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6 ANÁLISE DOS DADOS

8 Capacidade de decisão Habilidades e Capacidades 9 Falar em público Habilidades e Capacidades

6.3 IMPACTO SOBRE A FORMAÇÃO ACADÊMICA DO PROFISSIONAL

7.1.1 Conclusões adjuntas para a fábrica de software O modelo de fábrica de software

Há um certo preconceito em torno das fábricas de software, especialmente quando se refere à mecanização do trabalho de desenvolvimento de sistemas de informação.

Com este trabalho foi possível verificar que realmente, o modelo de fábrica aplica a especi- alização do trabalho. Isto significa delimitar as tarefas, atividades e funções que cada um deve e pode realizar. O processo conduz tudo, e as pessoas são guiadas por ele.

No entanto, se o processo não estiver correto, ou simplesmente, se houver nele algo que possa ser melhorado, e isso for uma opinião consensual no grupo responsável pela melhoria do processo, ele será modificado. Assim ocorre a internalização, ou seja, a decisão se fixa à empresa através do processo, que pode ser contínuamente melhorado pelas pessoas, que devem possuir competências para realizar melhorias de qualidade nos processos.

Quanto ao uso de competências para gerir as pessoas, o modelo de software do CMMI prevê uma KPA que cuida do desenvolvimento das pessoas. No entanto, só integra o CMMI a partir do nível 3, e provavelmente por isso, não tenha sido ressaltada por ninguém durante as entrevistas realizadas neste trabalho, uma vez que as empresas do mercado de Salvador ainda são, ou buscam, o nível 2.

O modelo de Fábrica é pior que o modelo tradicional?

Na realidade, para uma empresa que possua boa demanda de serviços de desenvolvimento, o modelo de fábrica é muito superior às metodologias utilizadas anteriormente. A previsibilidade e o aumento de qualidade, aliados à possibilidade de redução dos custos com a demanda, é uma ferramenta fundamental para estabelecer uma relação de competitividade da empresa com o mercado. É possível até perceber que as empresas que desenvolvem sistemas não têm opções. Terão que mudar, ou se arriscam à condenação.

Contudo, no outro lado está o profissonal, que é a principal preocupação deste trabalho. Este sofre o impacto direto das mudanças, como já foi apresentado no restante desta análise. Contudo, é fundamental observar alguns pontos importantíssimos:

1. O modelo de fábrica não é necessáriamente ruim para o profissional. É necessário enten- der que a especialização do profissional pode ser importante, principalmente no início da sua carreira. Isso garante uma base técnica consistente, mesmo que suas atribuições no

futuro não sejam predominantemente técnicas.

2. O profissional precisa entender bem o modelo de fábrica, analisar suas competências e verificar se o ambiente de fábrica é interessante para ele. O modelo de fábrica pode até ser considerado mais honesto que o as práticas tradicionais, pois é definido claramente o que se espera do profissional, qual sua função, e o que ele poderá aprender. Em algumas empresas que atuam no paradigma tradicional, os profissionais podem receber tarefas que não somam absolutamente nada em sua formação; nem na formação técnica e nem na humana-social, fazendo o profissional desperdiçar um valioso tempo de aprendizado. 3. O fato da empresa ter investido na implantação de um processo de software (que é ca-

ríssima) dá mostras de que não se trata de uma empresa “aventureira”. Tem objetivos, e grandes chances de conquistar serviços para promover o crescimento da empresa, o que pode abrir maiores espaços para o crescimento dos bons profissionais.

Fábricas de software são cruéis?

Há realmente um endurecimento na maneira de se fazer as coisas na fábrica de software. No entanto, as características e opções de gestão das empresas também causam influência sobre o comportamento mais intransigente ou menos intransigente. Também é importante lembrar que as empresas de Salvador são iniciantes nos processos de Software. A maior parte delas está partindo ainda para o nível 2. Isto quer dizer que a medida que as empresas passarem a dominar melhor o processo, ou até mesmo progredirem para outros níveis de certificação, podem passar a apresentar uma preocupação mais intensa com formação e com o desenvolvimento do pessoal.

7.2

AS COMPETÊNCIAS

Entre as dimensões definidas para a análise deste trabalho, a que obteve respostas mais conclusivas foi a que tratou das “Competências do desenvolvedor de sistemas na fábrica de software”.

Primeiro, foram identificadas as diferenças entre o perfil do desenvolvedor na fábrica de software comparado ao perfil do desenvolvedor em ambiente tradicional. O resultado foi que na fábrica, a especialiação das funções e tarefas leva a uma priorização das competências técnicas, principalmente a capacidade em lógica de programação, e o conhecimento sobre linguagem de

programação.Contudo, há de se observar que esta diferença se deve principalmente ao fato de que, a função de programação não costuma ser especializada no desenvolvimento tradicional,

isto é, o profissional é analista de sistemas e programador ao mesmo tempo. Desta forma, se houvesse especialização rígida de funções (profissionais trabalhando exclusivamente com programação de um lado, e de outro, profissionais trabalhando exclusivamente com a análise e o projeto) no ambiente tradicional, os perfis de competências se aproximariam mais.

Apesar da importância dada às competências técnicas (especialmente nas entrevistas), é importante lembrar que algumas competências não técnicas receberam notas tão altas quanto as técnicas. As mais significativas foram “Ato moral profissional” e “Integridade/honestidade”, ambas classificadas como “Valores e Atitudes”. Estas são competências mais difíceis de se perceber, principalmente durante um processo de seleção. No entanto, é necessário observar que estas competências parecem ser fundamentais para o crescimento do profissional, tanto na fábrica de software quanto nos projetos tradicionais.

Nas fábricas de software, quanto às competências não técnicas, são valorizadas a disciplina,

a criatividade e a capacidade de concentração. Estas competências foram citadas nominal-

mente nas entrevistas, quando foi perguntado abertamente “quais competências são importantes para o desenvolvedor?”, sem opções sugeridas para a resposta.

No entanto, os dados do questionário (que apresentava as opções de resposta para o entrevis- tado associar notas), mostrou que outras competências não técnicas possuem muita importância para os gestores: Ato moral profissional, integridade/honestidade e comprometimento. A disci- plina não fazia parte do questionário aplicado, mas foi lembrada como competência fundamen- tal em algumas das entrevistas. Além disso, “necessidade por disciplina” pode ser parcialmente percebida pelas notas altas recebidas por outras competências, como por exemplo: “Execução

de tarefas dentro do tempo dimensionado”.

Também foi possível perceber que o processo de software impacta no perfil, já que tanto nas entrevistas, quanto na própria fundamentação teórica, foi mostrado que o processo de software e fábrica de software caminham juntos, um precisando do outro.

Tomando como base as respostas acima, é possível identificar determinadas competências (as competências não-técnicas) que realmente serão mais difíceis de se desenvolverem no am- biente de fábrica. Isso fica claro quando são listadas as competências menos importantes na percepção dos gestores (ver tabela 9, pág. 102). A maior parte delas está ligada às necessidades de análise de sistemas ou gerência de projeto. Desta forma, pode-se concluir que, na fábrica de software, o profissional provavelmente só conta com ele próprio para adquirir as competências necessárias ao seu crescimento rumo às atividades multidisciplinares.

7.2.1

Conclusões adjuntas para competências