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5.2 CLASSIFICAÇÃO DAS EDIFICAÇÕES

5.2.2 Classificação por Grau de Risco da Edificação

Tabela 23 – Rol de classificações existentes na legislação brasileira quanto à ocupação (conclusão)

Ocupação comum a todas as legislações Ocupação não comum a todas as legislações

Local de reunião de público Patrimônio histórico

Serviço automotivo, garagens e oficinas Interesse social Serviços de saúde e hospitais Centro de computação

Indústria Estúdios

Depósitos Portos e terminais hidroviários

Explosivos Teleatendimento

Atividades envolvendo combustíveis, líquidos e gases inflamáveis (Produção, manipulação, armazenamento e

distribuição e postos de abastecimento)

Processamento de lixo e resíduos

Pública Torres (estações) de rádio e telefonia

Terminais de passageiros Mista

Templos religiosos Arquivos, museus e bibliotecas Construção provisória (circos e assemelhados)

Estruturalmente, diversos Estados possuem semelhanças entre si. Suas regulamentações foram replicadas e ajustadas em cada território, utilizadas quer seja pela qualidade técnica dos diplomas, proximidade territorial ou por disponibilidade de conhecimento na época em que foram editadas.

O fato é que existem claramente 17 Estados que possuem estruturas semelhantes de regulamentação técnica no que concerne à classificação e detalhamentos técnicos das medidas de SCIE, distribuídos em todas as regiões do Brasil, assim como há o Estado do Maranhão (Região nordeste) semelhante ao Estado do Rio de Janeiro (região sudeste), e do Estado do Amapá (região norte) similar ao Distrito Federal (centro-oeste), demonstrando que diferenças regionais como clima, cultura ou disponibilidade de mercado não são fatores preponderantes que afetem os parâmetros técnicos de eficiência ou justifique certas disparidades entre os Estados. Pelo contrário, embora com diversas discrepâncias aparentes, este cenário fundamenta em primeira instância que é possível adotar parâmetros técnicos únicos através de um esforço conjugado entre os regulamentadores, mercado e pesquisadores no Brasil.

brasileiras cinco tipos de classificações distintas. Estas classificações são frutos da atualização de alguns regulamentos e permanência em outros Estados de normativas mais antigas.

O primeiro método de classificação surgiu em 1º de setembro de 1952, quando o Departamento Nacional de Seguros Privados e Capitalização aprovou a Tarifa de Seguro Incêndio do Brasil (TSIB), seguido do surgimento do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) em 1954, que criou o Manual de Resseguros do Brasil e encampou a TSIB. Os riscos são graduados de acordo com as classes de ocupação criadas, através da Circular nº 006/92 da Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) e até hoje são utilizadas. As classes de ocupação variam de 1 a 13, conforme a TSIB, e os riscos de incêndio, da seguinte forma:

a) risco Classe A, que contém as Classes 1 e 2, excluídos os depósitos;

b) risco Classe B, que contém as Classes 3 a 6 e os depósitos de Classes 1 e 2;

c) risco Classe C, que contém as Classes 7 a 13.

Geralmente, as classes A, B e C são definidoras dos respectivos graus de risco baixo, médio e alto. Utilizam este método de classificação os Estados do Acre, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Rondônia.

A segunda classificação é a partir da carga de incêndio presente na edificação. O Estado de São Paulo adota em sua legislação, faixas que estabelecem os níveis baixo, médio ou alto de risco de incêndio caso este ocorra, conforme Tabela 24. Esta classificação é igualmente adotada nos Estados Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Rio Grande do Sul, Roraima, Sergipe e Tocantins. Os demais Estados apresentam, de forma diferenciada, a determinação do grau de risco pela atividade (ocupação) desenvolvida na edificação.

Tabela 24 – Classificação dos riscos de incêndio de acordo com a carga de incêndio

Risco Carga de incêndio (MJ/m2)

Baixo Até 300

Médio Entre 300 e 1.200

Alto Acima de 1.200

(fonte: Decreto Estadual 56.819/2011 de São Paulo)

As regulamentações do Estado do Amapá e do Distrito Federal apresentam semelhanças no enquadramento. Apesar de estarem diretamente relacionadas com o método proposto pela TSIB, apresentam denominações e grupos diferentes. O Distrito Federal atualizou sua classificação passando a elencar diretamente as atividades ao grau de risco como mostra a Tabela 25, especificando ainda o distanciamento e as obstruções necessárias para considerar estes riscos isolados, conforme Tabela 26. Já o método de classificação do grau de risco no Estado do Amapá é apresentado na Tabela 27.

Tabela 25 – Classificação do grau de risco de incêndio no Distrito Federal (continua)

Ocupação ou Destinação

Risco

Baixo/Pequeno/Leve Médio/Ordinário Alto/Grande/Extraordinário

A B1 B2 C1 C2

I Concentração

de público

- Igrejas;

- Mesquitas;

- Sala de reuniões;

- Sinagogas;

- Templos.

- Auditórios;

-Bares e restaurantes

dançantes;

- Bibliotecas e assemelhados;

- Boate;

- Cinemas;

- Danceteria;

- Estádio;

- Galerias de arte;

- Ginásio;

- Local de exposições permanentes;

- Museus;

- Teatros;

- Salões diversos.

- Autódromo;

- Cartódromo;

- Casa de jogos;

- Clubes noturnos em

geral;

- Feiras de exposições itinerantes;

- Salão de clubes sociais;

- Salão de festas ou

bailes.

- Circos e assemelhados;

- Estruturas provisórias (arquibancadas

, palanques, palcos e tendas);

- Parque de Diversões;

- Qualquer atividade ou

evento com espetáculo pirotécnico em

ambiente aberto.

- Qualquer edificação

com espetáculo pirotécnico em ambiente

fechado - indoor.

II Terminais de

passageiros

- Estação rodoviária

- Estação Metroviária;

- Estação Ferroviária.

- Aeroporto. - -

Tabela 25 – Classificação do grau de risco de incêndio no Distrito Federal (conclusão)

Ocupação ou Destinação

Risco

Baixo/Pequeno/Leve Médio/Ordinário Alto/Grande/Extraordinário

A B1 B2 C1 C2

III Permanência

transitória

-

- Albergues;

- Alojamentos;

- Apart-hotéis;

- Casa de cômodos;

- Hotéis;

- Hotéis residenciais;

- Motéis;

- Pousada;

- Pensionatos;

- Saunas;

- Serviços de hospedagem em

geral.

- Apart-hotéis e hotéis residenciais com cozinha

própria.

- -

(fonte: Norma Técnica nº 002/2009 do Distrito Federal)

Tabela 26 – Características para isolamento de riscos no Distrito Federal

Classes A B-1 B-2 C-1 C-2

A Parede Cega Parede Cega 5,0 7,0 9,0

B-1 Parede Cega Parede Cega 5,0 7,0 9,0

B-2 5,0 5,0 5,0 7,0 9,0

C-1 7,0 7,0 7,0 7,0 9,0

C-2 9,0 9,0 9,0 9,0 10,0

- Considera-se parede cega, a obstrução em alvenaria com no mínimo 25 cm de espessura, ou em concreto com no mínimo 15 cm, ou material certificado resistente a 4 horas, sem qualquer abertura;

- Espaço livre de aberturas no mínimo a 50 cm de afastamento da parede cega;

- A parede cega deve ultrapassar um metro acima dos telhados ou coberturas;

- A parede cega deve prolongar um metro perpendicularmente à parede adjacente.

(fonte: Norma Técnica nº 002/2009 – CBM do Distrito Federal)

Tabela 27 – Método de classificação de grau de risco e de isolamento de riscos no Estado do Amapá (continua)

Classes Conceituação da Classe de Risco (TSIB/IRB) A B-1 B-2 C-1 C-2 A Riscos isolados com classes de ocupação 1 e 2 Parede Cega Parede Cega 5,0 7,0 9,0 B-1 Riscos isolados com classes de ocupação 3 e 4 Parede Cega Parede Cega 5,0 7,0 9,0

Tabela 27 – Método de classificação de grau de risco e de isolamento de riscos no Estado do Amapá (conclusão)

Classes Conceituação da Classe de Risco (TSIB/IRB) A B-1 B-2 C-1 C-2 B-2 Riscos isolados com classes de ocupação 5 e 6 5,0 5,0 5,0 7,0 9,0 C-1 Riscos isolados com classes de ocupação 7 a 9 7,0 7,0 7,0 7,0 9,0 C-2 Riscos isolados com classes de ocupação 10 a 13 9,0 9,0 9,0 9,0 10,0 - Considera-se parede cega, a obstrução em alvenaria com no mínimo 25 cm de espessura, ou em concreto com no mínimo 15 cm, não podendo existir aberturas com distâncias inferiores a 50 cm do eixo da parede.

(fonte: Norma Técnica nº 002/2005 – CBM do Amapá)

Os Estados do Maranhão e do Rio de Janeiro possuem métodos de classificação iguais, definidos por parâmetros de avaliação, sendo eles estrutural, ocupacional e humana. A Tabela 28 apresenta as classificações com suas respectivas atividades enquadradas.

Tabela 28 – Classificação quanto aos riscos das edificações nos Estados do Maranhão e Rio de Janeiro

Classificação

dos riscos Descrição da ocupação ou atividade

Pequeno

Unifamiliares, multifamiliares (sem serviços de restaurante, lavanderias, etc.), garagem em edificações multifamiliares (servidas por rampas) e mistas com comércio somente no pavimento térreo. A ocupação mista com mais de um pavimento comercial obriga a classificar

toda edificação em risco médio.

Médio

Multifamiliares com “serviço” (Apart-Hotel), hotéis, hospitais, orfanatos, asilos, bibliotecas, garagem em estabelecimentos comerciais, comerciais, lojas e escritórios não compartimentados

por alvenarias, edificações de reunião de público, museus, prisões, quartéis, depósito de alimentos e produtos industrializados, grandes estabelecimentos comerciais não enquadrados

como grande risco, comerciais (escritórios compartimentados por alvenaria), comércio ou Indústria de produtos incombustíveis, edifício garagem, shopping, mercados e grandes estabelecimentos industriais (fábrica de cimento, fábrica de laticínios, fábrica de jóias, fábrica

de cerveja e refrigerantes, fábrica de abrasivos, fábrica de conserva de alimentos, fábrica de motores, fábrica de produtos de fumo e fábrica de instalações de galvanoplastia).

Grande

Moinhos de cereais, usinas de beneficiamento de arroz, torrefação de café, destilarias de alcatrão, hangares de avião, estúdios de televisão e cinematográficos, fábricas ou comércio de

produtos de couro, fábricas de cola inflamável, fábricas de escovas e vassouras, fábricas de papel e papelão, fábricas de produtos de borracha, fábricas de produtos de plástico, fábricas de

produtos de espuma, fábricas de produtos de fibras naturais, fábricas de produtos de madeira, fábricas de produtos têxteis, roupas e similares, fábricas de produtos de cera, fábricas de produtos de cisal, fábricas de produtos de juta, fábricas de produtos de óleos combustíveis,

fábricas de produtos de bebidas alcoólicas, fábricas de produtos de fósforos, fábricas de produtos de cortiça e derivados, fábricas de produtos de celulóide e derivados, fábricas de produtos de fogos de artifícios, fábricas de produtos de tintas e solventes inflamáveis, fábricas de produtos de petroquímicos, áreas de pintura com tintas inflamáveis e fábricas de explosivos.

1) As áreas das ocupações usadas como depósito de materiais, com altura de estocagem excedendo a 4,5m de altura, para estoque sob forma de pilha compacta, e 3,5m para estocagem paletizada, serão classificadas em grande risco;

2) Não sendo encontrada diretamente a classificação, faz-se então por similaridade ocupacional.

(fonte: Norma Técnica nº 03/1997 do Maranhão e Resolução SEDEC nº 109/93 do Rio de Janeiro)

Já a regulamentação do Estado de Santa Catarina, introduz a carga de incêndio relacionada ao poder calorífico da madeira, medida em kg/m2 do material presente, através da conversão ao valor padrão de liberação de energia de 19 MJ/kg. Também, indica o risco fundamentado na ocupação, como segue na Tabela 29.

Tabela 29 – Classificação quanto aos riscos das edificações no Estado de Santa Catarina

Risco Carga de

incêndio (kg/m2) Ocupações

Leve Menor do que 60

a) Residencial privativa multifamiliar;

b) Residencial coletiva;

c) Comercial (exceto supermercados ou galerias comerciais);

d) Pública;

e) Escolar geral;

f) Escolar diferenciada;

g) Reunião de Público com concentração;

h) Reunião de Público sem concentração;

i) Hospitalar sem internação e sem restrição de mobilidade;

j) Parques aquáticos;

k) Atividades agropastoris (exceto silos);

l) Riscos diferenciados;

m) Mista (para duas ou mais ocupações previstas neste inciso, desde que exista compartimentação entre as diferentes ocupações e com saídas de emergência

independentes).

Médio Entre 60 e 120

a) Residencial transitória;

b) Garagens;

c) Mista (quando não houver compartimentação entre as diferentes ocupações ou com sobreposição de fluxo nas saídas de emergência);

d) Industrial;

e) Comercial (apenas supermercados ou galerias comerciais);

f) Shopping Center;

g) Hospitalar com internação ou com restrição de mobilidade;

h) Postos de revenda de GLP; i) Locais com restrição de liberdade;

j) Depósitos;

k) Atividades agropastoris (apenas silos);

l) Túneis, galerias e minas;

m) Edificações especiais (apenas para oficinas de consertos de veículos automotores, caldeiras ou vasos sob pressão).

Elevado Maior do que 120

a) Postos para reabastecimentos de combustíveis;

b) Edificações especiais (apenas para depósito de combustíveis, inflamáveis, explosivos ou munições).

(fonte: Instrução Normativa nº 03/2014 de Santa Catarina)

Cabe salientar, que a utilização do grau de risco de incêndio não está consolidada em todas as regulamentações técnicas. A sua utilização têm grande relevância para definições dos trâmites administrativos, para possível utilização de processos simplificados com menores riscos. De forma técnica, ela ainda não é totalmente definidora da complexidade dos sistemas de proteção, materiais e medidas a serem implantados nos prédios, ou seja, utiliza-se o grau de risco para a definição de maior nível proteção para algumas medidas como resistência ao fogo dos elementos de compartimentação, sistemas de extintores de incêndio, saídas de emergência, ou quantidade de brigadistas a serem treinados, mas não está consolidado em todas as normas, provavelmente pela falta de padronização nesta abordagem.

Um exemplo são as normas para projeto e execução de instalações hidráulicas sob comando e automáticas, as quais definem o nível de proteção do sistema por meio da ocupação (atividade) e não o grau de risco pela carga de incêndio.

Também, há de se considerar que a carga de incêndio é um bom parâmetro de definição do grau de risco, mas tão somente ela não condiz exatamente com o real potencial de gravidade em caso de sinistro. Uma outra condicionante pouco utilizada é a concentração de pessoas em um mesmo ambiente ou edificação, neste caso, as atividades de reunião de público, onde a densidade populacional presente em uma mesma área exige condições mais apropriadas para sua salvaguarda.

A população máxima de uma edificação é comumente utilizada nos Estados com regulamentação similar ao Estado de São Paulo, como a definidora da presença de brigadistas de incêndio, plano de emergência ou sistemas de controle de fumaça. Não existindo exigências consolidadas sobre as exigências de sistemas de alerta, sinalização e iluminação de emergência.

Como exemplo, as regulamentações do Estado de São Paulo e do Rio Grande do Sul, consideram os templos e igrejas como atividades de reunião de público com grau de risco de incêndio baixo pela carga de incêndio. No entanto, em edificações acima de 750 m2 de área construída, onde concentram-se números superiores a 1.000 pessoas, a detecção de incêndio é obrigatória somente se os prédios tiverem altura superior a 23 metros e o controle de fumaça a partir dos 60 metros. A grande maioria dos templos e igrejas são de altura inferior às citadas, mas com grande extensão de pavimento e densidade populacional, necessitando de um sistema de alerta eficiente para antecipar a retirada do maior número de pessoas.