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3 O PERCURSO DO COLÉGIO AGRÍCOLA DE LAVRAS DA MANGABEIRA, NO

3.2 O Colégio Agrícola de Lavras da Mangabeira – Uma breve gênese com base na legislação

Para a vinda do Colégio Agrícola para Lavras da Mangabeira, foi apresentado ao Ministério da Agricultura um projeto de autoria do deputado federal Dr. Raul Barbosa, que trabalhou juntamente com Dr. Vicente Férrer Augusto Lima, parlamentar lavrense que gozava de prestígio junto à classe política local, estadual e nacional, pleiteando essa escola de iniciação agrícola. No referido projeto, estava contemplado as formas que seriam utilizadas para a obtenção e liberação de créditos necessários para construção e funcionamento da escola

No dia 19 de novembro de 1948, estavam presentes na Secretária de Estado dos Negócios da Agricultura, no Rio de Janeiro, então capital da República, o senhor Doutor Daniel Serapião de Carvalho, Ministro da Agricultura, por parte do Governo da União, e o senhor Paulo Sarazate Ferreira Lopes, em nome do Estado do Ceará, representando o presidente do mesmo Estado. Conforme procuração, acordaram, tendo em vista o parágrafo 3º, do art. 18 da Constituição Federal e os artigos 2° e 4º do Decreto n.° 22.470, de 20 de janeiro de 1947, que fixava a rede de estabelecimento de ensino agrícola no território nacional, assinado pelo Presidente da República Eurico Gaspar Dutra, e as disposições do Decreto lei n.° 9.613, de 20 de agosto de 1945 – Lei Orgânica do Ensino Agrícola, a instalação de uma Escola de Iniciação Agrícola.

As cláusulas em número de doze discriminavam as competências referidas a cada uma das partes conveniadas. Caberia ao Governo do Ceará transferir à jurisdição do Ministério da Agricultura uma área de 200 ha de terras para a instalação de uma escola de Iniciação Agrícola de acordo com os termos da Lei nº 162 de dezembro de 1947, que estimava a receita e fixava a despesa da União para o exercício financeiro de 1948, o que daria dotação orçamentária para a instalação da referida escola, conforme preconizava a lei de ensino agrícola.

Caberia à Superintendência de Ensino Agrícola e Veterinário (SEAV), ou outro órgão que a substituísse, a execução do presente acordo. Ao Ministério da Agricultura era dado a missão de providenciar a construção dos edifícios e instalações agrícolas necessárias ao funcionamento da escola. Todos os projetos deveriam ser aprovados pela SEAV e as construções, feitas de forma parcelada, seriam aprovadas pelo Ministério da Agricultura, conforme um plano de trabalho.

Para a execução deste acordo o Estado do Ceará contribuiria com a quantia de Cr$ 400.000,00 (quatrocentos mil cruzeiros) e o Ministério da Agricultura com Cr$ 800.000,00 (oitocentos mil cruzeiros). Cabendo a contratação dos funcionários da escola seguir a legislação da época e estar de acordo com o Decreto n.1.713 de 28 de outubro de 1939, que dispunha sobre o Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União. A União se responsabilizaria em manter a escola em perfeito funcionamento, de acordo com os termos da Lei Orgânica do Ensino Agrícola, ficando o Ministério da Agricultura responsável pela instalação da escola e obrigado a: conservar em perfeito estado os móveis, benfeitorias, instalações agrícolas e escolares e a zelar pela conservação dos animais de trabalho e a produção que fossem adquiridos; comunicar qualquer alteração seja na parte física ou administrativo ao setor Técnico do Ministério da Agricultura, sem contudo onerar o Estado. O

presente acordo teria duração de cinco anos e poderia ser rescindido entre as partes, caso mostrassem desinteresse em prosseguir com a parceria. Havendo reversão da União para o Estado, aquela estaria desobrigada a indenizar o Estado pelo feito.

Para a instalação da Escola de Iniciação de Lavras da Mangabeira foi designado o Engenheiro Agrônomo Dr. Aristóbulo de Castro Filgueiras, nomeado pela portaria nº 55, assinada pelo Sr. Daniel Serapião de Carvalho, Ministro da Agricultura, datada de 02 de agosto de 1947. De acordo com D.O.U de 26 de janeiro de 1953, seção I, pagina 1359, o Dr. Aristóbulo é mencionado como sendo diretor da Escola de Iniciação Agrícola de Lavras da Mangabeira.

Neste mesmo ano, o Ministro de Estado, dos Negócios da Agricultura, João Cleophas resolve dispensar o agrônomo economista, classe L, do Quadro Permanente deste Ministério, Jose Aristóbulo de Castro Filgueiras, da função de executor do acordo para instalação de uma Escola de Iniciação Agrícola no Município de Lavras da Mangabeira, para a qual foi designado pela Portaria n.o 66, de 2 de agosto de 1949, em virtude de ter sido, pela Portaria n. o 1.861, de 31 de dezembro de 1953, designado o agrônomo Gustavo Augusto de Lima para exercer a função de Diretor da referida Escola. (BRASIL, D.O.U, 02 de Janeiro de 1954, Seção I).

Portanto, como primeiro Diretor da Escola Agrícola de Lavras da Mangabeira, foi designado o Dr. Aristóbulo de Castro Filgueiras, porém, em razão do início das atividades da escola terem ocorrido apenas no ano de 1954, período em que já se encontrava nomeado para a função de diretor o Dr. Gustavo Augusto Lima, que passou a ser considerado pelos lavrenses o primeiro diretor da escola.

Dr. Aristóbulo teve como seu auxiliar direto nos trabalhos da instalação da Escola, Dr. Waldemir Albuquerque e Sousa, que na época desempenhava a função de chefe do Posto Agropecuário de Lavras da Mangabeira.

Podemos afirmar que também foi parte da política liberal do governo Dutra (1949) a criação dos Postos Agropecuários70 nas diversas regiões do país, constituindo um dos mais relevantes trabalhos do "Plano Quadrienal do Ministério da Agricultura", que, por intermédio desses centros de técnica rural, desenvolveu ampla e efetiva assistência aos

70 “Os Postos Agropecuários foram instituídos pela Portaria ministerial de nº118, de 05 de março de 1947, e destinavam-se a auxiliar diretamente os lavradores e criadores, melhorando e defendendo sua produção. Em alguns caos, se mostraram úteis e eficientes, em outros, faliram de maneira lamentável. Essa falência, contudo, não corre por conta do estabelecimento e sim pela não observância dos pontos básicos em que se deve apoiar tecnicamente. A escolha da sede foi quase sempre feita por legisladores, ou autoridades administrativas regionais com objetivos eleitoras, seguida de agravante de os técnicos do Ministério da Agricultura aceitarem os teremos, frequentemente imprestáveis que lhes eram indicados pelos políticos locais. (RMA, 1951, p. 88).

lavradores e criadores nacionais. A Divisão do Fomento da Produção Vegetal do Ministério da Agricultura instalava e controlava os diversos Postos, que foram distribuídos de acordo com as necessidades geoeconômicas de cada Estado. Os dirigentes e técnicos da referida Divisão supervisionavam os trabalhos, segundo o aproveitamento máximo de todas as atividades rurais, de acordo com a peculiaridade de cada região e suas necessidades econômicas.

Os Postos Agropecuários auxiliavam diretamente os lavradores e criadores, colocando-os ao alcance dos meios de aumentar, melhorar e defender as suas produções. Os meios empregados seriam os seguintes: serviço de tratores e máquinas em geral para o preparo mecânico da terra (aradura. destoca. etc.), que pertencia aos agricultores da localidade; serviços de monta e inseminação artificial com reprodutores finos; combate a saúva e a outras pragas e doenças da lavoura; vacinação e combate à doença do gado; expurgo e armazenamento de acalentes para plantio; informações agrícolas orais e impressas em livros, folhetos, plantas e gráficos; conselhos individuais a lavradores e criadores; venda de máquinas, ferramentas agrícolas, arame, sementes, mudas, adubos, inseticidas e fungicidas; venda de reprodutores; e material veterinário.

Os técnicos do Ministério da Agricultura promoviam, no estabelecimento de campos de cooperação com particulares e fiscalização de lavouras, o encaminhamento de serviços da Engenharia Rural para a irrigação e drenagem contra a erosão, estimulando também a criação de cooperativas agropecuárias, Centros de Treinamento para os trabalhadores rurais e instalação de locais para exposição permanente ou reunião de lavradores e criadores.

No ano de 1949, foram instalados noventa e dois postos agropecuários no país71; destes, cinco no Ceará, nos seguintes municípios: Lavras da Mangabeira, Sobral, Russas, Quixeramobim e Baturité. Além de edifícios-sede, casas para a administração e outros serviços, os Postos Agropecuários dispunham de alojamentos especiais para trabalhadores, galpões para máquinas, veículos, oficinas, depósitos de inflamáveis, câmeras de expurgo, estábulos, cocheiras, abrigos para animais, parque e abrigos rústicos para suínos, banheiros, carrapaticidas, apriscos e abrigos para colmeia, oficinas, defesa sanitária vegetal, sementes, combate aos parasitas vegetais e às formigas, material de uso veterinário e zootécnico,

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Os Postos Agropecuários e os Colégios Agrícolas foram frutos dos acordos firmados entre os governos brasileiro e americano, materializado no "Plano Quadrienal do Ministério da Agricultura", contudo as ações desenvolvidas eram distintas. As escolas foram criadas tendo como objetivo formar “a força de trabalho”, portanto, mais voltado ao ensino, já os postos destinavam-se a auxiliar diretamente os lavradores e criadores.

material de inseminação artificial, salas para exposições e reuniões. (D.O.U. 23/01/1951, p. 1129, Seção I).

Os Postos serviam de verdadeiras bases para operações objetivas nos setores agropecuários, que, dessa forma, recebia o fluxo constante e renovador dos processos da moderna técnica aplicada ao melhoramento dos rebanhos e das lavouras. Para a instalação do Posto Agropecuário e do Colégio Agrícola, Dr. Gustavo Augusto Lima, quando prefeito em segundo mandato eleito no pleito municipal de 7.12.1947, para o período de 1948 a 1951, adquiriu os terrenos através da Lei municipal nº. 32 de 11 de dezembro de 1950. O Posto de Lavras ficava às margens do Rio Salgado, a um quilometro e meio da cidade, no sítio Volta e o Colégio Agrícola a três quilômetros da cidade, no sítio Pereiros. Era uma exigência da política do período que estes estabelecimentos deveriam estar situados na zona rural, porém próximos às áreas urbanas.

Em 05 de agosto de 1981, o Secretário Geral do Ministério da Agricultura, no uso das atribuições que lhe foram subdelegadas pela Portaria Ministerial nº 9 255, de 14/08/80, e tendo em vista o disposto nos Decretos nº 66.329, de 16/03/70 e 83.937, de 06/09/79, resolveu autorizar cessão gratuita, pelo prazo de vinte anos do Posto Agropecuária de Lavras, à Empresa de Pesquisa Agropecuária do Ceará (EPACE), no Estado do Ceará, condicionando sua utilização às estipulações do contrato a ser firmado e observado no que consta no Processo MA-01/2670181. Foi destinado ao Dr. Josberto Romero de Barros, Delegado Federal de Agricultura no Estado do Ceará, firmar o Contrato de Cessão Gratuita e subscrever o respectivo Termo de Entrega do Imóvel. (D.O.U, 10/08/1981, p.15049 – Seção I). Após vinte anos do comando pelo Estado, o posto foi totalmente abandonado pelo governo do Ceará, sendo suas terras invadidas e saqueadas.

Percebemos, dessa forma, que a cidade de Lavras já contava com um equipamento que reproduzia uma política do Governo Federal, fruto dos acordos firmados entre o Brasil e o USA, cunhada na teoria de desenvolvimento e nos princípios da modernização do campo. Portanto, a vinda de uma Escola Agrícola, seria mais um equipamento que daria suporte ao produtor rural.

Em 1954, é apresentado outro projeto de nº 4.939, de Paulo Sarazate ao Congresso Nacional, pedindo que fosse incorporada à Rede de Estabelecimentos de Ensino Agrícola Federal a Escola de Iniciação Agrícola de Lavras da Mangabeira, no Estado do Ceará. O congresso acata e decreta que:

Art 1º, a escola é incorporada à rede de estabelecimento de ensino agrícola federais, subordinada à SEAV, do Ministério da Agricultura, e transformada em Escola Agrícola do Ceará, a Escola de Iniciação Agrícola de Lavras da Mangabeira, naquele Estado; Art 2º, Os servidores admitidos até 31 de outubro de 1954 passarão a integrar os quadros do Ministério da Agricultura; Art 3º, o Ministério da Agricultura promoverá junto ao governo do Estado do Ceará, para a cessão definitiva a União dos bens e direitos decorrentes dos acordos firmados com aquele Estado em 20 de julho de 1948, para a instalação da aludida escola; Art 4ª, Esta lei entrará em vigor da data de publicação, revogadas as disposições em contrário. (BRASIL, D.O.U, 1954).

Como justificativa para a migração da Escola da esfera estadual para a esfera federal, foi utilizado o argumento de que as Escolas Agrotécnicas eram as que se destinavam a dar um ou mais cursos agrícolas técnicos e que, portanto, poderiam ainda ministrar cursos de continuação, assim como cursos de aperfeiçoamento, salvo os destinados aos professores ou à administração, os quais só poderiam ser ministrados em Escolas Agrotécnicas. Na época, existiam quatorze escolas desses tipos nos seguintes Estados: Amazonas (01), Pará (01), Paraíba (01), Pernambuco (01), Alagoas (01), Sergipe (01), Bahia (01), Rio de Janeiro (02), Minas Gerais (02), Mato Grosso (01), Goiás (01), Rio Grande do Sul (01). O Ceará era um dos poucos estados que ainda não possuía escola federal pertencente à Rede de Superintendência do Ensino Agrícola e Veterinário.

A ausência de uma instituição de ensino agrícola técnico impossibilitava que os jovens que estudavam e concluíam seus estudos na Escola de Iniciação Agrícola de Lavras, que funcionava a contento, dessem continuidade a sua escolaridade. Por serem alunos de origem pobre, o deslocamento de Lavras para os Estados da Paraíba e Pernambuco era inviável em função dos custos.

Assim sendo, a transformação da Escola de Iniciação Agrícola de Lavras da Mangabeira em Escola Agrícola e sua consequente federalização respondiam aos interesses da União e do Estado do Ceará, haja vista ser uma escola dispendiosa, na qual suas atividades necessitavam de investimentos e que no Ceará, periodicamente, havia secas que impediam grandes safras, comprometendo a arrecadação dos impostos para os altos investimentos. Assinavam esse projeto como representantes políticos, Paulo Sarazate, Menezes Pimentel, Leão Sampaio e Antonio Horácio. (BRASIL, D.O.U, 13/11/1954 – Seção, P. 7565).

O ex-diretor da Escola Agrícola de Lavras, Dr. José Gomes de Holanda, em entrevista concedida, afirmou que o Dr. Gustavo Augusto Lima, Diretor da Escola de Iniciação de Lavras era incansável na luta por esta transformação.

“O Dr. Gustavo como era agrônomo, dava a ele poder para pleitear essa mudança

agrônomo, talvez se ele não fosse, teria sido mais difícil”. Tinha um potencial muito

forte, era um homem estudioso, tinha sido prefeito, teve todo um interesse dele. Por conhecer como era uma escola agrícola, já que era agrônomo, fazia toda a diferença. Pertencia a uma família de políticos influentes no Ceará, a família Augusto. O pai de Dr. Gustavo foi deputado estadual, foi uma família que deu destaque ao município de Lavras, isso fazia com que ele gozasse de prestígio político, então um município que por conta da política, foi contemplado com a vinda da escola, e a federalização podemos dizer também que sem o empenho dele, teria sido difícil.

No entanto, a questão política sozinha não seria suficiente, pois a situação econômica que assolava o país fez com que houvesse um retardo nessa transferência. O Ceará, como a União, também padecia de falta de recursos financeiros. Em 27 de outubro de 1954, o Diretor da referida escola recebeu uma circular do Ministério da Agricultura – SEAV, nº 5.475/54, assinado por Newton Belleza, superintendente da SEAV, em que alertava sobre a grave crise econômica nacional, e recomendava o empenho máximo no sentido de contenção de despesas, como um dos meios aconselháveis para se conseguir o equilíbrio orçamentário. Ele pediu redução dos gastos comuns e proibia serviços novos, ficando apenas em andamento as obras já iniciadas, apelando, inclusive, para o patriotismo, para que fossem suspensas as despesas adiáveis.

Nessa época, a Escola de Iniciação Agrícola de Lavras da Mangabeira trabalhava com o curso de iniciação Agrícola, destinado ao Ensino Elementar de 1º e 2º anos do primeiro ciclo de Ensino Agrícola (correspondente à fase inicial do curso primário regular); e o Curso de Mestria, compreendendo o 3º e 4º anos do primeiro ciclo (correspondente à fase final do curso primário regular). O Curso de Mestria agrícola inicialmente apresentava uma matrícula que variava entre 120 a 150 alunos, sendo totalmente bancado por recursos públicos, provendo direito a alimentação, calçados, vestuário e assistência médica odontológica.

As aulas eram ministradas diariamente divididas em dois grupos, a saber: Cultura Geral, Português, Matemática, Francês, Ciências, Geografia e História; Cultura Técnica – Agricultura, Criação de animais domésticos e Desenho. Vale salientar que os alunos recebiam ainda aulas práticas de agricultura, zootecnia, ferraria, selaria e carpintaria. No período de 1954 a 1958, saíram quatro turmas de “operários agrícolas qualificados”, constituídas cada uma de 122 concludentes.

Estes estabelecimentos de ensino agrícola estavam sujeitos à fiscalização pelo governo federal e estadual. A Escola de Iniciação Agrícola de Lavras recebia anualmente várias visitas do Dr. Astolfo Ribeiro Pinto Bandeira, fiscal das Escolas agrícolas do Ceará e ex-diretor da “Escola Agrotécnica Vital de Negreiros”, de Bananeiras, na Paraíba.

Figura 10 – alunos do curso de Iniciação Agrícola da Escola de Iniciação Agrícola de Lavras da Mangabeira, 1954.

FONTE: Jornal Gazeta de Notícias “Ceará na primeira linha do ensino agrícola do Brasil” Segundo caderno. Fortaleza, 10 de julho de 1959.

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A Escola de Iniciação Agrícola de Lavras, localizada a três quilômetros da cidade, estava situada em um terreno de 351 hectares de área, sendo 200 hectares para o campo de pastagens, cereais e cultura do algodão. O edifício principal (fachada central da escola) mede 92 metros de frente por 48 metros de fundo. Internamente, há diversas divisões de espaço, como: dormitórios (hoje transformados em Laboratórios), permanecendo apenas um dos dois que foram construídos em 1959, pela construtora Andes Ltda. Possui ainda gabinete médico e dentário, cozinha, biblioteca, secretaria, diretoria, sala de professores, banheiros individuais e bebedouros. Fazia parte da estrutura da escola outras edificações que ficavam próximo ao prédio central: Residência para diretor, casa residência para agrônomo auxiliar, residência para auxiliar de campo, estábulo para 24 bovinos, apiário, aviário, galpão de máquinas, pocilgas, caixa d’água, casa de forças e casa para abrigar a bomba de instalação destinada à elevação.

Abaixo, temos uma fotografia que nos mostra a cerimônia de compra do terreno de Anselmo Teixeira Férrer para a instalação da Escola Agrícola. Estavam presentes nesta cerimônia as principais lideranças políticas de Lavras da época: Dr. Joca, Dr. Luiz Augusto,

Hilda Augusto, Dr. Gustavo Augusto Lima ao centro da fotografia, assinando a escritura pública de compra e venda do terreno, Cel. Raimundo Augusto, Dr. Aloísio Teixeira Férrer, Anselmo Teixeira Férrer e Tenente Raimundinho.

Figura 11 – Foto do momento da assinatura da compra do terreno para a instalação da Escola de Iniciação Agrícola de Lavras da Mangabeira.

FONTE: Arquivo pessoal de Cristina Couto.

Em 1958, o Departamento de Divisão de Obras do Ministério da Agricultura lançou o Edital de nº 3.58 publicado no D.O.U de 26 de maio de 1958, e no mês de julho do mesmo ano, foi lançado, no D.O U de 18 de julho, a ata da Comissão de Concorrência Pública para execução das obras de construção de dois alojamentos para 58 alunos, nas Escolas da Superintendência do Ensino Agrícola e Veterinário, conforme localidades e quantidades especificadas. Foram classificados dois grupos para receberem as obras: um grupo A outro B, tendo o Ceará sido classificado no grupo B, em que seriam destinados dois alojamentos para as unidades de ensino, Escola Agrotécnica de Crato, Escola de Iniciação Agrícola de Lavras da Mangabeira e Escola de Iniciação de Pacatuba.

A execução da obra dos dois alojamentos da Escola de Iniciação Agrícola de Lavras da Mangabeira ficou a cargo das construtoras Pazito & Cia Ltda e Andes Ltda, ambas recebendo as quantias de Cr$ 6.571.000,00 (Seis milhões, quinhentos e setenta e um mil

cruzeiros), e Cr$ 6.529.186,40 (Seis milhões, quinhentos e vinte e nove mil, cento e oitenta e seis cruzeiros e quarenta centavos), respectivamente. No Ceará, apenas as Escolas de Pacatuba e Lavras da Mangabeira possuíam a mesma estrutura arquitetônica.

Os dois pavilhões de alojamentos foram construídos em frente ao antigo prédio central da Escola, a uma distância de aproximadamente 40 metros. Das salas de aula do fundo do prédio central e da cozinha era possível ter uma visão privilegiada dos dois prédios. Cada pavilhão do alojamento ocupava uma área de 700m² e tinha como divisões internas o hall, o apartamento do guarda de alunos, seis dormitórios-apartamentos de 60m², um corredor de circulação e um conjunto de sanitários e banheiros coletivos. A imagem que se segue apresenta o pavilhão que ficava à esquerda do prédio central, no ano de 1960.

Figura 12 - Foto do Pavilhão de alojamento em 1960.

FONTE: Acervo do Colégio Agrícola de Lavras da Mangabeira, depositado no Arquivo central da SEDUC-CE.