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5 TIPO DA PESQUISA E OPÇÕES METODOLÓGICAS

5.6 COLETA DE DADOS

5.6.1

Entrevista

Para coletar os dados neste trabalho, foram usadas entrevistas semi-estruturadas, buscando alcançar a identificação de competências importantes para o perfil do profissional, segundo a percepção do entrevistado. Além disso, também sua visão sobre o ambiente de fábrica de software precisou ser obtida, para ajudar a analisar as informações.

Seguindo uma orientação fornecida por Silverman (1993, p. 36), uma coleta de dados qua- litativos deve evitar uma apresentação antecipada de conceitos por parte do pesquisador. O correto é se observar como este conceitos são definidos em cada contexto estudado. Foi o caso do termo “Fábrica de Software”. Sua definição foi deixada a cargo de cada entrevistado, para que também pudesse se tornar um objeto de análise para a pesquisa.

Há duas correntes na pesquisa social que alteram as caracterísiticas da utilização de entre- vistas, como mostra Silverman (1993, p. 90):

• O positivismo (positivism) deseja encontrar “fatos” através de dados válidos e tabuláveis coletados nas entrevistas feitas em amostras randômicas. Utiliza questões padronizadas, geralmente de múltipla escolha para simplificar a tabulação.

• O interacionismo (interactionism) entende que o contexto social de entrevista é parte es- sencial para a compreensão dos dados obtidos. A entrevista é conduzida de forma aberta e não-estruturada. As entrevistas podem ser consideradas profundas, pois tanto entre- vistado quanto entrevistador precisam de entendimento mútuo, e um aprofundamento na visão e nos conceitos tratados.

Este trabalho se encaixa melhor na segunda definição, apesar de utilizar como um ins- trumento secundário um questionário tabulável para auxiliar a identificação da percepção de competências.

Para facilitar a interação entrevistador-entrevistado, as entrevistas foram gravadas. No tra- balho, os resumos destas entrevistas foram incluídos como apêndices ao trabalho. Este resumo da entrevista foi enviado para cada um dos respectivos entrevistados, para validação, dando a oportunidade de correções ou ajustes nos dados fornecidos.

5.6.2

Questionário

Para auxiliar a identificação das competências, foi utilizado, em conjunto com a entrevista um quadro de competências para que o entrevistado indicasse a importância de cada competên- cia para cada um dos três perfis definidos nesta pesquisa.

A base para a elaboração do questionário foi o trabalho de Castro e Sá (2002), e de Cas- tro (2001), que fez um levantamento das competências para o profissional de informática em Sergipe. Foi usado pelo autor, por sua vez, um artigo de Echeveste et al. (1998), publicado na ANPAD, tratando do perfil do executivo no mercado globalizado.

Para complementar os trabalhos citados, as competências sugeridas por vários autores fo- ram analisadas (GRAMIGNA, 2002; RESENDE, 2003; RAPKIEWICZ; LACERDA, 2001; LACERDA, 2002), e algumas competências foram incluídas no questionário original de Castro, ou provocaram ajustes em competências já contidas no mesmo, especialmente as competências para a área de prestação de serviços.

Algumas competências sugeridas não foram aproveitadas de forma direta, como por exem- plo, “capacidade empreendedora”, citada por Gramigna (2002) e também por Lacerda (2002). Pela análise feita, outras competências já cobririam o aspecto empreendedor, uma vez que, se- gundo Dolabela (1999, p. 28), o “empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões”, e esta definição é detalhada em uma série de habilidades, capacidades e comportamen- tos, já atendidas de forma satisfatória por outras competências presentes no questionário.

Instruções fornecidas para o preenchimento

Antes de entregar os questionários para os entrevistados, estes receberam as seguintes ins- truções de preenchimento (o questionário está anexado a este trabalho, na pág. 148):

1. Para o perfil Prof.A - iniciante, não levar em consideração se determinada competência pode ou não ser identificada nas entrevistas de contratação. Obviamente, determinadas competências só podem ser percebidas após um período de convivência, ou através de uma análise profunda da pessoa, que é normalmente inviável durante o processo de con-

tratação, especialmente de iniciantes. Para contornar, foi sugerido que o entrevistado aplicasse a nota para cada item imaginando ter identificado aquela competência no can- didato, independentemente da dificuldade que pode existir em fazê-lo em uma situação real.

2. Para o perfil Prof.B - potencial de progresso, imaginar um profissional que é interessante para empresa, isto é, tem as competências necessárias para galgar posições e novas res- ponsabilidades dentro da organização.

3. Para o perfil Prof.C - desenvolvedor de alto-nível, pensar no profissional pertencente ao grupo mais gabaritado da empresa, que serve como referência para o desenvolvimento dos profissionais menos experientes.

Como o questionário tem um papel auxiliar na realização do trabalho, em nenhum caso ele foi entregue ou mostrado antes da realização de entrevista. No entanto, a aplicação do questionário sofreu algumas variações:

• o questionário foi enviado por email, em formato de planilha eletrônica, com as instruções de preenchimento também por email. Ocorreu apenas na entrevista exploratória (que foi o que justamente mostrou a necessidade de se criar), mas não houve resposta para o questionário;

• Questionário foi entregue após a entrevista (em papel, ou depois, por email, um arquivo em formato de planilha eletrônica), e o entrevistado foi instruído quanto ao preechimento, e foi acordada a posterior devolução do questionário respondido (ocorreu assim em duas situações, um questionário foi retornado);

• Questionário foi entregue após a entrevista, e foi preenchido no ato, com a ajuda do pes- quisador para agilizar o entendimento das competências relacionadas (ocorreu um caso neste modelo);

• Questionário foi analisado pelo entrevistado, competência por competência, e foi usado um gravador para coletar os dados que depois foram resumidos e adicionados à entrevista (ocorreu um caso neste modelo).

Tabulação dos dados dos questionários

Devido à pequena quantidade de questionários1 para tabular, as notas dos quatro questio- nários respondidos foram totalizadas (o resultado é apresentado como anexo D, pág. 145), para que pudesse ser feita uma análise comparativa entre as 10 competências mais valorizadas com as 10 menos valorizadas2. Contudo, a análise teve que considerar competências que tiveram notas iguais, fazendo o número real de competências em alguns critérios chegar a 17 e em ou- tro caso em mais de 20 competências. Contudo isto não representa um problema, visto que a análise não é numérica, e sim comparativa.

5.6.3

Dados Secundários

Para complementar a análise dos dados coletados, foram utilizados também bases de dados e indicadores produzidos por órgãos do governo (federal e estadual), tanto na área de tecnologia quanto na área de educação.

Para a parte de fábrica de software, foram utilizados dados disponibilizados no site do MCT (www.mct.gov.br). Lá estão estudos sobre qualidade do software nacional, com pesqui- sas realizadas nas empresas (bianual), verificando vários aspectos. Os estudos realizados pelo Softex também foram importantes, especialmente sobre programas de incentivo à qualificação do software nacional. A SECTI, apesar de não possuir dados ou estudos formalizados, também permitiu uma rica troca de informações sobre a situação das empresas na Bahia.

A parte de educação teve dados complementares do MEC, através do portal do INEP, per- mitiu a localização das instituições que atuam com cursos de sistemas de informação na Bahia, além de outras consultas relacionadas aos cursos de educação técnica e tecnológica.