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5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

5.4 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS

Em se tratando de uma pesquisa qualitativa, considerou-se adequado proceder a análise e interpretação dos dados por meio da análise de conteúdo. Segundo Bardin (2004, p.37), a análise de conteúdo consiste em:

Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) destas mensagens.

Dentre as possibilidades de técnicas de análise de conteúdo apresentadas por Bardin (2004), foi utilizada a análise categorial, que utiliza a divisão do texto em unidades que permitem a investigação de determinados temas. Nesse sentido, foi utilizado como unidade de registro para a análise as frases e orações das entrevistas em profundidade que foram transcritas. Tais citações foram utilizadas individualmente e combinadas entre si e também analisadas segundo a unidade de contexto, que permite considerar o contexto no qual o dado analisado foi produzido (GOMES, 2011).

A categorização constitui-se num dos procedimentos básicos da análise de conteúdo e consiste justamente na classificação de elementos a partir de critérios previamente definidos, formando “as categorias que são rubricas ou classes, que reúnem um grupo de elementos [...] sob um título genérico, agrupamento esse efetuado em razão dos caracteres comuns destes elementos” (BARDIN, 2004, p.111). De acordo com Gomes (2011), a categorização pode ser realizada previamente, por meio de um esquema classificatório adequado ao assunto a ser analisado ou pode surgir a partir da análise do material de pesquisa.

Segundo Vergara (2010), na definição das categorias, pode-se optar por três tipos de grade de análise: (1) grade fechada: as categorias são definidas a priori, de acordo com os objetivos da pesquisa e com base na literatura sobre o tema; (2) grade aberta: as categorias vão surgindo durante o andamento da pesquisa e alterações vão sendo feitas até que se tenham as categorias finais de análise; (3) grade mista: as categorias são definidas previamente, mas permite-se a inclusão, exclusão ou rearranjo de categorias durante o processo de análise.

Particularmente, para esta pesquisa, optou-se por adotar uma grade fechada. As categorias foram preliminarmente definidas a partir das principais dimensões do objetivo geral: processo de interação U-E, dinâmica institucional e marco científico tecnológico e refletem uma combinação entre dados obtidos por meio da pesquisa bibliográfica, pesquisa documental e o estudo exploratório realizado, conforme consta no quadro 17. A definição das dimensões, de suas categorias de análise e de seus respectivos elementos constitutivos é apresentada no capítulo seguinte, junto à análise dos dados.

Quadro 17 - Dimensões de pesquisa, categorias de análise e principais autores

Dimensão Categoria da Análise Principais Autores Processo de Interação U- E

Natureza e evolução PLEWA et al, 2013 Formatos de

Interação

AHRWEILER; PYKA; GILBERT, 2011

COHEN; NELSON; WALSH, 2002 D’ESTE; PATEL, 2007

DUTRÉNIT; ARZA, 2010

MEYER-KRAHMER; SCHMOCH, 1998

PERKMANN; WALSH, 2007 Perfil BARBOLLA; CORREDERA, 2009

BOARDMAN, 2009 D’ESTE; PATEL, 2007 PONOMARIOV, 2008 TARTARI; BRESCHI, 2012 Benefícios e Barreiras

BISHOP; D’ESTE; NEELY, 2011 BRUNNEL, D’ESTE; SALTER, 2010 D’ESTE; PERKMANN, 2011 DUTRÉNIT; ARZA, 2010 LEE, 2000 LHUILLERY; PFISTER, 2009 MEYER-KRAMER; SCHMOCH,

1998 MUELLER, 2006 Dinâmica Institucional Dimensão CONCEIÇÃO, 2001 HODGSON, 2001a, 2001b, 2003, 2007, 2011 MONASTERIO, 1998; NORTH, 1990, 1991 Tecnologias CONCEIÇÃO, 2009, 2012 NELSON, 2002, 2006a, 2006b; 2008 NELSON; NELSON, 2002 NELSON; SAMPAT, 2001 PEREIRA; DATHEIN, 2012 Marco Científico- Tecnológico Estrutura de C,T&I no Brasil e em Santa Catarina ASHEIN; GERTLER, 2007 HODGSON, 2011 LUNDVALL, 1992, 2007 NELSON, 1993, 2006a Sistema de ensino superior no Brasil e em Santa Catarina BAUMGARTEN, 2008 CUNHA, 2007a, 2007b, 2007c LIMA, L., 2009 LIMA,P., 2009 MOTOYAMA, 2004 SUZIGAN;ALBUQUERQUE, 2011a

Fonte: Elaboração própria

A partir das categorias de análise. procedeu-se à descrição, que. conforme Bardin (2004, p.34). compreende “a enumeração das características do texto, resumida após tratamento” para então empregar o procedimento de inferência, que permite deduzir de maneira lógica e natural algo do conteúdo que está sendo analisado (GOMES, 2011). Para apoiar esta fase. foi utilizado o software de análise de dados qualitativos Atlas/ti, versão 7.1.3. Nesse sentido, para melhor compreensão do trabalho realizado, alguns esclarecimentos se fazem necessários, conforme segue.

O software Atlas/ti é assim denominado por originar-se de uma sigla em alemão que pode ser traduzida para “arquivo para tecnologia, o mundo e a linguagem cotidiana” onde a parte “ti” significa interpretação de texto. Esse software é um tipo de Qualitative Data Analysis Software (QDAS), cuja finalidade é basicamente processar as tarefas mecânicas associadas ao gerenciamento da base de dados e dos elementos construídos pelo pesquisador durante o processo de análise, principalmente no que se refere às ações de busca, organização,

categorização e registro de informações (BANDEIRA-DE-MELLO, 2006; GIBBS, 2009).

Para a realização desta pesquisa a utilização do software mostrou-se relevante principalmente em função do expressivo volume de dados envolvidos, permitindo com maior facilidade seu processamento e disponibilizando, por meio de suas ferramentas, elementos para a realização de uma análise mais aprofundada e correlacionada entre as diversas categorias. Cabe registrar que foram utilizados todos os elementos constitutivos do Atlas/ti, conforme quadro 18:

Quadro 18 - Atlas/ti e seus elementos constitutivos Elementos Descrição

Unidade Hermenêutica (hermeneutic unit)

Compreende o projeto completo com todos os dados e seus elementos de apoio.

Documentos Primários

(primary documents)

Refere-se aos dados primários coletados na pesquisa. No caso em questão foram as transcrições das 38 entrevistas.

Citações (quotes) São os segmentos de dados (frase/oração), com trechos das entrevistas que indicam a ocorrência de um código.

Códigos (codes) São os conceitos gerados a partir das interpretações do pesquisador. No caso em questão os elementos constitutivos das categorias de análise.

Notas de análise (memos)

São as inferências do pesquisador durante o processo de análise.

Esquemas gráficos (netview)

São as representações gráficas das relações entre os dados.

Comentário (comment)

São os registros feitos pelo pesquisador acerca dos elementos constitutivos

Fonte: Adaptado de Bandeira-de-Mello (2006)

Desta forma, procedeu-se no Atlas/ti à criação da unidade hermenêutica e a associação a esta dos documentos primários (transcrições das entrevistas). Na seqüência, as citações (trechos das entrevistas) foram associadas aos códigos que, por sua vez, foram agrupados em famílias de códigos (categorias de análise). Durante todo o processo, foram redigidas notas de análise (interpretações) e os comentários também serviram como apoio. Por fim, foram gerados os esquemas gráficos (visões de rede) apresentando de maneira ilustrativa as relações entre os dados coletados e sua organização em categorias.

Para facilitar a compreensão das visões de rede, que se apresentam na forma de ilustrações ao longo do capítulo seguinte, o quadro 19 apresenta os ícones utilizados pelo Atlas/ti na apresentação dos esquemas gráficos.

Quadro 19 - Atlas/ti e seus ícones de representação Ícone Significado

ou

Código (elemento constitutivo da categoria de análise)

Família de códigos (categoria de análise)

Notas de análise (interpretação) Fonte: Elaboração própria

É importante ainda registrar que, nos esquemas gráficos, as ligações entre os códigos e suas respectivas famílias, bem como as ligações entre os códigos e as notas de análise, são realizadas por setas tracejadas. Já as ligações entre as notas de análise são realizadas por setas contínuas. Da mesma forma, as ligações entre os códigos são realizadas por setas contínuas e possuem a descrição da relação em questão.

Como parte do processo de análise de dados, a apresentação dos resultados contou com a inserção de citações dos entrevistados para reforçar a análise e criar ligações com a perspectiva teórica. As citações foram extraídas dos documentos primários (transcrição das entrevistas) do Atlas/ti. Foram retirados das citações nomes de pessoas, empresas, instituições ou qualquer outra forma de identificação, tendo sido substituídos por nomes genéricos apresentados entre parênteses, de maneira a não prejudicar o significado e sentido da citação. Da mesma forma, para resguardar a identidade dos entrevistados na apresentação das referidas citações foram realizadas duas codificações.

Inicialmente foi feita uma codificação contínua dos grupos de pesquisa que vai do código GP1 a GP31 para os líderes dos grupos de pesquisa e NIT1 a NIT7 para os gestores dos NITs, que foi utilizada na primeira parte da análise, que diz respeito à apresentação geral dos resultados por dimensões. Posteriormente, foi realizada uma outra

codificação, por universidade, que ficou registrada como UFSC1 a UFSC19, para todos os entrevistados da UFSC; e seguindo o mesmo modelo FURB1 a FURB7; UDESC1 a UDESC7; UNIVALI1 a UNIVALI5, esta utilizada na parte da análise referente aos dados particularizados por universidade. A intenção na utilização de duas codificações paralelas foi não permitir a identificação dos entrevistados por universidade na parte da apresentação geral dos resultados, resguardando assim com maior fidedignidade a sua identidade.

Por fim, a partir das inferências realizadas principalmente com o apoio das notas de análise e tendo como base as visões de rede, partiu- se para a fase de interpretação, atribuindo-se um grau de significação aos conteúdos analisados (BARDIN, 2004). O resultado final apresentado no capítulo seguinte, em linha com a perspectiva de Gomes (2011) buscou apresentar uma síntese entre as questões de pesquisa, a análise do material coletado, as inferências realizadas e a perspectiva teórica utilizada.

6 A INTERAÇÃO U-E A PARTIR DO SISTEMA DE ENSINO