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A coleta de dados foi realizada por meio de pesquisa de campo com a aplicação de questionários e entrevistas semiestruturados. Na visão de Marconi e Lakatos (2009), um questionário é um instrumento que se constitui em uma série ordenada de perguntas que devem ser respondidas por escrito. Em relação ao tipo de questionário, foi utilizado o modelo com perguntas abertas, que “permitem ao informante responder livremente, usando linguagem própria, e emitir opiniões” (MARCONI; LAKATOS, 2011, p. 89), bem como de outras, com perguntas objetivas (fechadas). Já a definição de entrevistas semiestruturadas (qualitativas), pode-se afirmar que são aquelas que dão mais liberdade para os pesquisados, e normalmente são feitas com pessoas que entendem muito de um determinado assunto, apresentando como uma de suas características a utilização de um roteiro previamente elaborado. Com relação a esse tipo de entrevista, a atenção tem sido dada à formulação de perguntas que seriam básicas para o tema a ser investigado (TRIVINOS, 1987; MANZINI, 2003).

Nesse mesmo contexto, para Triviños (1987, p. 146) a entrevista semiestruturada tem como característica, questionamentos básicos que são apoiados em teorias e hipóteses que se relacionam ao tema da pesquisa, no qual esses questionamentos dariam frutos a novas hipóteses, surgidas a partir das respostas dos informantes, e com isso, o foco principal seria colocado pelo investigador-entrevistador, em sua atuação no processo de coleta das informações. Já na visão de Manzini (1990/1991, p. 154), a entrevista semiestruturada está focalizada em um assunto sobre o qual confeccionamos um roteiro com perguntas principais, complementadas por outras questões inerentes às circunstâncias momentâneas à entrevista. Para o autor, esse tipo de entrevista pode fazer

emergir informações de forma mais livre e as respostas não estão condicionadas a uma padronização de alternativas.

Voltando para o instrumento (questionário), cujo modelo se encontra no Apêndice A desta pesquisa, o mesmo foi construído com 20 perguntas, sendo 11 delas constituídas de questões objetivas (fechadas) e o restante, 9 questões, subjetivas (abertas), idealizadas para que o colaborador pudesse opinar livremente sobre fatos observados durante sua trajetória, no período de incubação, vividos no ambiente da Incubadora (INEAGRO). Para o preenchimento de todas as questões desse instrumento, o colaborador levou um tempo estimado de 30 minutos, além do mais, foi-lhe garantida a liberdade do anonimato no envolvimento com este estudo.

As fontes pesquisadas, geradoras de dados (no ambiente interno da INEAGRO) são de caráter documental e de campo, pois foram analisados documentos norteadores dos processos de incubação, sendo que também buscou-se levantar, in loco, a percepção dos principais atores envolvidos nos processos de incubação da referida incubadora. Ainda no que diz respeito aos questionários, estes foram aplicados apenas para os empreendedores incubados (atuais/novos, antigos/remanescentes e desistentes) que passaram pelos processos de incubação da INEAGRO CABUGI. Para os gestores (atuais e antigos), tanto da INEAGRO, como de outras incubadoras do Estado do RN, foram feitas entrevistas semiestruturadas, presenciais, e também por correio eletrônico (e-mail), com cada um deles respondendo a perguntas diversas, seguindo um roteiro pré- estabelecido, sobre o processo de incubação que empregam (ou empregaram) em suas respectivas gestões ou incubadoras.

Os instrumentos (questionários respondidos pelos incubados) empregados na presente pesquisa foram utilizados de forma inédita e de autoria do próprio pesquisador, a partir de literaturas pesquisadas, como nos modelos do SEBRAE, por exemplo, com direcionamento voltado para os empreendedores atuais e antigos, da INEAGRO Cabugi, e composto por uma estrutura que conjuga, simultaneamente, perguntas abertas e fechadas.

Para a análise de dados, no caso dos questionários utilizados para pesquisar as opiniões dos empreendedores incubados da INEAGRO, com relação às questões fechadas, foi utilizada a análise descritiva, sob a forma de percentuais, enquanto que para a análise das questões abertas, foi utilizada a técnica do discurso do sujeito coletivo de Lefèvre e Lefèvre, (2000), que é uma metodologia de organização e tabulação de dados

qualitativos de natureza verbal, obtidos de depoimentos dos sujeitos. Consiste em apresentar os resultados sob a forma de um ou vários discursos-síntese, escritos na primeira pessoa do singular, expediente que visa expressar o pensamento de uma coletividade, como se esta coletividade fosse o emissor de um discurso. A técnica apoia- se na seleção de cada resposta individual, de uma determinada questão, aquelas expressões-chave, que são recortes mais significativos das referidas respostas. A essas expressões-chave correspondem as ideias centrais, que são a síntese do conteúdo discursivo manifestado nas próprias expressões-chave, cujos resultados são interpretados de acordo com a análise do discurso coletivo, com a técnica das ideias-chave, de Lefevre e Lefevre (2012). Ainda sobre esta parte metodológica, do referido estudo, explicando melhor o método, utilizou-se como procedimento de análise dos dados, um instrumento relativamente simples, baseado na técnica de Lefrève e Lefrève (2005), conhecida como discurso do sujeito coletivo, que é o discurso obtido a partir de trechos das entrevistas que são reunidos por similaridade de sentido. A proposta desta técnica é expressar a opinião de uma coletividade, organizando os dados coletados por entrevistas pessoais.

No caso da análise feita em algumas respostas subjetivas, do instrumento de pesquisa (questionário), este estudo também adotou uma técnica semelhante ao método de análise de conteúdo, que utiliza um conjunto de técnicas de sistematização para descrever e interpretar o conteúdo da mensagem (BARDIN, 2004). Observa-se que a análise de conteúdo é utilizada para fazer inferências a partir de comparações textuais, de acordo com a sensibilidade, a intencionalidade e a competência teórica do pesquisador, comparando e especificando as características próprias das mensagens. Essas ações captam o sentido que a mensagem expressa, conforme o contexto de quem a produziu (BARDIN, 2004).

É bem verdade que no início da análise, os dados coletados ainda são brutos e só terão sentido se forem tratados com técnicas adequadas (Mozzato & Grzybovski, 2011), mas podem ser analisados a partir de uma certa semelhança nos seus conteúdos. Assim sendo, o processo de análise do conteúdo se vale da inferência e interpretação dos resultados, dos quais, o pesquisador, baseado nos dados coletados, deve dar significância e validade aos mesmos, com isso, dando mais densidade à pesquisa. O pesquisador buscará sempre interpretar esses dados de forma a torná-los significativos e úteis aos objetivos da pesquisa, de maneira que esta interpretação deva ir além do conteúdo manifesto dos documentos, pois, interessa ao pesquisador o conteúdo latente, o sentido

que se encontra por trás do imediatamente apreendido.

Para o caso das entrevistas semiestruturadas, feitas com os gestores atuais e antigos da INEAGRO, e os atuais de outras incubadoras do Estado do RN, também se utilizou da Técnica do Discurso Coletivo, de Lefrève e Lefrève (2005), com as falas semelhantes sendo compiladas em um só discurso coletivo, apontando para uma realidade observada.

Foi realizado um pré-teste com três das empresas atualmente incubadas pela Incubadora de Base Tecnológica INEGRO CABUGI, para validação dos questionários. Após análise e sugestões dos respondentes, foram realizados ajustes em algumas questões, para, em seguida, encaminhar esses instrumentos de pesquisa, via e-mail, para os representantes dessas empresas. Os referidos questionários foram enviados no período de outubro a dezembro de 2018, na forma de planilha (formulário em branco), por correio eletrônico (e-mail), que foram dirigidos a todos os possíveis respondentes (no caso, 25 questionários) que abarcam o universo da parte principal da população pesquisada, considerando-se aí todas as empresas incubadas, pré-incubadas e graduadas, além das remanescentes, que estão ativas, porém sem vínculo formal com a INEAGRO. Marconi e Lakatos (2005) afirmam que, geralmente, a taxa média de devoluções dos questionários é de 25%, no entanto, destaca-se que não foram usados critérios de amostragem para esta pesquisa, pois a intenção da mesma foi de atingir a população máxima de empreendimentos (universo da pesquisa) incubados pela incubadora INEAGRO CABUGI.

Além disso, também foram realizadas entrevistas com 11 (onze) atores, entre atuais e antigos gestores da INEAGRO, bem como de outras incubadoras de base tecnológica, que contribuíram, sobremaneira, com os objetivos desta pesquisa. O roteiro para essas entrevistas foi criado pelo próprio pesquisador, com base nas questões de modelos de questionários verificados em outros trabalhos acadêmicos analisados, e na literatura, em geral, pesquisada, como por exemplo, os modelos propostos por Aaker et al. (2001);Mattar, F. N. (1994); e Gomes (2013). As entrevistas, com gestores, foram realizadas presencialmente e também por correio eletrônico (e-mail), utilizando-se de um roteiro não-estruturado, durante os meses de outubro de 2018 a janeiro de 2019. Ressalta- se a importância da entrevista para o alcance dos objetivos desta pesquisa, já que esse instrumento se caracteriza pela existência de entrevistado e entrevistador com o intuito de obter informações de forma detalhada sobre determinado assunto (CERVO;

BERVIAN, 2002).

Reitera-se, que a presente pesquisa também tomou como base a coleta de dados de fontes primárias e secundárias, para corroborar com uma maior lisura e eficácia dos resultados obtidos. De acordo com Oliveira (2002, p. 157) as fontes primárias são dados históricos e bibliográficos, como: arquivos, relatórios, registros diversos, correspondências, além de outros, de caráter interno; enquanto que as fontes secundárias são documentos externos, como: jornais, livros e revistas, periódicos etc.