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GRÁFICO 7 – AUTONOMIA PARA PROPOR E DISCORDAR NO CONSELHO, POR SEGMENTO

CONSELHO X ÍNDICE DE CAPACITAÇÃO X AUTONOMIA

GRÁFICO 7 – AUTONOMIA PARA PROPOR E DISCORDAR NO CONSELHO, POR SEGMENTO

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

O cruzamento das informações sobre perfil político, expresso na vinculação partidária e associativa dos indivíduos em movimentos associativos, e o perfil sócio-econômico dos participantes parece confirmar a tese da existência de uma congruência entre condições materiais favoráveis e capacidade subjetiva para atuação como atores políticos. Portanto, as características sócio-econômicas, sobretudo renda e escolaridade, parecem influenciar os atributos de competência política subjetiva a ser praticado no interior dos conselhos, que parecem ser potencializados na presença e no engajamento a uma rede associativa e de ativismo político que mantém e dá sustentação ao sentimento de autonomia, sentimento indispensável para a efetivação da participação nestes espaços.

2.3.3 Perfil das Organizações Representativas da Sociedade Civil

Na análise da atuação dos conselhos é imprescindível traçar o perfil das entidades, visto que a participação nestes órgãos colegiados se dá por meio da representação coletiva das entidades do associativismo civil e não pela via da participação individual. Para isto, optei por destacar um quadro de características que permitisse considerar alguns

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CMAS CMDCA CMS CMAS CMDCA CMS Governamental Sociedade Civil

Sempre Às Vezes Nunca

elementos que dizem respeito ao formato organizacional das associações – suas práticas e hábitos associativos76

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Um panorama geral das organizações da sociedade civil nos permite identificar, a partir do ano de fundação, um associativismo longínquo em Concórdia, especialmente através das associações com presença no CMAS. Tal conselho absorve o percentual das entidades mais antigas (30,0%) com cerca de 40 anos de existência, sendo que todas tiveram sua fundação anterior à década de 1990. No caso do CMDCA, os dados indicam que foi a partir desta década que se iniciou um processo maior de vinculação associativa (44,4%). O CMS apresenta índices expressivos em duas grandes décadas: no período de 1970 a 198077 com 23,1% das respostas, e dos anos 1991 em diante, com taxas acumuladas em torno de 38,5%. Acreditamos que as razões para o maior envolvimento do CMDCA e CMS pós-1990 podem estar relacionadas a dois fatores principais: a) ao processo de descentralização e democratização do Brasil, em que as prefeituras municipais começaram a incorporar a participação social na elaboração e execução das políticas públicas; e b) decorrência do fato de que nos anos 1990 a sociedade civil continuou demandando permeabilidade e controle social das políticas públicas, fato este que gerou impactos substantivos na ampliação do associativismo civil. Na pesquisa, ao contrário do que foi anunciado por alguns autores, não se verifica um processo de refluxo na dinâmica organizativa da cidade (SILVA; CARLOS, 2006).

No geral, observa-se formalização nos trabalhos das entidades civis a partir da afirmação da existência de sede, de estatuto, de regimento interno e registro das atividades em ata. Os registros de interrupções nas tarefas das associações, durante o seu período de existência, ocorreram no CMAS e o CMS. Em comparação com os demais conselhos, o CMS possui o maior número de associados e a maior freqüência de respostas de que estes pagam mensalidade ou anuidade.

A forma de escolha da diretoria, em uma análise agregada dos conselhos, geralmente ocorre por meio de eleição (73,3%) ou indicação (23,3%) e o mandato tem sido de dois anos (em 59,1% das respostas) e de três anos (em 22,7% dos casos em que se realizam eleições). O

76 É bom lembrar que somente o segmento sociedade civil respondeu o bloco do questionário referente ao formato organizacional das entidades representativas. Por isso, os dados desta seção dizem respeito somente aos 32 respondentes deste segmento.

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A literatura pertinente considera as décadas de 1970 e 1980 como a época áurea em que os movimentos sociais ganharam sua maior expressão, densidade e consistência. Ver, entre outros: Boschi, 1987; Doimo, 1995; Sader, 1988.

número de entidades que apresentam mandatos curtos, de até um ano, é pequeno, não perfazendo mais que 9,0% das respostas. As eleições mobilizam em torno de 100 pessoas (em 45,5% das respostas) e de 100 e 350 eleitores (em 22,7% dos casos). Em 86,4% das associações não houve ocorrência de chapas concorrentes. A tendência de realização de eleições em um período de tempo médio a longo, com pouca ou nenhuma concorrência e com parca mobilização eleitoral dos associados, pode ser um indicativo de pouca renovação dos membros da diretoria. Tal hipótese pode ser autenticada e qualificada com as informações relativas ao número de vezes que os respondentes afirmaram ter exercido cargos de direção em suas entidades. O cargo de presidente foi preenchido durante o período de dois ou três mandatos em 25,0% dos casos nas duas opções de resposta. Se adicionarmos a estes números as informações daqueles que foram presidentes por quatro mandatos, chega-se a um total de 62,5% de respostas de pessoas que exerceram cargo máximo em suas respectivas entidades num intervalo de dois a quatro mandatos.

Quanto a referência a existência de fonte de renda observa-se que o CMDCA aparece na frente com 75,0% afirmando positivamente para fonte de recursos, seguido do CMS (63,6%) e CMAS (60,0%). Somente no CMDCA, verifica-se uma preponderância da realização de festas e rifas como meio de arrecadação de recursos (44,4%), formas utilizadas em entidades com atuação no campo comunitário e religioso, com presença expressiva neste conselho. Os dados sobre outras fontes de recursos se encontram fragmentados nos demais conselhos. Já os convênios para a prestação de serviços de interesse público existem em maior número no CMAS e no CMS, sendo que no CMAS a maior vinculação é com a Prefeitura Municipal de Concórdia, perfazendo um total de 41,7% das respostas. Já no CMS, 50,0% dos respondentes informaram que firmam convênios com órgãos públicos. Pactos financeiros com o setor privado são identificados com maior freqüência no CMDCA. As Tabelas, da próxima página, (Tabelas 8 e 9) apresentam a distribuição das percentagens.