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3. COMÉRCIO VAREJISTA

3.2 Classificações e formatos de varejo

O varejo pode ser classificado segundo vários critérios. Os tipos aqui estudados fazem parte de um agrupamento de conceitos desenvolvidos por Kotler (2000), Las Casas (2004b), Bernardino et al (2008) e Parente (2000) que tipificam o comércio em: varejo sem loja e varejo com loja, que é o foco desse estudo.

3.2.1 Varejo sem loja

Segundo Parente (2000), essa modalidade também é conhecida como “marketing direto” e se tornará a próxima evolução do varejo. O grande impulso para a propagação desse tipo de comercialização se deu em função, sobretudo, dos avanços das comunicações no que diz respeito ao fluxo de informações na cadeia. Betancourt (2005) afirma que ao longo dos anos sempre existiram várias versões de varejo sem loja, entretanto, com as recentes mudanças tecnológicas, sobretudo com a Internet, essa forma de vendas e distribuição ganhou ênfase, importância e novas possibilidades.

De acordo com Las Casas (2004b), Bernardino et al (2008) e Parente (2000), existem as seguintes formas de vendas sem lojas:

• reembolso postal: comumente utilizado nos Estados Unidos, esse tipo de venda não é tão utilizado no Brasil por questões culturais, mesmo tendo crescido muito nos últimos anos. Utiliza principalmente os catálogos como meio de divulgação dos seus produtos. O principal representante nacional nessa modalidade de venda é a empresa Hermes. Tal processo depende muito de terceiros, principalmente das empresas de entrega, para que seja confiável e eficiente;

• telemarketing: através do telefone as empresas podem vender seus produtos diretamente aos consumidores, esclarecer dúvidas quanto às vendas, informar promoções e atualizar cadastros, por exemplo. No Brasil há inúmeras empresas que prestam assessoria na instalação desse sistema de vendas;

• venda pessoal: também conhecida como venda porta a porta, é utilizada por muitas empresas, tanto no Brasil como em outros países, com destaque para Avon, Natura e

Amway. Esse tipo de comercialização traz ao consumidor o benefício de comprar

sem a necessidade de sair de casa e ainda testar os produtos. Entre as desvantagens destaca-se a dificuldade de acesso a algumas casas e prédios por medida de segurança; nesses casos, é necessário ter autorização prévia do proprietário do imóvel para poder entrar e demonstrar os produtos;

• varejo por máquinas automáticas: é a forma de vender onde o consumidor se relaciona diretamente com uma máquina, que pode estar localizada nos mais diferentes locais. Alguns exemplos disso são as máquinas que vendem refrigerantes, salgados, ingressos para cinema, livros e lavanderias de auto-serviço, além de bancos, que utilizam essa tecnologia para aproximar alguns dos seus serviços dos clientes. A grande vantagem desse modelo é o funcionamento 24 horas e a dispensa de vendedores, sendo necessário somente a reposição dos produtos e a coleta do dinheiro de forma periódica;

• venda por TV: a televisão também é muito utilizada para fazer vendas. Algumas emissoras são exclusivas de vendas, como no caso do canal Shoptime; outras vendem seus horários para que empresas como a Polishop possam oferecer seus produtos; • internet: nos últimos anos a internet tem se tornado um eficiente meio de

comercialização, utilizado tanto por lojas físicas, que a utilizam como extensão das vendas, quanto por lojas exclusivamente virtuais. De acordo com a 5ª Pesquisa Internet Brasil, feita pelo IBOPE em nove das maiores capitais brasileiras, dentre elas Fortaleza, constatou-se que existe hoje no Brasil aproximadamente 3,3 milhões de internautas, dentre os quais 15% afirmam efetuar compras pela internet, com uma tendência de crescimento a cada período (Siqueira, 2010). Para o consumidor a grande vantagem, além da conveniência de comprar sem sair de casa, é a possibilidade de fazer pesquisa de preços de forma mais rápida, tendo, inclusive, à sua disposição, portais específicos nessa busca, como o Buscapé, por exemplo.

3.2.2 Varejo com loja

O varejo com loja é o mais tradicional e comum. No Brasil os varejistas com loja ainda são predominantes em função da cultura nacional de consumo, onde o consumidor sente que o relacionamento com o fornecedor e os produtos é mais próximo quando está dentro de uma loja, tirando suas dúvidas com os vendedores. O varejo com loja será aqui separado em alimentício e não alimentício conforme sugerido por Parente (2000) e Bernardino et al (2008) somente para facilitar a compreensão dos conceitos e para enfatizar o foco desse estudo.

3.2.2.1 Varejo alimentício com loja

O varejo alimentício no Brasil tem grande importância pelo fato de que, em função do perfil econômico do consumidor local, a compra de produtos alimentícios, básicos para a sobrevivência, serem mais importantes que as compras dos demais tipos de itens (Parente, 2000). Seguem alguns exemplos de varejo alimentício:

• bares: em geral servem lanches e bebidas para consumo local e uma pequena linha de mercearia de consumo imediato;

• mercearias: são lojas com pequenas áreas de venda (de 20 a 50 m2) que oferecem linha específica de mercearia, frios, laticínios e bazar;

• padarias: boa parte de sua venda provém da produção interna dos seus principais produtos. Comercializa, além dos itens de panificação, bebidas, itens de mercearia e lanches;

• minimercados: apresentam linha de produtos de mercearia, mas já possuem sistema de auto-serviço com check outs. Mais comuns em bairros de periferia das cidades; • lojas de conveniência: tipo de loja trazido dos Estados Unidos na década de 80. No

Brasil estão comumente localizadas em postos de combustíveis e oferecem uma pequena variedade de frios, laticínios, bazar, lanches e mercearia;

• supermercados compactos: a principal característica dos supermercados é o sistema de auto-serviço e a presença de check outs. Neles os produtos são dispostos de maneira acessível aos clientes. Apresentam de dois a seis caixas e contam com uma completa, porém compacta, gama de produtos alimentícios;

• supermercados convencionais: características semelhantes aos supermercados compactos, com o diferencial de possuir porte médio e uma maior variedade de produtos alimentícios. Serão mais bem detalhados em sessão específica neste capítulo;

• superlojas: são grandes supermercados que oferecem, além de produtos alimentícios, produtos não-alimentícios como têxteis e eletrônicos;

• hipermercados: são lojas de auto-serviço muito grandes, maiores que as superlojas. A principal diferença entre os dois modelos é a importância dada à área de não- alimentos. O preço é bastante competitivo em função do grande volume de mercadorias;

• clubes atacadistas: são grandes lojas que realizam vendas tanto no varejo quanto no atacado. Apresentam pouca gama de serviços agregados e lojas com padrão estético menos convidativo que os demais.

O Quadro 6 sintetiza os formatos de loja de varejo alimentício e suas principais características.

Formatos de loja Área de vendas/m2 No médio de itens % de vendas de não- alimentos No de

Check outs Seções

Bares 20 – 50 300 1 - Mercearia, lanches e bebidas

Mercearias 20 – 50 500 3 - Mercearia, frios, laticínios e

bazar

Padaria 50 – 100 1.000 1 - Padaria, mercearia, frios,

laticínios, lanches

Minimercado 50 – 100 1.000 3 1 Mercearia, frios, laticínios e

bazar Loja de

conveniência 50 – 250 1.000 3 1 – 2

Mercearia, frios, laticínios, bazar e lanches Supermercado

compacto 300 – 700 4.000 3 2 – 6

Mercearia, hortifruti, carnes, aves, frios, laticínios e bazar Supermercado

convencional 700 – 2.500 9.000 6 7 – 20

Mercearia, hortifruti, carnes, aves, frios, laticínios, peixaria

e bazar

Superloja 3.000 – 5.000 14.000 12 25 – 36

Mercearia, hortifruti, carnes, aves, frios, laticínios, peixaria,

padaria, bazar, têxtil, eletrônicos

Hipermercado 7.000 – 16.000 45.000 30 55 – 90

Mercearia, hortifruti, carnes, aves, frios, laticínios, peixaria,

padaria, bazar, têxtil, eletrônicos Clube

atacadista 5.000 – 12.000 5.000 35 25 – 35

Mercearia, hortifruti, carnes, aves, frios, laticínios, bazar,

têxtil, eletrônicos Quadro 6 – Varejo alimentício – formatos de loja

Fonte: Brito (1998 apud PARENTE, 2000, p. 30)

3.2.2.2 Varejo não alimentício com loja

Esse formato de varejo não apresenta a mesma complexidade nem a variedade dos varejistas de alimentos. De acordo com Bernardino et al (2008) e Parente (2000) tal formato inclui os seguintes tipos de lojas:

• lojas de departamentos: utilizam área com mais de 6.000 m2, com ampla variedade de produtos e um bom nível de serviço. Segundo Zentes et al (2007), elas são internamente estruturadas em departamentos, geridos de forma individual semelhante a unidades estratégicas de negócios. As principais representantes brasileiras desse tipo de varejo eram as lojas Mapim e Mesbla. Atualmente o modelo de loja de departamentos mais apreciado no Brasil é o de loja de linha limitada, reunindo menos departamentos, com predominância para a linha de vestuário, calçados e

utilidades do lar. Os principais exemplos das atuais lojas de departamentos brasileiras são Renner, Riachuelo e, no Ceará, as lojas Esplanada;

• lojas especializadas: são as mais expressivas no varejo de não alimentos no Brasil. Em geral englobam pequenos ou médios estabelecimentos localizados em ruas, galerias e shoppings. São especializados em determinadas linhas de produtos como, por exemplo, brinquedos, livros, perfumaria e material de construção;

especialistas de categoria: também conhecidos por category killers (exterminadores de categoria), são grandes lojas muito especializadas com um sortimento profundo e preços inferiores aos das lojas tradicionais especializadas. De acordo com Spector (2005), esse formato de varejo causou uma revolução na cultura de compra dos consumidores ao baixar os preços dos produtos e serviços, tornando acessíveis produtos outrora luxuosos como notebooks, TVs de tela plana e itens design. Apresentam pouca variedade de produtos, baixo nível de preços e serviços e localizam-se em áreas com menor custo imobiliário. São mais comuns nos Estados Unidos. No Brasil não há um representante expoente;

• lojas de desconto: oferecem ampla variedade de produtos com serviços e preços baixos. Segundo Kotler (2000), vendem-se mercadorias-padrão com margens menores e grandes volumes. Não há grande oferta de alimentos e os produtos, normalmente, não são de grifes. No Brasil os principais representantes dessa categoria são a Lojas Americanas;

• lojas de fábrica: de propriedade dos fabricantes, essas lojas vendem basicamente itens de sobra de estoque, produtos fora de linha, artigos defeituosos ou mercadorias de cores e estilos que não tiveram boa aceitação do mercado.