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5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

5.3 COLETA DE DADOS

As fontes de dados utilizadas na pesquisa se constituem tanto de dados primários como de secundários (COLLIS; HUSSEY, 2005). Com relação ao tipo de corte, de acordo com Vieira (2004) trata-se de uma pesquisa seccional com perspectiva longitudinal, uma vez que a coleta de dados foi feita num determinado momento, mas resgatando informações de períodos passados que pudessem contribuir para a

compreensão do fenômeno. Já os formatos de coleta de dados foram desenhados a partir dos objetivos específicos da pesquisa, como apresenta o quadro 15.

Quadro 15 - Coleta de dados: Objetivos e Formatos

Objetivos Específicos Formatos de Coleta de Dados

1. Descrever a evolução do marco científico tecnológico no Brasil e em Santa Catarina, com ênfase no período pós anos 90.

Pesquisa documental Pesquisa bibliográfica 2. Apresentar a evolução e caracterização dos

grupos de pesquisa e sua interação com o setor produtivo em Santa Catarina a partir da base de dados do Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq.

Pesquisa de dados secundários na base de dados do Diretório dos Grupos de Pesquisa do CNPq.

3. Analisar a constituição das relações firmadas entre as universidades e empresas no âmbito do sistema de ensino superior em Santa Catarina, à luz do marco científico-tecnológico.

Estudo exploratório Pesquisa de campo Entrevista em profundidade

4. Analisar as particularidades das universidades selecionadas como objeto de estudo, a partir de sua caracterização, no que diz respeito ao seu relacionamento com o setor produtivo.

Pesquisa documental Pesquisa de campo Entrevista em profundidade

Fonte: Elaboração própria

Para atendimento do primeiro objetivo, foram utilizadas fontes de dados secundárias, por meio de pesquisa bibliográfica e documental. A pesquisa bibliográfica consistiu no levantamento de livros e artigos relacionados à estrutura e políticas de C,T&I e ao sistema de ensino superior no Brasil e em Santa Catarina. Já a pesquisa documental consistiu na consulta a documentos complementares às referências bibliográficas, tais como: programas e planos de ação de governo, legislações, sites das instituições e relatórios de gestão.

Com relação ao segundo objetivo, também foram utilizadas fontes de dados secundários, por meio da coleta de indicadores na base de dados do DGP-CNPq, a partir dos censos realizados no período de 2002 a 2010. Para elaboração e apresentação dos dados na forma de tabelas, foram consultadas as informações disponibilizadas no plano tabular.

Como parte do terceiro objetivo, trabalhou-se com a coleta de dados primários. Inicialmente buscou-se a ampliação da problemática de pesquisa e definição prévia das categorias de análise, por meio de um

breve estudo exploratório, que auxiliou sobremaneira no processo de qualificação da tese. Tal estudo visou coletar informações que permitissem uma maior compreensão do fenômeno de estudo e seus atores e envolveu a realização de 6 entrevistas semi-estruturadas (COLLIS; HUSSEY, 2005; MINAYO, 2011), nos meses de abril a julho de 2012, com quatro professores da UFSC, sendo 2 professores que já ocuparam cargos de pró-reitores de pós-graduação e de pesquisa, 1 professor do departamento de inovação tecnológica e 1 professor líder de um grupo de pesquisa que mantém relacionamentos com empresas; e dois professores da UDESC, sendo 1 professor que já ocupou cargo de pró-reitor de pesquisa e 1 professor da coordenadoria de propriedade intelectual. As entrevistas tiveram em média duração de uma hora e foram todas gravadas e transcritas.

A partir das informações preliminares fornecidas pelo estudo exploratório, foram definidas as categorias de análise e elaborados os instrumentos para coleta de dados, a qual foi realizada por meio da entrevista em profundidade. Neste tipo de entrevista o sujeito de pesquisa é convidado a falar livremente sobre um tema, podendo incluir perguntas que buscam dar aprofundamento às reflexões (MINAYO, 2011). A opção pelo uso da entrevista em profundidade deu-se em função de ser esta uma técnica fundamental da pesquisa qualitativa (ROESCH, 2009) abordagem adotada nesta pesquisa.

Para a continuidade da pesquisa e realização do quarto objetivo, também foram utilizados os dados obtidos por meio da entrevista em profundidade, mas com foco nas particularidades de cada um dos objetos de estudo. Novamente foram empregados dados secundários para caracterização das universidades selecionadas e de suas respectivas estruturas de inovação, incluindo a pesquisa documental em relatórios de gestão e de atividades e documentos internos das universidades como regimento, planejamento estratégico, portarias e resoluções, dentre outros.

Aprofundando um pouco mais as informações sobre a pesquisa de campo, como foi citado anteriormente, optou-se pela utilização da entrevista em profundidade. Dessa forma, dois aspectos foram relevantes: a definição dos sujeitos de pesquisa e a elaboração do roteiro para a entrevista. Sobre os sujeitos de pesquisa o ponto de partida foram as quatro universidades que compõem a amostra: UFSC, FURB, UDESC e UNIVALI. Com base nos objetivos do estudo foram identificados dois conjuntos de sujeitos de pesquisa: os líderes dos grupos de pesquisa que mantém relacionamento com o setor produtivo e os gestores dos NITs, pela relevância que as estruturas de inovação

assumem neste processo. Sendo assim, foram realizadas um total de 38 entrevistas em profundidade, nos meses de maio a agosto de 2013, conforme detalhes que seguem.

Levando-se em consideração os dados disponibilizados no censo de 2010 disponível no DGP-CNPq, foi identificado o primeiro conjunto de sujeitos de pesquisa, ou seja, os líderes dos grupos de pesquisa que declararam relacionamento com o setor produtivo nas universidades objetos de estudo. A partir dessa listagem foram selecionados grupos de pesquisa provenientes de todas as áreas do conhecimento, com os quais foram mantidos contatos com os líderes por e-mail para a solicitação da entrevista. Como critério para essa seleção considerou-se a natureza e a quantidade de empresas com as quais os grupos mantinham relacionamento. A caracterização dos grupos de pesquisa entrevistados encontra-se disponível no capítulo seguinte, mas em linhas gerais, participaram da pesquisa de campo 31 grupos, na figura de seus respectivos líderes, sendo que 17 são da UFSC, 5 são da FURB, 5 são da UDESC e 4 são da UNIVALI, conforme detalha o quadro 16.

Quadro 16 - Grupos de pesquisa entrevistados Universidade Grupos de pesquisa

UFSC Análise Orgânica Instrumental, Bioprospecção e Metabolômica Vegetal

Engenharia Genômica e Engenharia Tecidual Gestão de Design

Grupo de Engenharia em Compatibilidade Eletromagnética – GEMCO

Grupo de Otimização, Automatização e Controle de Processos

Grupo de Pesquisa em Cadastro Técnico Multifinalitário e Gestâo Territorial – GT Cadastro

Grupo de Pesquisa em Conforto Ambiental e Eficiência Energética na Arquitetura

Hidroponia

Laboratório de Integração de Software e Hardware – LISHA Laboratório de Planejamento em Sistemas de Energia Elétrica – LABPLAN

Laboratórios de Engenharia de Processos de Conversão e Tecnologia de Energia – LEPTEN

LABSOLDA/INSTITUTO DE MECATRÔNICA Núcleo de Estudos da Uva e do Vinho – NEUVIN Núcleo de Materiais Cerâmicos e Vidros – CERMAT Núcleo de Pesquisa em Construção

POLO - Laboratórios de Pesquisa em Refrigeração e Termofísica

Tecnologia Limpa no Processamento de Alimentos

FURB FATBLU - Desenvolvimento de processos e produtos da área farmacêutica, ambiental e de alimentos

Grupo de Desenvolvimento e Transferência de Tecnologia Grupo de Processamento Eletrônico de Energia

Laboratório de Ecologia e Ornitologia Segurança e Qualidade de Alimentos UDESC BIOREAN - Reprodução Animal

Controle de Sistemas

Fruticultura de Clima Temperado e Vitivinicultura em Regiões de Altitude

Grupo de Automação de Sistemas e Robótica LabGES - Laboratório de Tecnologias de Gestão UNIVALI Ecologia do Plâncton

Grupo de Inteligência Aplicada Produtos Naturais Bioativos Turismo, espaço e sociedade Fonte: Elaboração própria

Foi utilizada a técnica de saturação de dados, que, de acordo com Gibbs (2009), corresponde à situação em que as previsões de dados baseadas nas categorias de análise existentes são confirmadas repetidamente, de forma que existe uma saturação de dados que indica que a coleta de dados pode ser interrompida. Sendo assim, a partir do momento em que as informações começaram a se repetir, sem mais dados sendo agregados às categorias de análise, a coleta de dados foi dada por encerrada, tendo atingido cerca de 20% do total dos grupos interativos nas quatro universidades.

Para o segundo conjunto de sujeitos de pesquisa, os gestores dos NITs, a abordagem também foi realizada por meio de contatos via e- mail para a solicitação das entrevistas. Como os NITs se tratam de estruturas novas nas universidades, formadas principalmente a partir da Lei da Inovação, procurou-se entrevistar tanto os gestores atuais, como os anteriores, com exceção de um caso em que permanece o mesmo gestor desde que o NIT foi formado. Nesse sentido, forma realizadas 7 entrevistas, alcançando praticamente 100% do total dos sujeitos de pesquisa.

De uma maneira geral, as entrevistas tiveram duração média de 50 minutos e a exceção de uma delas que foi feita por skipe, as demais foram realizadas presencialmente, tendo sido gravadas com a anuência

dos entrevistados e posteriormente transcritas. Sobre o roteiro para a entrevista em profundidade, este foi construído a partir e do estudo exploratório anterior, que funcionou como um piloto e da definição das categorias de análise. Foram elaborados dois modelos de roteiro, sendo um deles destinado à entrevista com o líder do grupo de pesquisa (apêndice A) e o outro direcionado ao gestor do NIT (apêndice B).