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Cenário da EaD no contexto do curso: o papel do professor e tutor no processo de ensino e aprendizagem

Educação a Distância: docência e tutoria como processo de mediação pedagógica em curso de Libras

1. Cenário da EaD no contexto do curso: o papel do professor e tutor no processo de ensino e aprendizagem

Ao tratar da Educação a Distância – EaD, observa-se que essa tem atraído um público alvo desejoso por formação e capacitação, mas que tem di iculdade de acesso à Rede de Ensino Superior. Nesse sentido, Mugnol (2009) destaca:

Na base do desenvolvimento da educação a distância, tem-se a preocupação constante com o acesso a educação de quem não teve a oportunidade de estar presente na escola no tempo e no espaço considerados ideais para a educação escolar presencial (Mugnol, 2009, p.10).

A modalidade a distância permite lexibilidade ideal em termos de tempo e espaço, mostrando-se como grande oportunidade de formação e capacitação de um número expressivo de pessoas em todo o país, cujo acesso é di icultado no âmbito do Ensino Superior Presencial.

Sobre o crescimento e difusão da EaD no Brasil, Alves (2003), esclarece que a discussão a respeito da educação a distância cresceu de forma signi icativa nos últimos anos, seja por conta dos avanços tecnológicos, seja como resultado das de inições do MEC. Em se tratando da legislação da Educação a Distância, cabe mencionar a inserção do Art. 80, na Lei nº 9.394/96. O referido artigo foi acrescido na Lei com o propósito de incentivar, em todos os níveis e modalidades a distância, o desenvolvimento de programas de ensino a distância e de educação continuada. (Brasil, Lei 9394/96, 1996).

Uma vez que a EaD surge como uma modalidade de educação interativa que permite uma maior lexibilidade com relação ao horário e ao tempo para realização do curso, carece, nesse caso, apontar alguns de seus conceitos. No campo dos conceitos, Preti (2009, p.50) defende que a EaD pode ser compreendida como “uma prática social situada, mediada e mediatizada, uma modalidade de fazer educação, de democratizar o conhecimento, de disponibilizar mais uma opção aos sujeitos da ação educativa, fazendo recurso das tecnologias que lhes são acessíveis”.

Nessa direção, para esse estudo, entendemos a EaD também como uma prática social situada, conforme Preti (2009), mas igualmente, como forma de democratização do conhecimento e opção para uma ação educativa. A EaD ainda é percebida como uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados e veiculados pelos diversos meios de comunicação (Brasil, Decreto 2.494/98). É nesse contexto que o Curso de Aperfeiçoamento em Língua de Sinais – Libras se insere. Ofertado totalmente a distância, esse curso possui uma carga horária de 180h e oferece cerca de mil vagas por edição para professores da Rede Pública de Ensino Regular de todo o país.

Por outro lado, não devemos, no entanto, deixar de apontar que a EaD tem como desa io repensar o papel fundamental do

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Professor e do Tutor no processo de construção de conhecimento a partir da interação na aprendizagem. Ao de inir o papel da interação na aprendizagem, Mill e Pimentel (2010, p.14) argumentam que “o desa io da educação, de um modo geral, e, em particular da EaD, está em criar condições para que, além de transmissão de informação, o processo de construção do conhecimento também ocorra”.

Acreditamos que a EaD deve ser entendida a partir da mediação pedagógica, buscando assim compreender o papel fundamental do Professor e do Tutor na aprendizagem e que mediação pedagógica é intervenção. Neste sentido, o Professor recebe como tarefa ser o motivador no processo de aprendizagem de modo a criar condições que contribuam para uma aprendizagem significativa através da comunicação e da interatividade. Uma vez que a mediação pedagógica deve ser a propulsora das ações em cursos a distância, cujo enfoque é na aprendizagem e formação do cursista, esse trabalho de mediação deve ser feito por uma equipe. No entanto para esse estudo, apontamos enfoque nas atribuições do Professor Formador e Tutor.

De acordo com a Resolução CD/FNDE nº 45/2011, o Professor Formador tem como principal atribuição a de acompanhar o trabalho do Tutor e o desempenho da turma em geral, oferecendo o suporte necessário para o bom andamento das atividades. Esse Professor sugere e implanta rotinas de trabalho a serem desempenhadas pelos Tutores visando um melhor resultado geral em termos de aproveitamento do curso em questão.

Para Valente e Almeida (2007, p.117-123), o papel do professor na educação a distância consiste em não dar respostas prontas e sim as condições para que o aluno possa buscar novos conhecimentos. Nesta perspectiva, a mediação pedagógica através da presença do Professor Formador é o grande diferenciador em Educação a Distância. Uma vez que esse docente que forma, motiva, problematiza de modo a fomentar a qualidade das interações, essas ações, juntamente com o Tutor, não permitem que o aluno se sinta solitário. Para esses estudiosos, o professor surge menos como facilitador e mais como provocador e problematizador. O Professor Formador é o que instiga, que fomenta a dúvida, que ajuda a criar e recriar as questões permanentes, a signi icar e a ressigni icar as ações.

Já o Tutor tem como principais atribuições: acompanhar sua turma orientando com relação aos procedimentos do curso, realização das atividades, intermediação dos fóruns, esclarecimento de eventuais dúvidas e, por im, efetuando o processo de avaliação das diversas atividades propostas. Desta maneira, o Tutor realiza uma mediação pedagógica de maneira constante com sua turma, propiciando um melhor aproveitamento do conteúdo em geral.

Nesse sentido, o Tutor atua junto aos professores de modo a acompanhar o desenvolvimento do aluno e, desta forma, propiciar a interatividade e motivação no que se refere aos conteúdos do curso e as atividades realizadas pelos alunos. O Tutor tem ainda por tarefa responder as dúvidas e avaliar as atividades, bem como manter contanto constante com os alunos. O Tutor ao mediar todo o processo de ensino e aprendizagem, fazendo chegar aos alunos a formação desejada pelo curso, ele também favorece o processo de compreensão e re lexão e elabora relatórios de acompanhamento dos mesmos durante o desenrolar das disciplinas

Contudo, o Tutor, de acordo com Grossi, Costa e Moreira (2011), apesar das diversas funções pedagógicas por ele realizadas, não recebe uma remuneração compatível com a de um professor. Para os autores, o Tutor exerce a mesmas funções pedagógicas do professor e além de cumprir carga horária semanal, ele participa da discussão dos conteúdos programáticos e de questões administrativas e ainda do planejamento das atividades acadêmicas. Sendo assim, entendemos o Tutor como elemento responsável pela interatividade nos cursos em EaD. Esse pro issional, ao acompanhar todo o processo de oferta do curso, está sempre atento às necessidades do aluno, atuando como mediador entre estes e os professores, portanto, facilitando a relação interativa do processo ensino e aprendizagem.

Por im, apreendemos o sentido de mediação pedagógica como sendo um processo de intervenção da competência tanto do Professor Formador como do Tutor de modo especí ico e, de modo mais geral, dos demais membros da equipe. Esta se mostra como uma das competências mais importantes e indispensáveis à concepção e realização de qualquer ação em EaD. A mediação, como intervenção pedagógica, abre espaço ao diálogo permanente, para debater dúvidas, apresentar questões orientadoras, viabilizar a dinâmica do processo

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de aprendizagem, desencadear a re lexão, propiciar novas relações do aluno com o conteúdo, com a tecnologia, com o próprio professor e consigo mesmo.