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AUDITORIA INDEPENDENTE

6.1. Classificação da Pesquisa

Um trabalho de pesquisa é um procedimento reflexivo e crítico, que objetiva encontrar respostas para problemas ainda não solucionados (SILVA; MENEZES, 2005). Para Minayo (1992, p. 23), a pesquisa pode ser conceituada como:

Atividade básica das ciências na sua indagação e descoberta da realidade. É uma atitude e uma prática teórica de constante busca que define um processo intrinsecamente inacabado e permanente. É uma atividade de aproximação sucessiva da realidade que nunca se esgota, fazendo uma combinação particular entre teoria e dados.

Desenvolvido com o propósito de gerar conhecimentos destinados à aplicação prática e com o objetivo de dirimir problemas específicos, este trabalho se utiliza de pesquisa de natureza aplicada, envolvendo verdades e interesses locais (SILVA; MENEZES, 2005).

Quanto à tipologia da abordagem utilizada nesta pesquisa, tendo em vista a natureza do problema proposto, se faz pertinente a pesquisa qualitativa. No âmbito das ciências sociais, as pesquisas qualitativas trabalham com a compreensão de crenças, valores, significados e motivações. Quando estes elementos são estudados sob a ótica dos métodos quantitativos, parte essencial do conhecimento acerca destes elementos se perde (BONI; QUARESMA, 2005).

As pesquisas que se utilizam da abordagem qualitativa não se preocupam com a representatividade numérica. A preocupação repousa na compreensão de um grupo social ou de uma organização, como no caso dessa pesquisa. Segundo Gerhardt e Silveira (2009, p. 32), as pesquisas qualitativas se preocupam “com aspectos da realidade que não podem ser quantificados, centrando-se na compreensão e explicação da dinâmica das relações sociais”.

Pelos aspectos que a caracterizam, as pesquisas que se utilizam da abordagem qualitativa sofrem críticas pela sua natureza empírica, subjetiva, bem como pela possibilidade do pesquisador se envolver emocionalmente com o objeto (MINAYO; DESLANDES; GOMES 2009). Vários de seus opositores afirmam que a pesquisa qualitativa falha na comprovação de seus métodos (CHIZZOTTI, 2003). Becker (1994, p. 128), contudo, postula que:

repetisse o estudo, um outro observador produziria, com a mesma análise, o mesmo modelo total? A resposta é obviamente que sim - mas apenas se ele usasse a mesma estruturação teórica e estivesse interessado nos mesmos problemas gerais, pois nem a estruturação teórica nem o problema principal escolhido para o estudo são inerentes ao grupo estudado.

A pesquisa qualitativa é descritiva. Os dados são analisados indutivamente pelos pesquisadores, e o processo e o significado são o foco principal dessa abordagem (SILVA; MENEZES, 2005).

Para que seja melhor compreendida a diferença entre as abordagens de pesquisa, será efetuada uma breve descrição sobre a pesquisa quantitativa. Com raízes no pensamento positivista lógico, e frequentemente aplicada nas ciências naturais, essa abordagem enfatiza a lógica, o raciocínio dedutivo e aspectos mensuráveis (SILVA; MENEZES, 2005). Fonseca (2002, p. 20), assim define a pesquisa quantitativa:

Diferentemente da pesquisa qualitativa, os resultados da pesquisa quantitativa podem ser quantificados. Como as amostras geralmente são grandes e consideradas representativas da população, os resultados são tomados como se constituíssem um retrato real de toda a população alvo da pesquisa. A pesquisa quantitativa se centra na objetividade. Influenciada pelo positivismo, considera que a realidade só pode ser compreendida com base na análise de dados brutos, recolhidos com o auxílio de instrumentos padronizados e neutros. A pesquisa quantitativa recorre à linguagem matemática para descrever as causas de um fenômeno, as relações entre variáveis, etc. A utilização conjunta da pesquisa qualitativa e quantitativa permite recolher mais informações do que se poderia conseguir isoladamente.

Quando se observa essas explanações acerca das duas tipologias de abordagem da pesquisa, é possível verificar que ambas possuem pontos fortes e fracos. Contudo, essas tipologias são complementares, ou seja, os pontos fortes de uma complementam os pontos fracos da outra, contribuindo assim ambas para o desenvolvimento da Ciência (SILVA; MENEZES, 2005).

Quanto ao seu objetivo, as pesquisas podem ser classificadas em três tipos: pesquisa exploratória, pesquisa descritiva e pesquisa explicativa (GIL, 2002). A pesquisa exploratória, segundo Gil (2002), visa proporcionar ao pesquisador maior familiaridade com o problema estudado, e assim possibilitar a formulação de hipóteses. Sua aplicação envolve levantamento bibliográfico, entrevista com indivíduos que tiveram experiências com o problema estudado e a análise de exemplos que auxiliem na compreensão do problema.

Nas pesquisas descritivas, por sua vez, há descrição das características de determinada população ou fenômeno, ou ainda a análise de relações entre variáveis. Essas

pesquisas são caracterizadas pela utilização de técnicas para a coleta de dados, como questionário e a observação sistemática. As pesquisas explicativas, por sua vez, têm por objetivo identificar os fatores que corroboram para a ocorrência dos fenômenos. Através da pesquisa explicativa é possível identificar o cerne do problema. Por este motivo, é o tipo de pesquisa que mais se aproxima da realidade e também o mais complexo e delicado, pois em função de sua natureza detalhista e aprofundada, o risco de cometer erros é maior (GIL, 2002).

Devido à necessidade de se conhecer melhor a situação problema abordada por esta pesquisa, e também em função da necessidade de se obter uma visão geral acerca da viabilidade de intervenção, a pesquisa a ser utilizada neste trabalho, com relação aos objetivos, pode ser classificada como exploratória e descritiva. Os tipos de pesquisa exploratória e descritiva são os que mais se adequam às particularidades do trabalho.

A aplicação conjunta destes dois modelos se justifica, principalmente quando observado o fato de que a pesquisa explanatória vai possibilitar uma melhor compreensão do assunto a ser investigado, orientar a fixação de objetivos, a formulação de hipóteses e ainda possibilitar a descoberta de novas abordagens para tratar o problema, ao passo que a pesquisa descritiva vai permitir conhecer e relatar a realidade do fenômeno em estudo (ANDRADE, 2002).

O trabalho de pesquisa também deve ser classificado com base nos procedimentos técnicos que serão utilizados na sua execução. Em outras palavras, para confrontar a visão teórica com os dados empíricos, se faz necessário o delineamento de um modelo conceitual e operativo da pesquisa. Este delineamento expressa, em síntese, o desenvolvimento da pesquisa com foco nos procedimentos técnicos de coleta e análise de dados. Assim, uma pesquisa é classificada quanto ao seu delineamento tendo como base o procedimento adotado para a sua coleta de dados (GIL, 2002).

Segundo Gil (2002), são dois os grupos de delineamentos: um primeiro, cujos dados são obtidos através de documentos (ou “papéis”), e o segundo onde os dados são fornecidos por pessoas. O primeiro grupo se ocupa da pesquisa bibliográfica e documental, ao passo que no segundo estão a pesquisa experimental, a pesquisa ex-post facto, o levantamento e o estudo de caso.

Segue uma explanação sucinta acerca dos tipos de pesquisa mencionados no parágrafo anterior:

a) Pesquisa Bibliográfica: é a pesquisa elaborada com base em material já publicado, nos quais pode-se incluir livros, artigos publicados em periódicos e os materiais disponíveis para consulta na Internet.

b) Pesquisa documental: a pesquisa documental se dá quando elaborada com base em material que não recebeu nenhum tratamento analítico.

c) Pesquisa experimental: essa forma de pesquisa consiste em determinar um objeto de estudo, selecionar as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, e definir meios de controle e de observação dos efeitos que essas variáveis produzem no objeto.

d) Pesquisa ex-post facto: a tradução literal dessa expressão é “a partir do fato passado”, ou seja, nesta pesquisa, o estudo é realizado somente após a ocorrência de variações na variável dependente. Em outras palavras, o estudo se dá após ocorrerem os fatos.

e) Pesquisa levantamento: essa pesquisa se dá através do questionamento direto dos indivíduos ou grupos cujo comportamento se deseja conhecer.

f) Pesquisa estudo de caso ou de campo: envolve o estudo aprofundado de um ou poucos objetos de forma a obter um amplo e detalhado conhecimento sobre este (GIL, 2002).

Com base nas características dos tipos de pesquisa descritos anteriormente, é possível afirmar que quanto ao seu delineamento, o trabalho ora apresentado pode ser classificado como um estudo de caso, pois o presente estudo se dá junto a uma comunidade específica, ou seja, a comunidade acadêmica do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de São Paulo. E a pesquisa será realizada dentro de seu contexto, ou seja, o campus Hortolândia, onde, imerso na realidade do objeto, será possível como pesquisador, observar as regras, costumes e convenções que regem esta comunidade (GIL, 2002).