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Como definido nos capítulo III, a fase coleta de dados técnicos está subdividida em três aspectos básicos: acidentes de trabalho já ocorridos, riscos laborais a serem identificados e, a percepção que os trabalhadores possuem sobre os riscos aos quais estão expostos. A coleta destes dados serão realizadas em separado.

4.4.1.1- Acidentes do trabalho

A coleta e análise de dados referentes aos acidentes e/ou incidentes ocorridos na atividade laborai em estudo, pode ser realizada a partir dos indicadores apresentados em

formulário, conforme os aspectos descritos abaixo. Esta ação poderá ser realizada separando-se os dados coletados em dois níveis básicos: dados gerais sobre os acidentes e, quando possível, dados referentes a análises de acidentes já ocorridos, e/ou adoção de técnica de recordação de acidentes.

1- Coleta de dados gerais- a partir de dados presentes na organização, sobre os acidentes do trabalho já ocorridos, determinar: número total de eventos já ocorridos na atividade em estudo; tipo de acidente ocorridos (% de acidentes de trajeto, % de acidentes típicos, outros); efeito (com lesão ou sem lesão, perda de tempo, perda de material); o coeficiente de gravidade e o coeficiente de fi-eqüência dos acidentes.

2- Dados sobre análises de acidentes- descrição, a partir de análises de acidentes já realizadas na empresa (se houver), dos nexos entre causa e efeito dos acidentes, a partir da coleta das seguintes informações: qual a técnica utilizada para a análise de acidentes; onde?, quem?, quando? Como? e, em que situação cada acidente ocorreu; quais as conclusões; e quais as medidas corretivas/preventivas foram adotadas. A análise de CAT (Comunicação de Acidentes do Trabalho), exigidas pelo ESÍSS, são também fonte de pesquisa sobre acidentes ocorridos.

3- Recordação de acidentes/incidentes- caso a empresa não possua dados referentes a análises de acidentes já ocorridos, recomendamos, se possível, o uso de técnicas de recordação de acidentes/incidentes, onde questionamentos são feitos aos trabalhadores, com o objetivo do relato de acidentes e/ou incidentes que já ocorreram na empresa, coletando o maior número possível de informações sobre os mesmos. Dependendo do tempo em que ocorreu o evento, poderá ser possível utilizar alguma técnica de análise de acidente, como por exemplo a técnica de árvore de falhas.

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No formulário “11a” (anexo 1.3a) é apresentado os indicadores básicos a serem coletados para a obtenção das informações pertinentes a este passo da metodologia proposta.

4.4.1.2- Riscos no ambiente de trabalho

O reconhecimento dos riscos nos ambientes laborais, é uma das mais importantes atividades relacionadas com o método proposto nesta dissertação. A partir destes, é que as avaliações e consequentemente melhorias, poderão ser propostas. Assim, a riqueza de detalhes a serem coletados sobre os riscos laborais, determinará a profundidade em que os mesmos serão conhecidos.

Para a execução desta ação, propõe-se a utilização de planilha para uso em campo, a partir dos indicadores apresentados abaixo:

1- Riscos: Definir claramente qual a natureza do risco que o trabalhador está exposto. Se o risco é químico, e/ou físico, e/ou biológico, e/ou ergonômico e/ou de acidentes.

2- Agentes: A partir de cada risco defínido no item 1, especificar o tipo de agente ao qual o trabalhador está exposto. Observar o item 2 do formulário, apresentado como complemento à planilha proposta no anexo 3b.

3- Número de trabalhadores expostos: Para cada agente especificado no item 2, definir o número de trabalhadores expostos aos mesmos. Considerar, além dos trabalhadores permanentes do setor e expostos diretamente aos riscos, àqueles que eventualmente se utilizam desta área para qualquer propósito.

4- Fonte geradora: Identificar com o máximo de precisão, o que causa (origina) o risco aos trabalhadores. Quando mais de uma fonte produz efeitos sobre o ambiente, as mesmas deverão ser analisadas primeiramente em separado e após, de forma conjunta as demais fontes.

5- Meio de propagação/trajetórias: É muito importante o reconhecimento do meio onde ocorrem determinados fenômenos especiais, que difundem e transmitem os agentes agressores (Ex: ar, água...) permitindo uma análise mais precisa, quando da avaliação de possíveis medidas de controle.

6- Forma de execução das atividades: A partir da descrição detalhada das atividades realizadas (formulário 02), verificar se a atividade desenvolvida é geradora de outras situações causadoras de estresse físico ou psíquico.

7- Avaliação quantitativa: Em princípio, esta avaliação deverá ser feita em relação a todos os agentes mensuráveis possíveis e exigidos tecnicamente e/ou legalmente;

mesmo que os valores quantificados apresentarem valores abaixo dos Limites de Tolerância estabelecidos, os mesmos deverão ser registrados para comprovar a inexistência de riscos e, também, para futuras análise de eficiência das medidas de proteção. Para execução desta avaliação, serão necessários equipamentos de medições especificas aos agentes de risco. Ex; Medidor de nível de pressão sonora, luxímetro, bomba para gases químicos, etc.

8- Tipificação; Definição do tipo de exposição ao qual o trabalhador está exposto. Exemplo; exposição habitual, eventual, intermitente, contínua, outras.

9- Tempo de exposição; A partir do item anterior, definir o tempo de exposição aos riscos para cada função, em horas e minutos; Para tal, toma-se inevitável entrevistas e observações em cada posto de trabalho.

10- Medidas de controle existentes; Especificar as referidas medidas já existentes, tanto coletivas como individuais, pormenorizando as informações técnicas sobre as mesmas.

* Eventualmente, dependendo da complexidade dos riscos envolvidos, poderá ocorrer a necessidade do uso de outras técnicas que auxiliam no reconhecimento de riscos. Exemplo; análise ergonômica do trabalho (AET), Análise de métodos e tempos de trabalho, etc.

No formulário “11b” (anexo 1.3b) são apresentados os tópicos básicos de uma planilha de campo, para a obtenção das informações pertinentes a este passo da metodologia proposta, bem como seu complemento.

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4.4.1.3- Percepção dos riscos

Para conhecer a percepção que os trabalhadores, dos diversos níveis hierárquicos, possuem dos riscos aos quais estão expostos, propõe-se como instrumento de coleta de opinião, uma entrevista semi estruturada. Assim, é apresentado a seguir, um roteiro com uma seqüência de perguntas pertinentes á segurança do trabalho, que, acredita-se ser, também, um instrumento de participação dos trabalhadores no processo de melhoria do ambiente laborai.

1 - 0 que é para você (ou como você entende) o risco no ambiente de trabalho? 2- Quais os riscos que você identifica no seu ambiente de trabalho? Explique? 3- Na sua opinião estes riscos estão sob controle? Como?

4- Durante a execução de suas atividades você acha que produz riscos à outrem? Quais? Porquê?

5- Na sua opinião seus colegas de trabalho dão a importância devida aos riscos laborais? Caso “sim”, como? Caso “não”, porquê?

6- Na sua opinião a empresa em que você trabalha tem dado a importância devida à segurança do trabalho? Caso “sim”, como? Caso “não”, porquê?

7- Quais suas propostas para eliminar e/ou reduzir os riscos que você identificou?

* Como a entrevista é do tipo semi estruturada, a partir das respostas dadas, poderão surgir outras perguntas que não necessariamente estavam previstas no roteiro. O ponto alto deste passo do modelo, é a liberdade de expressão, que de uma forma ou de outra, acredita-se, irá contribuir sobremaneira, para uma avaliação mais consistente das condições de risco apresentadas.

* * Para a realização deste passo do modelo, outros instrumentos de pesquisa, como por

exemplo análise coletiva do trabalho, além daqueles relacionados a área de conhecimento da psicologia, poderão/deverão ser utilizados, uma vez que o roteiro acima proposto não tem caráter definitivo, servindo apenas para trazer á tona aspectos relacionados à percepção de risco pelos trabalhadores. Isto se justifica a partir do momento em que o homem vem assumindo cada vez mais importância no mundo organizacional. Ë claro, porém, que a profundidade que este passo será tratado dependerá da competência da equipe técnica e/ou das condições dadas à mesma para a realização da pesquisa.

* * * Para a análise dos dados coletados, há a necessidade de agrupá-los em categorias

obtendo-se alguns dados principais e, a partir destes, realizar uma interpretação mais aprofundada relacionando-os, inclusive, com os dados coletados nas fases anteriores.

No formulário “Mc” (anexo 1.3c) são apresentados os tópicos básicos da entrevista semi estruturada, bem como os dados genéricos sobre os entrevistados.

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