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Cisão entre Nova Esperança e Mutum (2008): nova organização política

No documento Reinvenções daimistas: (páginas 157-164)

Cisão entre Nova Esperança e Mutum (2008): nova organização política

A aldeia Nova Esperança fica localizada em uma parte mais alta da Terra Indígena Rio Gregório, em relação às outras aldeias. Ela se tornou o centro onde diversas famílias Yawanawá que estavam espalhadas foram morar, na década de 1990. Na aldeia Nova Esperança, a casa de Biraci é a casa central, e os outros parentes construíram também suas casas de madeira ao redor. Muitas das casas possuem o padrão regional, sendo casas quadradas, de madeira, com o teto de folhas de zinco. Aos poucos, foram construídas outras casas de madeira. A casa do cacique foi construída de maneira retangular, maior que as demais casas da aldeia. Perto foi construído um shuhu, uma casa com a base redonda e em forma de cone, que possui um estilo tradicional. Os shuhus são locais para realizar reuniões públicas, e se tornou um símbolo de casa tradicional Yawanawá.

Já no novo milênio, Raimundo Luiz criou a aldeia Mutum, próxima à aldeia Nova Esperança, para viver com seus parentes mais próximos. Descendo aproximadamente por uma hora de barco pelo rio, chega-se à aldeia Mutum, aldeia que ganhou esse nome devido ao nome do igarapé que a banha. Mesmo com o reconhecimento de Biraci como cacique, Raimundo Luiz e seus filhos quiseram ter mais espaço e autonomia, e abriram outra aldeia, próxima à aldeia Nova Esperança. Ainda que o cacique Biraci fosse o cacique de todo o povo Yawanawá, a existência de uma aldeia com os filhos da linhagem direta de Antônio Luiz e Raimundo Luiz apontava já para possíveis cisões, pois a proximidade no parentesco dos antigos chefes é um quesito para a legitimidade dos sucessores.

139 Biraci desposou três das filhas do antigo chefe Raimundo Luiz, Mariazinha, Júlia e Putani (primas cruzadas), como forma de consolidar a aliança com o novo cacique, iniciando a troca de dádivas e dívidas (Vereta-Nahoum, 2017). Esse casamento com as três irmãs marcava a aliança do antigo chefe, Raimundo Luiz, com o novo cacique. Com esse casamento, Biraci contraiu a obrigação de ser provedor da família do antigo líder. Do casamento com Mariazinha Neweni, nasceu Kenewmá Luíza. Entre os casamentos de Biraci, houve o rompimento dos casamentos do líder com Mariazinha e Júlia, e elas voltaram a viver com seu pai, Raimundo Luiz. Putani continuou casada com Biraci. No mesmo período, ele teve várias outras mulheres, sendo algumas esposas oficiais e outras não, algumas Yawanawá e outras nawa/brancas. Desses casamentos, Biraci teve 30 filhos, sendo que o primeiro é o músico Shaneihu, e o segundo é Biraci Junior, quem atualmente vem ocupando o lugar de sucessor da chefia na aldeia Nova Esperança.

De acordo com o relato da cacique Mariazinha, em 2008, houve uma situação social na qual ela estava presente em uma reunião na aldeia Nova Esperança, marcada pelo cacique Biraci. Mariazinha já era considerada como uma liderança nessa aldeia. O teor da reunião era um projeto econômico com um parceiro nawa, e a reunião teria um impacto econômico para toda a terra indígena. Os chefes Yawanawá se tornaram mediadores entre seu povo e agentes da sociedade nacional (Ribeiro, 2005), e a capacidade de manter essa mediação e as dádivas internas na aldeia é a forma como os líderes conseguem manter seu poder. Ao serem distribuidores, os chefes criam uma dívida que, em troca, é retribuída por lealdade política (Vereta-Nahoum, 2017).

Mariazinha não estava de acordo com aquela reunião pois, segundo ela, foi marcada sem a convocação das lideranças das outras aldeias. Nesse sentido, ela discordava com a postura de centralização do cacique nessa mediação. Devido a isso, a cacique Mariazinha disse que se o cacique Biraci não voltasse atrás em sua decisão e não convocasse as lideranças das outras aldeias, a aldeia Mutum se desligaria da aldeia Nova Esperança, deixando de ser chefiada por ele. Nesse sentido, o cacique Biraci perdeu a lealdade política de algumas lideranças, filhos e filhas do antigo cacique Raimundo Luiz. Ribeiro (2005) enfatiza as disputas políticas internas entre as lideranças Yawanawá para controlarem a mediação com os aliados externos nawa, pois esses líderes, mediadores entre o povo Yawanawá e a sociedade nacional, controlavam o ingresso e distribuição de recursos na aldeia, garantindo, portanto, sua posição como líder e seu status político.

140 Biraci manteve sua posição política, então Marizinha declarou a ruptura entre as duas aldeias e retornou para a aldeia Mutum. Na aldeia Mutum, narrou o ocorrido às outras lideranças locais, a seu pai e a seus irmãos e irmãs; e também a outras lideranças das outras aldeias que já vinham sendo criadas. A criação de outras aldeias pode ser também interpretada como discordâncias em relação à forma como o cacique vinha distribuindo os recursos obtidos através dos projetos econômicos (sobretudo a parceria com a empresa de cosméticos Aveda) e do turismo xamânico.

Em relação à economia na Terra Indígena Rio Gregório, é muito interessante como eles conseguem entrelaçar as normas ditas tradicionais de subsistência, o sistema tradicional de trocas totais (Mauss, 2013), associadas às relações e ao grau de parentesco, e à economia dita moderna, com o uso do dinheiro e das relações com os nawa em projetos econômicos. Os recursos advindos dos projetos econômicos eram distribuídos dependendo do grau de parentesco com o cacique: “É a capacidade de distribuir e dispor e não só a possessão de bens que forma a estrutura de poder” (Naveira, 1999, pág. 77). Dentro da economia Yawanawá, os homens casam-se com as mulheres e adquirem a obrigação de sustentá-las e às suas famílias. Dessa forma, as famílias das esposas do cacique certamente eram as primeiras a receber os recursos econômicos adquiridos nos festivais e nos projetos com os brancos. Alguns interlocutores contam que algumas famílias quiseram sair da aldeia Nova Esperança porque estavam insatisfeitos com a divisão de recursos que era feita na aldeia.

O chefe é aquele que consegue reunir pessoas, decidir sobre as principais atividades econômicas do grupo e organizar o trabalho (na caça, no roçado, na pescaria, na preparação dos mariris). Ele (ou ela) se distinguem por seus conhecimentos (sobre mitos, pajelança, conhecimentos práticos), sua postura e por sua proximidade de parentesco em relação aos chefes das gerações anteriores. Apesar da grande importância do parentesco, a chefia emana, ela não é eletiva. Distribuir é um privilégio e, nesse sentido, “a riqueza se difere do objeto para a relação que sua concessão cria entre as pessoas” (Naveira, 1999).

Em decorrência dessas questões econômicas, as demais lideranças concordaram com a decisão de Mariazinha e, juntos, todos sofreram as consequências daquela decisão. Os habitantes da aldeia Mutum e das outras aldeias a ela ligadas perderam qualquer recurso que antes recebiam da aldeia Nova Esperança. A pessoa que antes levava gasolina à aldeia Mutum foi proibida de lá aportar, e a aldeia ficou durante um bom tempo isolada,

141 sem que as pessoas pudessem ir até as cidades mais próximas para comprar alimentos como sal e óleo, além de outros produtos, como ferramentas e munições. Nesse sentido, os Yawanawá se fissionaram em 2008 entre a chefia da aldeia Nova Esperança e a da aldeia Mutum. Nas décadas de 1980 e 1990, eram um grupo coeso dentro da Terra Indígena Rio Gregório, sob a chefia de Biraci. Outras aldeias que estavam sendo abertas, ficaram ao lado da aldeia Mutum, exceto a aldeia Amparo, que continuou alinhada à liderança de Biraci Nixiwaka (Camargo-Tavares, 2013). Entretanto, em trabalho de campo na aldeia Mutum, tive a informação de que atualmente todas as outras seis aldeias estão alinhadas politicamente à aldeia Mutum.

Cada aldeia em si é uma unidade política, possuindo suas lideranças e sua própria forma de organizar a força de trabalho. A aldeia Nova Esperança organiza o seu trabalho e seus projetos de maneira independente das outras aldeias, através da Cooperativa Yawanawá (COOPYAWA), fundada em 2003, como uma ramificação da OAEYRG (Organização dos Agricultores e Extrativistas Yawanawá do Rio Gregório) (Camargo-Tavares, 2013). As demais sete aldeias organizam-se politicamente em torno da Associação Sociocultural Yawanawá (ASCY), com representantes de todas as aldeias, e liderada por Tashka Peshaho Yawanawá, filho de Raimundo Luiz.

Há reuniões políticas que acontecem geralmente no shuhu (construção tradicional) da Vila São Vicente ou da aldeia Mutum, que foi construído com patrocínio com parceria do governo do Estado do Acre. Atualmente, a aldeia Mutum é chefiada diretamente por Mariazinha Neweni Yawanawá (o nome “de Jesus” passou a ser omitido). E Tashka chefia remotamente de Rio Branco, onde mora com a esposa indígena mexicana. Ele se tornou o principal mediador entre os Yawanawá, lideranças governamentais, ONGs, aliados políticos e econômicos desse segmento das aldeias. De acordo com Júlia Yawanawá, era sonho de Raimundo Luiz que um de seus filhos chefiasse os Yawanawá, e isso está se tornando realidade. Ele já viveu nos EUA e fala inglês fluentemente, atraindo aliados estrangeiros.

Na aldeia Mutum, além de Tashka e Mariazinha, as outras lideranças são filhos e filhas de Raimundo Luiz Tui kuru. Além de Tashka, outra liderança política que faz mediação com a sociedade nacional é Sales, que atualmente é funcionário da FUNAI. Júlia Yawanawá atualmente trabalha na Cooperativa de mulheres Yawanawá, trabalhando com as mulheres na produção e venda de arte produzida com miçanga, vendidos através da marca Arauty, que significa enfeite. Ela também contribui com a

142 organização financeira do Etnoturismo na aldeia, ajudando na recepção de grupos de visitantes na aldeia Mutum. Matsini, o irmão mais novo, tornou-se o principal organizador da chamada Escola das Medicinas Yawanawá na aldeia Mutum, voltada tanto para pessoas da aldeia como para visitantes nawa. Ele é um dos principais organizadores do mariri Yawanawá da aldeia Mutum.

Outra liderança no xamanismo é Hushahu Yawanawá, a primeira mulher Yawanawá a concluir as dietas de dois anos. Ela é reconhecida em centros urbanos do Brasil e do exterior como pajé, constituindo-se em uma pajé nas cidades (Oliveira, 2012; Reis, 2015; Coutinho, 2011). Ela passa pouco tempo na aldeia, sendo que quase durante todo o tempo viaja em comitivas, dentro e fora do Brasil, realizando rituais de uni/ayahuasca e rapé nas cidades, produzindo (corpos) aliados. Outra liderança Yawanawá, agora tratando da aldeia Nova Esperança, é Putani, também filha de Raimundo Luiz Tui kuru. Atualmente, ela é reconhecida como a única esposa (oficial) do cacique Biraci, sendo a segunda mulher Yawanawá a fazer a dieta do Muká. Ela também é considerada uma pajé pelos nawas das cidades.

Essa fragmentação política remete à descrição do sistema político em Os Nuer (Evans-Pritchard, 2005). Há uma segmentação, em pares de oposições, podendo haver conflitos internos entre A e B sendo, neste caso, A a aldeia Nova Esperança e B o conjunto das outras sete aldeias (sendo que cada um desses segmentos representa aproximadamente metade da população Yawanawá). Entretanto, quando há algum conflito com pessoas externas, setores regionais, nacionais ou até internacionais, A e B se fundem novamente, tornando-se todos simplesmente o povo Yawanawá da Terra Indígena Rio Gregório, lutando por uma causa em comum. No próximo capítulo, tratarei sobre o início das relações desses pajés nas cidades e a igreja Céu do Mar, do Santo Daime (Rio de Janeiro).

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Capitulo 4. A formação da aliança espiritual: dádivas, dívidas, chefia

e parentesco simbólico

No Capítulo 2, mostrei que a igreja Céu do Mar é uma dissidência da igreja matriz do CEFLURIS/ICEFLU, tornando-se um segmento independente da linha expansionista do Santo Daime, mas com vínculo espiritual com a igreja matriz. Essa igreja carioca passou por conflitos internos que, ao longo de sua história, resultaram na saída de muitos(as) fardados(as) que acabaram por criar outros núcleos, pontos ou igrejas, dinâmica de produção de cisões, dissidências e novas alianças que fazem parte do processo de expansão da religião (Goulart, 2004). O dirigente dessa igreja buscou legitimidade nas relações de parentesco (como genro do líder carismático padrinho Sebastião), na antiguidade da igreja e, também, buscou se diferenciar de outros padrinhos da rede de igrejas do Santo Daime, a partir de inovações nas práticas rituais nessa igreja. Em 2008, um grande conflito interno à igreja, chamado de “balanço de 2008”, resultou na saída de um casal de líderes que fundaram seu próprio ponto ou núcleo. E, também, resultou na formação do Trabalho de Iluminação, de “doutrinação de espíritos”, ritual que se tornou marca e diferencial dessa igreja. Em 2009, a igreja ainda se recuperava do conflito interno do “balanço”.

Já no Capítulo 3, mostrei uma versão da história segmentada (Costa, 2017) Yawanawá, e como no tempo atual, o tempo do “resgate da cultura”, vem ocorrendo um processo de abertura a novas alianças com os nawa, entendida como a atualização do mito (Sahlins, 1981) de Mukaveine; tempo também no qual as intensas trocas com os nawa vêm produzindo novos projetos econômicos (Ribeiro, 2005; Vereta-Nahoum, 2013), diálogos xamânicos (Langdon, 2012b) e reinvenções da cultura Yawanawá (Oliveira, 2012). Além disso, em 2008, os Yawanawá passaram também por um grande conflito entre as lideranças, devido a disputas políticas em relação à mediação com um parceiro econômico nawa. Conflito que acabou gerando uma cisão interna entre a aldeia Nova Esperança e a aldeia Mutum, sendo que a última acabou sendo seguida pelas outras seis aldeias. A chefia não se centrava mais no cacique Biraci, da aldeia Nova Esperança, mas foi dividida também com alguns filhos e filhas do antigo cacique Raimundo Luiz, entre eles Tashka e a cacique Mariazinha. Dessa forma, parto dessas duas situações históricas: os conflitos e as cisões internas que ocorreram em 2008, gerando o enfraquecimento da

144 chefia da aldeia Nova Esperança e do dirigente da igreja Céu do Mar, para analisar a formação da chamada “aliança espiritual”.

Neste capítulo, o objetivo principal é perceber como vão ocorrendo trocas em meio a essas relações e, como a partir delas, vão sendo estabelecidas as relações hierárquicas, produzindo também legitimidades. Essas trocas podem ser pensadas como prestações totais ou fato social total (Mauss, 2013), como trocas de dádivas envolvendo trocas de elementos simbólicos rituais, conhecimentos, estéticas, plantas, objetos, mercadorias e dinheiro. Essas prestações totais podem ser analisadas como conversão da dívida (Vereta-Nahoum, 2017), entendida como sequência de prestações e contraprestações que buscam trocar valores recebidos em diferentes esferas sociais, unindo mercado, comunidade, legitimidade política, parentesco e ritual. Nessas operações, para compensar uma dívida, o valor recebido é transformado em outro de natureza diversa (como trocas de saberes xamânicos por dinheiro e/ou prestígio). Por conversão da dívida entende-se uma transformação que não extingue a dívida, mas dá continuidade à relação (Vereta-Nahoum, 2017, pp.45-46, passim). Assim, viso descrever e analisar essa rede de relações sociais entre os chefes do Santo Daime e Yawanawá, produtoras de uma estrutura social da aliança e de um idioma em comum (Evans-Pritchard, 2005), através de traduções, e da produção de analogias, diálogos e ressignificações no que diz respeito às posições de status, prestígio e hierarquia.

Tenho como hipótese que a aliança serviu para que ambos os chefes conseguissem apoio político externo visando o aumento da legitimidade interna, como mediadores entre o mundo ordinário e o mundo dos espíritos. Os adeptos do Santo Daime foram inseridos em meio ao sistema de trocas Yawanawá, através da produção de dívidas que são pagas por valores de outra natureza. Destaco a conversão da dívida (Vereta-Nahpum, 2017) de conhecimentos espirituais e serviços de cura Yawanawá, em dádivas de mercadoria e dinheiro. Em meio a essas relações, destaco também a produção de um tipo de parentesco simbólico, associado a um idioma compartilhado relacionado ao compadrio e à construção social do parentesco relacionado às emoções, como forma de produção de coesão e aproximação dentro do gradiente de parentesco. A produção de corpos semelhantes através da consubstancialização (Seeger, DaMatta e Viveiros de Castro, 1979), produzida em meio aos rituais (na cidade e na aldeia) nos quais há compartilhamento das medicinas da floresta e a produção do corpo via artefatos de miçanga (Lagrou, 2013). Dialogo também com a hipótese de que a expansão dos rituais

145 Yawanawá para fora do Acre e suas relações com os brancos daimistas são parte de uma estratégia político-econômico-ritual: trata-se de capturar e domesticar o exterior e o mundo dos brancos (espíritos, objetos, mercadorias, recursos econômicos, aliados políticos) através das alianças, em uma espécie de política externa. Nessas situações de contato, cada parte da relação interroga a identidade do outro, realiza traduções e produz reflexões sobre si (Albert e Ramos, 2002), em uma relação de mimese do outro a partir de suas próprias classificações e termos.

A narrativa do capítulo está baseada em dados de história oral temática sobre eventos que ocorreram entre os anos de 2009 e 2014. Baseei-me também no método de análise de situações sociais elaborado por Gluckman (2010). Ao longo desse período, penso que foi criada uma conjuntura72 de equilíbrio em meio a essa estrutura social da aliança, no qual valia o sistema de conversão da dívida associado à troca da dívida por compartilhamento de conhecimento espiritual e serviços de cura por dádivas de objetos e dinheiro. Ao final desse período, um conflito entre os chefes rompe o sistema de trocas, tendo como resultado o afastamento entre os mesmos. O sistema de trocas da aliança entre chefes Yawanawá e os chefes dessa igreja do Santo Daime foi reestabelecido em momento posterior, como será visto no próximo capítulo, no qual outros atores sociais e outros tipos de conversão da dívida entraram em jogo.

No documento Reinvenções daimistas: (páginas 157-164)