no caso do Programa Água para Todos, está destinada a ser implementada. 4.1 - Articulação Intermunicipal: Procura verificar como a política lida com a dimensão

territorial, incluindo a existência de instrumentos de planejamento e gestão numa escala intermunicipal.

4.2 - Criação de instâncias de participação no território: busca verificar se há espaços

de participação territoriais previstos para serem criados na formulação da política.

4.3 - Incorporação de instâncias de participação já existentes no território: verifica se

há formas de articulação com outras instâncias participativas já existentes (pré-existentes) nos territórios.

5. Capacidades Relacionais:

Alusiva ao processo de interação qualificada entre os múltiplos atores interessados (stakeholders) na execução do Programa Água para Todos. Está associada aos critérios de legitimidade, transparência e aprendizado social, sendo operacionalizada pelas seguintes subcategorias:

5.1 - Diálogo com órgãos de controle: procura verificar se houve efetivo diálogo com órgãos de controle e se ocorreram efeitos positivos no cumprimento de requisitos legais, permitindo maior transparência ao processo de implementação da política pública, além de representar oportunidades para que projetos sejam aperfeiçoados.

5.2 - Articulação com entes subnacionais: procura verificar como se deu o processo de articulação com os representantes dos entes subnacionais e de que forma esta articulação contribuiu, ou não, para a realização de uma gestão territorial mais acertada, canalizando as demandas e interesses dos atores dos territórios sob intervenção para que os empreendimentos deixem um legado de desenvolvimento local.

5.3 – Relação com grupos sociais: trata de investigar como se deu a relação das burocracias do Executivo com os grupos sociais envolvidos no APT. Refere-se às habilidades das burocracias em mobilizar o apoio político e social para a realização dos objetivos estabelecidos e obter novas informações e conhecimentos para aumentar a qualidade e a

efetividade dos bens e serviços a serem oferecidos. Procura verificar se ocorreu, ou não, a construção de aprendizado social ao longo do processo de realização da política pública.

6. Stakeholders:

Diversos atores participam dos processos de formação e implementação de políticas públicas: indivíduos, grupos ou organizações que exercem influência direta ou indireta, em diferentes momentos. Dessa forma, esta categoria foi criada objetivando identificar nos relatos e nos discursos, os atores, assim como sua influência no processo de formulação e implementação do APT, a fim de compreender as dinâmicas e contribuições dos mesmos.

No quadro 4, a seguir, é apresentada a sistematização da forma como foi realizada a categorização analítica.

Categorias Subcategorias Aspectos a serem investigados Fontes de Evidência

Referencial Teórico

1. INTERSETORIALIDADE

1.1 Formulação Há integração na fase de formulação da política?

Documentos, Entrevistas, Notas

Taquigráficas

Governança, Arranjos Institucionais: (Bryson et al., 2006); (Bouckaert, Peters e Verhoest, 2010); (Bronzo, 2007, 2010); (Bichir, 2011); (Cunill Grau, 2014); (Veiga e Bronzo, 2014); (Lotta e Favareto, 2016). 1.2 Implementação Há Integração na fase de implementação da política?

1.3 Monitoramento Há Integração na fase de monitoramentoda política?

2. RELAÇÕES FEDERATIVAS

2.1 Normatização Quem determina as regras / quem faz as leis?

O que se prevê no pacto federativo em termos de competências constitucionais neste tema?

Documentos, Entrevistas, Notas

Taquigráficas

Teoria Institucional, Neoinstitucionalismo, Arranjos Institucionais:

(Davis e North, 1971); (Wright, 1988); (North, 1991); (Thelen e Steinmo, 1992); (Hall e Taylor, 1996); (Immergut, 1998); (Pierson, 2004); (Abrucio, 2005); (Franzese e Abrucio, 2009); (Cavalcante, 2011); (Licio et al., 2011); (Arretche, 2012); (Lotta e Favareto, 2016); (Oliveira e Lotta, 2017); (Jaccoud, 2019).

2.2 Financiamento Como ocorre o financiamento da política?

Quem financia a política? (gov. federal, estadual ou municipal?) Qual o instrumento de financiamento?

2.3 Implementação Quem implementa a política? (gov. federal, estadual ou municipal?)

3. PARTICIPAÇÃO SOCIAL

3.1 Formulação Que atores sociais participam da formulação da política?

Documentos, Entrevistas, Notas

Taquigráficas

Governança, Arranjos Institucionais, Capacidades Estatais:

(Pires et al., 2011); (Abers e Keck, 2013); (Pires e Vaz, 2014); (Lotta e Favareto, 2016).

3.2 Implementação Que atores sociais participam da implementação da política?

3.3 Monitoramento Que atores sociais participam do monitoramento da política?

4. DIMENSÃO TERRITORIAL

4.1 Articulação Intermunicipal Como a política lida com a dimensão territorial?

Existência de instrumentos de planejamento e gestão numa escala intermunicipal.

Documentos, Entrevistas, Notas

Taquigráficas

Governança, Arranjos Institucionais, Capacidades Estatais:

(Mann, 1984, 1993, 2008); (Favareto, 2012); (Cingolani, 2013); (Lotta e Favareto, 2016); (Favareto e Lotta, 2017). 4.2 Criação de instancias de

participação no território

Há espaços de participação territoriais previstos na formulação da política?

4.3 Incorporação de instancias de participação já existentes no território

Há formas de articulação com outras instâncias participativas já existentes (pré-existentes) nos territórios?

5. CAPACIDADES RELACIONAIS

5.1 Diálogo com órgãos de controle Transparência

Documentos, Entrevistas, Notas

Taquigráficas

Governança e Capacidades Estatais: (Mann, 1993); (Grindle, 1996); (Evans, 1995, 2011); (Kjaer et al., 2002); (Gestel et al,2012); (Cingolani, 2013); (Wu, Ramesh e Howlett, 2015); (Pires e Gomide, 2016); (Grin, et al, 2018); (Gomide e Pereira, 2018).

5.2 Articulação com entes subnacionais Legitimidade

5.3 Relação com grupos sociais Legitimidade, Transparência, Aprendizado Social

6. STAKEHOLDERS

Identificação de stakeholders envolvidos; identificar as relações entre os atores; analisar os stakeholders quanto ao potencial de ameaça, cooperação, indiferença ou ambiguidade na produção da política pública.

Documentos, Entrevistas, Notas

Taquigráficas

Teoria de Stakeholders:

(Freeman, 1984); (Savage et al, 1991); (Mitchell et al, 1997); (Gomes e Gomes, 2007); (Gomes, Liddle e Gomes, 2010).