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CMAS Lei nº 2.940, de

de setembro de 1996. Lei nº 3.666, de 14 de setembro de 2005. Decreto nº 3.965, de 05 de maio de 1998. CMDCA Lei Complementar nº 49, de 25 de maio de 1992. Lei Complementar nº 194, de 20 de junho de 200169. Decreto nº 4.327, de 13 de agosto de 2001. CMS Lei nº 674.139, de 20 de outubro de 1992. Lei Complementar nº 279, de 04 de junho de 2003. Decreto nº 5.227, de 14 de agosto de 2007.

Fonte: Leis de Criação e Regimentos Internos (Dados organizados pela autora).

Não há nenhum registro documental e oral dos conselheiros que estavam nomeados no momento da pesquisa de que os conselhos em Concórdia foram instituídos a partir de um processo de mobilização social local, sendo sua implementação conformada pela obrigatoriedade legal e regulamentação administrativa de repasse de recursos financeiros da federação para a municipalidade. Portanto, a criação destes espaços não ocorreu, a princípio, em função da participação social, e sim ao cumprimento do processo de descentralização e municipalização das competências de gestão das políticas setoriais, o que explicaria o fato

68 Não foi possível resgatar entre os conselheiros, ao menos em um primeiro momento, a memória histórica de criação dos conselhos e o impacto desempenhado pelo associativismo local na implementação destes.

69 Em 2001, o conselho propôs uma nova redação da lei que não saiu do gabinete do prefeito. Entre as mudanças propostas e não aprovadas estavam: a) conhecer a realidade do município e elaborar o plano de ação; b) gerir o Fundo Municipal da Infância e Adolescência – FIA; c) incluir a Assessoria de Planejamento entre os membros titulares governamentais; d) regulamentar, organizar e coordenar o processo de escolha dos conselheiros tutelares; e) que a escolha dos conselheiros não-governamentais fosse feita em fórum próprio, convocado bienalmente através de edital expedido pelo CMDCA; e (talvez a modificação mais importante), f) que o gestor do FIA fosse indicado pelo CMDCA.

dos conselhos, em Concórdia, terem sidos criados “no período imediatamente posterior a normatização legal ou administrativa que vincula a constituição do conselho à execução de novas funções e transferência de recursos financeiros” (CÔRTES, 2007, p. 14).

Após a vigência da lei, coube aos representantes da primeira composição do conselho elaborar o regimento interno num prazo de 30 dias, e que deveria posteriormente ser homologado pelo Prefeito Municipal. Contudo, os regimentos foram elaborados alguns anos mais tarde, notadamente no caso da saúde, que teve seu regimento elaborado e aprovado somente quinze anos depois da implementação do conselho70. Se as informações sobre as alterações nas leis de criação parecem expressar certo dinamismo que estes espaços comportam, os dados sobre os regimentos internos, por outro lado, demonstram que a atuação destes foi regulamentada tardiamente.

a) Natureza e atribuição

Os conselhos gestores de políticas públicas, como parte da estratégia de descentralização da administração pública, têm o papel de definir, estabelecer, bem como responder pelo acompanhamento da execução da política social sob a jurisdição da área de atuação do conselho. Logo, podem possuir natureza deliberativa, consultiva, normativa ou fiscalizatória ou ainda ter suas atribuições definidas na interface destas funções (TATAGIBA, 2004).

Os Conselhos de Assistência Social, Criança e Adolescente e Saúde de Concórdia têm caráter deliberativo, expressos na competência de definir as prioridades da política municipal de atendimento, e fiscalizador, referente ao monitoramento, avaliação e controle dos serviços municipais e privados prestados a população. A execução do Fundo Municipal é de responsabilidade do Poder Executivo Municipal, que deve aplicar os recursos segundo as deliberações do conselho. A Lei de Criação do CMS e o regimento interno do CMAS expressam com clareza que estes devem propor e definir critérios tanto para a execução financeira do fundo, quanto para a celebração de contratos e convênios entre setor público e privado para a prestação de serviços. Embora a lei reserve o direito de indicar critérios e normas para o planejamento local da política e execuções financeiras, tem competido, de fato, a estes

70 Até então, o regimento ainda não havia sido elaborado porque os conselheiros entendiam que a lei era auto-explicativa.

órgãos colegiados, fiscalizar a administração dos recursos, através da prestação de contas nas reuniões ordinárias e aprovar a política municipal de ação da área correlata. Acrescenta-se, que muito embora a prática fiscalizatória seja relevante para o controle social sob o Estado, na prática pode carecer de efetivação por não dispor de mecanismos legais e jurídicos de controle que assegurem aos conselhos a execução de sansões (SCHEVISBISKI; SALES; FUNK, 2004). Na ausência de instrumentos legais que impeçam a transgressão estatal, o exercício de controle deve ser concretizado por outros caminhos, talvez aqueles que passem pela capacidade de articulação, mobilização e pressão da sociedade civil autonomamente organizada.

Cabe ainda ao CMAS e ao CMDCA registrar, fiscalizar e manter cadastro atualizado dos programas, ações, pesquisas e entidades governamentais e não-governamentais que prestam serviços referentes aos objetivos e competência do conselho. Ao CMDCA é incumbida a supervisão do processo eleitoral e das funções e atividades do Conselho Tutelar, órgão permanente, autônomo e não jurisdicional responsável pela execução dos direitos da criança e do adolescente.

Além das atribuições de controle e deliberação, os conselhos em análise possuem um papel articulador (TATAGIBA, op. cit.) evidenciado pelo forte estímulo dado a função de comunicação e intercâmbio com Conselhos Municipais congêneres, estaduais e nacionais, e com outras instâncias (privadas e públicas) que tenham atuação na mesma área da política setorial conselhista. A única exceção aqui é o CMAS que não faz qualquer menção a esta função. Destaca-se também que os conselhos possuem pertinência relacionada ao apoio e promoção de eventos, estudos e pesquisa sobre assuntos e temas relacionados à sua circunscrição. Tal tarefa daria ao conselho, além das pertinências já mencionadas, uma atribuição instrutiva de fomentar e atualizar o conhecimento. Ressalva se faz novamente à assistência social que não referencia nada a respeito.

b) Composição

Os conselhos em análise são compostos por representantes governamentais e não governamentais distribuídos de forma paritária, sendo a exceção o CMS que possui super-representação societária, seguindo a regras da Legislação Federal. Durante o período analisado, o CMAS e o CMS contavam com 32 membros e o CMDCA com 24,

sendo metade destes titulares e os demais suplentes para ambos os conselhos71.

No conjunto de representantes governamentais verificou-se que, nos três conselhos, há representação de titulares ou suplentes membros das Secretarias de Saúde (SEMUS), de Desenvolvimento Social, Cidadania e Habitação (SEDES), de Educação (SEMED), de Agricultura, Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente (SEMADRA) e da Fundação Municipal de Esportes. A Fundação Municipal de Cultura possui acento tanto no CMAS quanto no CMDCA. Já a Assessoria de Planejamento (ASPLAN) e a Secretaria Municipal de Administração (SEMAD) possuem representação somente no CMAS. Respeitando o princípio de separação entre os poderes, não houve observância de representação formal dos Poderes Legislativo e Judiciário e de nenhuma instituição estadual ou federal. A presença de representantes das mesmas secretarias nos diferentes conselhos pode ser vista como um dado positivo à medida que a sua atuação ofereça rebatimentos no acompanhamento dos trabalhos dos conselhos e na capacidade de articulação política presente no interior da administração municipal (TATAGIBA, op. cit.). Entretanto, “há de se investigar a natureza desses encontros, e de interrogar até que ponto, e em que medida, eles têm favorecido a construção de agendas comuns de trabalhos entre as diversas secretarias” (Ibidem, p. 352).

Entre os representantes não-governamentais, verificou-se haver uma presença constante, nos três conselhos, da União Municipal das Associações de Moradores de Concórdia (UMAMC) e da Beneficência Camiliana do Sul – Hospital São Francisco (HSF). Das associações que compõem a representação do campo religioso e assistencial, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), a Associação dos Aposentados, Pensionistas e Idosos de Concórdia (ASAPREV), a Sociedade Concordiense de Auxílio Fraterno (SCAF) e a Associação de

71 O CMS, até junho de 2003, não respeitava as exigências definidas pelas Leis Federais nº 8.080/90 e nº 8.142/90, a respeito da composição paritária e de distribuição da representatividade em que o número de representantes dos usuários fosse igual ao número de representantes do governo, dos prestadores de serviço e profissionais de saúde. A Lei Complementar 56/92 que instituiu este conselho definia a representatividade da seguinte forma: 4 representantes do governo, 5 dos profissionais da saúde e 7 dos usuários, ficando assim a composição desproporcional (9 x 7). A solicitação de alteração da lei foi definida através de deliberação plenária da IV Conferência Municipal de Saúde ocorrida em novembro de 2002, onde os participantes não só demandaram enquadramento aos dispositivos das Leis Federais quanto à paridade, como também deliberaram que as entidades fossem nomeadas mediante eleição efetuada através da Conferência e não mais através de indicação das entidades indicadas na própria lei como ocorria até então.

Cidadania Frei Lency têm acento em dois conselhos. A pastoral tem duas representações no CMDCA (Pastoral da Criança e Familiar), sem, no entanto, ter cadeira no Conselho Municipal de Saúde. Na categoria