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GRÁFICO 10 – SEGMENTO QUE DÁ SEQÜÊNCIA AO DEBATE, POR INTERVALO DE TEMPO E CONSELHO

CONSELHO X ÍNDICE DE CAPACITAÇÃO X AUTONOMIA

GRÁFICO 10 – SEGMENTO QUE DÁ SEQÜÊNCIA AO DEBATE, POR INTERVALO DE TEMPO E CONSELHO

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

Os dados coletados confirmam ainda que a contestação, classificada como a intervenção do segundo ou do terceiro ator que se opôs explicitamente a fala do primeiro enunciador, é praticamente inexistente, independente do intervalo de tempo. No total, dos 466 temas enunciados, somente dez foram contestados, sendo cinco em cada intervalo de tempo. Os poucos registros foram protagonizados no CMDCA e no CMS pelo segmento sociedade civil do campo religioso e assistencial (3 em 5) e do campo do trabalho (3 em 5) no período entre 1998 e 2000. No intervalo subseqüente, a contestação é realizada e elaborada, no CMDCA, pelo campo do trabalho (2 em 5) e pelo elemento externo da sociedade civil e o Conselho Tutelar (2 em 5). No CMS, verifica-se apenas uma contestação (1 em 5) enunciada pelo segmento campo do trabalho. Os representantes do campo comunitário e social e dos prestadores de serviço não articularam qualquer contestação em cinco anos de atas analisadas. Impressiona também o fato de que 100,0% dos temas tratados no CMAS não foram rebatidos, ou seja, verifica-se, nas atas, uma completa ausência de contestação dentro deste conselho durante o período analisado.

Entretanto, concordando com Fuks (2004, p. 33), a ausência de prosseguimento e de contestação em grande parte dos temas versados

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18

CMAS CMDCA CMS CMAS CMDCA CMS 1998 / 2000 2001 / 2002 Presidente Campo da Administração Municipal Campo Comunitário Campo do Trabalho Campo Social Campo Religioso e Assistencial Prestador Conselho Tutelar Elemento Externo Governo Elemento Externo SC 131

nos conselhos não implica obrigatoriamente na desqualificação desta instância, enquanto um espaço de diálogo, de contestação e de experiência participativa, dado que parte dos assuntos tratados não incitam a discussão, como, por exemplo, informes de natureza diversa, sendo que outros passam direto para a votação sem debate prévio, tais como a escolha de conselheiro para participar de algum evento.

A ocorrência de elaboração de propostas sobre os temas debatidos ocorreu em maior número a partir de 2001, mas em uma análise agregada dos conselhos e dos dois períodos analisados, verifica- se que 58,0% dos temas abordados (272 em 469) não foram passíveis de propostas e que para 14,5% (68 em 469) dos temas não foi possível identificar quem as articulou. Portanto, somente 27,5% (129 em 469) de todos os temas tratados foram alvos de propostas. Depois de elaboradas as propostas, estas são encaminhadas para votação. Do total de propostas, 88,4% foram encaminhadas para a votação (114 em 129).

Desagregando estas informações por segmento representativo, verifica-se que o maior número de propostas foi proferido pelo campo da administração municipal que, em cinco anos, apresentou 80,0% (103 das 129) das propostas identificadas. Deste total de propostas sugeridas pelo segmento governamental, 59,0% (76 em 129) foram proferidas no período de 2001 a 2002.

A força da administração é notória não somente na elaboração de propostas, como também no encaminhamento destas para a votação. Do total de 103 propostas elaboradas, a prefeitura conseguiu encaminhar 97 para a votação, ou seja, 94,1% das sugestões propostas foram alvos de voto. Esta presença é vista como maior nitidez no CMS, sendo que nos dois períodos analisados o segmento governamental não só elaborou o maior número de indicações para a votação (67 no total), bem como conseguiu com que todas as propostas sugeridas fossem votadas. O segmento sociedade civil do CMS, entre 1998 e 2000, só conseguiu direcionar uma proposta através dos prestadores. No intervalo seguinte, o campo do trabalho indicou quatro propostas, seguido pelo ator externo prestador (duas), sendo que quatro, destas seis propostas, foram votadas. Já a proposição por parte da sociedade civil no CMAS incide somente no segundo período (2001/2002), sendo o campo comunitário foi o único segmento que elaborou apenas uma sugestão que foi votada (em cinco anos). No CMDCA – entre 1998 e 2000 – o campo religioso e assistencial desenvolveu dez propostas, mas só teve força para encaminhar seis para votação. O Conselho Tutelar ordenou duas sugestões, e o campo social uma, sendo as três votadas. Nos anos subseqüentes, o campo do trabalho indica uma proposta (não votada), o

campo religioso e assistencial três (duas foram para votação), e, por fim, o elemento externo da sociedade civil sugeriu uma proposta passível de encaminhamento para votação. Portanto, considerando o número de propostas enunciadas e encaminhadas para votação, fica evidente que o segmento governamental é o que detém o maior poder de proposição dentro dos conselhos. Ressalta-se novamente que, em média, quase 15% das propostas apresentadas não foram passíveis de identificação.

As poucas propostas encaminhadas para votação foram analisadas em termos de qualificação jurídica dos tipos predominantes de decisões, a saber: o encaminhamento, a moção, a aprovação, a resolução e a prestação de contas85. Cabe aqui uma breve exposição de cada uma destas modalidades.

O encaminhamento é a faculdade atribuída, a quem participa da discussão e exame da matéria, fazendo uso da palavra para orientar a votação sobre o que se deve fazer ou determinando sobre qualquer assunto. A moção diz respeito à proposta feita em uma assembléia, a respeito de uma questão ali em debate, que se queira aplaudir ou reprovar. Desse modo, a moção pode ser de aprovação ou de reprovação. A aprovação tem o sentido de consentimento ou anuência à prática de um ato já realizado ou que irá se realizar. A resolução é a determinação baixada para ser obrigatoriamente cumprida ou geralmente acatada. As resoluções são sempre atos de autoridade, e, em regra, dizem respeito às questões de ordem regulamentar. A prestação de contas é a demonstração de gastos, feita pelo responsável, da utilização de quantia que estava sob administração, gerência ou gestão. A demonstração se faz por meio de Balanço (demonstração de contas e resultados).

Dito isso, pode-se avaliar, a partir dos dados, que 48,0% dos temas versados no conselho não são alvos de qualquer tipo de decisão. Uma análise intra-conselho agregada evidencia que o tema alvo de maior aprovação, no CMAS e CMDCA, diz respeito à concordância relativa a assuntos internos dos conselhos. Já, no CMS, as aprovações são relativas a planos, projetos e convênios apresentados pelo segmento governo. Observou-se que o CMDCA tem mantido controle e gerência dos assuntos relativos ao Conselho Tutelar e que o CMAS tem, pelo

85 Aqui continuei seguindo o padrão e a terminologia de análise adotada pela metodologia utilizada por Fuks et al., op. cit., mas a qualificação de cada um dos tipos de decisões que se seguem me foi concedida gentilmente por Geraldo Magela, a quem agradeço o empenho e cuidado na consulta dos termos.

menos no período analisado, realizado com mais força os trâmites de controle das entidades prestadoras de serviço.

Na análise comparativa entre os conselhos por ano, apresentada no Gráfico 11, abaixo, fica evidente que o CMS é o conselho que mais aprova propostas relativas aos programas e projetos de iniciativa governamental, especialmente a partir de 2001, e que se ocupa com admissões em torno das questões ligadas a recursos. Verifica-se também que o CMAS e o CMDCA, no período entre 2001 e 2002, tiveram suas decisões instituídas como resoluções, sendo que a ênfase é para o CMDCA, com nove resoluções durante o período analisado.