5 MÉTODO
5.3 CENÁRIO DE ESTUDO
Este estudo foi realizado no ciberespaço, em comunidades virtuais weblogs
temáticos sobre luto, em função de serem conhecidos como diários virtuais por
conta de sua associação com os diários de bordo, usados como espaço para
escrever sobre si mesmo (DI LUCCIO; NICOLACIDA-COSTA, 2010). Segundo
Lemos (2002b), o termo weblog, posteriormente reduzido para blog, foi criado por
John Barger, editor do site Robot Wisdom, em 1997. Um weblog é uma página da
web onde um weblogger, também chamado de blogger (blogueiro), registra por
escrito, como em um diário de bordo (logs), outras páginas da web e textos
selecionados.
No Brasil, os blogs começaram a se difundir entre os anos 2000 e 2001. Essa
disseminação, por sua vez, abriu espaço para o surgimento de blogs dedicados a
outros gêneros de escrita que não o inicial do diarismo (DI LUCCIO; NICOLACIDA-
COSTA, 2010).
Amaral, Recuero e Montardo (2009); Recuero (2003) classificam os blogs em:
a) Diários Eletrônicos – trazem pensamentos e fatos da vida pessoal do autor,
servindo como seu canal de expressão; b) Publicações Eletrônicas
– voltados
predominantemente para a informação com notícias, dicas e comentários sobre
determinados assuntos, baseados no tema do blog. Ex: cultura pop, música,
tecnologia, esportes, etc.; c) Publicações Mistas – misturam posts pessoais sobre a
vida do autor e posts informativos e opinativos a respeitos de assuntos do gosto do
autor. Araújo (2010) também apresenta uma classificação para os blogs: pessoais
(em forma de diários); filtro (o autor seleciona informações do seu interesse e
disponibiliza os links); temáticos (tratam de assuntos específicos); corporativos
(utilizados para a colaboração dentro de organizações), entre outros.
Um blog, segundo Montardo e Passerino (2006), é uma página da web na
qual um weblogger, blogger ou blogueiro, registra textos sobre assuntos que
considera interessante. O autor do blog adiciona a publicação mais recente, também
chamada de post, no topo da página. Abaixo ou acima do post, podemos encontrar a
data e a hora da publicação. Também é comum encontrar, abaixo de cada texto
publicado, o nome ou o apelido do autor do blog. Dessa forma, os leitores podem
acompanhar o blog, lendo as publicações de forma cronologicamente inversa, ou
seja, sempre da publicação mais recente para a mais antiga. Para estes autores, os
blogs estão entre os mais recentes espaços textuais na rede virtual, mas já são
densamente habitados. Além disso, as facilidades na confecção e na manutenção,
assim como as possibilidades que os autores dos blogs têm de publicar textos e
imagens sem restrições, contribuíram para a rápida popularização dessas páginas.
Um blog pode combinar textos, imagens, vídeos e links para outros blogs. Os
leitores podem deixar comentários a respeito de determinada postagem e
acompanhar o que uma pessoa escreve sobre um assunto especial (PELOSI, 2012).
A estrutura de um blog é muito simples. No cabeçalho, geralmente apresenta-
se o título, seguido de uma breve descrição do conteúdo que será ali apresentado.
Na área central da página concentram-se os posts (título, conteúdo, tags,
comentários, data e hora de publicação, etc). Nas colunas laterais pode haver o
perfil do autor, listas de blogs e sites, arquivo de posts, RSS, entre outras
ferramentas que o autor desejar disponibilizar. Entretanto, toda essa estrutura é
personalizável, o autor tem liberdade para usar as ferramentas mais adequadas ao
estilo e às necessidades do seu blog (ARAÚJO, 2010).
Recuero (2003) acredita que o sucesso dos blogs não se deve apenas às
facilidades na confecção e na manutenção. O link chamado comentários também foi
um dos grandes responsáveis pelo êxito e pela popularidade dos blogs. Esse link, ao
ser clicado, abre uma janela na qual os leitores podem fazer comentários, críticas ou
sugestões a respeito dos textos lidos. Nessa mesma janela, os escritores também
podem responder aos comentários dos leitores e interagir com eles. Os comentários
vão sendo acumulados em ordem cronologicamente inversa e podem ser lidos não
somente pelo autor do blog, mas também por qualquer usuário que clicar no link e
abrir a janela dos comentários. Os blogs compõem uma rede baseada em ligações
– os links.
Araújo (2010) acredita que a possibilidade que o leitor tem de deixar
comentários nos posts é uma característica marcante dos blogs e da Web 2.0. Essa
interação e colaboração fazem com que o leitor passe imediatamente de uma
condição passiva para a condição ativa de produtor de conteúdo, pois, quando deixa
um comentário, expressa sua opinião. A partir dessa simples ação, torna-se possível
o compartilhamento de informação e conhecimento. A apropriação do sistema pelas
pessoas tornou os blogs um instrumento de comunicação social muito eficaz e de
fácil acesso. Passa a existir uma nova interação social entre os sujeitos, que
acontece por meio dos comentários, onde o fluxo de informação e comunicação é
direcionado de acordo com a postagem do blogueiro. A construção de um blog não é
somente realizada pelo autor que coloca em sua página pessoal os assuntos e
questionamentos que deseja que sejam expostos, mas fundamentalmente é
modelada pelo usuário que acessa o blog e que, por meio dos comentários, registra
sua opinião, sua personalidade, suas experiências cotidianas – o que se torna um
instrumento importante de captação social (HENRIQUES; RECUERO, 2007).
Para estes autores, o capital social é fundamental para a construção das
redes sociais nos blogs. Nesse contexto, considera-se a informação o capital social
trocado entre os indivíduos, que estimula o surgimento e o fortalecimento de laços
sociais, proporcionando a construção de novas formas de pensamento e outra
concepção de recepção de informações (HENRIQUES; RECUERO, 2007).
Primo (2007) afirma que a interconexão entre as redes de contatos de um
blog forma nichos em busca de objetivos comuns. No caso dos blogs, o
compartilhamento de informação do interesse daquele grupo pode criar vínculos que
demonstrarão o aparecimento de uma rede social.
Para Araújo (2010), a tecnologia da informação e comunicação, surgida na
Web 2.0, tem possibilitado aos usuários da internet maior liberdade para a produção
de conteúdo. A partir dos blogs, qualquer usuário pode criar, publicar, comentar ou
editar certos conteúdos disponíveis na internet. Essa flexibilidade possibilita a
colaboração e a difusão rápida de informações e ideias de cada indivíduo. Portanto,
as pessoas passam a ser, além de usuários, também produtores e fornecedores de
informação, a partir do compartilhamento dos mesmos interesses.
No documento
Blogs de mães enlutadas: o luto e as tecnologias de comunicação
(páginas 82-85)