• Nenhum resultado encontrado

CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES. OBRIGAÇÕES DE DAR E ENTREGAR COISA CERTA.

OBJETIVO:

Saber reconhecer os critérios de classificação das obrigações e entender que cada um deles volta-se para um interesse prático ou didático; entender a importância de conhecer a classificação adotada pelo Código Civil, tendo em vista as escolhas feitas pelo legislador e a sua coerência com o sistema do Código de Processo Civil; diferenciar o tratamento legal das obrigações de dar coisa certa e restituir e suas implicações nos casos de perda e deterioração fortuita ou culposa.

INSTRUÇÕES:

1) Ler PEREIRA (2013, v.2), capítulo XXVI, itens 132 e 133; 2) Ler NE- VES (2012), Capítulo 6, item 6.1.1; 3) Ler o Acórdão e votos do julgamento da AgRg nos EDcl nos EDcl no Ag 972302 / RJ, Rel. Min. Sidnei Beneti para discussão em aula; 4) Ler o caso Sherwood vs. Walker (abaixo) para exposição em sala; 5) Resolver a seguinte questão: Renato aluga para Paulo sua casa de campo por um período de seis meses. Todavia, após um mês de locação, Paulo, bêbedo, esquece o gás do fogão aceso e provoca uma explo- são, levando a casa a incendiar-se completamente. Quais as providências que Renato poderá adotar em face de Paulo?

SUGESTÕES:

Ler TEPEDINO (2005), Capítulo 6. CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES:

# Subjetividade das classificações

# Classificações quanto ao objeto (qualidade e quantidade) e quanto ao sujeito da obrigação

# Classificação quanto à qualidade do objeto:

(i) obrigações de dar (o que é de dar é a prestação) (ii) obrigações de fazer

(iii) obrigações de não-fazer

— Classificação abandonada na maioria dos países (obrigações de fato positivo/negativo)

— Aqui mantida não só pela história, já que remonta aos romanos, mas por ser realmente importante na determinação das regras aplicá- veis (traditio, execução)

(iv) divisíveis e indivisíveis (que estudaremos à parte) OBRIGAÇÕES DE DAR:

(a) dar strictu sensu (traditio; transferência de direito real) (b) entregar (transferência do uso e gozo da coisa) (c) restituir (devolver A coisa pertencente a credor)

— As obrigações de dar e entregar podem envolver: (x) coisa certa; e (y) coisa incerta — A obrigação de restituir é sempre de coisa certa.

OBRIGAÇÕES DE DAR E ENTREGAR COISA CERTA # “Infungibilidade” decorrente da coisa certa (art. 313)

# Abrangência (art. 233 — acessórios/accessorium sequitur principallis). # O interesse do credor está em receber aquela determinada coisa e não outra em seu lugar.

# Grande parte do interesse prático no estudo das obrigações de dar está nas consequências da perda ou deterioração da coisa, seja por culpa ou por fortuito. Esse último caso é objeto da “Teoria dos Riscos” que visa sistemati- zar tais consequências, especialmente para determinar quem (dentre credor e devedor) suportará a diminuição patrimonial dessa perda ou deterioração.

# Perda:

(ii) o extravio, quando não mais possa ser encontrada; (iii) quando a coisa deixa de ter suas qualidades essenciais; (iv) quando se tornar indisponível;

(v) quando se tornar inatingível (ex.: fundo do mar); e

(vi) quando se confundir com outra não mais podendo ser separada (confusão, comistão, adjunção).

1) Coisa certa se perde COM CULPA (art. 234, fine): equivalente + in- denização

2) Coisa certa se deteriora COM CULPA (art. 236): (i) fica com a coisa + indenização; (ii) exige equivalente (sempre pecuniário) + indenização

3) Coisa certa se perde SEM CULPA (art. 234, 1a parte):

— risco é do devedor; ele era quem tinha a coisa mais arraigada em seu patrimônio (proprietário? (res perit domino)).

— ele sofre a diminuição patrimonial equivalente a essa perda (credor fica com eventual preço ou aluguel)

— resolve-se a obrigação.

4) Coisa certa se deteriora SEM CULPA (art. 235): (i) fica com a coisa + desconto; (ii) resolve-se a obrigação.

# Cômodos (acréscimos) da coisa (art. 237, caput). — Sherwood vs Walker

OBRIGAÇÕES DE RESTITUIR:

# Mesmo tratamento em caso de perda ou deterioração com culpa (art. 239 remete ao 234,2a parte).

# Diferença no tratamento das hipóteses de perda ou deterioração fortui- tas da coisa:

— inversão do risco POIS invertida a posição de quem tinha a coisa + arraigada no patrimônio

— art. 238

RESUMO DE SHERWOOD VS WALKER:

Summary of Sherwood v. Walker, 66 Mich. 568, 33 N.W. 919 (1887). Facts

Sherwood (P) contracted to purchase a cow from Walker (D). Walker sho- wed Sherwood a cow, Rose 2d of Aberlone, which he believed to be barren. Sherwood agreed to purchase the cow for $80. If the cow had been fertile it would have been worth $750 to $1000. Walker later discovered that the cow was with calf and refused to complete the transaction.

Sherwood brought suit and took possession of the cow via a writ of reple- vin. At trial, Walker showed that at the time of the sale both parties had be- lieved the cow to be barren and both knew that the value of a fertile cow was much higher than that of a barren cow. The judge instructed the jury that it was immaterial whether the cow was barren. The jury returned a verdict in favor of Sherwood and Walker appealed.

Issue

• Can a mutual mistake regarding the substance of the subject matter of a contract render a contract unenforceable?

Holding and Rule

• Yes. A mutual mistake regarding the substance of the subject matter of a contract may render that contract unenforceable.

There is no contract if there is a difference or misapprehension as to the substance of the thing bargained for, or if the thing actually delivered or received is different in substance from the thing bargained for and intended to be sold. However, if there is merely a difference as to some quality or acci- dent, even though the mistake may have been the actuating motive of either or both of the parties, the contract remains binding. The only difficulty in such a case is to determine if the mistake is as to the substance of the whole contract. Under prior law it has been held that when a horse is bought under the belief that he is sound, and both the buyer and seller have this honest belief, the purchaser must stand by his bargain and pay the full price unless there was a warranty.

The court held that in this case the mistake went to the whole substance of the agreement. This mistake was not about the mere quality of the cow but to its very nature, i.e. a fertile cow as opposed to a barren cow.

Disposition

Dissent (Sherwood)

There is no pretense that the plaintiff bought the cow for beef. There is nothing indicating that he would have bought her at all only that he thought she might be made to breed. From the facts it turns out that Sherwood was more correct than the defendant as to one quality of the cow. Walker made a mistake about the quality of the cow and unless the plaintiff knew or should have known about that mistake he cannot be charged with taking advantage of the situation. The contract is valid and should be enforced.

Notes

A contractual mistake ‘is a belief that is not in accord with the facts’. See 1 Restatement Contracts, 2d, § 151, p 383. The erroneous belief of one or both of the parties must relate to a fact in existence at the time the contract is executed. The belief which is found to be in error may not be, in substance, a prediction regarding a future occurrence or non-occurrence.

AULA :6 OBRIGAÇÕES DE DAR COISA INCERTA

# Coisa incerta = não determinada em sua individualidade; não particu- larizada

# Então obrigação de dar coisa incerta = obrigação indeterminada? Não. Obrigação de dar coisa indeterminada = obrigação nula

# A indeterminação não é total (art. 243): é preciso determinar ao menos o gênero e a quantidade.

# Não é preciso determinar a espécie (“espécie” aqui <> “espécie” em Bio- logia)

# Espécie = “corpo certo, coisa individuada, objeto determinado”

# Na obrigação de dar coisa incerta não importa ao credor qual indivíduo dentro de um gênero receberá. Para ele só importa que o indivíduo que rece- berá seja daquele determinado gênero.

# Gênero = universo de coisas da mesma espécie

# Coisa naturalmente infungível = sempre coisa certa; coisa naturalmente fungível nem sempre é incerta

# Na obrigação de dar coisa incerta a prestação é sempre indeterminada? # Escolha: ato através do qual se individualiza a coisa a ser entregue:

— Quem faz a escolha? Art. 244, 1a parte

— Como deve ser feita a escolha? (art. 244, fine). E se for do credor? — Conseqüência da escolha = coisa certa (art. 245)

# Perda ou deterioração da coisa incerta? (genus non perit — art. 246) OBJETIVO:

Saber reconhecer os critérios de classificação das obrigações e entender que cada um deles volta-se para um interesse prático ou didático; entender a importância de conhecer a classificação adotada pelo Código Civil, tendo em vista as escolhas feitas pelo legislador e a sua coerência com o sistema do Có- digo de Processo Civil; diferenciar o tratamento legal das obrigações de dar coisa certa e restituir das obrigações de dar coisa incerta e suas implicações nos casos de perda e deterioração fortuita ou culposa.

INSTRUÇÕES:

1) Ler PEREIRA (2013, v.2), capítulo XXVI, item 134; 2) Ler NEVES (2012), Capítulo 6, item 6.1.3; 3) Resolver a seguinte questão: Empresa Agrícola Tondemo Ltda. deu em pagamento a Murilo Santos 12 (doze) vagas de garagem e 335m2 de área útil em salas do edifício Mirante em Brasí- lia, de sua propriedade. Antes da transferência, Murilo foi informado que Tondemo estaria vendendo várias salas e vagas de garagem, pelo que propôs ação pretendendo que Tondemo fosse condenada a se abster de vender as salas e vagas. O juiz determinou a abstenção. No recurso, Tondemo alega que a decisão deve ser reformada, pois cuida-se de bens imóveis e estes não estão especificados, sendo que a decisão equivaleria a impedir a recorrente de alienar quaisquer vagas e salas dentre aquelas que possui no prédio, o que é inconcebível. Como vc decidiria?

SUGESTÕES:

AULA 7: OBRIGAÇÕES DE DAR ENVOLVENDO PRESTAÇÕES

Documentos relacionados