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Análise do processo de incubação da Ineagro Cabugi: um diagnóstico sob a ótica dos principais atores envolvidos

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DE PROCESSOS

INSTITUCIONAIS

FRANCISCO OZAMIR DANTAS DA SILVA

ANÁLISE DO PROCESSO DE INCUBAÇÃO DA INEAGRO CABUGI: um diagnóstico sob a ótica dos principais atores envolvidos

NATAL/RN 2019

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FRANCISCO OZAMIR DANTAS DA SILVA

ANÁLISE DO PROCESSO DE INCUBAÇÃO DA INEAGRO CABUGI: um diagnóstico sob a ótica dos principais atores envolvidos

Diagnóstico apresentação à Banca de Defesa junto ao Programa de Pós-Graduação em Gestão de Processos Institucionais, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre.

Linha de pesquisa: Inovação, Desenvolvimento Sustentável e Bem-Estar nas Organizações

Orientador: Prof. Dr. Marcelo Rique Carício

NATAL/RN 2019

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes - CCHLA

Silva, Francisco Ozamir Dantas da.

Análise do processo de incubação da Ineagro Cabugi: um diagnóstico sob a ótica dos principais atores envolvidos / Francisco Ozamir Dantas da Silva. - 2019.

173f.: il.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Programa de Pós-Graduação em Gestão de Processos Institucionais. Natal, RN, 2019.

Orientador: Prof. Dr. Marcelo Rique Carício.

Coorientadora: Prof.ª Dr.ª Patrícia Borba Vilar Guimarães.

1. Empreendedores - Dissertação. 2. Incubação - Dissertação. 3. Inovação - Dissertação. 4. Modelo CERNE - Dissertação. 5.

Processos de Gestão - Dissertação. I. Carício, Marcelo Rique. II. Título.

RN/UF/BS-CCHLA CDU 005.342

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FRANCISCO OZAMIR DANTAS DA SILVA

ANÁLISE DO PROCESSO DE INCUBAÇÃO DA INEAGRO CABUGI: um diagnóstico sob a ótica dos principais atores envolvidos

Diagnóstico apresentação à Banca de Defesa junto ao Programa de Pós-Graduação em Gestão de Processos Institucionais, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre.

APROVADA EM ____/____/ 2019

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________________ Prof. Dr. Marcelo Rique Carício

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN (Orientador)

_______________________________________________________________ Prof. Dr. Carlos David Cequeira Feitor

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Membro Interno

_______________________________________________________________ Profa. Dra. Gerda Lúcia Pinheiro Camelo

Instituto Federal do Rio Grande do Norte - IFRN Membro externo

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Dedico este trabalho, primeiramente, a DEUS, por jamais desistir de mim, mesmo sendo conhecedor das minhas inúmeras limitações e falhas; à minha fundamental e adorada família, nas pessoas de: Elaine (esposa), Luís Eduardo (filho) e Maria Luísa (minha filhinha), que certamente são meu suporte e refúgio eternos.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, claro, por ser meu abundante e incessante provedor de tudo o que de fato preciso nesta vida, e no porvir...

À minha amada família que tanto tem me apoiado nos momentos mais difíceis e nas batalhas mais árduas do dia a dia, em especial à Elaine, minha esposa, e aos meus adorados filhos: Luís Eduardo e Maria Luísa (Pimpinha), que são meus pilares de sustentação, e não por acaso, Deus os colocou em minha vida.

Aos meus pais, Dona Maria de Lourdes (in memoriam) e Sr. Rosálio, que perto ou longe sempre me deram, dentro de suas limitações, o devido apoio motivacional e financeiro, para que eu pudesse construir minha vida de conquistas.

Ao meu orientador, Prof. Marcelo Rique, esse profissional e ser humano fantástico, que me concedeu a oportunidade de realizar esta pesquisa sob a sua orientação, na qual me passou muitos ensinamentos, com total paciência, dedicação e responsabilidade, sem contar as injeções de ânimo que nem consigo descrever.

À minha coorientadora, Professora Patrícia Borba, que a exemplo do Prof. Marcelo Rique, foi extraordinária e não mediu esforços em me dar o devido suporte, atuando de forma incansável, principalmente, nas questões envolvendo a motivação e a persistência, que muitas vezes me faltavam, nessa árdua caminhada.

Aos meus colegas de curso, principalmente àqueles que demonstraram muita compreensão e companheirismo para comigo, ao longo do curso, tendo em vista que eu morava em uma cidade, trabalhava em outra e ainda estudava em outra, de forma que sem o apoio desses amigos, nosso grau de dificuldade seria bem maior.

À Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA, por ser minha instituição de trabalho, na qual desempenho minhas funções profissionais, e que sempre me apoiou no desenvolvimento de ações de capacitação, inclusive na devida flexibilização dos meus horários de trabalho, para que pudesse cursar as disciplinas.

Aos professores, em geral, do Programa de Mestrado Profissional, que deram suas importantes contribuições em nossa trajetória de futuros mestres, transmitindo de forma muito efetiva, os imprescindíveis conhecimentos que a titulação exige.

Aos atores envolvidos que colaboraram na construção dos dados desta pesquisa, como os gestores atuais e antigos da INEAGRO, empreendedores incubados e gestores de outras incubadoras (INPACTA, INOVA, IAGRAM e ITNC).

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“Dê-me, Senhor, agudeza para entender, capacidade para reter, método e faculdade para aprender, sutileza para interpretar, graça e abundância para falar, acerto ao começar, direção ao progredir e perfeição ao concluir”

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RESUMO

Nos últimos anos, no Brasil e no mundo, muitos ambientes vêm conseguido alavancar a inovação e o desenvolvimento tecnológico nas empresas nascentes. Dentre os tais, destacam-se as incubadoras de empresas, que nasceram com a missão de oferecer suporte ao nascimento e desenvolvimento de projetos inovadores, mediante o fornecimento de infraestrutura física, administrativa e de serviços especializados. Neste cenário, visando uma melhor e mais abrangente compreensão do processo de incubação, suas características e seu potencial de fortalecimento e apoio aos empreendimentos incubados, é que este estudo foi desenvolvido com o intuito de analisar a gestão de uma Incubadora de Empresas de Base Tecnológica, tendo como foco a investigação do processo de incubação de empresas nascentes (startups) na Incubadora INEAGRO CABUGI, localizada na UFERSA – Campus Angicos, durante os últimos cinco anos (de 2013 a 2018). Assim, a proposta deste estudo foi de realizar um diagnóstico, buscando identificar, através de uma análise, possíveis dificuldades, fragilidades, além da necessidade de melhorias, no referido processo de incubação, de forma que o corpo diretivo da referida incubadora possa entender o problema e, consequentemente, combatê-lo. Para tanto, utilizando-se de instrumentos específicos capazes de analisar a dinâmica do referido processo, procurou-se investigar, inicialmente, os principais motivos que levaram os empreendedores a buscar apoio junto à Incubadora; bem como, foi utilizado um levantamento de informações acerca dos fatores que contribuíram para a incidência de tantos projetos descontinuados (desistentes), na referida incubadora, ao longo desse período analisado; e, por fim, o estudo em questão procurou compreender as principais dificuldades que a Incubadora enfrentou, com relação à sua gestão e seus processos em si. Para alcançar tais objetivos, foi realizada uma pesquisa qualitat iva, exploratória e descritiva, com uma análise documental nos relatórios e arquivos em geral, da Incubadora, visitas in loco, além do principal instrumento metodológico utilizado, que foi o da análise de conteúdo, com base em informações contidas em questionários (semiestruturados), respondidos pelos atuais e antigos incubados da INEAGRO, e por entrevistas feitas com gestores (atuais e antigos) da referida incubadora; bem como, dos atuais gestores de outras incubadoras do Estado do RN. Ao final deste estudo, os resultados obtidos apontam para uma melhor compreensão de algumas situações atípicas, observadas no referido ambiente de incubação, como, por exemplo, um planejamento não muito alinhado com aquilo que o modelo CERNE de gestão preconiza, bem como do foco da equipe gestora da Incubadora direcionado mais para seus processos internos, em detrimento das próprias empresas incubadas. O estudo, em questão, também chama atenção para o alto índice de rotatividade na gestão e assessoria técnica da INEAGRO, com frequentes substituições ocorrendo em pouco espaço de tempo, e que, segundo grande parte dos atores pesquisados, teria contribuído, sobremaneira, para a descontinuidade dos projetos incubados. Por fim, esta pesquisa propõe um plano de ação que permita suprir as possíveis dificuldades identificadas no processo de incubação da INEAGRO.

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ABSTRACT

In recent years, in Brazil and around the world, many environments have been able to leverage innovation and technological development in start-ups. These include business incubators, which were born with the mission of supporting the birth and development of innovative projects through the provision of physical, administrative and specialized services. In this scenario, aiming at a better and more comprehensive understanding of the incubation process, its characteristics and its potential for strengthening and supporting incubated enterprises, this study was developed in order to analyze the management of a Technology-Based Business Incubator, focusing on the investigation of the startup business incubation process at the INEAGRO CABUGI Incubator, located at UFERSA - Campus Angicos, during the last five years (from 2013 to 2018). Thus, the purpose of this study was to make a diagnosis, seeking to identify, through analysis, possible difficulties, weaknesses, and the need for improvements in the incubation process, so that the governing body of the incubator can understand the problem. and consequently fight it. Therefore, using specific instruments capable of analyzing the dynamics of this process, it was initially sought to investigate the main reasons that led entrepreneurs to seek support from the Incubator; As well as, it was used a survey of information about the factors that contributed to the incidence of so many discontinued projects (dropouts), in that incubator, during this analyzed period; Finally, the study in question sought to understand the main difficulties that the Incubator faced in relation to its management and its processes. To achieve these objectives, a qualitative, exploratory and descriptive research was carried out, with a documentary analysis in the Incubator's reports and archives, on-site visits, in addition to the main methodological instrument used, which was content analysis, based on information contained in questionnaires (semi-structured), answered by current and former incubators of INEAGRO, and by interviews with managers (current and former) of said incubator; as well as the current managers of other incubators in the state of RN. At the end of this study, the results point to a better understanding of some atypical situations observed in the incubation environment, such as planning not very aligned with what the CERNE management model advocates, as well as the focus of Incubator management team focused more on its internal processes, to the detriment of the incubated companies themselves. The study in question also draws attention to the high turnover rate in INEAGRO's management and technical advice, with frequent replacements occurring in a short period of time, and which, according to most of the surveyed actors, would have contributed greatly to the discontinuity of incubated projects. Finally, this research proposes an action plan to address the possible difficulties identified in INEAGRO's incubation process.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Etapas do CERNE 48

Figura 2 – Estrutura do CERNE 50

Figura 3 – Níveis de maturidade do CERNE 51

Figura 4 – Princípios Básicos do Modelo CERNE 52

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Sexo dos empreendedores incubados (pesquisados) 84 Tabela 2 – Relação dos empreendimentos incubados com a INEAGRO 85 Tabela 3 – Período de incubação/pré-incubação dos empreendimentos 85 Tabela 4 – Número de componentes de equipes por cada empresa incubada 86 Tabela 5 – Origem dos membros das equipes incubadas/pré-incubadas 87 Tabela 6 – Opinião dos incubados, apontando uma falha capital, por parte da gestão da INEAGRO, que possa ter impactado no desempenho dos seus empreendimentos 88 Tabela 7 – Situação atual dos empreendimentos incubados/pré-incubados 89 Tabela 8 – Autoavaliação do perfil empreendedor dos respondentes 90 Tabela 9 – Meio utilizado pelos empreendedores para tomarem conhecimento da

Incubadora e de suas ações 91

Tabela 10 – Avaliação da importância das ações da INEAGRO para o

amadurecimento e desenvolvimento da ideia/negócio dos incubados 93 Tabela 11 – Quadro da participação dos incubados em eventos de capacitação 94

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Fases do processo de incubação 44

Quadro 2 – Princípios básicos do Modelo CERNE segundo a ANPROTEC 53

Quadro 3 – Processos-chaves da fase CERNE 1 55

Quadro 4 – Processos e Práticas-Chave CERNE 1 57

Quadro 5 – Empreendimentos incubados/graduados pela INEAGRO (ACOSC) 60 Quadro 6 – Caracterização dos empreendedores incubados 81

Quadro 7 – Gestores entrevistados (da INEAGRO) 82

Quadro 8 – Sexo dos empreendedores incubados (pesquisados) 110 Quadro 9 – Relação dos empreendimentos incubados com a INEAGRO 115 Quadro 10 – Período de incubação/pré-incubação dos empreendimentos 117 Quadro 11 – Período de incubação/pré-incubação dos empreendimentos 118 Quadro 12 – Origem dos membros das equipes incubadas/pré-incubadas 120 Quadro 13 – Situação atual dos empreendimentos incubados/pré-incubados 121 Quadro 14 – Autoavaliação do perfil empreendedor dos respondentes 123 Quadro 15 – Meio utilizado pelos empreendedores para conhecimento da

Incubadora 124

Quadro 16 – Avaliação da importância das ações da INEAGRO para o

amadurecimento e desenvolvimento da ideia/negócio dos incubados 125 Quadro 17 – Quadro da participação dos incubados em eventos voltados para

capacitação 127

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ACOSC Associação dos Criadores de Ovinos e Caprinos do Sertão do Cabugi ANPROTEC Associação Nacional das Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores

BICs Business Innovation Centers

CERNE Centro de Referência para Apoio a Novos Empreendimentos CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico EBT Empresa de base tecnológica

IBQP Instituto Brasileiro Qualidade e Produtividade IFRN Instituto Federal do Rio Grande do Norte ITNC Incubadora Tecnológica Natal Central

INEAGRO Incubadora Tecnológica e Multissetorial do Sertão do Cabugi IAGRAM Incubadora Tecnológica e do Agronegócio de Mossoró

GEM Global Entrepreneurship Monitor MCT Ministério da Ciência e Tecnologia

MVP Minimum Viable Product (Produto Mínimo Viável) RN Rio Grande do Norte

SBDCs Small Business Development Centers

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas UFERSA Universidade Federal Rural do Semi-Árido

UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte UNP Universidade Potiguar

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 13 1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO 14 1.2. PROBLEMA DE PESQUISA 18 1.3. JUSTIFICATIVA DA PESQUISA 20 1.4. OBJETIVOS DA PESQUISA 22 1.4.1. Objetivo Geral ... 23 1.4.2. Objetivos Específicos ... 23 1.5. DELIMITAÇÃO DA PESQUISA 23 2. REFERENCIAL TEÓRICO 24 2.1. EMPREENDEDORISMO 25 2.2. AMBIENTES DE INOVAÇÃO 29 2.3. INCUBADORAS DE EMPRESAS 34 2.4. PROCESSO DE INCUBAÇÃO 39

2.5. MODELO DE REFERÊNCIA CERNE 46

2.6. A INEAGRO CABUGI – Como Objeto Escolhido para o Estudo de Caso 59

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 66

3.1. METODOLOGIA 66

3.2. DEFINIÇÃO DOS SUJEITOS DA PESQUISA 70

3.3. COLETA E ANÁLISE DE DADOS 71

3.4. ESTRATÉGIA DA PESQUISA: ESTUDO DE CASO 75

3.5. PESQUISA DE CAMPO 76

3.6. RELEVÂNCIA DA PESQUISA 77

4. ANÁLISE DE RESULTADOS 79

4.1. CARACTERIZAÇÃO DOS RESPONDENTES 80

4.2. ANÁLISE DAS RESPOSTAS DOS EMPREENDEDORES 83 4.2.1. Análise das Questões Objetivas dos Questionários ... 84 4.2.2. Análise das Questões Subjetivas dos Questionários ... 95 4.3. RELACIONAMENTO ENTRE EMPRESAS GRADUADAS E

INCUBADORAS 112

4.4. PERCEPÇÃO DOS GESTORES DA INEAGRO CABUGI 114 4.5. PERCEPÇÃO DOS GESTORES DE OUTRAS INCUBADORAS 127

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4.6. FATORES QUE DIFICULTARAM O PROCESSO DE INCUBAÇÃO 129 4.7. FATORES QUE MOTIVARAM O ENCERRAMENTO DE PROJETOS 130

4.8. PESQUISA DOCUMENTAL 131 5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 132 5.1. CONCLUSÕES 132 5.2. RECOMENDAÇÕES 137 5.2.1. Plano de Ação 140 5.3. LIMITAÇÕES DA PESQUISA 144 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 146

APÊNDICE A – Instrumento de Pesquisa (Questionário Semiestruturado) 158 APÊNDICE B – Roteiro de Entrevista Semiestruturada (Gestor da Incubadora) 163 APÊNDICE C – Roteiro de Entrevista Semiestruturada (Gestores Atuais de

Outras Incubadoras) 166

APÊNDICE D - Reportagem da Revista EXAME, com a empreendedora Kaline

Castro, Sorveteria Sertão Gelado 169

APÊNDICE E – Reportagem da Revista PEQUENAS EMPRESAS &

GRANDES NEGÓCIOS, com a empreendedora Kaline Castro, Sorveteria Sertão Gelado

170

APÊNDICE F – Reportagem do Jornal “TRIBUNA DO NORTE” sobre

produtos de empreendedores incubados da INEAGRO CABUGI 171

APÊNDICE G – Reportagem do jornal “TRIBUNA DO NORTE”, acerca do

trabalho de um empreendedor incubado da INEAGRO CABUGI 172

APÊNDICE H – Exposição de produtos de empreendedores incubados na

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1. INTRODUÇÃO

As incubadoras têm fomentado, com elevado grau de excelência, a atividade empreendedora no sentido de propiciar a criação e o desenvolvimento de empresas com maior capacidade de sobreviver às dificuldades impostas pelo cenário mercadológico. Na visão do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE (2016), o simples fato de um empreendimento (ou uma ideia) passar pelo processo de incubação não lhe garante, necessariamente, crescimento ou sustentabilidade. Assim, apesar da significativa contribuição para o desenvolvimento, maturação e aumento da competitividade das empresas nascentes, percebe-se que as incubadoras precisam sintonizar suas estruturas e serviços com as novas exigências da sociedade (CERNE, 2014a). Para Ribeiro e Andrade (2008), partindo-se da premissa de que o “sucesso” de uma incubadora é resultado do êxito das suas empresas incubadas, chega-se à conclusão de que é o modelo de gestão de uma incubadora que colabora diretamente para aquele resultado.

Nesse sentido, com a função de estimular e dar suporte ao crescimento de empresas inovadoras, as incubadoras se tornaram importantes mecanismos no ecossistema das startups (empresas nascentes, com modelo de negócios repetível e escalável, em um cenário de incertezas, e soluções a serem desenvolvidas), bem como, do auxílio às micro e pequenas empresas nascentes ou mesmo que estejam em operação, que tenham como principal característica a oferta de produtos e serviços no mercado, tendo como principal ingrediente um mínimo grau de inovação em seu produto, processos ou gestão.

Segundo Ries (2012), a atividade fundamental de uma startup é transformar ideias em produtos, depois medir como os clientes reagem, e, então, aprender se é o caso de pivotar ou perseverar no negócio, ou ideia. É o que o autor chama do ciclo “construir – medir – aprender”. (RIES, 2012). Assim, as incubadoras também têm essa missão de implantar continuamente esse ciclo “de Ries” no processo de incubação de suas ideias e empresas, para que estas tenham uma maior possibilidade de êxito em sua trajetória.

De acordo com o posicionamento da Associação Nacional das Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores – ANPROTEC (2013), as incubadoras têm o objetivo de amparar o pequeno empreendedor, fornecendo-lhe, além da infraestrutura, o desenvolvimento da capacidade técnica, gerencial e administrativa. Portanto, além de

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possuir competência para identificar negócios em potencial, a incubadora pode e deve oferecer estrutura física adequada para o desenvolvimento de uma ideia ou projeto, bem como, apoiar a estruturação e preparação dos empreendedores para gerir seus negócios. E é nessa perspectiva, que o presente trabalho, buscou fazer um estudo analítico das atividades relacionadas ao processo de incubação que foram desempenhadas na INEAGRO CABUGI, ao longo desses cinco últimos anos (2013 a 2018) de atuação, tendo em vista que a referida Incubadora foi criada com o intuito de envidar esforços na consecução de sua missão, que é a de propiciar, dentro da Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA, Campus de Angicos, um ambiente de apoio às ideias promissoras de negócio, ao crescimento e fortalecimento das empresas nascentes, de forma a promover, ali, o empreendedorismo inovador, através da disponibilização de infraestruturas física e tecnológicas, bem como, ofertando serviços de apoio para a melhoria da produção, dos processos e produtos.

1.1 – CONTEXTUALIZAÇÃO

Uma incubadora de empresas tem como um dos seus principais objetivos incubar uma ideia, ou seja, promover um ambiente que favoreça a estruturação inicial de um negócio ao proporcionar infraestrutura e condições de desenvolvimento da capacidade técnica, gerencial e administrativa. Assim, pode-se afirmar que as incubadoras são ambientes intensivos em conhecimento, pois fornecem fatores que promovem habilidades e conhecimentos necessários ao incubado durante o processo de incubação, dando suporte para o futuro do empreendimento após a graduação na incubadora (BECKER; GASSMANN, 2006).

As incubadoras de empresas, por possuírem forte relevância no fomento ao empreendedorismo, buscam apoiar a formação de ideias e empresas inovadoras que gerem produtos e serviços tecnológicos com alto valor agregado. Além disso, esses ambientes de incubação de empresas têm total influência no desenvolvimento dos empreendedores que possuem empreendimentos nela incubados (LAHORGUE, 2008).

Dentre os objetivos das incubadoras, destaca-se a capacidade de tornar mais competitivas as empresas incubadas, melhorando a tecnologia empregada e agregando valor aos produtos e serviços gerados, possibilitando que os empreendimentos, ao saírem do processo de incubação, se insiram de forma mais sólida no mercado e com capacidade

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de geração de maiores lucros (BOLLINGTOFT, 2012; BRUNEEL et al., 2012). Assim sendo, o processo de incubação torna-se um importante mecanismo fomentador de empresas de sucesso (RIBEIRO; ANDRADE, 2008). É no processo de incubação que os empreendedores são instados a perceber a inovação como um necessário diferencial para o sucesso de suas ideias e empresas nascentes. Segundo Roberto Nicolsky (2004), a inovação destina-se a dar mais competitividade a uma tecnologia, ou descoberta tecnológica, de um produto ou processo, ampliando a sua parcela de mercado e, assim, agregando valor econômico e lucratividade. Assim, os habitats de inovação, segundo Correia e Gomes (2010), são “estruturas voltadas para as atividades baseadas em novas tecnologias”.

Nesse contexto, as empresas de base tecnológica emanadas de incubadoras de universidades, entidades de classe e outras instituições do setor público se revelam como fortes propulsoras dos processos de inovação no Brasil. A partir da década de 1990, percebe-se o aumento do desenvolvimento de pequenas empresas de base tecnológica que produzem serviços e produtos de alto valor agregado cuja estratégia para a viabilização do negócio apoia-se na pesquisa e no desenvolvimento promovidos pelas incubadoras (ANDINO, 2005). Nessa mesma perspectiva, tem-se a Incubadora de Empresas de Base Tecnológica, que pode ser definida como aquela incubadora que abriga empresas cujos produtos, processos ou serviços, são gerados a partir de resultados de pesquisas aplicadas, e nos quais a tecnologia representa um alto valor agregado.

Assim, pode-se afirmar que no ambiente de incubação as atividades empreendedoras são incentivadas e direcionadas para alavancar talentos e acelerar o desenvolvimento de empreendimentos inovadores. Nessa esteira, essas incubadoras de empresas de base tecnológica surgiram, no Brasil em 1988, com o propósito de apoiar o desenvolvimento de novos produtos, processos e serviços derivados de conhecimentos científicos e da aplicação de técnicas de inovação (ANPROTEC, 2012).

De acordo com um estudo realizado em 2016 pela ANPROTEC, em parceria com o SEBRAE, o Brasil tem 369 incubadoras em operação, que abrigam 2.310 empresas incubadas e 2.815 empresas graduadas, gerando 53.280 postos de trabalho. O faturamento das empresas apoiadas por incubadoras ultrapassa os R$ 15 bilhões (ANPROTEC, 2016). Destaca-se que as incubadoras de empresas são organizações voltadas para apoiar os empreendedores a superar o alto índice de mortalidade que ocorria nas empresas brasileiras, o qual, até pouco tempo, era uma realidade quase irreversível. Com isso, de

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acordo com os dados apresentados pelo SEBRAE (2016), o Brasil passou a possuir, entres os anos de 2010 a 2014, uma taxa de sobrevivência de empresas da ordem de 77% (setenta e sete por cento), durante seus primeiros anos de vida, o que, em parte, deve-se à efetividade das incubadoras em dar apoio a muitas das ideias e empreendimentos nascentes, que impactaram, sobremaneira, na diminuição desses índices de mortalidade das empresas nascentes brasileiras (MORIGI; SOUZA, 2013). Destarte, é notório que aqueles empreendimentos que são, sistematicamente, apoiados por incubadoras de empresas, apresentam um risco mínimo de falência. Ressalta-se, ainda, que as incubadoras também visam suprir demandas das empresas incubadas em relação à gestão empresarial, com o intuito de construir uma rede de parceiros e dar apoio na captação de recursos financeiros, por meio de editais de fomento à inovação e empreendedorismo (DORNELAS, 2002).

Considerando esse protagonismo das incubadoras de empresas no desenvolvimento e maturação, em especial, dos empreendimentos nascentes, e reconhecendo a importância dos fatores críticos de sucesso, que são os elementos responsáveis em melhorar o desempenho das incubadoras, através de variáveis determinantes que possuem o objetivo principal de mantê-las competitivas, melhorando seus processos organizacionais, e assim fornecendo parâmetros norteadores para tomada de decisão dos seus gestores, este estudo também tem a pretensão de investigar os fatores críticos de sucesso, e sua eficácia, verificados no processo de incubação da INEAGRO CABUGI, levando em consideração a análise e observação dos aspectos ligados ao perfil da referida Incubadora (principalmente com relação a seus serviços prestados), dos empreendedores (incubados), e dos próprios negócios apoiados,visando, assim, conhecer esses fatores críticos, que podem levar a INEARO ao desempenho exitoso no seu papel de fortalecer e desenvolver empreendimentos competitivos e inovadores dentro do ambiente acadêmico. Da mesma forma, também se tem a intenção de examinar, nos processos da INEAGRO, a possibilidade dos fatores críticos de sucesso não estarem sendo utilizados, corretamente, como fontes preciosas de informação para, assim, sugerir as melhores ferramentas para sanar os problemas encontrados. Vale salientar, que no caso dos fatores críticos serem negligenciados ou ignorados, muito provavelmente, contribuirão para o fracasso da organização (BULLEN; ROCKART, 1981), o que, certamente, também é o caso de uma incubadora.

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“sucesso” de uma incubadora é resultado do “sucesso” das suas próprias empresas incubadas, então o modelo de gestão desses entes (incubadoras) é, justamente, o que irá colaborar diretamente para que tal resultado aconteça. Nesse sentido, o macroprocesso ligado a gestão de uma incubadora envolve: seleção, incubação e graduação; e seus processos vinculados devem estar organizados e modelados de forma a selecionar bons planos de negócios, acompanhamento e avaliação dos empreendimentos e, por consequência, a graduação das empresas de destaque.

Conforme o entendimento da ANPROTEC (2013), quando afirma que, apesar da inquestionável importância das incubadoras em desempenhar o papel de fomento à criação e desenvolvimento de novas ideias de negócio e também das regiões onde estão instaladas, havia a necessidade das incubadoras ajustarem suas estruturas e serviços às novas demandas e exigências da sociedade. Havia, também, a dificuldade no alinhamento das atividades desses entes (incubadoras) com suas próprias estratégias, pois o fato de não existir um modelo a ser seguido, padronizado e sistematizado, dos seus processos – de maneira que cada incubadora executasse suas ações utilizando apenas aqueles indicadores de desempenho que mais se adequasse à sua realidade – impedia uma maior possibilidade de sucesso, tanto nas etapas do processo (de incubação) em si, quanto nos resultados efetivos dos empreendimentos incubados. Desse modo, tornava-se cada vez mais urgente a criação de uma ferramenta operacional que oferecesse mais do que indicadores de desempenho tradicionais, e que permitisse delinear um direcionamento estratégico a ser seguido pela gestão das incubadoras.

E assim, visando dinamizar a atuação das incubadoras de empresas brasileiras, tendo como objetivo o aprimoramento e a sistematização dos seus processos de gestão, a ANPROTEC, com a apoio do SEBRAE, propôs, em 2009, o modelo CERNE – Centro de Referência para Apoio a Novos Empreendimentos, concebido para fomentar nas incubadoras a implementação de um modelo de gestão de maturidade, tendo como principal intuito a criação de uma plataforma de soluções, capaz de ampliar a capacidade das incubadoras em gerar empreendimentos inovadores e bem-sucedidos. A metodologia CERNE traz para as incubadoras a possibilidade de reorganizar seus processos, buscando reduzir ao máximo a variabilidade, na obtenção de sucesso das empresas apoiadas. (ANPROTEC, 2013)

Dentro dessa perspectiva, o modelo CERNE de incubação de empresas, surge como resultado da necessidade das incubadoras em ampliar a capacidade de geração

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sistemática de empreendimentos de sucesso (CERNE, 2014a), com isso, também pode ser definido como um modelo de referência para apoio aos negócios que tem o objetivo de “promover um salto quanti-qualitativo para as incubadoras de empresas das diferentes áreas” (ANPROTEC, 2016) e proporcionar às incubadoras uma maturidade que as torne capazes de gerar sistematicamente empreendimentos de sucesso (ANPROTEC, 2016).

Dado esse contexto, para que a incubadora atue como um efetivo canal de transferência de conhecimento produzido em instituições de ensino e pesquisa (Phillips, 2002) e, apoie a sobrevivência dos novos empreendimentos inovadores (Lalkaka, 2002; Chen, 2009; Kim & Jung, 2010), torna-se necessário fazer uma análise dos diversos aspectos que influenciam, positivamente, ou que venham impedir a efetividade desse processo, pois sabe-se pouco sobre o fluxo de conhecimento e particularidades dessas entidades de apoio ao empreendedorismo para as empresas incubadas (Rothaermel & Thursby, 2005). Desta forma, o propósito do presente estudo é, mediante uma análise dos processos de incubação verificados na Incubadora, INEAGRO, durante os últimos cinco anos de atuação, dentro das instalações da UFERSA-Angicos, conseguir identificar as principais barreiras e os impulsionadores da transferência de conhecimento daquela incubadora, para as empresas que participaram (e ainda estão participando) do processo de incubação, no referido ambiente. Para tanto, faz-se necessário analisar, sob a ótica dos principais atores envolvidos, a dinâmica dos aspectos gerencias utilizada no processo de incubação, e sua eficácia na promoção do empreendedorismo, ocorrido na Incubadora – INEAGRO CABUGI – durante o período citado.

1.2 – O PROBLEMA

Verificou-se que, pelo menos, nos últimos cinco anos de atividades, a INEAGRO tem se mostrado com acentuadas dificuldades em manter seu programa de incubação, desde a sensibilização e prospecção de bons projetos, passando pela permanência e maturação dos mesmos, até a graduação de empresas com condições mínimas de sustentabilidade no mercado.

Dentro desse contexto, chegou-se à formulação dos seguintes questionamentos, que norteiam a estrutura central do estudo de caso desta pesquisa: 1) Quais foram os principais instigadores e barreiras à transferência de conhecimento da INEAGRO para as empresas incubadas? 2) Como entender os motivos pelos quais, a INEAGRO, num

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passado relativamente recente, vivia um bom momento em seu programa de incubação de ideias e empresas, apesar de não ter um modelo definido e padronizado nos seus processos de incubação, já que ainda não contava com a implantação do modelo CERNE de gestão, e mesmo assim, lograva êxito e apresentava resultados bastante positivos no referido processo, com boas ideias e empresas se destacando no mercado; enquanto que, a partir da efetiva utilização daquele modelo de gestão (CERNE), os empreendimentos acompanhados pela Incubadora não conseguiram mais obter um bom desempenho em suas trajetórias, chegando ao ponto de sequer passarem pela fase elementar de pré-incubação? 3) O que as demais incubadoras do Estado (do RN), através de seus gestores, têm a dizer sobre os resultados obtidos com suas práticas gerenciais aplicadas aos processos de incubação, já que também se utilizaram de condições semelhantes àquelas vivenciadas no ambiente de atuação da INEAGRO, além de contarem com o suporte da metodologia de gestão – CERNE, na execução de seus processos?

Para essas perguntas, acima, a presente pesquisa sugere algumas hipóteses que podem responder os questionamentos, da seguinte forma: para a pergunta 1, com relação aos principais instigadores à transferência de conhecimento da Incubadora para suas incubadas, ressaltar-se o forte trabalho feito nos processos de sensibilização e prospecção, em que os gestores da época tiveram a preocupação de interagir com potenciais empreendedores locais, trabalhando conceitos ligados ao empreendedorismo e à inovação, dessa forma, visando o garimpo de ideias com algum tipo de inovação que pudessem levar a projetos viáveis e com capacidade de atender a determinados nichos de mercado. Como resultado desse forte trabalho executado pela gestão, a Incubadora realizou um processo de seleção muito eficaz, e os empreendimentos escolhidos atenderam plenamente os requisitos e objetivos almejados. Com relação às barreiras existentes, podem ser destacados, principalmente, a alta rotatividade no quadro de gestores e assessores técnicos da Incubadora, que prejudicaram o andamento normal e a continuidade do processo de incubação; e também a falta de um acompanhamento e foco mais pontuais, voltados para aquelas áreas de maior deficiência entre os empreendedores, de modo a manter um olhar mais direcionado aos incubados, ao invés de, exclusivamente, nos processos internos da Incubadora. Como hipótese de resposta para a pergunta número 2, na qual foi questionado por que alguns empreendimentos foram tão bem-sucedidos no início das atividades efetivas do processo de incubação, na INEAGRO, mas que com o passar do tempo, caíram de produção, perderam competitividade e, consequentemente,

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não atingiram a almejada sustentabilidade, que é um elemento crucial para o sucesso de qualquer negócio. Para esse questionamento, tem-se o fato da metodologia CERNE, muito provavelmente, ter sido implantada sem se levar em conta as particularidades da Incubadora e a lógica da sequência dos processos, o que levou os gestores a, provavelmente, terem queimado etapas e/ou dado mais ênfase a alguns processos e práticas, em detrimento de outros igualmente importantes. No quesito número 3, a hipótese apresentada sugere um efetivo e fundamental relacionamento daquelas incubadoras com seus respectivos incubados, principalmente com os pré-incubados e os graduados, que careciam de acompanhamento mais rigoroso. Os gestores dessas incubadoras trabalham com um planejamento sério das ações de sensibilização e prospecção de ideias, do processo de seleção de boas propostas, das imprescindíveis capacitações em áreas consideradas nobres na iniciação de um negócio, além de um rigoroso acompanhamento de todas as ações dos incubados, com comprometimento e profissionalismo, sem deixar esses empreendimentos incubados “soltos”, ou vulneráveis a qualquer influência negativa, que venha trazer desmotivação e, consequentemente, risco para a continuidade do negócio. Para isso, percebeu-se, durante as entrevistas, uma necessidade do planejamento estar sempre em revisão e ajustes, visando uma adaptação de novos fatos que permeiam continuamente a dinâmica do processo de incubação nessas incubadoras.

1.3 – JUSTIFICATIVA

O ambiente de incubação vem propiciando ao empresário empreendedor uma vasta possibilidade de obtenção de novos conhecimentos e competências, aprimoramento de técnicas de gestão, dentre outras habilidades necessárias ao bom desempenho de sua empresa (MENEZES et al, 2014). Nessa linha é possível extrair uma justificativa teórica, corroborada pelo expressivo crescimento do setor de incubadoras no Brasil, que só nos últimos dez anos já vem alcançando uma taxa média superior a 25% (vinte e cinco por cento) ao ano (CERNE, 2014a). Por ser um tema ainda pouco explorado, o que se verificou na revisão sistemática de literatura, foi que, dentro desse crescimento das incubadoras, percebe-se que estas têm mantido um forte mecanismo propulsor direcionado para o desenvolvimento do pequeno empreendedor, principalmente na fase inicial da concepção do projeto e o seu desenvolvimento. Justamente nessa fase é que são

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detectadas as maiores taxas de falência das futuras empresas (EUROPEAN UNION, 2010).Destarte, as incubadoras se revelam como um meio interessante e eficaz para a redução do índice de mortalidade de empreendimentos no país (MORIGI; SOUZA, 2013).

Nessa perspectiva, é mister que as incubadoras se aperfeiçoem e busquem por ferramentas eficientes e eficazes de gestão para seus processos, visando adquirir “vacinas” contra o fantasma da mortalidade que rodeia as empresas nascentes em todo o Brasil. E é assim que, dentro da necessidade das incubadoras em ampliar quantitativa e qualitativamente os seus resultados, foi criada (em 2011) a plataforma denominada Centro de Referência para Apoio a Novos Empreendimentos – CERNE, que é um modelo padronizado de gestão dos processos de uma incubadora, idealizado para atingir um percentual mais expressivo da população. Em vista disso, é necessário que esses ambientes de incubação implantem processos que possam dar conta da complexidade deste novo momento (CERNE, 2014a).

A adequação em relação ao Modelo Cerne apresenta diversos benefícios para a incubadora e, consequentemente, para as empresas incubadas, sendo estes: melhoria na transparência e na padronização dos processos, ampliação da quantidade e da qualidade dos empreendimentos e aumento das taxas de sucesso (PASSONI, 2015). Na INEAGRO CABUGI, havia grande expectativa na implantação de um modelo de gestão que organizasse e customizasse os processos, de forma que o objetivo principal de consolidar os empreendimentos no mercado e mover o ciclo econômico, fomentando emprego, renda e desenvolvimento regional, fosse alcançado com mais eficiência. Infelizmente, não é o que se verificou, na prática, e isso aguçou a curiosidade do pesquisador deste trabalho, que, por ter feito parte efetiva da gestão da incubadora pesquisada, sentiu a necessidade de estudar os fenômenos que permearam os processos gerenciais, daquele ambiente de incubação.

Do ponto de vista institucional, esta pesquisa se justifica pela dificuldade de viabilização de projetos minimamente sustentáveis, apoiados pela INEAGRO CABUGI, ao longo desses últimos cinco anos, particularmente, depois da implantação da metodologia CERNE de gestão, que por algum motivo aquele modelo não vem surtindo o efeito esperado na Incubadora. O presente estudo, tem o condão de procurar entender, mediante os instrumentos acadêmicos disponíveis, todas essas nuances que vêm impedindo a INEAGRO de atingir, eficazmente, os seus objetivos.

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A escolha dessa temática também se justifica pela avaliação de resultados do processo de incubação oferecido por incubadoras do porte da INEAGRO CABUGI, considerando-se o ponto de vista dos principais atores envolvidos no referido processo. As ideias e empresas que passam pelos programas de pré-incubação e incubação têm o intuito de, com a estrutura física e o suporte gerencial oferecidos pela Incubadora INEAGRO, adquirir condições essenciais consolidadas em um ambiente favorável para, então, explorar o mercado e obter rápido retorno financeiro, chegando ao estágio final de maturidade e sustentabilidade no mercado. Portanto, pode-se afirmar que é esse o objetivo de toda incubadora de empresas que queira justificar sua razão de existência junto ao ambiente de inovação que hoje domina o mundo do empreendedorismo.

Assim, baseado nessas premissas, o presente estudo buscou respostas para que se entenda o que, de fato, vem ocorrendo com a INEAGRO CABUGI, que impede a mesma de alcançar seus resultados com mais regularidade. Para isso, faz-se necessário o presente estudo, de forma a entender todos esses impasses que culminaram com essa situação desconfortável, e que após a apuração dos resultados obtidos, espera-se apontar meios para solucionar os desvios e vícios existentes.

1.4 – OBJETIVOS

Os objetivos apresentados, inicialmente, referem-se aos resultados finais esperados, isto é, às respostas que o presente estudo pretende oferecer aos questionamentos apresentados, mediante os instrumentos metodológicos disponíveis e as análises das metas que se pretende alcançar com a execução desta pesquisa. Para tanto, com relação ao alcance do objetivo geral (resultados finais) será realizado um rigoroso planejamento, em que etapas (objetivos específicos) serão fielmente seguidas, concatenando, assim, os passos para o sucesso do estudo.

A presente pesquisa também objetiva buscar respostas para a incômoda transformação verificada nos índices de sucesso e desistência das empresas participantes do processo de incubação da INEAGRO, explorando e investigando, minuciosamente, cada etapa do processo em si, bem como dos fatos ou eventos (internos e externos) que possam ter impactado no desfecho dessa situação, à qual instigou o pesquisador a conjecturar alguns fatores que podem ter contribuído com toda essa problemática, resultando, por consequência, na inviabilização de um eficaz processo de incubação e do

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sucesso das empresas incubadas.

1.4.1 – Objetivo Geral

O objetivo geral deste desta pesquisa é analisar, sob a ótica dos principais atores envolvidos, a dinâmica dos aspectos gerencias utilizada no processo de incubação, e sua eficácia na promoção do empreendedorismo, ocorrido na Incubadora – INEAGRO CABUGI – durante o período de 2013 a 2018.

1.4.2 – Objetivos Específicos

Para se chegar ao alcance do objetivo geral, de forma mais efetiva possível, o presente estudo utilizou-se dos seguintes objetivos específicos:

1) Examinar, com base em arquivos e instrumentos de pesquisa, a trajetória de alguns projetos incubados;

2) Identificar, com base no CERNE, as ações de sensibilização realizadas na INEAGRO;

3) Analisar os critérios de seleção e capacidades empreendedoras das empresas incubadas;

4) Verificar a execução do processo de monitoramento das empresas incubadas, depois da implantação do CERNE;

5) Propor um plano de ação que permita suprir as dificuldades identificadas no processo de incubação da INEAGRO.

1.5 – DELIMITAÇÃO

Esta pesquisa consiste em um estudo de caso desenvolvido na incubadora de empresas de base tecnológica (EBT), denominada INEAGRO CABUGI, localizada no Campus da UFERSA de Angicos/RN, à qual conta, atualmente, com seis empreendimentos incubados, sendo todos compostos por alunos do próprio Campus, na modalidade “residentes”, ou seja, localizados dentro de uma sala própria da incubadora (idealizada para esse fim). Também existem empreendimentos remanescentes, que não conseguiram atingir a graduação (nível de maturidade em que a empresa sai das

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instalações da incubadora, porém, ainda mantém um certo relacionamento com a mesma), mas que continuaram seus negócios, mesmo não tendo qualquer vinculação com a Incubadora, porém, tendo papel importante nas análises deste estudo. Foi utilizado, também, um levantamento de dados e informações junto aos atuais e antigos gestores da INEAGRO, em que se buscou todo o histórico do processo de incubação realizado junto aos empreendimentos incubados e ao público-alvo (alunos e comunidade em geral), durante os últimos cinco anos, ou seja, entre os anos de 2013 até (final de) 2018. Outrossim, tendo em vista a importância da realização de um comparativo entre as ações da INEAGRO com outras incubadoras existentes no Estado do RN, o pesquisador interagiu com os gestores desses ambientes de inovação e compilou todas as informações possíveis e necessárias para um melhor entendimento dos fenômenos verificados nas performances da INEAGRO, ao longo do estudo.

2 – REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo tem como finalidade dar subsídios teóricos e conceituais para o trabalho proposto, mediante uma revisão da literatura, pertinente aos principais tópicos que permeiam o objeto deste estudo. Para tanto, o principal objetivo desta seção é caracterizar e conceituar temas relevantes e pertinentes à ambiência em que as incubadoras de empresas de base tecnológica estão inseridas, como, por exemplo: o empreendedorismo em geral, à inovação, o modelo CERNE de gestão de incubadoras e, por último (mas não menos importante), a Incubadora INEAGRO CABUGI, com todas as suas particularidades. Dessa forma, percebe-se que as incubadoras, como exemplo capital de ambientes de inovação, como já foi dito, anteriormente, existem para dar suporte aos empreendimentos incubados, atuando para que eles desenvolvam seus projetos até a inserção dos produtos ou serviços, no mercado, com isso, possibilitando que tais empreendimentos tenham mais chances de ser bem-sucedidos.

Diante desse contexto, o objetivo desta seção é explanar, de forma sucinta, a origem de cada tema, conceitos envolvidos, alguns dos principais autores, as definições de incubadoras de base tecnológica e dos processos utilizados por essas entidades, bem como apresentar, em detalhes, o modelo CERNE 1 e suas dimensões (também denominadas de eixos), a saber: empreendedorismo, gestão, capital, mercado e

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tecnologia. Por fim, destaca-se que a revisão de literatura foi realizada com 33 trabalhos científicos (teses e dissertações) publicados entre 2010 e 2018, além de 18 artigos, brasileiros, estrangeiros e de parcerias internacionais, consultados nos últimos dois anos, bem como de manuais da ANPROTEC, SEBRAE, FIESP, CERNE.

2.1 – EMPREENDEDORISMO

Nos últimos anos o fenômeno do empreendedorismo ganhou força e destaque entre os meios de comunicação e, principalmente, no âmbito acadêmico. Empreender passou a ser não só função de pessoas envolvidas com a atividade econômica, mas também um norte para vários segmentos da vida social, inclusive universitários.

Neste item pretende-se aprofundar, um pouco mais, o estudo sobre uma das categorias centrais da referida pesquisa, que é o empreendedorismo. A intenção é contextualizar, de forma sucinta, a origem desse termo, conceitos envolvidos, alguns dos principais autores, e, sobretudo, falar da relação, cada vez mais forte, do empreendedorismo com o ambiente acadêmico, através da intermediação das incubadoras.

A definição de empreendedorismo remete à implementação de uma determinada ideia, de maneira que [essa ideia] venha a se tornar um projeto, um protótipo, com potencial para gerar inovação e transformação de realidades existentes. O termo também pode ser associado ao avanço, crescimento, criação de empresas e inserção de um produto ou serviço no mercado. Ou, ainda, pode-se afirmar que “empreendedor” é um termo que tem origem no vocábulo francês entrepreneur, que significa uma pessoa que inicia algo novo ou transforma um projeto existente, assumindo os riscos. (DEGEN, 2009)

A criação do termo “empreendedorismo” é atribuída ao economista e escritor Richard Cantillon (DORNELAS, 2008, p.14): “[...] tendo sido o primeiro a diferenciar o empreendedor (aquele que assume riscos), do capitalista (aquele que fornece o capital). No entanto, mesmo tendo origem na escola econômica, outras ciências acabaram por se interessar pela temática. Chiavenato (2007, p.5) menciona, por exemplo, “[...] a sociologia, a psicologia, a antropologia, e como já citado, a história econômica”.

Corroborando com essa perspectiva, Dolabela (2003, p.35) afirma que:

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diversas áreas. Não só os economistas, mas também educadores, psicólogos, sociólogos, administradores, pesquisadores das áreas de ciências exatas. Tal miscelânea de bagagens teóricas – cada qual com seus paradigmas, metodologias, padrões de análise, experiência, conteúdos – não poderia produzir senão visões diferenciadas sobre o tema, o que explica a diversidade de definições que contribuem para o seu enriquecimento.

Considerando conceitos de empreendedorismo um pouco mais atuais, pode-se evocar Dornelas (2008, p.22), quando afirma que: “Empreendedorismo é o envolvimento de pessoas e processos que, em conjunto, levam à transformação de ideias em oportunidades”. Assim, pode-se afirmar que o empreendedorismo é uma ação feita por um agente empreendedor, que por sua vez, pode ser definido como um indivíduo que desenvolve a capacidade de entender como as suas ideias podem resolvem problemas ou atender necessidades. Para tanto, o empreendedor põe a mão na massa e transforma aquilo que tem em mente em produtos e serviços que serão ofertados no mercado. Um empreendedor nato gosta de assumir responsabilidades, ter sua independência e se tornar um protagonista. É aquele que tem, sim, uma motivação financeira, mas a busca por autorrealização e o sentimento de cumprir algo grandioso costumam ser bem mais intensos.

Alguns autores percebem o empreendedorismo como sendo uma das saídas, ou melhor, uma das “oportunidades” que o indivíduo pode criar para se sentir útil e produtivo junto a sociedade. Filion (1990) e Dolabela (1999), por exemplo, veem o empreendedorismo como fenômeno social em positiva expansão causando, pois, interesse nos diversos ramos das ciências humanas. Nesse aspecto, Domenico de Masi (2000) evidencia a necessidade de um novo pensar, ou um repensar, sobre as relações entre indivíduo e trabalho no cenário globalizado. Ele ainda afirma que quem trabalha perde um tempo precioso, uma vez que parte desse tempo (trabalhado) poderia ser revertida na formação e capacitação do indivíduo. Com isso, percebe-se que a dinâmica temporal do trabalho, envolve o sujeito em tensões diárias nas atividades produtivas da engrenagem do capitalismo, impedindo-o, de ser mais autônomo e criativo.

Um fato que merece ser observado é que o empreendedorismo possui relação direta com a falta de oferta de emprego, e isso pode ser visto como um dos motivos do alto índice de mortalidade em empresas criadas, pois, em muitos destes casos, as pessoas tentam o próprio negócio não por convicção de que tem perfil empreendedor, mas por necessidade de trabalhar e conseguir seu sustento. Por isso, diante da acirrada

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concorrência no mercado de trabalho, o empreendedorismo surge como um instrumento de que dispõem indivíduos e empresas, para superar tempos difíceis e obter vantagens competitivas, por meio de inovações e diferenciais agregados. Segundo Hisrich (2004), “empreendedorismo é o processo de criar algo novo com valor dedicando tempo e os esforços necessários, assumido os riscos financeiros, psíquicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfação e independência econômica e pessoal”. (2004, p. 29)

Já para Rodrigues (2002), “o empreendedor transforma uma condição insignificante em uma excelente oportunidade de negócio, por ser um catalisador de mudanças, um visionário, ele tem uma personalidade criativa e inovadora. Tem uma excepcional capacidade estrategista e de criar novos métodos de penetração e criação de novos mercados”. (2002, p. 22)

Uma interessante definição vem da visão de Drucker (2005, p. 18), na qual ele diz que o empreendedorismo é um evento “meta-econômico” que influencia e molda profundamente a economia, mesmo sem estar, de modo direto, integrado a ela.

Ainda discorrendo sobre Ducker (1987), este revela um elemento importante presente no empreendedorismo: a inovação, que, em sua visão, permite aos empreendedores detectarem oportunidades em um determinado negócio, para que possam fazer algo diferente em produto ou serviço, ou mesmo processo.

Outra importante contribuição de Drucker (2003), é quando o mesmo afirma que o espírito empreendedor não é um traço de personalidade, pois é possível observar pessoas das mais variadas personalidades e temperamentos desempenharem-se bem como empreendedores. Para ele o que diferencia os indivíduos é assumir a responsabilidade sobre a incerteza de uma tomada de decisão. A atividade empreendedora (...) “é um comportamento, e não um traço de personalidade. E suas bases são o conceito e a teoria, e não a intuição” (DRUCKER, 2003, p.34).

Nesse contexto, para Schumpeter (1982), é o empreendedor quem impulsiona e mantém o sistema capitalista de produção através da criação constante de novos produtos e mercados que substituem os métodos de produção menos eficientes e mais caros. Assim, insere-se o pensamento economicista de SCHUMPETER (1982) revelando a importância dos empreendedores para criação do “novo” (seja este um produto, um processo ou um mercado), no qual, por meio da integração do conceito de empreendedorismo com a inovação, ocorre o desenvolvimento econômico. Ainda dentro dessa perspectiva,

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Schumpeter, em sua análise sobre o sistema econômico vigente - o capitalismo - introduz o conceito de “destruição criativa” fundamentando-se no princípio que a criação do “novo” depende da destruição do “velho”, e ao agente propulsor deste movimento ele denomina empreendedor. Em outras palavras, citando Degen (2009, p.15) sobre a perspectiva de Schumpeter, o empreendedor é: “Alguém que por meio de novos produtos e serviços, procura superar os existentes no mercado. É o agente do processo de destruição criativa [...]”.

Olhando por outras perspectivas, há autores que têm preferência por evidências em que o empreendedorismo não pode ser considerado como processo de criação e inovação, simplesmente, haja vista que mudanças de paradigmas também têm uma dimensão empreendedora. Isso pode ser observado na concepção de Bhidé (2000), que aponta casos de criação de negócios considerados não-inovantes, mas cuja solidificação depende de atos de empreendedorismo.

No Brasil, o empreendedorismo tem avançado de forma muito rápida e intensa, mesmo com uma complexa e alta carga tributária, que muito tem atrapalhado essa área. A verdade é que os brasileiros tomaram gosto pela ‘coisa’ e vêm se tornando protagonistas das suas próprias histórias, empreendendo de forma bastante eficiente, gerando riquezas e contribuindo com uma acentuada diminuição na mortalidade de empresas.

Ainda com relação ao empreendedorismo no Brasil, é inegável a sua relevância para o desenvolvimento econômico e social do País, e mesmo nesses tempos sombrios de crise, um dos aspectos que mais se destaca no empreendedorismo brasileiro é a sua capacidade de geração de empregos, com forte ênfase no empreendedorismo de caráter individual, ou seja, o desenvolvimento de uma atividade empreendedora com objetivos de alcançar as condições materiais necessárias para si próprios e para sua família.

De acordo com a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) produzida pela equipe do Instituto Brasileiro Qualidade e Produtividade (IBQP) com o apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), no último ano (2017) a taxa total de empreendedorismo foi de 36,4%. Isso significa que de cada 100 brasileiros e brasileiras no período adulto (18 – 64 anos), 36 deles estavam conduzindo alguma via de empreendedora, quer seja na criação ou aperfeiçoamento de um novo negócio, ou na manutenção de um negócio já estabelecido. Em números absolutos isso significa dizer que é de quase cinquenta milhões o contingente de brasileiros que já

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empreendem e/ou realizaram, em 2017, alguma ação visando a criação de um empreendimento em um futuro próximo.

No Brasil há cerca de 5 milhões de pequenas empresas, segundo o SEBRAE, e como é de se esperar, existem muitos tipos de empreendedores à frente destes negócios, em que cada tipo, ou cada grupo de empreendedores, empreende por alguma razão, e tem uma combinação de fatores motivadores, como o lucro, por exemplo, apesar de nem sempre ser considerado essencial, já que existem empreendedores que se motivam pelo simples fato de levar benefícios sociais às pessoas, ou por conhecer novos processos e até aqueles por serem avessos aos riscos.

Por fim, ressalta-se que existem vários tipos de empreendedorismo, e dependendo do foco, eles podem ser classificados, em: empreendedorismo social, corporativo, digital, por meio de franquias, individual, informal, cooperativo, inovador etc. Esta pesquisa não irá se aprofundar nos conceitos de cada um desses tipos de empreendedorismo, focando apenas no conceito geral, que é o essencial para a compreensão deste estudo.

2.2 – AMBIENTES DE INOVAÇÃO

De acordo com a OECD (2005), a inovação pode ser definida como a implementação de um produto, bem ou serviço, novo ou significativamente melhorado nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas. Uma das principais razões econômicas para que uma empresa inove é a busca pelo aumento do lucro, e o motivo fundamental para a que essa inovação seja tecnológica é a exigência do mercado (COSTA; OLAVE, 2014). Corroborando com essa análise, para Silva e Dacorso (2013), inovar pode redundar em inúmeras possibilidades, tais como: redução de custos, acesso a tecnologias e ao conhecimento. Assim, esses elementos podem proporcionar alternativas bem competitivas de desenvolvimento, fazendo com que um empreendimento chegue mais facilmente à maximização das suas potencialidades e, por consequência, à solução dos obstáculos surgidos.

As constantes mudanças e avanços tecnológicos têm feito com que as empresas de base tecnológica (EBTs) invistam em inovações para atender as demandas do mercado. Schumpeter (1985) afirma que inovações são acontecimentos que alteram, de maneira profunda, os velhos sistemas produtivos, dando início ao processo de desenvolvimento econômico.

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O conceito de inovação é conhecido desde o século XVIII, quando o pai da economia moderna, Adam Smith, mensurava a relação entre acumulação de capital e tecnologia de manufatura, estudando conceitos relacionados à mudança tecnológica, divisão de trabalho, crescimento da produção e competição (FREEMAN; SOETE,1997). É a partir da década de 1970, no entanto, que a inovação começa a ser ressaltada por diversos autores, sendo que todos eles, praticamente, destacam as ideias de Schumpeter sobre o capitalismo, o empreendedorismo e a inovação, temas que, na visão desse renomado economista, ainda hoje encontram eco entre estudantes, homens e mulheres de negócios. Com sua teoria da "destruição criativa", Schumpeter (1988) sustenta que o sistema capitalista progride por revolucionar constantemente sua estrutura econômica, ou seja, novas firmas, novas tecnologias e novos produtos substituem constantemente os antigos, o que, na prática, corrobora e define o significado de inovação. Para o extraordinário autor, considerado o pai da administração moderna – [Peter] Drucker (2005) – transformar ideias inovadoras em ações lucrativas é uma característica fundamental de todo empreendedor. E, desta forma, o destaque da inovação acabou sendo cada vez mais reconhecido, tanto no meio acadêmico como no empresarial, e seu estudo ganhou grande importância, já que as organizações perceberam que a sua capacidade de inovar afetava, fortemente, o futuro do negócio (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008).

Trazendo a temática (da inovação) para o contexto da incubação, na visão de Iacono, Almeida e Nagano (2011) as empresas de base tecnológica (EBTs), particularmente, quando inseridas em ambientes de inovação, como incubadoras de empresas, passam a compartilhar de um ecossistema favorável ao desenvolvimento de tecnologias, acesso às universidades e centros de pesquisas, suporte gerencial, custos operacionais reduzidos, acesso a financiamentos subvencionados, dentre outros benefícios.

Quando se analisa o ambiente de inovação, percebe-se que a visão sistêmica do mesmo valoriza os processos de criação de novos conhecimentos e envolve questões relacionadas com a disseminação e transferência de informação. Esse novo entendimento da inovação faz com que as organizações possam combinar diferentes tipos, fontes de informação, habilidades e experiências, de forma a produzir novos conhecimentos, isto é, inovar (FERRÃO, 2016). Neste sentido, o papel que o conhecimento tem hoje na economia obriga os agentes econômicos a repensarem suas estruturas e se organizarem de uma nova forma, dando origem aos habitats de inovação ou ambientes de inovação:

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estruturas voltadas para as atividades baseadas em novas tecnologias (CORREIA; GOMES, 2012).

Silva (2009) aponta que os habitats de inovação começaram a ser organizados a partir da década de 1950, sendo sua difusão mais evidente nos anos 1980 na América do Norte e Europa com consolidação dos processos característicos da economia do conhecimento e de políticas locais. O autor também ressalta que os ambientes de inovação podem apresentar vários formatos e focos distintos, como, por exemplo, as incubadoras, que têm como atividade básica, a formação de empresas iniciantes (startups); e os parques tecnológicos, que têm a missão de estimular a geração de tecnologias, desenvolvimento de novas empresas tecnológicas, serviços de alto valor agregado etc.

No Brasil, ocorreu um crescimento no desenvolvimento econômico que, juntamente com políticas embasadas na formação de um contexto nacional de inovação, promoveu uma atenção maior a pequenas e médias empresas como promotoras da geração de emprego e do aumento de renda (DRUCKER, 2012). Esse autor também afirma que a inovação revela um empreendedor dinamizando a economia e alterando a vida social ao criar valor (DRUCKER, 2013).

Na verdade, a inovação pode ser definida de diversas maneiras, variando conforme a perspectiva de autores, ou de interesse envolvido. No entanto, Oliveira et al. (2011) afirmam que as definições da inovação, em sua maioria, apresentam uma visão mais restrita, orientada predominantemente para a diferenciação de produtos e processos, bem como, da tecnologia, com foco em pesquisa e desenvolvimento. Nessa perspectiva, McDermott e O´Connor (2002) afirmam que a inovação é, de fato, uma nova tecnologia ou conjunto de tecnologias que ofertam benefícios que valem a pena.

O Manual de Oslo (2004) afirma que as inovações nas empresas ou organizações, em geral, podem acontecer de várias formas, e são quatro os tipos de inovações que contemplam as mudanças nas atividades das empresas, a saber: (i) inovação de produto: bem ou serviço novo ou significativamente melhorado em suas especificações técnicas, componentes e materiais, softwares, facilidade de uso ou outras características funcionais; (ii) inovação de processo: implementação de um método de produção ou distribuição novo ou significativamente melhorado; (iii) inovação de marketing: implementação de um novo método de marketing com mudanças na concepção do produto ou embalagem, no posicionamento do produto, na promoção ou na fixação de preços; (iv) inovação organizacional: novo método organizacional nas práticas de negócios da empresa, na

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organização do seu local de trabalho ou em suas relações externas. Ainda, segundo o referido Manual, a inovação é um processo contínuo, no qual as empresas realizam constantemente mudanças em seus produtos e processos, e buscam novos conhecimentos, salientando que é mais difícil medir um processo dinâmico do que uma atividade estática. Em uma visão sistêmica da inovação há uma valorização dos processos de criação de novos conhecimentos e envolve questões relacionadas à disseminação e transferência de informação. Essa nova perspectiva de entendimento da inovação provoca nas organizações uma combinação de diferentes tipos, fontes de informação e conhecimento, que culminam na produção de novos conhecimentos, isto é, inovar. (FERRÃO, 2016). Nesse sentido, o papel que o conhecimento tem hoje, na economia, obriga os agentes econômicos a repensarem suas estruturas e se organizarem de uma nova forma, dando origem aos habitats de inovação ou ambientes de inovação: estruturas voltadas para as atividades baseadas em novas tecnologias (CORREIA; GOMES, 2012).

Silva (2009) aponta que os habitats de inovação começaram a ser organizados a partir da década de 1950, sendo sua difusão mais evidente nos anos 1980 na América do Norte e Europa com consolidação dos processos característicos da economia do conhecimento e de políticas locais. Já no Brasil, os ambientes de inovação surgiram a partir da década de 1990 com a criação do Programa Brasileiro de Parques Tecnológicos pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Dados os desafios impostos pela falta de uma cultura direcionada à inovação e pelo baixo número de iniciativas inovadoras no território nacional, os projetos de parques tecnológicos não tiveram o impacto dos grandes centros mundiais de inovação, mas deram origem às primeiras incubadoras de empresas brasileiras constituindo importantes ambientes de inovação, com forte impacto econômico (ANPROTEC, 2008). Assim, a origem desses habitats de inovação, segundo Cassiolato e Lastres (2003), está alicerçada na ideia de que a inovação é um fenômeno sistêmico e interativo, bem como a capacidade inovativa, que é derivada da confluência de fatores sociais, políticos, institucionais e culturais específicos aos ambientes em que se inserem os agentes econômicos.

Correia e Gomes (2012), contribuem com a afirmação de que os habitats de inovação se constituem de espaços para aprendizagem coletiva, intercâmbio de conhecimentos, de interação entre empresas, instituições de pesquisa e agentes governamentais. Já na visão de Melo (2010), os habitats de inovação são definidos como espaços planejados para a aprendizagem coletiva, à qual se concretiza por meio da

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