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TABELA 11 – NÚMERO DE TEMAS TRATADOS POR ANO, POR CONSELHO

CONSELHO X ÍNDICE DE CAPACITAÇÃO X AUTONOMIA

TABELA 11 – NÚMERO DE TEMAS TRATADOS POR ANO, POR CONSELHO

1998 1999 2000 2001 2002 Total CMAS 7 21 22 44 37 131 CMDCA 50 45 23 43 59 220 CMS 11 17 12 41 52 133 TOTAL 68 83 57 128 148 484

Fonte: Pesquisa realizada pela autora.

3.1.2 Realização de entrevistas

I) Entrevistas semi-estruturadas com os principais atores relevantes a partir de um roteiro que permitiu o ajuste necessário a cada momento. A finalidade foi investigar a trajetória desses participantes e sua percepção acerca da autonomia, da dinâmica de funcionamento do conselho, os impactos da participação e os mecanismos de prestação de contas entre conselheiro e entidade representativa. O registro foi feito através da gravação das falas dos entrevistados, que posteriormente se transformaram em transcrições, estas realizadas entre agosto e outubro de 2008.

Foram realizadas 19 entrevistas com conselheiros escolhidos após a aplicação dos questionários, sendo 8 no CMAS, 5 no CMDCA e 6 no CMS. Destes 19 encontros, 17 ocorreram em julho de 2008 e 2 aconteceram em outubro de 2008.

As entrevistas contaram com diversas perguntas que foram divididas em quatro grandes blocos temáticos, quais sejam: identificação do entrevistado e do conselho; trajetórias de vida; avaliação da representação e do aprendizado e; por fim, percepções sobre a autonomia. A seção com perguntas sobre trajetórias tinha por objetivo conhecer como o informante havia se envolvido com questões políticas e públicas e as suas principais influências no processo de participação. O Apêndice B, p. 196, apresenta o roteiro de entrevistas.

Os nomes de todos os entrevistados foram substituídos, aqui, por nomes fictícios, respeitando o anonimato para o não

comprometimento dos mesmos. Foram também omitidas informações, nomes das entidades associativas e qualquer outro tipo de dado que permitisse a identificação do informante. A caracterização dos entrevistados encontra-se no Apêndice D, p. 200.

3.1.3 Observação Participante

I) Participação nas reuniões do conselho, observando a dinâmica de interação entre os diversos segmentos representados.

Considerando as dificuldades de deslocamento e de compatibilidade do calendário de reuniões, foram observadas três reuniões no CMAS, uma no CMDCA e duas no CMS, todas entre abril e julho de 2008.

3.2 Autonomia e processo decisório no interior dos conselhos: temas e atores dominantes

Nesta seção, buscar-se-á identificar os meandros do processo decisório ocorrido no interior dos conselhos municipais a partir das informações contidas nos registros das atas das reuniões plenárias. Reconhecendo as dificuldades de trabalhar com uma fonte desta natureza, as análises que serão tracejadas não me permitem qualquer conclusão definitiva sobre o processo decisório no interior destes órgãos colegiados. Primeiro, porque a redação adequada da ata nem sempre é alvo de grandes preocupações por parte de quem a lavra. É patente este descuido, visto os altos percentuais de casos em que não foi possível identificar o interlocutor. Em segundo lugar, as atas disponibilizam informações quantitativas e descritivas do debate que não podem ser traduzidas automaticamente em subsídios de cunho qualitativo. Mais adiante, na seção 3.4, p. 145, as informações extraídas serão contrabalanceadas com as avaliações qualitativas feitas pelos próprios representantes.

Feitos estes esclarecimentos, a primeira informação que os registros formais das atas mostram é a de que o somatório do número de pontos de pautas discutidos entre 1998 e 2000 é menor que o número de temas debatidos entre 2001 e 2002 (cf. Tabela 11, p. 126). Isso significa

que o conselho debateu mais assuntos em dois anos analisados depois da chegada do PT ao poder do que nos outros três anos anteriores de governo do PMDB.

A análise geral das atas dos conselhos nos permite afirmar que, como esperado, na grande maioria dos casos, a abertura do debate é feita pelo presidente do conselho, com uma média entre os conselhos de 78,0% das primeiras intervenções79. Se somadas a estas as intervenções feitas por membros que compõem o quadro da administração municipal, incluído o elemento externo do governo80, chegamos a um total de quase 90,0% de falas iniciadas pelo segmento governamental em cada um dos conselhos81. Entre o segmento sociedade civil, no caso do CMAS, o campo do trabalho foi o que se destacou na apresentação das primeiras falas, seguido do campo comunitário e do campo religioso e assistencial. No CMDCA, percebeu-se que foram o campo religioso e assistencial e o Conselho Tutelar, respectivamente, que iniciaram as intervenções. No CMS, o campo do trabalho é o único segmento da sociedade civil que tem evidência entre aqueles que iniciam o debate82.

No entanto, desagregando as informações por ano verificamos que (excluindo o presidente que, independente da gestão, continua tendo primazia na primeira fala), as intervenções do campo da administração municipal decrescem a partir de 2001, ganhando relevo, no CMAS e CMS, os atores da sociedade civil, em especial o campo do trabalho. No CMDCA, se no período entre 1998 e 2000 o campo religioso e assistencial e o Conselho Tutelar de fato participam mais ativamente da proposição do primeiro tema, no intervalo de tempo seguinte, diferentes atores começam a participar e a disputar as falas, incluindo, entre eles, o ator externo da sociedade civil. Portanto, nota-se que houve uma

79 Foram agrupados à categoria presidente os casos em que não foi possível identificar quem enunciava a primeira fala e quando não foi mencionado quem fez as intervenções, já que, seguindo as regras do RI dos conselhos, a primeira palavra sempre deve ser do presidente. No entanto, para as atas aqui analisadas não foram consideradas como primeira fala as intervenções de boas-vindas e de abertura formal dos trabalhos do conselho. A primeira fala diz respeito àquele indivíduo que primeiro enunciou um determinado assunto a ser debatido. 80 Seguindo o procedimento adotado por Fuks, Perissinotto e Souza (2004) o elemento externo seria aquele ator que não pertence ao conselho, mas que eestá presente na reunião para discutir algum ponto de pauta específico.

81 O total de falas (466) não coincide com total de atas analisadas (484), visto que nem todas as reuniões tiveram quorum e também porque nas atas foram registrados eventos como as conferências, as eleições para conselho tutelar e demais fatos não contabilizados nestas análises. Além disso, não foram analisados os mesmo números de atas para cada conselho, por isso a diferença em termos absolutos verificada.

82

Os usuários representantes do CMS foram agrupados a partir do seu campo de atuação (comunitário, social, do trabalho e religioso e assistencial). O mesmo foi feito para os gráficos que se seguem.

diversificação dos atores que entram em cena no conselho, possibilitando uma pluralização das falas. O Gráfico 9, abaixo, apresenta o número absoluto de falas por ano, excluindo-se dele as intervenções do presidente.

GRÁFICO 9 – SEGMENTO QUE INICIA O DEBATE, POR