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COLETA E ANÁLISE DOS DADOS A coleta de dados se deu em dois

A inclusão do aluno com baixa visão na educação infantil

COLETA E ANÁLISE DOS DADOS A coleta de dados se deu em dois

espaços distintos, sendo uma no Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual – CAP, localizado na Avenida Leitão da Silva, no Bairro da Praia do Suá, no município de Vitória.

No CAP, teve-se a oportunidade de conversar com a professora, responsável pela sala de estimulação precoce. Ela possui formação do Ensino Superior em Pedagogia, é pós-graduada em Educação Especial e Psicomotricidade. Atua na

Revista Espaço Transdisciplinar

Volume 4 – Número 1 – 2020 – ISSN: 2526-6470

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docência na Educação Especial há 23 anos e está no CAP há 12 anos.

Ela apresentou toda a estrutura do espaço e seus recursos e informou que no CAP são atendidas pessoas que variam na faixa etária de 0 a 30 anos, no entanto

o seu público maior são crianças, as quais são atendidas em horário individual, com duração de 55 minutos.

Segundo a professora, as adaptações realizadas no material educação ou ações pedagógicas ocorrem conforme as necessidades dos alunos e na sala de estimulação precoce estimula os outros sentidos, como audição e o tato, e com os alunos com baixa visão também é trabalhado o seu resquício visual.

A estimulação da audição é trabalhada por meio da música, com sons de vários ritmos e instrumentos musicais, como por exemplo, o chocalho. E outro aspecto

também bem explorado com as crianças é a percepção tátil, por meio do toque de diferentes texturas (áspero, liso, macio).

De acordo com a professora, com as crianças de baixa visão a estimulação do resquício visual é fundamental, e nela são usados recursos como contrastes de claro/escuro e diferentes cores, além de objetos de diferentes tamanhos, caixa de luz, lâmpada, entre outros.

Figuras 1, 2 e 3: Atividades adaptadas

O outro espaço envolvido na coleta de dados, foi uma UMEI, localizada no Município de Vila Velha/ES, na qual observou-se uma criança de 5 anos de idade que tem baixa visão grave. Seu atendimento condiz com o que está previsto na legislação brasileira de Educação Especial.

Neste espaço, a criança é atendida pela professora docente, uma cuidadora e pela professora de Atendimento Educativo Especial (AEE), com formação em Pedagogia e especialista em Deficiência Visual, já atuante na área há mais 10 anos.

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Observou-se que a inclusão do aluno no âmbito escolar, se dá tanto por parte da professora docente, quanto pela professora de AEE, por meio de atividades lúdicas, por meio de brincadeiras que estimulam os sons das letras, os nomes dos outros alunos e adivinhações de palavras.

A criança participa de toda rotina escolar da turma com atividades e mediações voltadas para ela, exceto em aulas de Educação Física e Projeto, momentos estes que então, recebe um atendimento individualizado, ou seja, não frequenta o AEE no contraturno, conforme as orientações nacionais da Educação Especial, mas sim em atendimento diário no próprio turno.

O atendimento, por parte da docente em sala de aula, é feito mediante um planejamento pedagógico, no qual as

duas participam, docente e AEE, elaborando atividades que atendam aos objetivos do conteúdo convencional e aos objetivos específicos para os atendimentos especializados.

Nas metodologias são adotadas contações de histórias voltadas para o projeto da escola e no contexto do aluno, utilizando-se do auxílio de objetos, como por exemplo, “A caixa supresa”, e as atividades “convencionais” com as devidas adaptações com ampliações, alto relevo, uso de contrastes fortes, espaço bem iluminado, entre outros. Segundo Sá, Campos e Silva (2007) o professor deve planejar e adaptar ações pedagógicas que despertem o interesse da criança em utilizar a visão potencial, desenvolvendo a eficiência visual e facilitar a exploração dirigida e organizada.

Figuras 4 e 5: Atividades adaptadas

De acordo com as professoras, os recursos utilizados para a estimulação dos sentidos do aluno é a utilização de materiais com formas, cores, texturas (canudos, palitos, algodão, isopor, massinha, papéis coloridos etc.) objetos relacionados às temáticas dos projetos desenvolvidos em sala de aula.

A professora de AEE relatou que o atendimento ao aluno é realizado de diferentes formas, sendo que na estimulação do resíduo visual são usados os contrastes, procurando objetos no

chão, exercícios de psicomotricidade, buscando desenvolver a coordenação temporal e espacial (perto/longe, atrás/frente, de lado, lento/rápido). Para a estimulação tátil são utilizados objetos de texturas e formatos variados, inclusive formas geométricas. E a estimulação auditiva, por meio de músicas tocadas em diferentes instrumentos, ritmos rápidos e lentos, vozes graves e agudas, entre outros.

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São usados também instrumentos confeccionados com sucata, como por exemplo, chocalhos.

Figura 6 e 7: Atividades adaptadas

Na oportunidade foi possível acompanhar um atendimento educativo especializado ao aluno no espaço da Brinquedoteca, em que a professora propôs atividades lúdicas, voltadas à Educação Infantil, buscando fazer com que o aluno pudesse explorar o espaço com a participação das outras crianças da sala. Percebeu-se, na relação estabelecida entre as crianças nesse espaço, que a inclusão do aluno acontece de forma compatível com as pesquisas apresentadas por Ribeiro (2017), ao afirmar que a inclusão do aluno com deficiência visual no espaço escolar se dá pelo afeto e práticas pedagógicas.

Atividades impressas em papel, visando o desenvolvimento da

coordenação motora fina, tais como atividades de colagens, com uso de movimento de pinça, ou traçados de linhas, quando necessário, são ampliados e usados com contraste de cores e caneta piloto (ponta grossa) de diversas cores no papel. Tais ações dialogam com Pontes e Fernandes (2018) ao relatarem que para a inclusão de educandos cegos e de baixa visão no sistema regular de ensino é necessário o desenvolvimento de estratégias didáticas pedagógicas que facilitem o processo de ensino e aprendizagem.

Ao fazer um comparativo entre os dois espaços envolvidos na coleta de dados deste estudo, percebe-se similaridades nas práticas desenvolvidas na

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estimulação precoce do aluno com baixa visão. O que, conforme Sá, Campos e Silva (2007), deve basear-se no princípio de estimular a utilização plena do

potencial de visão e dos sentidos remanescentes, buscando superação de suas dificuldades e/ou conflitos emocionais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considera-se que as questões investigativas da pesquisa foram respondidas de modo satisfatório, tanto teoricamente quanto junto às professoras convidadas a participarem da pesquisa de campo, que contribuíram para a (in) formação da pesquisadora concludente do Curso de Pedagogia.

O objetivo geral foi alcançado, uma vez que se encontraram aportes teóricos e legislação que abordam a temática, e estes dialogam com as práticas pedagógicas realizadas por professoras que atuam no espaço escolar, buscando realizar a inclusão do aluno com deficiência visual: baixa visão na Educação Infantil.

Nas leituras realizadas para a fundamentação teórica, foi possível identificar o amparo legal para a inclusão da criança com deficiência no âmbito da sala de aula e da relevância da formação do professor para conduzir devidamente suas ações pedagógicas visando o aprendizado e o desenvolvimento desta pesquisa. Portanto, independentemente de o profissional da educação atuar na docência regular ou no atendimento educacional especializado, deve ter ou buscar conhecimentos específicos acerca das necessidades do aluno para melhor atendê-lo.

Viu-se também que a criança com deficiência visual, seja ela total ou de baixa visão, precisa de estímulos específicos para compreensão do mundo ao seu entorno. Muitos objetos precisam ser explorados utilizando-se dos demais órgãos de sentido.

Considera-se, ao final deste estudo, que a temática foi relevante para formação

da pesquisadora, assim como para outros professores e/ou interessados que venham a lê-la posteriormente.

Em relação ao interesse de atuação, após a conclusão do Curso de Pedagogia, na Educação Especial ou na Educação Infantil, vale ressaltar que os resultados obtidos só reforçaram o desejo. Assim sendo, espera-se dar continuidade aos estudos e pesquisas em outras etapas de formação, buscando especializar-se na área da deficiência visual.

REFERENCIAS

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