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3 – Revisão bibliográfica

3.4 Classificação do porte das empresas

Sempre que é realizado algum estudo sobre as micro e pequenas empresas uma das primeiras questões a ser abordada é acerca dos critérios que serão utilizados para classificar um estabelecimento como micro, pequeno, médio ou grande. Este ponto da análise é muito importante e caso não esteja criteriosamente definido compromete o estudo efetuado.

Considerar o porte da empresa na avaliação dos acidentes implica em abordar as particularidades das MPEs.

Existem basicamente dois conceitos utilizados para os critérios de classificação do porte das empresas, sendo o primeiro baseado no faturamento do estabelecimento e o segundo no número de trabalhadores existentes.

Inicialmente, a Lei n.º 9.317, de 5 de dezembro de 1996, instituiu o Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte – SIMPLES, adotando os seguintes critérios para classificação das empresas:

x Microempresa, a pessoa jurídica que tenha auferido, no ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 120.000,00 (cento e vinte mil reais);

x Empresa de pequeno porte, a pessoa jurídica que tenha auferido, no ano- calendário, receita bruta superior a R$120.000,00 (cento e vinte mil reais) e igual ou inferior a R$720.000,00 (setecentos e vinte mil reais).

Já a Lei n.º 9.841, de 5 de Outubro de 1999, instituiu o Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, dispondo sobre o tratamento jurídico diferenciado e simplificado, previsto nos artigos 170 e 179 da Constituição Federal. O critério adotado para conceituar micro e pequena empresa era a receita bruta anual, conforme descrito abaixo:

x Microempresa, a pessoa jurídica e a firma mercantil individual que tiver receita bruta anual igual ou inferior a R$ 244.000,00 (duzentos e quarenta e quatro mil reais);

x Empresa de pequeno porte, a pessoa jurídica e a firma mercantil individual que, não enquadrada como microempresa, tiver receita bruta anual superior a R$ 244.000,00 (duzentos e quarenta e quatro mil reais) e igual ou inferior a R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais).

Estes valores foram atualizados pelo Decreto nº 5.028/2004, de 31 de março de 2004, que corrigiu os limites originalmente estabelecidos para os seguintes:

x Microempresa: receita bruta anual igual ou inferior a R$ 433.755,14 (quatrocentos e trinta e três mil, setecentos e cinquenta e cinco reais e quatorze centavos);

x Empresa de Pequeno Porte: receita bruta anual superior a R$ 433.755,14 e igual ou inferior a R$ 2.133.222,00 (dois milhões, cento e trinta e três mil, duzentos e vinte e dois reais).

Atualmente, o novo Estatuto da MPE definido pela Lei n.º 123, de 14 de dezembro de 2006 estabelece normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e

favorecido a ser dispensado às microempresas e empresas de pequeno porte, no que se refere à apuração e recolhimento de impostos, cumprimento de obrigações trabalhistas e previdenciárias e ao acesso a crédito e ao mercado, à tecnologia, ao associativismo e às regras de inclusão.

Os critérios para classificação das empresas são:

x Microempresa: receita bruta anual igual ou inferior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais);

x Empresa de Pequeno Porte: receita bruta anual superior a R$ 240.000,00(duzentos e quarenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil reais).

No que se refere ao número de funcionários, o SEBRAE (2008) utiliza o conceito de pessoas ocupadas nas empresas conforme descrito abaixo. É importante observar que esta entidade diferencia por atividade econômica a classificação do porte do estabelecimento.

Quadro 1- Estratificação adotada pelo SEBRAE para porte dos estabelecimentos em função das pessoas ocupadas.

Porte Setor Indústria e Construção Comércio e Serviços

Microempresas Até 19 Até 9

Empresas Pequeno Porte De 20 a 99 De 10 a 49

Médias De 100 a 499 De 50 a 99

Grandes 500 ou mais 100 ou mais

Fonte: SEBRAE, 2008

Já o IBGE utiliza na maior parte de seus estudos uma estratificação das empresas em função das pessoas ocupadas, porém sem fazer uma associação com o porte das empresas.

Nas pesquisas envolvendo as micro e pequenas empresas, é utilizado pelo instituto um critério de porte do estabelecimento, mas somente para os setores de comércio e serviços (IBGE, 2008b).

Quadro 2- Estratificação adotada pelo IBGE para porte dos estabelecimentos em função das pessoas ocupadas.

Porte Setor

Comércio e Serviços

Microempresa Até 5 pessoas

Pequena De 6 a 19

Média e Grande 20 ou mais

Fonte: IBGE, 2008.

3.4.1 Critérios de definição adotados no Mundo

No Âmbito internacional, a União Européia (EUROPEAN UNION, 2008) adota os seguintes critérios para classificação das empresas:

Quadro 3 - Estratificação adotada pela União Européia para porte dos estabelecimentos em função das pessoas ocupadas.

Porte N.º Trabalhadores

Microempresas 1 a 9

Pequenas Empresas 10 a 49 Médias Empresas 50 a 249 Grandes Empresas 250 ou mais Fonte: União Européia

É importante notar que não são consideradas as diferenças entre os setores da economia, como é feito pelo SEBRAE no Brasil, no entanto, o faturamento da empresa também é observado, principalmente para a concessão de crédito ou participação em programas de incentivo.

Desta forma, os países membros da União Européia adotam os dois conceitos básicos de classificação dos estabelecimentos em MPEs que também são utilizados no Brasil.

O Reino Unido, apesar de não fazer parte da União Européia também adota o mesmo critério para a classificação do porte da empresa (UNITED KINGDOM, 2007).

Nos Estados Unidos da América, o órgão SBA – Small Business Administration (www.sba.gov), que é uma agência do governo federal, estabelece os critérios para definição de pequena empresa por meio do código eletrônico de regulação federal (e- CFR). As empresas classificadas como pequenas podem se inscrever nos programas de incentivo do SBA para o desenvolvimento dos negócios.

Também neste caso os parâmetros utilizados para estratificar as empresas são o número de trabalhadores dos estabelecimentos ou em função da receita anual.

De acordo com a própria SBA são consideradas as características econômicas, inclusive os graus de competição, tamanho médio das empresas, custos de abertura e barreiras de entrada, competição de outros estabelecimentos dentre outros fatores para a definição de pequeno porte.

Das 1.165 classes de atividades existentes, em 606 o critério adotado é em função do número de trabalhadores do estabelecimento e nas restantes o critério é o faturamento anual. Apresentamos na tabela 1 os valores máximos de funcionários que uma empresa pode ter para ser enquadrada como pequena e o número de atividades econômicas onde este critério é aplicado (ELECTRONIC CODE OF FEDERAL REGULATIONS, 2008).

Tabela 1 - Número de atividades econômicas que utilizam determinado critério de classificação de pequena empresa (EUA).

N.º Trabalhadores N.º Atividades com