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2. LOGÍSTICA E GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS

2.3 Logística Integrada

Nos primórdios do estudo da logística, o conceito de atividades individualizadas era o que prevalecia, ou seja, o estudo do estoque, transporte e armazenagem eram efetuados de forma segregada. Atualmente, o que prevalece é a análise do sistema logístico de forma integrada. Segundo Gomes e Ribeiro (2004), na logística integrada, todas as funções – desde o abastecimento da empresa até a distribuição física dos seus produtos – estão integradas a um único sistema: a cadeia de suprimentos. Essa integração das atividades se relaciona diretamente com a necessidade de intermediar o relacionamento entre fornecedores e clientes, fazendo com que a empresa administre um processo de cadeias.

Um modelo de administração departamentalizada da logística impacta negativamente na operação e no atendimento ao cliente. De acordo com Campos (2004), a gestão separada das atividades logísticas como transporte e armazenagem, por exemplo, acarreta em aspectos que contribuem para o fracasso empresarial, quais sejam: pouca flexibilidade, lentidão e elevados custos. Em função disso, as organizações sentiram-se pressionadas a adotar formas integradas de gestão da logística.

Waters (2003, p. 37) afirma que a logística pode evoluir de uma atividade de baixa prioridade e fragmentada para uma função estratégica e integrada. Para isso, normalmente são seguidas as seguintes fases:

Fase 1: separar as atividades logísticas que não recebem muita atenção ou que são consideradas insignificantes;

Fase 2: reconhecer que as atividades separadas são importantes para o sucesso da organização;

Fase 3: fazer melhorias nas funções identificadas, certificando-se que cada uma delas será a mais eficiente possível;

Fase 4: Integração Interna – reconhecer as vantagens da cooperação interna e concatenar as funções separadas em apenas uma;

Fase 5: desenvolver uma estratégia logística para definir, no longo prazo, a direção da logística na empresa;

Fase 6: Benchmarking – comparar a performance logística da empresa com a de outras organizações, aprendendo com suas experiências, identificar áreas que precisam ser melhoradas e encontrar maneiras de atingir esses objetivos;

Fase 7: Melhoria contínua – reconhecer que novas mudanças serão inevitáveis e sempre procurar melhores formas de organização da logística.

Segundo Gomes e Ribeiro (2004), a logística integrada teve seu começo no final da década de 1950, nos Estados Unidos, quando uma empresa de distribuição aérea sugeriu transportar a produção de uma indústria farmacêutica por avião, garantindo ao seu cliente que os custos finais seriam reduzidos. O estudo demonstrou que a utilização do modal aéreo reduziria os tempos de suprimento e, consequentemente, os estoques, reduzindo assim as perdas. Todo o esforço da distribuidora, afinal, era para que o cliente reconhecesse que o seu modelo de distribuição, além de econômico, era confiável.

Todas as atividades que as empresas buscam assegurar para dar confiabilidade às suas operações são identificadas por Bowersox e Closs (2001) como partes do conceito de Logística Integrada que englobam:

• fluxo de materiais: o gerenciamento operacional da logística abrange a movimentação e a armazenagem de materiais e produtos acabados. As operações são divididas em distribuição física, apoio à manufatura e suprimento;

• fluxo de informações: identifica locais específicos dentro de um sistema logístico em que é preciso atender a algum tipo de necessidade. Abrange o fluxo de coordenação e o fluxo operacional da organização.

Todas as estratégias e decisões logísticas devem ser tomadas em função do atendimento ao nível de serviço exigido pela empresa levando em contas, dentre os diversos fatores, os custos envolvidos na operação. Verifica-se isso no conceito dado por Christopher (1997 apud FARIA e COSTA, 2005) onde, de acordo com as autoras, o grande desafio da logística integrada é agregar valor por meio de um nível de serviço de excelência, mas ao menor custo total possível, como condição de otimização do resultado econômico e continuidade da organização.

Agregar valor ao cliente é o foco da logística integrada. Segundo Arbache et al. (2006, p. 30), “não há valor para o produto até que ele seja colocado nas mãos do consumidor ou comprador no tempo e no local em que é necessário”. Todo o processo de planejamento e execução das atividades logísticas deve ter o cliente como origem e destino. Um sistema logístico integrado só pode funcionar de maneira eficiente se as demandas do cliente puderem ser satisfeitas. Dessa forma, sistemas de informação reverso, ou seja, do cliente para a empresa, devem ser aprimorados e utilizados. Kotler (2000, p. 56) define assim define valor entregue ao cliente:

É a diferença entre o valor total para o cliente e o custo total para o cliente. O valor total para o cliente é o conjunto de benefícios que os clientes esperam de um determinado produto ou serviço. O custo total para o cliente é o conjunto de custos em que os consumidores esperam incorrer para avaliar, obter, utilizar e descartar um produto ou serviço.

Ainda de acordo com o autor, vários dos elementos do valor total e do custo total para o cliente estão diretamente relacionados a atividades logísticas, como, por exemplo: valor dos serviços e o custo de tempo. Os determinantes do valor entregue ao cliente estão detalhados na Figura 3.

Figura 3 – Determinantes do valor entregue ao cliente Fonte: Kotler (2000, p. 57)

Gurgel (2000 apud ALVARENGA, 2003) afirma que os principais objetivos da logística são a conquista de novos mercados ou a manutenção dos já existentes oferecendo um nível de serviço igual ou superior ao da concorrência e a fixação de objetivos em termos de disponibilidade dos bens, prazo de administração das encomendas e prazo de entrega.

Ballou (2006) afirma que os componentes de um sistema logístico típico são: serviços ao cliente, previsão de demanda, comunicações de distribuição, controle de estoques, manuseio de materiais, processamento de pedidos, peças de reposição e serviços de suporte, escolha de locais para fábrica e armazenagem (análise de localização), embalagem, manuseio de produtos devolvidos, reciclagem de sucata, tráfego e transporte, e armazenagem e estocagem.

Ainda segundo Ballou (2006), o planejamento logístico busca resolver quatro grandes tipos de problemas: níveis de serviço aos clientes, localização das instalações, decisões sobre estoques e decisões sobre transportes.

Valor da Imagem Valor do Pessoal Valor total para o cliente Valor entregue ao cliente Valor dos Serviços Valor do Produto Custo psíquico Custo de Energia Física Custo total para o cliente Custo de Tempo Custo monetário

• níveis de serviço: tanto maiores os níveis de serviços mais elevados se tornam os custos logísticos, crescendo a uma taxa desproporcional em relação ao nível de serviço. Portanto, o objetivo principal em termos de planejamento logístico estratégico é a determinação de níveis apropriados de serviços aos clientes;

• localização das instalações: a localização geográfica dos pontos de estoque e de seus centros de abastecimento cria o esboço do plano logístico. A decisão sobre a localização das instalações se dará ao abranger os custos de toda a movimentação de produtos a partir da fábrica, vendedores ou locais intermediários de estoque até a chegada ao consumidor final;

• decisões sobre estoque: avaliam a maneira pela qual os estoques são gerenciados. Localizar diversos itens da linha de produtos em armazéns, ou gerenciar níveis de estoques mediante vários métodos de controle contínuo são estratégias adicionais; • estratégia de transporte: aborda a seleção dos modais, o volume de cada embarque, as

rotas e a programação.

Segundo Ângelo e Silveira (2006), a função logística está diretamente vinculada ao conceito de Gestão da Cadeia de Suprimentos (GCS). O aspecto similar entre logística integrada e GCS envolve a noção de encadeamento formado desde a origem até o destino, ou seja, o ponto de consumo. A Gestão da Cadeia de Suprimentos torna-se um conceito mais amplo por, além de se relacionar com a gestão do fluxo de produtos e informações, cuidar da administração dos relacionamentos existentes entre os membros da cadeia. Vejamos, de forma sucinta, alguns conceitos e característica da GCS.