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A coleta dos dados foi feita a partir do grupo focal e entrevistas, com intuito de obter informações que subsidiem a pesquisa e avaliem a percepção dos líderes que participaram da pesquisa sobre o tema sofrimento psíquico no trabalho.

Segundo Uchida (2009) o essencial para entender a significação e o sentido do sofrimento, como dimensão central na análise da relação saúde trabalho é a fala do trabalhador, um instrumento de pesquisa e intervenção que dá voz ao trabalhador

possibilitando pensar sobre as experiências vividas, um meio de elaboração dos acontecimentos que afetam o individuo. Assim, a metodologia adotada foi de análise a partir da fala dos líderes, buscando identificar e auxiliar na avaliação das condições vivenciadas. Mendes (2010) reforça que é a linguagem que concede o acesso a realidade do trabalho, pois pela comunicação do vivido no contexto de trabalho consegue-se construir uma inteligibilidade do sofrimento originado da organização do trabalho, sendo assim a fala foi utilizada métodos de coleta utilizados na pesquisa como forma de acesso a vivencia do trabalhador.

O primeiro método de coleta de dados utilizado foi o grupo focal, definido por Vergara (2005) como uma entrevista baseada na discussão que produz um tipo particular de dados qualitativos gerados via integração grupal, uma interação com foco na investigação do tema proposto. O intuito foi capturar percepções, relatos, discursos, experiências, gerando diálogos passíveis no grupo para análise das pontuações. Essa técnica distingue-se por suas características próprias, principalmente pelo processo de interação grupal, que é uma resultante da procura de dados, provocando insights nos participantes, enriquecendo a discussão. A dinâmica dos grupos focais está voltada para um determinado foco que consiste do tema de pesquisa em questão e será discutido pelo grupo nas suas mais diversificadas dimensões possíveis dentro de um processo de interação e participação dos envolvidos. De acordo com Martins (2007) é uma modalidade de entrevista em grupo, que tem como objetivo a discussão de um tópico específico, propiciando riqueza e flexibilidade.

Segundo Vergara (2005) o número de participantes pode variar de seis a doze pessoas, permitido interação entre os participantes, onde o foco é buscar informações não de um indivíduo, mas de um grupo já existente ou formado especificamente para um período destinado à coleta de dados, que se reúna e permita inferir o sentido oculto, as representações ideológicas, os valores e os afetos vinculados ao tema investigado.

Foram estruturados dois grupos focais, cada um com uma duração média de uma hora. Os grupos contaram cada um com dez participantes, estruturados a partir de líderes de unidades variadas, viabilizando a participação e ampliação da visão da percepção dos líderes. Houve homogeneidade do grupo, diante dos perfis de líderes, por possuírem ampla experiência na área e vasto conhecimento das atividades e cultura da organização em que estavam inseridos. A facilitação da fala ocorreu diante de participantes conhecidos entre si por serem funcionários antigos, exercendo atividades

ao contexto de encarregado há mais de um ano, fato que reforçava as falas e comparações de situações vivenciadas.

A segunda técnica utilizada foi a entrevista, com intuito de ampliação das avaliações já levantadas nos grupos realizados, com valorização do uso da palavra, privilegiando os participantes e o seu nível de compreensão da realidade vivenciada. Gil (1999) define como uma interação social, com um diálogo assimétrico, onde uma das partes busca coletar dados e a outra se apresenta como fonte de informação e Vergara (2005) aponta ser uma técnica qualitativa de apreensão da percepção, vivência pessoal das situações e eventos do mundo, explorando o assunto a partir de informações, percepções e experiências dos informantes.

As entrevistas complementaram as informações do grupo focal, ampliando aquelas obtidas por meio dos grupos focais, o que resultou no fechamento dos dados necessários para a elaboração do estudo. A entrevista foi formatada com questionamentos apoiados nas teorias e pressupostos, indicados inicialmente, que se relacionam ao tema da pesquisa, ancorado em referencial teórico que referenciam o estudo MARTINS (2011).

Collis e Hussey (2005) apontam que devem ser feitas perguntas selecionadas para descobrir o que os entrevistados pensam, fazem ou sentem sobre o assunto levantado, buscando entendimento do mundo subjetivo do respondente. Foi adotado o modelo de entrevista semi-estruturada, segundo Hair (2005), uma forma de entrevista onde o pesquisador fica livre para exercitar sua iniciativa no acompanhamento da resposta a perguntas previamente elaboradas, tendo uma estrutura e orientações gerais, mas permitindo uma flexibilidade para incluir perguntas não estruturadas.

Os temas e questionamentos utilizados foram utilizados como norteadores da entrevista semi-estruturada, buscando a descrição da rotina de trabalho e a natureza das atividades quanto à facilidade e dificuldade de desenvolvimento, os sentimentos acerca do trabalho de encarregado e à empresa e reações a uma (in) satisfação com o trabalho. O modelo de questionamentos adotado no grupo focal e entrevistas, para obter as informações necessárias sobre esses temas, foram os seguintes:

1- Descreva sua rotina de trabalho

2- Dentro dessa rotina, quais são as atividades que você desenvolve com mais facilidade? E quais as que você tem mais dificuldade de desenvolver?

3- Quais seus sentimentos pessoais em relação ao seu trabalho como encarregado? E em relação à empresa em que você trabalha?

4- O que você faz quando se sente insatisfeito com o seu trabalho?

Assim a categoria trabalho, sua relação com o prazer ou sofrimento psíquico, a lideranças dos encarregados na organização familiar serão avaliadas através da fala dos entrevistados diante de perguntas subjetivas e reflexivas, utilizadas nas entrevistas e grupo focal, complementadas à medida que dúvidas relativas às respostas apresentadas apareciam. Tratou-se de uma oportunidade de expressão da realidade de cada entrevistado, com o objetivo de exposição de experiências e vivências adquiridas no cotidiano do trabalho.

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