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2 Revisão da Literatura e Fundamentação Conceitual

2.4 A Teorização da Pequena Empresa

2.4.3 Classificação da Pequena Empresa

2.4.3.2 Ciclo de Desenvolvimento das Organizações

Os estudos de ciclo de vida ou de desenvolvimento das organizações têm ajudado a compreender a natureza administrativa e organizacional da pequena empresa (ESCRIVÃO FILHO, 2006).

Greiner (1998) explica que analisando pesquisas sobre desenvolvimento organizacional podem ser encontradas cinco dimensões, que ele inter-relaciona para elaborar seu modelo. São elas:

 Idade da organização: a mais óbvia e essencial dimensão para qualquer modelo de desenvolvimento. Problemas e princípios dependem do tempo. A passagem do tempo também contribui para a institucionalização das atitudes gerenciais.

 Tamanho da organização: os problemas e as soluções empresariais tendem a mudar notadamente conforme o aumento do número de empregados e do volume de vendas.

 Estágios de evolução: com a idade e o crescimento da organização, ocorre outro fenômeno: períodos prolongados calmos de crescimento que podem ser denominados de períodos evolucionários, onde modestos ajustes são necessários para manter o crescimento sob o mesmo padrão geral de gestão.

 Estágios de revolução: os períodos anteriores de calmaria não são inevitavelmente e indefinidamente sustentados, não se assume que o crescimento é linear; dessa maneira, podem ser considerados períodos turbulentos, que são denominados períodos de revolução. Neste período é preciso abandonar práticas antigas e encontrar novo conjunto de práticas.

 Taxa de crescimento da indústria: a velocidade na qual a empresa experimenta fases de evolução e revolução está intimamente relacionada ao ambiente de mercado da indústria.

O autor coloca que a partir das cinco dimensões podem-se compreender as cinco fases de desenvolvimento da organização (Figura 3). Cada período evolucionário é caracterizado por um estilo gerencial dominante para que se consiga crescer; cada período revolucionário é caracterizado por um problema gerencial dominante que deve ser resolvido antes que o crescimento possa continuar. É importante notar que cada fase é resultado da

fase anterior e uma causa da próxima fase. Em cada fase, os gerentes são limitados no que podem fazer se o crescimento ocorrer.

Segundo o modelo de Greiner (1998), pode-se definir qualitativamente a pequena empresa como aquela que passou por uma crise de liderança caracterizada pelo conflito entre líderes quando surgiu a necessidade de alguém para resolver os problemas. A empresa sobreviveu a essa crise adotando o estilo gerencial de Direção, isto é, criou um nível gerencial entre os proprietários e os funcionários. O grau de informalidade e pessoalidade da gestão vai diminuindo, conforme os níveis hierárquicos entre os proprietários e os funcionários vão sendo introduzidos. Por exemplo, a comunicação entre dirigentes e funcionários já não é tão informal quanto antes. Os instrumentos gerenciais também vão aos poucos se formalizando.

Figura 3. As cinco fases de crescimento Fonte: Greiner (1998, p.58) jovem madura peq uen a grand e Idade da organização

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fase 1 fase 2 fase 3 fase 4 fase 5

Evolução: estágios de crescimento

Revolução: estágios de crises criatividade

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lideran lideranççaa autonomia autonomia controle controle burocr

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áà teo iaà deà i loà deà idaà dasà o ga izaç es à à asta teà iti adaà dadoà seuà evolucionismo linear a-histórico e desligado de seu contexto. O uso da metáfora biológica, principalmente relacionando tamanho à idade, também é fonte de crítica (ESCRIVÃO FILHO, 2006).

Churchill e Lewis (1983) criticam alguns modelos de desenvolvimento deterministas e por não serem apropriados para as pequenas empresas. São três os pontos criticados: o primeiro ponto é que os modelos assumem que a empresa deve crescer e passar por todos os estágios de desenvolvimento ou morrer na tentativa; segundo, os modelos falham em captar a importância dos estágios iniciais na origem e no crescimento da empresa; terceiro, estes esquemas caracterizam o tamanho da empresa em termos de vendas anuais (embora alguns mencionem número de empregados) e ignoram outros fatores importantes. Embora não mencionado, a crítica serve para Greiner (1998).

Dessa maneira, os autores desenvolvem um modelo com cinco estágios de crescimento da pequena empresa com uma combinação de tamanho, diversidade e complexidade, descritos a partir de cinco fatores gerenciais: estilo gerencial, estrutura organizacional, extensão de sistemas formais, principais objetivos estratégicos e participação do proprietário nos negócios. Segundo os autores, esse modelo é útil no diagnóstico dos problemas enfrentados pelas empresas. Churchill e Lewis (1983) enfatizam a escolha do dirigente em relação a crescer ou permanecer no mesmo estágio, diferentemente de Greiner.

Com o objetivo de identificar qualitativamente a pequena empresa, podem ser considerados os três primeiros estágios apresentados pelos autores. O primeiro é a Existência, que é característico da empresa nascente ou da microempresa: a supervisão é direta, isto é, não há nível administrativo entre proprietários e funcionários; representa a

fase de Criatividade em Greiner (1998), quando há ênfase na criação e desenvolvimento de um produto e de um mercado. O segundo é a Sobrevivência, identificado como pequena empresa: supervisão passa a ser indireta (supervisão de supervisores), isto é, há necessidade de um nível administrativo entre os proprietários e os funcionários; representa a fase de Direção em Greiner (1998), quando há ênfase na contratação de um gerente competente. O terceiro é o Sucesso Desimpedido, que se pode identificar como média empresa: a estrutura organizacional passa a ser descentralizada (presença de outros gerentes), isto é, as áreas funcionais são delegadas às gerências; representa a fase de Delegação em Greiner (1998), quando há ênfase em uma estrutura organizacional descentralizada.

Figura 4. Características das pequenas empresas em cada estágio de desenvolvimento Fonte: Churchill e Lewis (1983, p.38)

I - Exis tência II – Sobre vivência III-D - Sucesso Desimpedido III-G - Sucesso Crescimento IV Deco- lagem V - Maturi dade recurso Estilo de Gerencia

mento Supervisão direta Supervisão desupervisores Funcional Funcional Divisional Linha e Staff

Organi- zação Extensão dos sistemas formais Estratégia principal O negócio e o proprietário* Mínimo ou

não existente Mínimo Básico Desenvolvido Maduro Extenso

Existência Sobrevivência Manutenção da lucratividade - status quo - Obter recursos para o crescimento Crescimento Retorno sobre o investimento

*Círculos pequenos representam o proprietário. Círculos grandes representam o negócio.

O modelo de Churchill e Lewis (1983) caracteriza os estágios da pequena empresa. No entanto, deve-se considerar a diferença de tamanho entre as empresas americanas e brasileiras; os americanos consideram pequena empresa (ou empresas não grandes) aquelas com até 500 funcionários (TAFNER apud ESCRIVÃO FILHO, 2006). Isto justifica a utilização apenas dos três primeiros estágios apresentados pelos autores.