• Nenhum resultado encontrado

Ciências da informação e da comunicação

e mobilidade das bancas nas teses de programas brasileiros de pós-graduação

4. Ciências da informação e da comunicação

A congregação de sinergias entre as Ciências da Informação e da Comunicação contribuirá, quanto a nós, de forma muito significativa, para esta passagem da SI para a SC. A sua criação e rápida transformação será o ponto de partida para uma sociedade mais livre, mais igual e mais fraterna.

A necessidade de romper com a visão tecnicista, histórica e custodial de disciplinas como a Arquivística, a Biblioteconomia, a Documentação e a Museologia, e a criação de uma CI, ainda tida como uma “coisa”, assumiu-se, para os profissionais ligados às diversas disciplinas ou téc- nicas, como uma nova oportunidade. Tal como afirma Buckland (2012: 1), “during the twentieth century there was a strong desire for the provision of information services to become scientific, to move from librarianship, bibliography, and documentation to an Information Science”.

Uma revisão da literatura permite-nos identificar várias tentativas que surgiram após os anos 60 do século passado para definir a CI (Borko, 1968: 3; Goffman, 1970; Saracevic, 1996: 47; Silva, 2006: 140-141, etc.), as quais permitem concordar com Zins (2006: 447), quando afirma que “apparently, there is not a uniform concept of “information science” . . . The concept has dif- ferent meanings. Different meanings imply different knowledge domains. Different knowledge domains imply different fields. Nevertheless, all of them are represented by the same name, “information science. No wonder that even scholars and practitioners are subject to confusion”. Neste contexto, a Teoria da Informação era considerada como uma técnica da engenharia de comunicações, que passou a ser designada como Teoria Matemática da Informação, ou ainda Teoria Matemática da Comunicação (Shannon e Weaver, 1949). Esta perspetiva relaciona-se diretamente com os primeiros estudos bibliométricos, iniciados nos anos 20 (Lotka, Bradford,

Zipf), os quais levaram ao aparecimento da CI, nos anos 50 e 60 nos EUA1, num contexto

científico e técnico que considerava que o desenvolvimento tecnológico iria conduzir à criação de sistemas de informação capazes de fornecer toda a informação necessária, útil e exata para a tomada de decisões ótimas e promotoras de um mundo ideal2.

Tal como refere Saracevic (1996: 43), “nos EUA, o Congresso e outras agências governa- mentais aprovaram, durante os anos 50 e 60, inúmeros programas estratégicos que financiaram os esforços em larga escala para controlar a explosão informacional, primeiro na ciência e tecno- logia, e depois em todos os outros campos. Empresas privadas uniram-se a eles. Eventualmente, esses programas e esforços foram responsáveis pelo desenvolvimento da moderna indústria da informação e das concepções que a direcionam”.

Assim, é a partir dos anos 60, com Garfield, que se desenvolve o estudo da citação, assente na quantificação da informação através da Bibliometria e das suas diversas aplicações, Informetria, Cientometria, Webometria, e associada, a partir dos anos 70, à Recuperação da informação.

Todavia, e na opinião de Saracevic (1996: 43), “apesar de os Estados Unidos desempenha- rem o papel mais proeminente no desenvolvimento da CI. . . nem os problemas informacionais nem a CI são americanos em sua natureza”. Eles são internacionais ou globais.

Assim, não existe mais uma "CI americana", a qual tinha como objetivos criar as condições “pour que les États-Unis deviennent la mémoire du monde, ce qui leur permettra ultérieure- ment de dominer dans le secteur des banques de données documentaires, dans l’industrie de l’information, et, avec l’Internet, dans la fourniture d’information en ligne. . . Ils imposent une certaine vision de l’activité. Ils exportent leur vocabulaire”(Fondin, 2005: 4 e 8).

Neste contexto, Araújo (2003: 24) conclui que os primeiros estudos em CI, surgidos pela dé- cada de 70 do século XX, inserem-se no modelo positivista e funcionalista das Ciências Sociais e “estudam a realidade social de uma perspectiva estatística, quantitativa”. E, segundo Fondin (2005:9), “ils s’intéressent uniquement aux documents et surtout à l’information qu’ils portent”. Mas, a partir da década de 90, esta visão é questionada, inclusive por americanos como John M. Budd, o dinamarquês Birger Hjorland e o sul-africano Archie L. Dick. Assim, apesar deste investimento claro dos anos 60 e 70, Buckland (2012: 8) afirma que “information retrieval and bibliometrics, both very useful, are quantitative and technical but not scientific in the normative sense because they are based on ill-defined foundations”. É que delas estão ausentes todos os elementos de turbulência de natureza subjetiva, designadamente o elemento humano.

Como consequência, esta abordagem “americana” faliu, logo no início do século XXI, de- vido às imperfeições, às assimetrias e às desigualdades, que aumentaram a um ritmo exponen- cial, conduzindo ao aparecimento de uma Teoria Crítica da SI e da abordagem centrada no determinismo tecnológico.

Tal como afirma Mattelart (2005), as utopias sociais, baseadas no poder dos meios de produ- ção e de transmissão do conhecimento para criar um mundo mais humano. . . e uma sociedade horizontal e transparente, conduziram a um controlo da informação e da comunicação por parte

1. Data de 1968 o nascimento da primeira grande Sociedade Científica nos EUA, a American Society for Infor- mation Science (ASIS).

2. De acordo com Fondin (2005: 4), “en 1951, l’Américain Calvin N. Mooers introduit la notion de Information Retrieval, c’est à dire la récupération organisée des documents pertinents conservés dans un fonds documentaire.”

cultural e um novo universalismo liderado pelos EUA.

Mattelart (2005) refuta ainda a Missão transmitida pela Google em 2004 de construir uma nova Biblioteca de Alexandria, ao afirmar que, “tecnicamente, hoje, nunca se esteve tão próximo da possibilidade de realização do sonho de Otlet3e dos precursores do mundialismo solidário.

Mas a distância permanece enorme entre as capacidades virtuais da ferramenta técnica e a exe- quibilidade geopolítico-económica de sua mobilização, a serviço da luta contra as desigualdades sociais”.

Apesar de a visão da CI parecer diferente de um e do outro lado do atlântico, o paradigma humanista, que Capurro denominou de paradigma social da CI, começa a ser um tema recorrente de investigação e a refletir sobre as questões vinculadas aos seus fundamentos e suas ligações com a comunicação (Pinheiro, Loureiro, 1995: 45).

De acordo com Capurro (1991: 83), a informação é uma dimensão essencial da existência humana: “But information, taken as a dimension of human existence, is nothing substantial. Instead of asking ’what is information?’ we should ask ’what is information (science) for? The change over to the second question means a change of perspective which takes as a starting point the cognitive turn but goes beyond it in search of a pragmatic and rhetorical perspective”. No dizer de Fondin (2005: 13), a grande questão para o século XXI, é se “la SI est-elle une science, ou une ingénierie, voire une technique?”. Ora, e como afirma Saracevic (1996: 55), “a CI tem oscilado entre dois extremos – humano e tecnológico – sem se definir claramente por qualquer deles ou estabelecer um equilíbrio confortável. Entre o Homo digitalis e o Homo socialis”.

Na controvérsia sobre a definição da CI como uma Ciência exata ou uma Ciência social (ciência do homem e da sociedade), Fondin (2005:16-17) entende que “derrière l’information, ce sont des phénomènes humains, sociaux qui sont à considérer. Dès lors la SI nous apparaît naturellement une science de l’homme en société, une science sociale”.

Assim, as Ciências da Informação e da Comunicação partilham um objetivo comum, o de potenciar as transformações sociais, isto é realizar a mediação entre objetos potencialmente informativos e pessoas potencialmente usuárias da informação.

Neste âmbito, Silva (2006: 20) considera a CI, como “uma Ciência Social aplicada de- vida ou indevidamente que investiga os problemas, temas e casos relacionados com o fenômeno info-comunicacional perceptível e cognoscível através da confirmação ou não das propriedades inerentes à gênese do fluxo, organização e comportamento informacionais (origem, colecta or- ganização, armazenamento, recuperação, interpretação, transmissão, transformação e utilização da informação”.

Este mesmo autor afirma que “um dos desafios epistemológicos que se coloca à C.I. em construção ou em emergência, entalada entre a prática instrumental e normativa e a dimensão científica (compreensiva e explicativa de problemas relacionados com determinado fenómeno), tem a ver precisamente com a natureza do conhecer que se pretende atingir. E isto traz com toda

3. P. Otlet e H. de La Fontaine, pacifistas belgas tidos como fundadores da CI, criaram em Bruxelas, em 1895, o Instituto Internacional de Bibliografia.

a força e nitidez a problemática referenciada pelos conceitos em foco – informação e comunica- ção” (Silva, 2006: 140-141).

Esta perspetiva transdiciplinar das Ciências da Informação e da Comunicação advoga a com- plementaridade entre os meios de informação e os processos de comunicação para a conquista do conhecimento em sentido lato, pois, e como muito bem refere U. Eco (1993: 45), “un texto es un universo abierto en que el intérprete puede descubrir infinitas interconexiones”.

Assim, a CI não pode ser entendida apenas como Teoria da Informação. Ela insere-se num paradigma de comunicação que envolve os seus três elementos essenciais: um emissor, uma mensagem e um recetor que reage criticamente ao conteúdo da mensagem (reação ou feedback), para além de assegurar a memória da humanidade.

A relação entre estas duas Ciências remonta aos anos 60 e legitima-se nos anos 70, “graças às investigações do Comité francês de Ciências da Informação e Comunicação que integrava R. Escarpit, J. Meyriat e Roland Barthes, entre outros representantes de tendências diferentes no domínio das Ciências da Informação e da Comunicação” (Couzinet, 2004: 23). Em 1974, esta relação institucionaliza-se com a criação da Sociétè Française des Sciences de l’Information et

Communication(SFSIC).

Três anos mais tarde, Meyrat (1983) cria uma classificação hierárquica das Ciências da In- formação e da Comunicação e afirma que“ what differentiates ICS from other sciences is that it involves the study of the communication process, its contents, and ‘the means it employs and the mechanisms that make it work’”.

A relação observada entre a CI e a Comunicação parte, essencialmente, do objeto “informa- ção”, em diferentes contextos e aspetos, mas ela é o eixo central que une essas ciências. Todavia, informação não pode ser confundida com notícia ou mensagem.

Esta aliança entre as Ciências da Informação e da Comunicação, que surge, inicialmente, por razões de natureza estratégica, nomeadamente o aumento da massa crítica de investigadores, acaba no reconhecimento da existência the “strong links that unite these two disciplines” (Cou- zinet, 2004: 23), laços que permitem a realização de projetos comuns de elevado interesse para o desenvolvimento sustentável da humanidade.

Muitos dos investigadores franceses apesar de saberem que a nível internacional esta é uma situação de exceção, continuam a ser apologistas da necessidade de estudar conjuntamente “in- formation science and communication science, and even other disciplines, such as cultural stu- dies, media studies, museology(Couzinet, 2004: 265)

Assim, a informação assume-se como a matéria-prima do conhecimento em função da fonte de energia utilizada, ou seja, do processo de comunicação que lhe permite interagir com o su- jeito de uma forma cumulativa. A informação pode, segundo a ISO – International Standart Organization, ser entendida como o facto que se comunica e pode também ser a mensagem uti- lizada para representar um facto ou uma noção num processo de comunicação com o objetivo de aumentar o conhecimento. Assim, a informação é um processo e o resultado desse processo, ou seja, o facto de comunicar algo e o resultado dessa comunicação, ou seja, o conhecimento.

Tal como afirma Januário (2010: 158), “de um modo geral, para a CI a informação é um fenômeno, enquanto que para Comunicação é um processo. Porém, um fenômeno precisa de um processo para se efetivar, enquanto que um processo precisa de uma origem – nesse caso

humana e este é um dos motivos pelos quais elas devem ser estudadas em conjunto, pois visam o mesmo fim – em aspectos diversos e/ou correlatos – mas com objetivos comuns”.

Conclusão

Concluímos o nosso estudo, tal como o iniciámos, ou seja, afirmando que chegou o momento de pararmos para analisar criticamente os caminhos trilhados pela SI até hoje e o seu contributo para as gerações vindouras. Obviamente que não fazemos parte do grupo dos apocalípticos, mas também não nos integramos, ingenuamente e sem contrapartidas, no seio dos integrados. Negar as vantagens da SI para o desenvolvimento da humanidade, seria como negar um aforismo.

Todavia, a realidade do século XXI obriga-nos a pôr um travão sobre os caminhos trilhados, a repensar as vantagens e as desvantagens da Sociedade em que vivemos e a questionar o papel da informação na geração de conhecimento, pois aquilo a que assistimos é um aumento crescente dos problemas dos seres humanos, da pobreza, do desemprego, da solidão, do terrorismo, das doenças, dos suicídios, e, muito recentemente, o enorme desafio dos refugiados, que obrigará a uma nova reconfiguração da Europa e do Mundo.

Só o conhecimento permitirá transformar o mundo em que vivemos e ultrapassar o desafio de atingir a felicidade terrena, daí que esse, sim, tenha de ser globalizado.

Bibliografia

Albagli, S. (2005). Informação, conhecimento e desenvolvimento. Encontro Nacional de Pes- quisa em Ciência da Informação, 6.

Araújo, C. A. A. (2003). A ciência da informação como ciência social. Ciência da Informação, 32 (3): 21-27.

Araújo, V. M. R. H. (2001). Miséria informacional. O paradoxo da subinformação e superinfor- mação. Revista Inteligência Empresarial, 7.

Aun, M. P. (2004). O conhecimento e seus desafios para a gestão. Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação, 5.

Barreto, A. A. (1994). A questão da información. São Paulo em Perspectiva, 8 (4).

Bell, D. (1985). Gutenberg and the computer: on information, knowledge and other distinctions. Information Society Studies. London: Routledge.

Borko, H. (1968). Information Science: What is it?. American Documentation.

Brascher, M. & Café, L. (2008). Organização da informação ou organização do conhecimento?. Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação, 9.

Brookes, B. (1980). The foundations of information science. Part I. Philosophical aspects. Journal of Information Science, 2: 125-133.

Buckland, M. (1991). Information as thing. Journal of the American Society for Information Science, 45 (5): 351-360.

Buckland, M. (2012). What kind of science can information science be?. Journal of Information Science and Technology, 63 (1): 1-7.

Capurro, R. (2012). Beyond humanisms. Journal of New Frontiers of Spacial Concepts, 4: 1-12. Capurro, R. (2014). La libertad en la era digital. Information, 19 (1): 5-23.

Capurro, R. & Hjorland, B. (2003). The concept of information. Annual Review of Information Science & Tecnology, 37: 343-401.

Castells, M. (2000). Globalización, Estado y sociedad civil: el nuevo contexto histórico de los derechos humanos. ISEGORLA, 22: 5-17.

Le Coadic, Y-F. (1996). A ciencia da información. Brasília: Briquet de Lemos.

Coutinho, C. & Lisboa, E. (2011). Sociedade da informação, do conhecimento e da aprendiza- gem: desafios para educação no século XXI. Revista de Educação, 18 (1): 5-22.

Couzinet, V. (2004). Olhar crítico sobre as ciências da informação na França. In Workshop em Ciência da Informação, Niterói. Anais.

Davenport, T. H. (2000). Ecologia da informação: por que só a tecnologia não basta para o sucesso na era da Informação. São Paulo: Futura.

Eco, U. (1993). Interpretación e superinterpretación. São Paulo: Martins Fontes.

Fernández-Molina, J. C. (1994). Enfoques objetivo y subjetivo del concepto de información. Revista Española de Documentación Científica, 17 (3): 320-331.

Fogl, J. (1979). Relations of the concepts ’information’ and ’knowledge’. International Fórum on Information and Documentation, 4(1): 21-24.

Fondin, H. (2005). La Science de l’information ou le poids de l’histoire. GRESEC | Les Enjeux de l’information et de la communication: 35-54.

Gadotti, M. (2005). Informação, conhecimento e sociedade em rede: que potencialidades?. Educação, Sociedade & Culturas, 23: 43-57.

Goffman, W. (1970). Information science: discipline or disappearance. ASLlB Proceedings, 22 (12): 589-596.

González Suárez, E. (2011). Conocimiento empírico y conocimiento activo transformador: al- gunas de sus relaciones con la gestión del conocimiento. Revista Cubana de ACIMED, 22 (2): 110-120.

Hargreaves, A. (2003). O ensino na sociedade do conhecimento: a educação na era da insegu- rança. Porto: Porto Editora.

Hjorland, B. (2002). Epistemology and the socio-cognitive perspective in information science. Journal of the American Society for Information Science and Technology, 5 (4): 257-270. Houaiss, A. & Villar, M. de S. (2003). Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Lisboa:

conhecimento. Revista Pátio, 31. Disponível em www.revistapatio.com.br/sumario_conteu do.aspx?id=386, Acedido em 08/05/15.

International Standard Organisation (1988). Recueil de normes ISO 1: documentation et infor- mation. Genève: ISO.

Januário, S. B. B. (2010). A relação interdisciplinar entre a ciência da informação e a ciên- cia da comunicação: o estudo da informação e do conhecimento na biblioteconomia e no jornalismo. Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação, 7 (2): 151-165. Campinas.

Machado, J. P. (1967). Dicionário etimológico da língua portuguesa, 3 vls. Lisboa: Editorial Conferência.

Marques, M. B. P. S. M. (2012). A satisfação do cliente de serviços de informação : as bibliote- cas públicas da Região Centro. Disponível em http://hdl.handle.net/10316/20462. Acedido em 16-05-2015.

Mattelart, A. (2005). Sociedade do conhecimento e controle da informação e da comunicação. Conferência proferida na sessão de abertura do V Encontro Latino de Economia Política da Informação, Comunicação e Cultura, Salvador, Bahia.

Meyriat J. (1980). Pour une classification des sciences de l’information et de la communication. Lettre d’Inforcom, 14.

Pantzar, E. (2000). Knowledge and wisdom in the information age. Foresight/the Journal of Future Studies, Strategic Thinking and Policy, 2 (2).

Pellicer, E. G. (1997). La Mod a tecnológica en la educación: peligros de un espejismo. Revista de Medios y Educación, 9: 81-92. Disponível em www.sav.us.es/pixelbit/pixelbit/articulos/ n9/n9art/art97.htm. Acedido em 07/05/15.

Pinheiro, L. V. R. & Loureiro, J. M. M. (1995). Traçados e limites da ciência da informação. Ciência da Informação, 24 (1): 35-42.

Rezende, D. A. & Abreu, A. F. (2000). Tecnologia da informação aplicada a sistemas de infor- mações empresariais. São Paulo: Atlas.

Saracevic, T. (1996). Ciência da informação: origem, evolução e relações. Perspectivas em Ciência da Informação, 1 (1): 41-62. Belo Horizonte.

Shannon, C. E. & Weaver, W. (1949). The mathematical theory of communication. Urbana: The University of Illinois.

Silva, A. M. (2003). Conhecimento/Informação: sinonímia e/ou diferenciação?. In Organiza- ção e representação do conhecimento na perspectiva da Ciência da Informação. Brasília: Thesaurus: 23-41.

Silva, A. M. (2005). Documento e Informação: as questões ontológica e epistemológica. Ar- quivo & Administração, 4 (2).

Silva, A. M. (2006). A informação: da compreensão do fenómeno e construção do objecto científico. Porto: Edições Afrontamento.

Silva, A. M. (2012). Gestão da informação e gestão do conhecimento!?: contributo para um debate mais fecundo e completo. In Anais da Conferência Internacional de Estratégia em Gestão, Educação e Sistemas de Informação, 1 (1): 60-100.

Silva, A. M.; Fernández Marcial, V. & Martins, F. (2007). A literacia informacional no espaço europeu de ensino superior: fundamentos e objectivos de um projecto em várias fases. In Actas do 9º Congresso Nacional de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas.

Silva, A. M. & Ribeiro, F. (2002). Das "ciências"documentais à ciência da informação: ensaio epistemológico para um novo modelo curricular. Porto: Edições Afrontamento.

UNESCO (2002). La UNESCO y la cumbre mundial sobre la sociedad de la información. Paris: 12.

UNESCO (2005). Hacia las sociedades del conocimiento. Disponível em http://unesdoc.unesco .org/images/0014/001419/141908s.pdf. Acedido em 23-11-2015.

Varela, A. (2006). A explosão informacional e a mediação na construção do conhecimento. In A. Miranda & E. Simeão, Alfabetização e acesso ao conhecimento. Brasília: Universidade de Brasília.

Zins, C. (2006). Redefining information science: from “information science” to “knowledge science”. Journal of Documentation, 62(4): 447-461.

Wilden, A. (2001). Informação. In Enciclopédia Einaudi, Comunicação – Cognição, 34: 12-77. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda.

António Machuco Rosa

machuco.antonio@gmail.com

Faculdade de Letras da Universidade do Porto

Resumo

Este artigo analisa a evolução histórica e filosofia das licenças de acesso, uso e trans- formação da informação. Será dado destaque à oposição entre as licenças que per- mitem o acesso e uso aberto e as licenças fechadas. Essa oposição é em analisada no caso do acesso a livros electrónicos em bibliotecas públicas. A primeira parte do artigo será essencialmente histórica, sendo analisadas as licenças General Public Licence Creative Commons, vistas como reacção ao movimento de privatização da informação que ocorreu a partir da década de setenta do século passado. De seguida será considerado o licenciamento dos livros electrónicos e a forma como as licenças modificaram o tradicional sistema de empréstimo de livros por parte das bibliote- cas públicas. Finalmente, será analisado o princípio do esgotamento após a primeira venda e a compatibilidade jurídica das novas licenças de aceso com as leis gerais do copyrighte do direito de autor. Será dada relevância à legislação europeia, nomeada- mente recentes decisões do Tribunal Europeu de Justiça.

Palavras-chave: copyright; licenças; livros electrónicos; bibliotecas públicas; prin- cípio do esgotamento.